spoiler visualizarTass 28/09/2015
Alguém poderia mudar o título do livro para as pregações do velho viajante e um príncipe qualquer como ouvinte ¬¬
Para os participantes do Skoob: Isso não é uma apresentação do livro, mas, basicamente, minha opinião acerca dele.
Achei que estivesse sendo um tanto crítica demais quando percebi, nas primeiras páginas, que esse livro era uma chatice, por isso decidi continuar, mas confesso que foi torturante ¬¬
Claro que a continuação (?) de um clássico tem grandes possibilidades de ser decepcionante, ainda mais quando escrita por um outro autor, mas o que esse senhor Roemmers fez foi mais do que frustrar os admiradores do enredo original.
O livro se trata apenas de um veículo para que o autor pregue suas crenças religiosas e mostre a sua, e somente a sua, visão dos conflitos e situações da vida em geral, enquanto cristão. Posso usar facilmente o termo “propaganda enganosa”, pois os comentários da capa e da orelha do livro em nada se associam ao conteúdo do mesmo.
Oportunismo. Não há mágica nenhuma em sua narrativa, apenas uma porta aberta para vender um livro fraco, a partir de um livro consolidado (o original). O percurso é cansativo para o leitor, ao passo que se trata apenas de um pseudossábio distribuindo conselhos clichês e em seguida, fazendo o contrário do que pregou outrora. Não posso deixar de falar no “heroísmo” do senhor viajante, crente de que estava salvando da escuridão um príncipe indefeso e depressivo? O pobre jovem príncipe foi incumbido apenas de fazer perguntas de uma linha para que o leitor pudesse ler as respostas de N parágrafos. Que chatice! O mínimo que o leitor poderia esperar de uma obra com um personagem tão rico e conhecido como o Pequeno príncipe é que as lições sobre vida, amor, amizade, paciência etc, fossem dadas por ele, não por um humano qualquer. Houve uma inversão de papéis que não caiu bem :P
A leitura é ZZzzz, autoajuda (invertida) e um aglomerado de frases feitas. Ademais, o autor vende a ideia de que, para estar bem, o mais fácil é ser conformista, compreender que é difícil para os outros entenderem as diferenças e, portanto, ser igual para ser aceito. Um crime pegar um clássico e moldar tão à sua maneira, afinal, o personagem não é dele, ou é, na condição de que este é um outro príncipe, não o Pequeno príncipe que jamais seria tão incrédulo e passivo.
Por um momento muito breve, vislumbrei o esboço de uma visão foucaultiana nas palavras do personagem adulto, mas sem fundamentação. Não que o intuito da obra devesse ser esse, mas até na original, que é mais infantil, apesar de não ser um livro para crianças, como muitos pais pensam (:P ), podemos enxergar um pouco da perspectiva filosófica na consistência das palavras, em dados momentos.
Sobre a volta do principezinho (o de verdade!) sugiro, para quem ainda não viu, o novo filme “O pequeno príncipe” recém lançado (Mark Osborne, diretor) que, apesar de um pouco cansativo, a meu ver, capta a essência do livro de Saint-Exupéry, além de trazer, do começo ao fim, uma crítica consistente à nossa sociedade de consumo, tratando da adultização da criança, inclusive, e da cobrança exagerada dos pais que impõem aos filhos uma disciplina excessiva, em busca de um sucesso precoce, como forma de resolver frustrações pessoais cujos filhos em nada têm culpa.
Quanto a este livro, não recomendo :P