z..... 16/11/2018
Edição Nova Cultural (2003)
Leitura prazerosa em aventuras, descobertas, excentricidades e surpresas envolventes, com expectativas instigantes e crescentes. Foi a segunda vez que li e revivi todas essas coisas. Pudera! É uma de minhas obras preferidas e das mais conhecidas de Verne.
Algumas bobagens, num exercício de recordação e fixação do livro:
Destaques para a determinação em Fogg e em Passepartout, expressas em boas qualidades para conquistas, como a persistência, resiliência, metodologia, oportunismo, praticidade, entrega na luta, coragem, atitude, avaliação das possibilidade, fé e escolhas conscientes. As personalidades são distintas (um fleumático e um sanguíneo) mas as possibilidades de realização não fazem distinção quando há valorização dos aspectos referenciados.
Tem pelo menos três eventos de muita ação cativante: a passagem pela Índia, onde ocorreu o salvamento de Auda (minha passagem preferida); as aventuras diversas na ferrovia nos EUA (com o texto mais controverso, em visão europeia-desumanizada-clichê-colonialista-equivocada sobre os indígenas); e os eventos finais do livro no cumprimento da aposta.
Fogg é metódico, em nível de TOC, mas tem um momento em que a emoção suplanta seu racionalismo nas decisões: quando impulsivamente se atirou à fogueira para salvar Auda, mas o salvamento só ocorreu por conta do plano estabelecido por Passepartout.
Falando em Auda, rachei o bico na cantada que passou no Fogg. Muito engraçada e objetiva, explicando-se no contexto de sua cultura: "...não tenho amigos... não tenho mais parentes... dizem, porém, que a dois a própria miséria é suportável... o senhor quer um parente e uma amiga? o senhor me quer como sua mulher?".
Passepartout em boa parte do livro é mais protagonista que Fogg.
Opa! Opa! Pra finalizar, uma inusitada observação... Verne deu uma derrapada, como visionário que era, na projeção de travessia entre América e Europa através de um balão. Mas merece um desconto no 'impossível' que registrou, afinal, a travessia do Atlântico, via balão, ocorreu apenas em 1978 (busquei essa informação), mais de um século depois do lançamento do livro, com os amparos e conquistas de nossa modernidade. Zeppelin não conta como balão, né? Ou será que estou equivocado?