chris 26/11/2020
Reflexivo
Então...O livro, ele tem seus altos e baixos (mais baixos que altos), por se tratar da história de vida (em monólogo) de um idoso centenário no leito de um hospital e dos seus antepassados, onde ele conta para a sua filha, as enfermeiras e a quem mais que queira ouvir, os relatos sobre sua família.
Os pontos baixos que me refiro, estão nos momentos racistas, machistas, misóginos e sexistas que percorrem o livro quando o protagonista, Eulálio, cita partes da vida do seu pai, avô e etc. Que nasceram em berço de ouro, tiveram influência no Império tanto Português quanto Europeu, onde tinham muito contato com barões e uma visão escravista e preconceituosa com negros, e de como eles tratavam as mulheres de forma abusiva e errônea... Então, com base na época falada (década de 20/30), era de se esperar todas essas coisas acima.
Outro ponto baixo, é o fato de que você não consegue desenvolver tanta empatia por Eulálio e nem por ninguém da sua extensa família tanto do passado quanto do presente, por continuarem sendo muito orgulhosos, mesquinhos, arrogantes e com um fio ainda de preconceito arcaico nos seus comportamentos, que ainda percorre toda a linhagem dos Assumpção. Mas mesmo que isso seja um ponto ruim, ao mesmo tempo é bom na leitura! E é aí que chega os pontos positivos do livro: O autor consegue transparecer a problemática entre o relacionamento dos personagens e como eles estão longe de serem figuras perfeitas. O autor não quis agradar nisso. Criou tudo real e palpável - de uma maneira às vezes poética que só o Chico consegue fazer - Podendo ser um vizinho, um amigo, um familiar da terceira idade com uma história parecida. Um antigo Brasileiro. Um ser humano.
Por fim, a mensagem que o livro passa, é que não importa a sua classe social, seus bens, suas conquistas e seus fracassos. A idade chega, e no final, todos nós estaremos destinados a morte em uma cama de hospital
revirando nossa frágil memória em meio a lamentações, lutando por uns minutos à mais, a tempo de contarmos a nossa história e ensinamentos sigam em frente nas próximas gerações, como um fio de realidade que ainda nos prende no mundo físico, evitando que se apaguem para sempre conosco no suspiro final.