lucaismaia 25/06/2023
Travessia. Viver é muito perigoso!
"Grande sertão: veredas" é uma grande e imensa poesia. Seu enredo percorre por jornadas, e daí podemos tirar as veredas, em que o sentimento é mais profundo que a semântica frígida da palavra. O tom oral enriquece todas as emoções, todas as reflexões e filosofias, o que, de início, é complexo e de difícil compreensão, mas que, aos poucos, vai se tornando um grande fluxo.
O lirismo da palavra e a mistura de gêneros aqui colocadas por Rosa, conseguem se articular tão bem e tão natural. A jornada de seus personagens é de uma singularidade épica, que tanto nos aproxima e, na mesma medida, consegue nos repelir, por vezes. Isso é muito humano. Diadorim, misterioso, enigmático, secreto... tão doce e apaixonante. Riobaldo, bruto, em dúvida, que carece de coragem.
O sertão deixa de ser apenas um espaço geográfico para se tornar feroz, um lar, um deus, um personagem a parte que convive com os homens que nele vive. É assim: parte da gente, do mundo, dele mesmo. O sertão é a vida, e ambos são perigosos.
Coragem-travessia-homem-Sertão. E João Guimarães Rosa, com suas belas palavras que tocam e nos faz sentir o inominável!