Paula 06/11/2022
Grande Sertão: Veredas
Não minto. Sempre tive dificuldades com Guimarães Rosa, tanto no colégio, quanto na faculdade. Eu sempre soube, no entanto, que em algum dia eu precisaria ler Grande Sertão: Veredas. Eis que entre os dias 10 de maio e 1 de junho de 2022, realizei a leitura, motivada por um desejo genuíno alimentado por pesquisas rápidas. De onde o desejo genuíno surgiu? Não sei, mas eu quis ouvir Riobaldo, e a leitura, apesar de vagarosa, foi constante e recompensadora. Completei 37 anos em meio à travessia. E que presente me dei!!! Uma resenha não dá conta de um monumento desses, uma obra inesgotável, repleta de camadas - narrador não confiável em primeira pessoa, pacto fáustico, amor impossível, questões sócio-políticas , vingança, etc,- que gera inúmeros estudos. Essa é apenas uma tentativa de falar sobre a obra.
O idoso ex jagunço Riobaldo recebe em sua fazenda um bem instruído visitante anônimo que vem da cidade. Riobaldo lhe diz que as visitas costumam ficar por três dias e então, começa a lhe contar toda sua história de vida. No início, mais do que enumerar eventos de sua trajetória, Riobaldo se mostra bastante preocupado e quer que seu interlocutor lhe confirme a inexistência do diabo. Se o diabo não existe, tampouco existe pacto com diabo. Riobaldo carrega um grande remorso e toda essa narração ao interlocutor o ajuda a relembrar e refletir sobre sua vida. Além dessa questão pactária, outro elemento que permeia a história e faz com que Riobaldo entre em conflito existencial é o fato dele se reconhecer apaixonado por outro jagunço. Riobaldo é noivo de Otacilia e se relacionou com outras mulheres como Miosótis Rosa? uarda e Nhorinhá. O amor proibido em questão é conhecido no bando como Reinaldo, mas ele confidencia ao narrador da história que seu verdadeiro nome é Diadorim. E é ele quem impulsiona Riobaldo
Riobaldo descreve toda sua jornada como jagunço no sertão de Minas Gerais, Bahia e Goiás. São apresentadas situações de seca extrema, fome, epidemia de varíola etc. Apesar de tudo, com Diadorim, Riobaldo aprende que ?carece de ter coragem? e seguir em frente.
Como eu já disse, é uma obra inesgotável, que só tende a crescer ainda mais com releituras. O que eu contei do enredo não foi nada. Eu disse que quis ?ouvir? Riobaldo porque a oralidade é marcante no texto e ler em voz alta pode ajudar a captá-la
Essa foi só minha primeira leitura. Minha primeira travessia.
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#JoaoGuimaraesRosa
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