Resenhas - Além do Bem e do Mal

Neófito 10/10/2011

Cansativo
Antes que os intelectuais e pseudo-intelectuais venham criticar a minha opinião com suas críticas cansativas de escrita semi-pomposa e cheios de "autoridade" e "verdades", já fica aqui escrito que é a simples opinião de um leigo.
Este é o segundo livro de Nietzsche que li, o outro foi genealogia da moral; Preferi o Genealogia da moral, pois explica a transição da moral aristocrática para a moral sacerdotal e todos os mecanismos sutis que fizeram este último superar aquele entre outras coisas que o tempo me fez esquecer.
Quanto o "Além do Bem e do Mal" eu confesso que li com menos paciência do que aquele último. Achei o livro cansativo e muitas vezes não sabia quando o autor estava sendo irônico ou dando sua opinião legítima sobre o assunto, sendo bem cansativo tentar interpretar isto o tempo todo, assim como é cansativo vê-lo criticar vááários outros filósofos ao longo do livro, como se só ele tivesse produzido algo de qualidade ao longo da história da filosofia. Para parecer um pouco menos arrogante ele elogia uma meia dúzia de pensadores, mas não deixa de criticá-los pesadamente em outros aspectos também. Essas críticas e ofensas que ele dispara durante o livro todo já são chatas por si só e além disso eu me perco por não saber muitas vezes o que ele está criticando, quando ao criticar, muitas vezes só critica o autor, pressupondo que o leitor já conheça vastamente sua obra.
Pra mim o que pude melhor aproveitar são algumas críticas em relação ao determinismo e livre arbítrio, que o autor as considera ,ambas, como abusos da relação de causa e efeito, e indo além, o autor afirma que pressupor uma finalidade no curso da história, assim como uma consequência que é efeito de uma causa, como uma ficção, uma forma de racionalizar uma vida que por si não tem razão. E a moral faz isso o tempo todo, tenta atribuir um sentido à vida, buscar uma causa e efeito, criar leis universais,impor regras sociais que castram o homem, o transformando em animal domesticado - quando por essência tudo o que o corpo quer é que lhe sejam dados liberdades para expansões de sua força. As críticas à moral judaico-cristã também são sempre bem vindas; essa moral que nos nega os instintos e os desejos realmente nos faz adoecer, mas daí a defender a moral aristocrática como ele parece fazer... Bem, aí eu não concordo. Esse mundo de excessos de privilégios e excessos de dominação não me agradam, provavelmente ele diria que eu não me agrado por acreditar nessa moral de escravos que clama por igualdades e por um Salvador. Eu não sou crstão e também não sou comunista ou coisa do tipo, simplesmente não quero esta outra moral que parece ser bem cruel também, com violências muito menos sutis, mas mesmo assim cheio de violências. Eu prefiro que as pessoas se construam através da experimentação, sabendo o que lhes agrada e o que desagrada, e assim irem formando sua personalidades, sem moral, sem preconceito e sem tanta violência.

André Lucena 11/01/2022

Em resumo: Nietzsche no céu (ironia) e "o resto" na Terra
"Todo pensador profundo tem mais receio de ser entendido do que ser mal entendido". (p. 216)

Então, este trecho específico veio bem a calhar para a minha resenha. Primeira obra que leio do Nietzsche, então não posso julgá-lo como filósofo e autor, porém, julgando o que li neste livro, notei que ele em muitos aforismos força-se para soar como "pensador profundo", dificultando propositalmente o leitor de entender o que ele quer dizer para dar a ideia de ser "superior" aos meros mortais que estão lendo.

Além disso, principalmente nos primeiros textos, tudo que se lia eram críticas (em grande parte infundadas) sobre outros filósofos, colocando-os para baixo, como se apenas o seu pensamento e forma de enxergar o mundo fossem os corretos, algo que não agrega em nada ao leitor.

Entre os vários textos bem ruins, alguns com teor extremamente machista, destacam-se uns ou outros pensamentos que podem servir como reflexão.

No caso, isso mostra que Nietzsche, quando não se preocupa em encher linguiça e falar mal das outras pessoas e tentar se engrandecer falando de forma incompreensível, pode sim, trazer boas reflexões. Preciso ler outras obras dele para ter uma opinião mais concreta sobre o autor, porém, após todos esses meses que levei para finalizar essa leitura arrastada, ele não está no topo das minhas prioridades.

(lidos só 2021 em diante) 08/05/2021

Ai ?
Sentar pra conversar com um desconhecido no ônibus será mais útil do que ler esse livro. Não sei se é culpa da edição da Lafonte ou do Nietzsche mesmo, mas tem muito erro gramatical.

"Nietzsche é chato, eu sou burro ou o tradutor estragou a obra?"

Ivan 13/12/2022

Questionamentos dos valores e moral
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) nasceu em Rocken, na Saxônia. Seu pai e seus dois avós eram pastores protestantes. Aos 10 anos já fazia suas primeiras composições musicais e aos 14 tornou-se professor numa Escola Rural.

Nietzsche é um autor considerado de difícil entendimento, polêmico e controverso. Ele foi um pensador rebelde em sua época, no século XIX, e tentar criticar Nietzsche não ajuda a compreender sua obra. É necessário entender o que ocorria neste período e pensar "fora da caixa". Não é por acaso que Nietzsche se intitulou “dinamite”. Se impôs uma tarefa impossível de realizar.

Os livros de Nietzsche em geral não são agradáveis e sua linguagem é ousada e perspicaz. Com suas críticas ácidas, todo o comportamento moral é posto em xeque.

Seu livro "Além do Bem e do Mal" foi redigido em 1885, parte na Suíça e parte na França. Mas o texto foi complementado com anotações anteriores, escritas na primeira metade da década. Após ser recusado por vários editores, foi publicado às custas do autor, em agosto de 1886, numa edição de apenas trezentos exemplares. É considerado um complemento de obras precedentes.

Não espere, neste livro, respostas prontas e sob medida. Pelo contrário, o livro é quase um labirinto, com múltiplas visões e interpretações. Grande parte de suas mensagens deve ser analisada pelas entrelinhas, jogadas de forma dispersa e sutil em meio aos aforismos presentes no livro. Um aforismo é qualquer forma de expressão sucinta de um pensamento moral. Vem do grego “aphorismus”, que significa “definição breve”.

A obra critica as bases do conhecimento filosófico, questionando toda a filosofia ocidental praticada até a sua época. Segundo Nietzsche, toda ela está presa a preconceitos morais, sobretudo cristãos, os quais "enfraqueceram" o Ocidente. O objetivo é demonstrar que os valores e a moral que seguimos foram construídos ao longo da história da humanidade. Cada sociedade dominante forjou o sistema de valores que guiariam as ações da população.

No livro, o autor busca superar o idealismo do cristianismo e do platonismo, até por isso o título, filosofar para "além do bem e do mal".

Por outro lado, apesar de instigante, a leitura é cansativa, difícil e arrastada. Muitas vezes não é possível determinar se Nietzsche está sendo irônico ou apenas dando sua opinião sobre o assunto.

Mas ler filosofia é realmente muito complicado. Exige análise, pesquisa em paralelo e releituras. E este livro não é diferente disso. Enfim, não é um guia ou um livro que apresente soluções prontas e fáceis. Pelo contrário, é uma obra filosófica, recheada de ponderações e questionamentos.

Se você tem interesse em conhecer as ideias do autor, esteja preparado!

GauterX 27/01/2024

O primeiro Paulo Kogos
Nietzsche previu o nazismo.

Num geral, parece um grande shitpost, mas as conjecturas sobre a vontade de poder e suas críticas à religião, quando não passam do natural e se tornam puro ódio, são bastante válidas.

No mais, a falta de toque feminino mostra o que o ser pode se tornar.

Toni Nando 18/07/2013

Atenção !!!
Caralho!!! o palavrão e bem merecido que livro bom, são poucos os livros que ao terminar tem o poder de te fazer olhar a vida com outros olhos, me pergunto se fui submetido alguma lavagem cerebral. O livro é genial e é bom que quem for ler não leve tudo tão a serio, pois o livro é filosofia pura, realista, cruel, um olhar totalmente humano da vida, mete o dedo na ferida da religião como um todo, expõe e desmistifica tudo sobre verdade e mentira, nos colocar a questionar nossos piores demônios, intriga e nos torna um pouco céticos para algumas coisas, principalmente sobre seu verdadeiro eu.
Recomendo este livro a quem gosta de questionamentos e a quem tem tempo de ler pois precisará de dicionário, é muito complexo e se macar bobeira se perde na linguagem.

Maria José 03/01/2010

Prelúdio de uma filosofia do futuro
"O que se faz por amor sempre se faz além do bem e do mal."

Rafael2157 26/03/2022

Pra ler com uma aspirina do lado
O Nietzsche faz SEIS capítulos como introdução ao que ele define como a tese do livro: o que eu entendi como a moral dos senhores e a moral dos escravos.

Ler filosofia é extremamente complicado. Mas esse de fato foi uma tarefa a parte. Ler, reler, grifar, pesquisar, voltar e avançar páginas. Chegando nos 60% eu simplesmente não tive saco pra continuar.

A leitura ainda que instigante, é extremamente cansativa e só te faz querer terminar. Com a exceção de alguns conceitos que tu fica querendo aprender mais sobre.
São esses conceitos aí que me prendem na filosofia do Nietzsche, quando ele fala sobre as verdades metafísicas do mundo, como a religião por exemplo.


O segundo, terceiro e quarto capítulo são o ápice do livro.

2. Espírito livre: Aqui a tese fundamental é que o espírito livre é o filósofo que busca a transcendência: ser capaz de distinguir a essência dos exageros de uma moral pré-estabelecida, isso é, estar ACIMA DO BEM E DO MAL. Essa premissa de liberdade de consciência, de superar a moral judaico-cristã no Ocidente é o que o autor vai defender no livro inteiro.

3. O caráter religioso: Esse capítulo é quase que ligado o anterior. Aqui ele vai mostrar como a religião pôs o que ele chama de moral dos fracos acima da moral dos senhores.
"A fé cristã, é, desde seus primórdios, sacrifício: sacrifício de toda a independência, de toda a altivez, de toda a liberdade de espírito, ao mesmo tempo escravidão, auto-humilhação, automutilação." (p.62)

4. Máximas e Interlúdio: De longe o que eu mais gosto nos livros do autor. Aqueles pequenos aforrismos que te fazem refletir quando você vai dormir ou lavar a louça.

94 "A maturidade do homem consiste em ter reencontrado a seriedade que tinha nos brinquedos quando era criança."

105 "Por meio da música, as paixões desfrutam de si próprias."

118 "Existe uma ingenuidade na admiração. É aquela do homem que não considera a possibilidade de ele também poder ser admirado um dia."

146 " Aquele que luta contra os monstros deve vigiar para não se tornar um deles. Ora, quando teu olhar se fixa por muito tempo no fundo do abismo, o próprio abismo penetra em ti."

175 " Amamos, em definitivo, somente nossas inclinações e não aquilo a que nos inclinamos."

Apesar de todos os problemas pessoais com o livro, ele é realmente muito bom. Só que como eu tô vindo de uma sequência intensa de filosofia nietzschana foi mais desgastante do que poderia ser.

Roberta 29/11/2023

Infeliz
Um dos piores livros que já li. A minha opinião é de certo modo abrandada por alguns fatores: possível desconhecimento meu; o formato do livro, em anotações separadas possívelmente privadas ao invés de ser um livro planejado etc.

Na minha experiência, de 10 páginas 7 eram reclamações irrelevantes e saudosistas sobre a cultura europeia, 2 eram opiniões questionáveis nos dias de hoje e 1 era de reflexões realmente úteis.

Papo super esquisito, opiniões que acabam por se contradizer (principalmente por não ter a pretensão de teoria estruturada). Foi realmente doloroso terminar de ler esse livro. Eu não aguentava mais o tanto de elitismo, sexismo e saudosismo que eu estava lendo.

Bruno Martins 28/01/2021

Aforismos de bolso
Ler Nietzsche é sempre um encargo de muitas reflexões, esse livro é muito bom porque cada aforismo se direciona a questões diversas, principalmente sobre o que realmente é o mal e como se revela esse maniqueísmo presente no mundo, pra quem deseja conhecer o filósofo é uma boa leitura, pois como a maioria dos escritos de Nietzsche nessa obra são aforismos curtos, pode-se fazer uma leitura mas lenta e reflexiva frente as diferentes percepções do autor, é um livro que sempre revisito.

Sakurazuka 27/06/2023

Uma releitura. Tem vários pontos interessantes,as também outros bem atrasados, mas entendo, pois pela época que foi escrito a mente era daquele jeito

caiohlp 18/09/2022

Todo livro é um esconderijo, cada palavra é também máscara.
Como sempre, ler Nietzsche é encontrar um novo eu ao final da obra, não há como percorrer seus livros sem o olhar crítico, que finda por recair sobre o próprio leitor. A filosofia do martelo é incômoda, não deixa pedra sob pedra, nada sustentado apenas pela tradição escapa dos duros golpes, o poeta e, quem sabe, amigo da verdade, condensa livros e temáticas inteiras em poucas linhas. Contudo, por mais raro que seja o quilate do escritor alemão, ele é produto de seu meio, carregado de preconceitos vãos, avaliações tendenciosas e críticas desproporcionais, há muito ultrapassadas, fatos esses, que não arranham em nada seu olhar acurado sobre temáticas universais, que ainda hoje são debatidas. É evidente que debruçar-se sobre essa obra é um trabalho árduo, mas também genuíno, já que o pouso seguro nunca fez parte dos planos de Além do Bem e do Mal, e é assim que o tom destrutivo e provocante nos adverte que o subversivo é mera questão de maioria, que a existência só pode ser menos melancólica com a aceitação da finitude e que o verdadeiro amor e muitas outras coisas estão sempre além de qualquer suspeita moral. Mas, afinal, qual a força motriz de Nietzsche e de seu tomo? É o medo da degeneração completa, o asco pela cultura de inverdades, a repugnância pela fraqueza de espírito e a náusea pelo afastamento permanente de nossas vontades, promovidos diuturnamente pela busca de grilhões repaginados.