O olho

O olho Vladimir Nabokov




Resenhas - O Olho


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Matheus Nunes 31/07/2022

As Vantagens de Ser Invisível
O Olho não é Lolita, não é Machenka, (e nem de longe o autor aqui comete aqueles erros de escritor iniciante, como ele próprio revelou posteriormente...) não é e nem pretende ser poético como o Fogo Pálido, nem modernista-satírico-desmiolado como é o A Verdadeira Vida de Sebastian Knight (estreia do autor de seus escritos em inglês), este livro é diferente.
Esse quarto romance de Vladimir Nabokov é mais que excelente, e não pelos motivos mais esperados de quando se trata de um livro excepcional como este. Smurov é o personagem mais estranho escrito pelo Nabokov que eu já li até aqui, acho que o único personagem que eu já tenha lido que se equipara a ele em termos de complexidade é o Vitangelo Moscarda, do também incrível Um, nenhum e cem mil, de Luigi Pirandello.
Há um pouco de tudo neste livro mesmo que ele tenha tão poucas paginas, há até mesmo o espaço para odiar com todas as forças algumas das atitudes finais do protagonista, o Nabokov sabe como ninguém escrever protagonistas odiosos na mesma medida em que ele escreve e amarra tudo em uma narrativa veloz, sucinta mesmo em meio a devaneios, tudo isso regado a pitadas de um "amor" doentio que se confunde com uma espécie de irresponsabilidade existencial para com o mundo, para com as coisas.

Smurov na minha opinião se destaca dos demais personagens Nabokovianos pelo fato de ser um personagem que acredita que há vantagens em se tornar homem invisível, enquanto outros pensam em deixar um legado de forma quase que obsessiva, este, só quer desaparecer, ou destruir tudo a sua volta por acreditar que tudo irá se esvanecer consigo.
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Aguinaldo 06/10/2014

o olho
Em "O olho" Nabokov explora alguns de seus temas recorrentes, como os de identidade, duplo e subjetividade. Originalmente fez parte de um conjunto de contos, mas o próprio Nabokov entendia esse texto como um pequeno romance, tanto em experimentalismo como em extensão. Cronologicamente é a quarta de suas narrativas mais longas. Foi composta em 1930 em Berlim e nesse ano publicada em uma revista para expatriados russos de Paris chamada Sovremennyya Zapiski. Em 1965 seu filho Dimitri a traduziu para o inglês e ao texto foi acrescentado um prefácio assinado pelo próprio Nabokov, onde ele discute a eventual perenidade de seu trabalho após 35 anos, bem como as circunstâncias de sua produção e interpretação. Nabokov apresenta um narrador em primeira pessoa (Smurov, um jovem emigrante russo na Berlim dos anos 1920) que se suicida logo no início do texto, após ter sido espancado por um sujeito furioso (podemos acreditar ou não que o suicídio se consumou, não importa). A partir daí o que se lê são trechos alternados em primeira e em terceira pessoa, onde o leitor é apresentado à personalidade e ao comportamento de Smurov. O narrador em primeira pessoa louva suas qualidades e aventuras, sua capacidade de enganar a todos com quem convive, seus amores, o mistério de suas reais intenções e planos. O leitor percebe logo que esse narrador é um mentiroso compulsivo, mas fica curioso sobre seu estado (afinal ele pode ser um fantasma, já estar morto, ou ser apenas um pobre diabo louco que sobreviveu a uma tentativa de suicídio). O narrador em terceira pessoa explicita as contradições de Smurov, faz transparecer ao leitor o quão mesquinho e miserável é o protagonista, mas não o condena ou é moralizante (Nabokov sabe o quão má é a literatura que deixa de ser arte e se traveste de ferramenta de engenharia social). Sem também apelar para malabarismos de interpretação psicológica Nabokov alcança com humor refinado mostrar-nos um processo de dissociação, onde os delírios de grandeza e a poderosa capacidade do ser humano em iludir-se completamente apenas desnuda que sempre enganamos nós mesmos quando imaginamos enganar todos os demais.
[início: 18/09/2014 - fim: 23/09/2014]
"O olho", Vladimir Nabokov, tradução de José Rubens Siqueira, Rio de Janeiro: editora Objetiva / Selo Alfaguara (Grupo Prisa), 1a. edição (2011), brochura 15x23 cm., 107 págs., ISBN: 978-85-7962-098-0 [edição original: ??????????, Sogliadatai (Paris: Russian Annals Publishing House) 1938 - em russo; The Eye (London: Phaedra) 1965 - em inglês, traduzido por Dimitri Nabokov]
Tainá Antunes 11/09/2021minha estante
Estaquei em Lolita umas três vezes na vida. Depois de ler Ada ou Ardor resolvi que Nabokov é meu escritor preferido e que vou ler tudinho dele. Resenha sensacional. Por favor, volte a escrever




Gabriela.Andrade 27/09/2023

Depois de ler o prefácio descobri que fui a única que fui enganada até o final kkk

Adorei a forma como o Vladimir escreve, é muito bonita! E gostei do livro tb
Victor (HP) 27/09/2023minha estante
Pois quando for ler, ainda não sei quando, também pularei o prefácio! Por isso me foi útil a resenha.




Milena.Saleh 19/03/2022

Uma incógnita
O que sabemos de nós mesmos? Sob que lente nos observamos?

O livro trata de Smurov, imigrante russo em Berlim, que tem sua vida relatada por meio de um narrador onipresente (segundo Nabokov, um espião ou observador). No prefácio, Nabokov antecipa que há um mistério na trama que devemos entender; no meu caso, precisei recorrer a explicações em blogs - mas ainda restou a sensação de ter perdido algo. É uma leitura rápida e muito fluida, além de extremamente prazerosa devido ao estilo implacável do autor. As reflexões propostas (indiretamente, claro) são intrigantes e revelam muito sobre o leitor; a abordagem simbólica e cheia de artifícios dessas reflexões é impagável. Quando comecei o livro, não esperava mais que uma curta história sem motivo, sem lição; me enganei. Recomendo demais a leitura.
Luci Eclipsada 02/03/2023minha estante
Sua resenha me representou.


Reginaldo Pereira 04/01/2024minha estante
Milena, estava buscando novas obras do mestre e quando vi que "O Olho" estava resenhada por você, não me restaram dúvidas de qual escolher!! Só me motivou ainda mais!
Estou pensando em ler também "Gargalhadas na Escuridão" e " Desespero", você as conhece?!
Nabokov me marcou demais ano passado, nem tanto por "Lolita", mas essencialmente sobre "Ada ou Ardor"!! Virou um daqueles "livros da vida" pra mim!!! Feliz 2024!!!! ;-)


Milena.Saleh 04/01/2024minha estante
Reginaldo querido! Gargalhada na escuridão já li e é uma obra prima. Fortemente recomendado. Desespero não conheço. Ada ou Ardor também está entre meus top 5 favoritos da vida! E Lolita, lerei esse ano :) feliz ano pra ti e obrigada pela consideração


Milena.Saleh 04/01/2024minha estante
??????


Reginaldo Pereira 04/01/2024minha estante
Ahhh Milena!!!!! Seu comentário só aumentou ainda mais minha ansiedade!!! ???




Rickyson.Heverton 23/12/2022

Livro confuso
Nabokov escreve de forma sem igual. Chega a ser incrível a narrativa que o Nabokov faz no decorrer do livro, realmente te prende.
Em O olho, nós acompanhamos a vida do jovem Smurov, russo que decide viver na Alemanha após a revolução de outubro 1917.
Acompanhamos, portanto, a vida desse jovem, que trabalha dando aulas particulares a dois garotos pequenos, também russos.
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anaartnic 22/12/2022

Queria esquecer este livro para lê-lo pela primeira vez
Eu estou até agora pensando sobre esse livro e refletindo muito sobre o que ele gerou em mim. E essas reflexões vêm de maneira repentina, quando você se dá conta do mistério ser algo tão intrínseco a você mesmo.

É um livro espetacular que aguça, perturba e assusta um pouco. Para ler é necessária atenção, uma vez que uma segunda leitura nunca será a mesma coisa. E atenção, cuidado com sinopses, resenhas e própria contracapa do livro, elas podem trair a experiência de leitura.

A obra conta a história a um homem, que é o próprio narrador, que ao ser descoberto como amante de uma mulher casada, e levar um surra por conta disso, decide que a melhor saída é acabar com a sua própria vida. Um tiro no coração o leva a acordar no que acredita ser uma realidade criada por sua imaginação, ele tem acesso aos mesmo locais e pessoas que convivia (seria a morte um mero labirinto que o leva para a sua mesma vida?).

A partir daí, o protagonista dedica-se a investigar uma figura enigmática que está presente no grupo de pessoas que convive: Smurov. Ele é visto por diversos 'olhos', e o narrador busca entender quem é essencialmente este homem. Apenas assim, acredita o protagonista, que poderá enfim descansar.

Eu recomendo demais este livro, ele me gerou MUITAS reflexões e pensamentos sobre a maneira que alguém pode ser visto por diversas pessoas e ter sua identidade construída por meio disso.
Luci Eclipsada 02/03/2023minha estante
Sua resenha foi bem elucidativa. Obrigada!


Elaine Barbosa 06/04/2023minha estante
Essa foi a melhor resenha que li sobre esse livro. Você realmente captou a essência do livro.




Diógenes - Estr 11/09/2013

Um Inferno de Espelhos
Nabokov ao escrever essa trama nos remete ao que ele mesmo chama de "inferno de espelhos", um personagem preso na dúvida da realidade ou fantasia, vida e morte, que persegue insanamente a ele mesmo refletido no outro que serve de espelho. Mais uma vez o autor utiliza-se da sua imensa capacidade de escrever para nos legar uma deliciosa prosa de tonalidade poética... "Muitas vezes, ao voltar a pé para casa, a cigarreira vazia, o rosto queimando na brisa da aurora como se eu tivesse acabado de remover uma maquiagem teatral, cada passo lançando uma pontada de dor que ecoava em minha cabeça, eu inspecionava minha débil felicidadezinha de um lado e de outro e me assombrava, tinha pena de mim mesmo e me sentia demasiado medroso". O "olho" é um narrador que se vê personagem em busca de si e de sua parca "felicidadezinha", nem que essa seja um mero piscar de olhos da consciência.
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Rodiney 01/01/2019

E se...
Ler Nabokov é sempre um bom experimento. E se... eu não tivesse lido este livro? E se... eu tivesse optado por outro autor? Esse "E se..." existencial colocado propositalmente no pequeno romance de Nabokov será o mote da história. Bem, na minha opinião. Porque o "E se..." tem profunda relação com as várias possibilidades existenciais de Smurov. No entanto, as possibilidades só são possíveis durante a vida. Contudo, a vida só nos permite uma única narrativa, uma única escolha que se desdobra em consequências que são interrompidas com a morte. Porém, Smurov morre e não morre. Sua consciência permanece e diante de espelhos pode contemplar as várias possibilidades. Por um momento, essa nova situação causa-lhe certo torpor, mas no fim, ele entende. Smurov conclui que é feliz, sim, feliz. E entende 'que a única felicidade neste mundo é observar, espionar, olhar, esquadrinhar a si mesmo e aos outros, ser nada mais que um grande, ligeiramente vidrado, um tanto congestionado, olho que não pisca'.
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Queilinha 14/08/2023

O Olho...
Apesar do começo ser um pouco confuso, o final realmente foi esclarecedor.

Foi meu primeiro contato com a escrita do autor e gostei bastante.

Eu já desconfiava do final, mas, mesmo assim, gostei do desfecho.
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Vivi 05/11/2023

Como diz Tyler Durden ... " Só quando se perde tudo é que você está totalmente livre para fazer qualquer coisa."

Aqui o homem perde tudo ou até mesmo se liberta para poder enfim acreditar que perdeu. E vamos acompanhando o que não foge da realidade as diversas máscaras que o ser usa na vida conforme situações ou pessoas que estão em seu convívio. Até chegar ao ponto de perguntar ... quem sou eu verdadeiramente ? Afinal hoje sou somente o reflexo do que acreditam o que sou.

Nabokov é um gênio pois é um dos escritores que consegue levantar questões filosóficas profundas em poucas páginas.
Ele nos conta sobre Smirov, um homem que decide se matar e parece , segundo ele ... que consegue. Ele vê o que está acontecendo como observador e ele mesmo ?vive? através dos outros próximos a ele (que funcionam como espelhos e ele próprio é uma miragem) e, assim, muda constantemente de forma.
Uma concepção incrível do autor para falar conosco da maneira que fala sobre um homem que é uma coisa e outra quer ser. Algo que atormenta a todos nós em maior ou menor grau, claro. Eu te disse que Nabokov é um gênio, certo?
Percebi que a única felicidade do mundo é observar, espiar, vigiar, ter curiosidade sobre si mesmo e sobre os outros, ser nada mais que um olho, um olho grande, um tanto vítreo, um tanto vermelho e irritado, arregalado. olho aberto."
" É assustador quando a vida real de repente, se torna um sonho, mas é ainda mais assustador , quando aquilo que se pensava ser um sonho - fuído e irresponsável - de repente começa a se transformar em realidade ( pag 98)".

" Pois eu não existo; existem apenas milhares de espelhos que me refletem. Cada conhecimento que faço, aumenta a população de fantasma que se parece comigo ".
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Felipe 24/06/2019

Análise da construção de nossa personalidade
Sei que o título da resenha parece estranho, mas é uma consideração sobre o(s) personagem(ns) do livro. Enquanto estava lendo, percebi que havia perdido algo; voltei então umas 10 páginas e reli novamente. Continuei achando que havia perdido algo e fui ler resenhas na internet. Só aí que entendi sobre o narrador e os personagens existentes bem como a construção das características de um personagem específico. É um livro bem curto, mas gostoso de ler. Gerou essa dúvida, mas depois de compreender (talvez eu devesse ter lido até o final, depois lido as resenhas; as vezes emitiria um "Ahhhhh então é isso" rs mas quis compreender no meio) acho que ficou melhor pra entender o que o narrador vê.
Karina.Agra 02/09/2019minha estante
Assim que acabei de ler, fui reler várias partes... ele é bem confuso... mas relendo fica mais fácil a compreensão.


Felipe 27/11/2019minha estante
Um dia vou reler rs!




Reginaldo Pereira 22/01/2024

?Eu sozinho não existo.?
Poxa vida, passou muito rápido! Praticamente um conto! Mas bastante interessante! Diferente dos outros Nabokov?s que conheci! Tanto que estou até me demorando nas palavras e sentimentos pra poder escrever esta breve resenha?! E isso é negativo? Não, é diferente, simples assim?. diferente? como a própria obra que agora tenho fechada diante de mim!

O livro conta a história de Smurov, ou ao menos, dos momentos finais de sua vida, que se esvai através de um suicídio atrapalhado (e não há nada de spoiler aqui, já que é assim que o próprio Nabokov apresenta a história na contracapa do livro!). Mas? será isso mesmo?

?É assustador quando a vida real de repente se revela um sonho, mas muito mais assustador é quando aquilo que se pensou que fosse um sonho - fluido e irresponsável - de repente começa a coagular em realidade!?

E é aí que entra a graça e a originalidade da leitura. O suicídio foi mesmo um fracasso, e o restante da aventura descreve a mudança de ver a vida do ?pobre Smurov?? Ou o herói teve sim êxito ao acabar com sua vida, e o que vem a seguir são meros delírios de sua alma?

Quem decide é o leitor! Eu tenho sim o meu entendimento, a minha compreensão, mas as guardo pra mim (e agora sim, pra não incorrer em spoiler!!!), até mesmo porque às vezes eu também fico na dúvida?.!

E o que mais? Apenas a escrita maravilhosa e sedutora deste que continua sendo um dos meus mestres literários favoritos!!!
Fabio 24/01/2024minha estante
Ótima resenha, Reginaldo!


Reginaldo Pereira 24/01/2024minha estante
Meu caro, vindo de você é um baita elogio! Obrigado, Fabio!!!! Abraços!!




Diego Almeida @diegoalmeida999 24/05/2021

Uma boa leitura para relaxar e pensar
Deixa alguns questionamentos que podemos aplicar no nosso dia a dia, a narrativa corre tranquila e a leitura fica fluída. Nas primeiras páginas o que me agradou foi a análise do sujeito sobre si mesmo e as ponderações sobre a vida e a morte, no decorrer do livro gostei da forma como as imagens projetadas e reflexos servem como metáfora de uma perspectiva de si mesmo e do mundo. A forma como o livro fecha nos leva a pensar em como construímos mundos internos e as consequências e desdobramentos disso.
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Isadora1578 28/07/2021

Muito bom. Um pouco confuso em algumas partes mas tudo faz muito sentido quando se entende a intenção do autor. A crise existencial vem aí.
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Matheus945 01/09/2019

Nota 3,7
Eu talvez esteja lendo Nabokov errado, comecei logo por Lolita e passei pra Fogo Pálido, que não consegui terminar, e agora que concluí essa novela eu sinto que eu tô buscando de novo a sensação que Lolita me trouxe com os outros livros dele. E não quero me frustrar ou me desestimular por isso.
Sobre o livro, ele foi ok nessa primeira leitura que eu fiz, acho que eu posso tirar mais dele numa futura releitura. Foi muito confuso e todas as trocas de narração de um parágrafo pro outro eu tinha que reler pra saber o que tava acontecendo. O enredo foi realmente o que eu mais gostei, é como se fosse um misto de acontecimentos em tempos diferentes, me vem a mente quando coloca leite no café e aparecem aquelas ondas de leite sem se misturar até que no final fica tudo homogêneo. Sinto que o autor fez esse livro pra se divertir mesmo.
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