Fernanda631 21/11/2022
A Dança dos Dragões
O Festim dos Corvos foi publicado em 12 de julho de 2011 e é o quinto volume da série As crônicas de gelo e fogo (Game of Thrones), escrito por George R. R. Martin.
Desde então, George R. R. Martin não publicou mais nenhum volume da saga, embora faltem mais dois livros para finalizá-la: Os ventos do inverno e Um sonho de primavera.
É a hora de contar os acontecimentos ocorridos na Muralha e nas cidades a leste do Mar Estreito, para então atar os nós com as tramas de Westeros. Todos estão vulneráveis aos erros alheios e dos próprios, enquanto as ambições jazem no horizonte inalcançável. Falando nele, habitantes de terras selvagens podem enxergar as terras ao sul da Muralha, e o autor desta escolha precisa enfrentar os dilemas decorrentes entre as pessoas ao Norte de Westeros. A Rainha Dragão está enclausurada entre os libertos, os inimigos podem ser os mesmos a proporem aliança. Por isso, ela teme por uma terceira traição.
Bran prossegue em sua viagem para descobrir seu destino e encarar as horríveis surpresas que o espera no caminho. Além do Mar Estreito, Daenerys Targaryen, a última herdeira da Casa Targaryen, descobre a dificuldade em governar uma cidade construída sobre o pó e a morte. Se a Mãe dos Dragões não consegue manter a cidade e lidar com seus inimigos cada vez mais numerosos, como ela conseguirá manter um reino inteiro?
O futuro dos Sete Reinos nunca pareceu tão incerto e as ameaças que conhecemos se mostram nulas quando novos fatores são adicionados a um jogo sem precedentes.
Vivendo em terras distantes, os feitos de Daenerys chamam cada vez mais atenção desde Porto Real até diversos lugares do Reino, entre eles o herdeiro de Dorne, Quentyn Martell, a reivindicar a mão da Targaryen conforme acordo e registro histórico conhecido apenas por sua família.
A Patrulha da Noite sobrevive enquanto Jon encara dilemas de consequências fatais. Precisa lembrar a Stannis Baratheon sobre a Patrulha jamais tomar partido nas disputas de Westeros mesmo quando ele foi o único a dar socorro. Já a feiticeira Melisandre provoca Jon em assuntos pessoais nos quais ele violaria os votos de patrulheiro.
Jon Snow faz de tudo para seguir o conselho do Meistre Aemon (“mate o garoto e deixe o homem nascer”). Isso faz com que ele tenha que tomar decisões difíceis, que trarão consequências sérias. Os Selvagens, inimigos históricos da Patrulha da Noite, têm uma participação importante no caminho seguido por Jon.
Outro personagem que volta a se destacar é Theon Greyjoy. Ele passa por diversas transformações ao longo da trama e precisa encarar muitas situações chocantes. Através dele, o leitor conhece mais sobre a terrível personalidade do bastardo Ramsay Snow. Cersei Lannister só aparece depois da página 600, mas protagoniza uma das cenas mais fortes de toda a saga. Asha Greyjoy e Stannis Baratheon têm papéis importantes, e a batalha de Bosque Profundo (que os dois participam) é impressionante.
Daenerys sua maior força tornou-se um grande problema. Os dragões precisam de alimento, devorando até alguém dotado de nome que a Rainha dos Dragões faz questão de lembrar. Ao lidar com tal força, voltou a confiar na proteção de seus seguidores enquanto precisa superar a crise em Meereen, a cidade libertada da escravidão por ela, tendo tomado o governo para si. Fora do grupo dela, há apenas os membros da cidade que tem costumes insistentes a serem mantidos. Além de obstáculo, Meereen é o desafio que Daenerys precisa superar como Rainha.
Os capítulos foram diversificados. Quem desgosta de determinado personagem precisa aturá-lo apenas por poucos capítulos separados para ele — exceto se tiver o azar de detestar Jon, Daenerys e Tyrion. Pela pouca quantidade, esses capítulos costumam levar os personagens a algum lugar na trama, mesmo quando apenas atestam a sua sobrevivência e os colocam desempenhando algum papel na continuação desta saga.
As descrições ficaram equilibradas, sem elaborar páginas cheias de parágrafos sobre um lugar inédito na saga, desta vez oferecendo novos detalhes, insinuando segredos motivadores na leitura. Também teve a diversificação nos protagonismos, adotando pontos de vistas de personagens nunca usados antes nesse propósito.
Essa mudança no meio da saga pode atrair opiniões divergentes dos leitores, pois ao extrapolar a exposição desses personagens, perde a oportunidade de compartilhar os rumores a cerca deles ditos entre as pessoas comuns. Assim estende o livro por dar toda uma cena que antes era resumida em conversas capazes de instigar mistério até conferir outra menção num capítulo à frente.
A dança dos dragões se encerra com diversos “ganchos” para o próximo livro. Talvez A dança dos dragões seja, em seu conteúdo, tão vasto quanto A tormenta de espadas. Mas, enquanto o “livro três” deixa o leitor sem fôlego, o “livro cinco” tem muitas passagens arrastadas. O arco de Tyrion, por exemplo, vai se ampliando, indo mais longe, mas não de forma objetiva. Pouca coisa se resolve neste volume. Assim como tinha acontecido em O festim dos corvos, fica a impressão de que ele é uma grande ponte para os próximos livros. Esse é um dos motivos que fazem com que Os ventos do inverno seja tão aguardado.
Apesar da comparação com O festim dos corvos, A dança dos dragões é bem melhor do que o seu antecessor. George R. R. Martin continua surpreendendo seus leitores com a aparição do Jovem Griff (que deu origem a muitas teorias na internet) e com as estratégias dos lordes Doran Martell e Wyman Manderly.
No que falhou em prosseguir no Festim dos Corvos, a Dança dos Dragões soube aproveitar os declínios decorrentes da Tormenta de Espadas e apresentar os personagens exaustos, cientes do quanto são vulneráveis, e ainda assim precisando persistir por meio das opções já escolhidas.