Fernanda631 21/01/2023
O Rei Lear - William Shakespeare
O Rei Lear foi escrito por William Shakespeare com sua primeira apresentação em 26 de dezembro de 1606.
A grande maioria das peças tem uma riqueza não apenas literária, mas filosófica, psicanalítica e política. Shakespeare foi, sem dúvida alguma, ao lado de Miguel de Cervantes, o maior poeta da literatura mundial.
Lear é um rei idoso da Grã-Bretanha que decide se afastar do trono e dividir o seu reino entre suas filhas. Para ter certeza da lealdade, ele testa as filhas exigindo uma resposta à sua grande questão: o quanto elas o amam. Suas filhas mais velhas Goneril e Regana dão ao pai respostas lisonjeiras. Cordélia a filha mais nova fica em silêncio.
Lear então convoca suas três filhas, Goneril, Regan e Cordélia, e os maridos das duas primeiras, os duques de Cornwall e Albany respectivamente. O rei explica que, por causa da idade, pensa em repartir o reino entre as três, em função da quantidade de amor que elas sentem pelo pai.
Para ter certeza da lealdade, ele testa as filhas exigindo uma resposta à sua grande questão: o quanto elas o amam. Goneril e Regana (as filhas mais velhas de Lear) dão ao pai respostas lisonjeiras. No entanto, Cordélia, a filha mais nova e favorita de Lear, permanece em silêncio, dizendo apenas que as palavras são muito pouco para expressar o quanto ela o ama.
Goneril e Regana, hipocritamente, expressaram um amor ilimitado por seu pai, mas Cordélia, a caçula, mostrou-se incapaz de dizer em palavras vazias que manchem com interesse o profundo amor que ela sente pelo pai, o rei. Lear não aceita essa resposta, fica furioso e renega Cordélia.
O rei da França, que havia cortejado Cordélia, diz que deseja casar-se com ela mesmo assim, e Cordélia segue para França, sem a bênção do pai.
Ao se aposentar do reino, Lear descobre que sua decisão não foi a mais apropriada, foi um grande erro. Suas filhas mais velhas recebem de herança uma parte do reino, e praticamente o expulsam, traindo-o. Goneril, tendo conseguido do seu pai o que queria, despreza-o e mostra sua ingratidão de forma maligna. O mau comportamento das duas cruéis irmãs, e de seus maridos, faz com que o rei fuja.
O rei acabou fugindo do castelo de suas filhas juntamente com o Bobo e Kent, um nobre que lhe é fiel. Lear lentamente enlouqueceu após tantas coisas que lhe aconteceu após fugir de seu próprio reino. Paralelamente a essa história, a um nobre chamado Gloucester que também enfrenta problemas familiares. Seu filho ilegítimo Edmundo engana-o ao fazê-lo acreditar que seu filho legítimo Edgar está tentando matá-lo. Para fugir da perseguição de seu pai e se livrar da morte, Edgar se disfarça de mendigo.
Quando Gloucester percebe que as filhas de Lear traíram a confiança de seu pai, decide ajudar o amigo apesar das inúmeras ciladas em que ele pode se envolver. Regana e seu marido Cornwall descobrem-no ajudando Lear, e ambos o condenam por alta traição. O preço que Gloucester pagará será a escuridão da cegueira. E, cego, o abandonam no campo. Ele acaba sendo ajudado por seu filho disfarçado de mendigo, que o leva para Dover, onde Lear está.
Em Dover, eles acabam encontrando o exército francês liderado por Cordélia, em um esforço para salvar a dignidade do seu pai. Edmundo aparentemente se envolve com as filhas mais velhas do rei, Goneril e Regana, cujo marido, o Duque de Albânia, é cada vez mais simpático à causa de Lear. Ambos conspiram para matar o Duque.
Gloucester está cego, como já foi dito. Gloucester percebeu tarde demais a tolice em assumir que o mundo funciona através de noções de justiça e comportamentos morais. A sua infelicidade é tamanha que o suicídio parece ser o seu destino, mas Edgar o salva. Cordélia, inteirada por Kent de todos os terríveis acontecimentos, vai da França (seu novo reino) para a Inglaterra, para ajudar seu pai e mostrar seu amor de filha, cena essa citada anteriormente em que ela esta em Dover liderando um exercito. Lear está louco, mas, repousando aos cuidados de Cordélia, volta a ter alguns momentos de lucidez.
Enquanto isso, as tropas inglesas, lideradas por Edmundo, derrotam o exército francês liderado por Cordélia. Lear e Cordélia são capturados. Na batalha, Edgar duela e mata Edmundo. As duas irmãs (mais velhas) lutam entre elas e se aniquilam. E Cordélia é condenada à morte.
Lear entra em cena com Cordélia morta nos braços. Seu desespero é tão grande que ele cai de dor. Na cena final da tragédia sobrevivem apenas Kent, o duque de Albany (Albânia) e Edgar. Albânia, Edgar e o idoso Kent são deixados para cuidar do reino sob uma nuvem de penumbras e arrependimentos.
Rei Lear é uma peça brutal, em que a crueldade humana e os acontecimentos terríveis nos levam a perguntar se existe alguma possibilidade de justiça no mundo.
A insensatez e a sabedoria andam de mãos dadas. Os momentos de sabedoria de Lear, em minha opinião, podem ser encontrados através de duas fontes: o Bobo e a sua filha, Cordélia.
O Bobo desempenha um papel importante. Sua integridade é vista durante suas falas com o rei. O Bobo faz aquilo que ele acredita estar certo. Ele reconhece que é uma das poucas pessoas que o rei ouve.
Por outro lado, quando Lear acorda de sua jornada existencial, ele abraça o amor de Cordélia. A devoção da filha mais nova ao pai, embora a princípio ingênua, é mostrada com poucas palavras, mas com atos eloquência, e representa o amor na sua forma mais pura.
Assim como sua filha preferida sempre fora fiel a si mesma, Lear aceita sua condição humana finita e mortal. É um novo homem que assume a responsabilidade de suas decisões.
Rei Lear é uma das mais perfeitas peças dramáticas de Shakespeare. Seu tema principal é a ingratidão, em razão da qual as personagens puras, como Cordélia, filha de Lear, têm um final trágico. A maldade das personagens impuras — as outras filhas de Lear e Edmund — desencadeia uma tormenta de loucura, ódio, morte e dor.