O homem duplicado

O homem duplicado José Saramago




Resenhas - O Homem Duplicado


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Rafael.Augusto 01/06/2020

Não quero que isso pareça uma simples cópia : |
Quem me conhece ou me acompanha por aqui sabe que sou super fã do Saramago. Isso pode trazer uma certa impressão de parcialidade sobre minha opinião em relação a esse livro. De qualquer maneira eu continuo insistindo que leiam esse homem por favor.
Em "O homem duplicado ", José Saramago vai explorar ao máximo a questão da identidade ou falta dela. Como é habitual em suas obras, ele usa de muita criatividade e genialidade para expressar de maneira indireta e figurada uma crítica abrasadora. Nesse caso, a crítica, a meu ver, é exatamente ao fato de a identidade das pessoas no mundo globalizado em que vivemos, não está mais no indivíduo em si, mas sim nas coisas que o representam, na sua tribo, no seu partido, no seu gênero etc etc etc. Para concluir, achei o final do livro absolutamente espetacular! Ele conseguiu surpreender no final de um livro que já leváva um dez!
Dani 04/06/2020minha estante
Uai, depois dessa crítica aumentou meu interesse em ler esse livro...


Rafael.Augusto 05/06/2020minha estante
Livraço Dani! Super recomendo.


Mari 15/07/2020minha estante
Estou lendo e está sendo um desafio! Meu primeiro Saramago, me assustei um pouco diante dos grandes blocos escritos, passada a estranheza e compreendendo a didática dos diálogos, dá para perceber que este homem realmente é diferenciado! Ps: ainda estou no início! Hehe


Rafael.Augusto 15/07/2020minha estante
Bom dia Mari! Que maravilha! Aposto que vai amar! Quanto à escrita, quando menos esperar estará hatuada. Esse livro é fantástico! Boa leitura! : )


Sandra Rosa 04/12/2020minha estante
Quero muito ler ele! Infelizmente na minha cidade estamos sem biblioteca há 4 anos.


Dani 21/03/2021minha estante
Estou lendo esse livro, assim como você, sou fã do Saramago. Li algumas obras dele, pretendo ler tudo. Haha


valquíriamf 09/01/2022minha estante
Perfeito! Um soco de estômago de livro, e com a escrita indescritível de Saramago!


Lays.Maria 18/07/2022minha estante
O que a sociedade atual prega é uma autenticidade forjada na massificação, onde todos buscam se tornar mais um achando que estão se tornando especiais por isso. Ótimo comentário o seu.




Fran Kotipelto 26/03/2011

Um lugar deve existir,uma espécie de bazar,onde os sonhos extraviados,vão parar...

Acredito que todo mundo já tenha passado pela experiência de querer dizer algo sobre algum livro,mas faltaram palavras para descrever tal maestria. É verdade, acontece com qualquer pessoa, (neste caso só com as pessoas que lêem,obviamente).

Assim que comecei a ler "O Homem Duplicado" eu sabia que deveria fazer no mínimo um comentário sobre a obra,mas eu só funciono no quesito "resenha" quando tenho algum ponto de inspiração que não seja apenas o livro que pretendo resenhar. Sendo assim, apesar de tê-lo terminado, a ideia de resenha ficou vaga, ou melhor dizendo,engavetada na mente apenas como um desejo.

Quando a minha esperança já estava saindo da caixa e perdendo o efeito,e eu caminhava desolada e desanimada para a Universidade,ouvi a voz de uma magrela garotinha de uns 8 anos de idade de mãos dadas com seu pai catarolando uns versos de uma bela canção chamada "A Moça do Sonho", do Chico Buarque e Edu Lobo:

"Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar:

- Quem és?

Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó(...)"

E eis que o verso e complemento me surge,e minha resenha começou a ser "processada".A partir daquela pergunta expressa na letra da canção, eu percebi que poderia escrever uma resenha digna de "O Homem Duplicado",ou pelo menos tentar.

A trama inicia-se com a vida de Tertuliano Máximo Afonso,um sujeito comum,professor de história,dócio e submisso,que vive sozinho em seu apartamento e sem grandes expectativas. Entediado,um dia recebe do colega professor de matemática, a sugestão de assistir ao filme "Quem Porfia Mata a Caça". Ao ver o filme,Tertuliano repara num personagem secundário que mais tarde descobre ser Daniel Santa-Clara,nome artístico do ator António Claro,uma cópia idêntica sua,e a história então tem seu desenrolar,pois Tertuliano de repente encontra-se num mar de dúvidas,não sabe o que é,quem é.E assim cheio de dúvidas,ele procura António,ou por ele mesmo,ou por ambos...

Através dessa magnífica história,Saramago visa suscitar questões bastante importantes,e que por mais óbvias que sejam, não costumamos pensar.No romance, Tertuliano não vive até a descoberta do duplicado,não atenta para as questões da existência,está perdido entre o nada e o vazio da rotina(você percebeu agora que todo mundo "vive" um pouco dessa maneira?).E quando se vê na imagem do outro, a obsessão não se enraiza por si mesmo,mas por saber-se original.

Fascina na narrativa de Saramago essa busca por uma sensibilidade esquecida em meio à humanidade repleta de respostas prontas, mostrando que o tempo da procura que marca a trajetória do personagem (e de nós mesmos),é cíclico,como a mostrar que a procura do homem por si mesmo não tem fim.

Por que ao tratar do homem duplicado,Tertuliano não vai buscar resposta na ciência? Por que ele quer encontrar o homem,razão de sua inquietação e não a explicação para o fato inusitado? Mas é arriscando a si próprio que se demonstra que o homem se faz na medida em que adquire consciência de trazer em si o seu ser. E este algo,por si mesmo toca e atinge o homem.Pois segundo Saramago,"Quanto mais te disfarçares,mas te parecerás a ti próprio".

E este estranhíssimo,singular,assombroso e nunca antes visto caso do homem duplicado, o inimaginável convertido em realidade,o absurdo conciliado com a razão é o homem no limiar da inquietação sobre sua origem,por isso a busca por respostas.Semelhante a um espelho que se repete,dá-se o encontro de Tertuliano e António numa atmosfera de dúvida entre a imagem virtual daquele que se olha ao espelho,A imagem real daquele que do espelho o olha,uma vez que o homem é incompletude.

E é esse voltar-se para si que engloba o outro,e Tertuliano reconhece que o novelo do espírito humano tem muitas e variadas pontas.Ele próprio e seu cuidado com a vida, agora é o essencial, visto que ele percebe que a única coisa que dura toda a vida é a vida.


Jow 26/03/2011minha estante
Otima resenha, como sempre Fran!
"Tertuliano não vive até a descoberta do duplicado,não atenta para as questões da existência,está perdido entre o nada e o vazio da rotina..."
Quanta gente faz isso Fran, muitos perdem o tempo de vida porque para eles, a vida é o que acontece enquanto eles estão ocupados fazendo outros planos.
Show! o/\o


Luh Costa 28/03/2011minha estante
Vc resenha divinamente bem.
Me incluo no inicio da resenha. Tento escrever mas faltam palavras. rsrs
Saramago nos insina várias questões da vida.


Gláucia 31/03/2011minha estante
Parabéns, resenha maravilhosa e adorei como a iniciou!


Alan Ventura 01/04/2011minha estante
Todas as suas resenhas são excelentes, mas essa é em minha opinião, a melhor. Parabéns.


Renata Céli 06/04/2012minha estante
Adorei a sua resenha! Esse livro realmente é muito bom!


Paulo 14/05/2012minha estante
Belíssima.


Vanuza 27/02/2014minha estante
Resenha muito boa, dá para perceber o quanto você adquiriu com esse livro!




Alebarros 23/07/2010

"Sensacional! Genial! Um dos melhores livros da minha vida!"

Se minha resenha se restringisse ao escrito acima, certamente não deveria ser chamada única. Diante da superficialidade do contéudo e da fácil adjetivação, que têm como irrefutável consequência a coincidência com outros relatos de teor semelhante, melhor seria chamá-la duplicada, tal qual o Tertuliano do livro.

Brincadeiras à parte com o estilo do mestre Saramago, o livro merece mesmo todos esses adjetivos. Durante a leitura, e principalmente ao término dela, me vi assombrado. Assombrado pela imaginação sem limites, pela capacidade de surpreender o leitor com reflexões que por si só dariam um livro, pela linguagem e estilo tão particulares e, principalmente, por ter me dado conta de que este gênio não vai mais nos presentear com obras tão lindas como essa.
Obrigado, mestre.
Mari 23/07/2010minha estante
Ótima resenha, Alê! Não vejo a hora de começar O Homem Duplicado! Oh, Deus... são tantos livros e tão pouco tempo =]
Parabéns pela ótima resenha! Baisers ;)


Alebarros 23/07/2010minha estante
Obrigado, Mari! O livro é lindo, recomendo muitíssimo! E é verdade, são tantos livros pra tão pouco tempo...rs. Bjs!


Nessa Gagliardi 23/07/2010minha estante
Linda resenha, Alê!
Será que meu entusiasmo se equipará ao seu? rsrsrs
beijos!!


Alebarros 23/07/2010minha estante
Obrigado, Nessa! Acho que você vai gostar muito do livro. Aliás, ele já tá separadinho pra te emprestar. ;) Bjs!


*Carina* 25/07/2010minha estante
Alê, quando li tua resenha pensei imediatamente em duas coisas: ainda bem que comprei o livro aquele dia, e ainda bem que trouxe-o comigo. :)
Adorei sua resenha, vc tem que escrevê-las mais!
Um beijo!


Alebarros 25/07/2010minha estante
Obrigadão, Cá! Agora é sua vez de curtir o livro! Bjs!


Renata Céli 03/04/2012minha estante
Adorei a resenha! Esse livro é muito bom!




Lucas 06/04/2020

Inquietante
Cheguei no livro através do filme (que eu acho sensacional).
O livro tem esse desenvolvimento lento, mas bem fácil de acompanhar, o que dificulta no começo é a escrita.
O livro tem uma narrativa muito bem escrita, eu fiquei preso do começo ao fim, principalmente na parte final do livro.
Faz refletir sobre as repetições de nossas vidas, sobre nossa identidade.
Angélica 06/04/2020minha estante
Ja li dois livros do Saramago e em ambos eu acho a forma dele escrever estranha, eu gosto da narrativa mas acho a escrita difícil.


fadasemasa 06/04/2020minha estante
Sua resenha me instigou, vou atras desse livro. Valeu!


Lucas 06/04/2020minha estante
Angelica, achei difícil no começo, mas eu me acostumei depois. O mais difícil de acompanhar pra mim são os diálogos mesmo, teve vezes que tive que reler pra saber que está falando o que.


Lucas 06/04/2020minha estante
Fadasemasa, que bom! Vc vai gostar!


Angélica 06/04/2020minha estante
Exatamente isso.
Te indico ler Ensaio sobre a cegueira, eu achei ótimo.


Lucas 09/04/2020minha estante
Está na minha lista. Atualmente to lendo mais Dostoiévski, mas jaja volto pro Saramago




yuri.ulrych 18/04/2017

O Homem Duplicado Análise Estrutural e Semântica
O Homem Duplicado - Análise Estrutural

A narrativa da ficção usa a metalinguística como principal recurso para o desenvolvimento do sentido do enredo, sendo que a linguagem se manifesta falando de si mesma em várias camadas sucedidas ao texto: quando o protagonista, prosaico professor de história, por um momento sabe que está sendo narrado; ou quando o narrador aparece de repente como autor, escusando o próprio Saramago das suas próprias interpretações; ou até mesmo a personagem principal que se vê em outras personagens, heterônimos dela mesma.
Em muitos momentos o protagonista narra consigo mesmo, em diálogos, as situações hipotéticas de seus futuros devires. Os pensamentos sempre acabam falando mais alto, tanto que, ocasionalmente, aparece a figura arquetípica do Senso Comum dentro dele a conversar. Neste caso, Saramago atualiza a técnica do “Coro” utilizada por séculos no Teatro Grego, singularizando-a como personagem mental, a fim de expressar o que eram muitas vozes em uníssono, dando as opiniões arquetípicas do ser humano, no espectro do inconsciente coletivo, o Senso Comum, tenta ajudá-lo, como pode.
Como Saramago conseguiu alinhavar tantas metalinguagens diferentes e sobrepostas? A resposta é simples, existe um centro narrativo, além de ser uma tremenda ironia do autor-personagem, sempre quando ocorrem tais mudanças de ordem metalinguística, o texto volta por escrito à tríade, Tertuliano Máximo Afonso, diga-se de passagem, nome que a personagem odeia, dispondo assim o texto para uma nova mudança literária, a cada retomada.
Fora do centro narrativo Tertuliano Máximo Afonso, existe outras três personagens chamadas pelo nome completo que o texto modula para dar o seu movimento, Maria da Paz, e Antônio Claro, depois mais tarde Carolina Máximo. As outras personagens incitadas no texto, “Helena”,“Professor de Matemática”, “A vizinha”, “O Diretor da Escola”, “A Professora de Línguas”, “A secretária”, “O rapaz da locadora”, são plenamente terciários tanto pelo nome que lhes é atribuído, servindo apenas como notas de passagem.
Atenhamo-nos que quando o texto caminha em direção a Maria da Paz, há uma preparativa de tensão direta a Antônio Claro, que ao chegar por sua vez, o texto aumenta gravemente o seu grau de suspense, para depois amenizar ao centro conflituoso de Tertuliano.





O Homem Duplicado - Análise Semântica

Saramago levanta questionamentos sobre o modo operante da pós-modernidade, em que os seres humanos tem dificuldades de olhar para si mesmo, crise existencial, e de identidade de Tertuliano Máximo Afonso, no qual, não suporta o próprio nome, nem as maneiras de lidar com a profissão, muito menos amorosamente, se tem por fracassado mesmo com muitas chances batendo na porta da janela, se recusa em crise, visto às dúvidas e a insatisfação provinciana na qual se encontra, cheio de medos.
O seu duplo, é uma pessoa estabilizada em vida, ator secundário de cinema, tem poder econômico, e também tem suas escapadinhas do matrimônio, justamente o oposto de Tertuliano, atua sobre o pseudônimo de Daniel Santa-Claro, embora seu nome seja Antônio Claro. Saramago põe outra profunda discussão sobre a arte da atuação, personagens são heterônimos dos seus próprios atores?
Aconselhado pelo colega Professor de Matemática, vai à locadora e obsessivamente, acaba voltando mais e mais, a buscar filmes de Daniel Santa-Clara, cuja parecença é exatamente a mesma que a dele, de rosto, de corpo, de cicatrizes e por aí vai... Assiste todos aos filmes. Esconde essa façanha com tamanho apego, que evita de qualquer forma que seja descoberto. Alguns costumes característicos dele paulatinamente vão mudando, como ir de carro ao trabalho, ao invés de ônibus, ou propor ideias em meio a reuniões no emprego, de algum modo tenta esconder principalmente a sua angústia latente em si.
Maria da Paz vira joguete do seu pretendido Tertuliano, a partir da proposta dela assinar uma carta como fã do tal ator, para que o venha conhecer secretamente. Ela faz porque ama, ele faz porque deseja se encontrar. Acaba descobrindo o endereço, liga, e quem atende é Helena, esposa de Antônio Claro, que se assusta por ter a mesma voz do marido, aumenta mais ainda o suspense, a crise de relacionamento com ele. Tertuliano para encontrá-lo aparece disfarçado, para não ser identificado, conversam. Antônio Claro, surpreendido, quer evitá-lo como desde o começo dos contatos. Contudo, tem o desejo pernicioso de afundar psicologicamente de algum modo, dizendo ter nascido primeiro, e que Tertuliano seria seu duplicado, que não fariam testes de DNA, para não prejudicar a carreira.
Tertuliano, indefeso desiste, volta a querer se estabilizar com o que tem em mãos, sua mãe e Maria da Paz, propondo o tão almejado noivado que sua mãe queria. Mas manda ao endereço de Antônio Claro o disfarce, a barba postiça. Antônio provocado investigou a vida de Tertuliano, querendo passar uma noite de Tertuliano de adultério com Maria da Paz.
Invectivas acontecem no apartamento de Tertuliano, Antônio Claro entra, e sugere a troca de identidades, completamente fraco, aceita. Porém resolve se vingar dormindo com Helena. Afinal, um é duplo do outro, tudo isso acontece. Mas Tertuliano recebe a notícia, de que está morto, pois Antônio sofrera um acidente de trânsito matando também sua noiva, ambos se forcejaram, ela havia descoberto que não era seu noivo, segundo o narrador-autor. O choque é grande, mas Helena, compreensiva resolve continuar com “o duplo de seu marido”, como se fossem o mesmo, estando aberta para as diferenças.
A mãe, que chorava copiosamente teve oportunidade de vê-lo como Antônio Claro, no velório fingiu com Helena, valendo ressaltar que ela bem avisou Tertuliano. Saramago usa a imagem de Cassandra como oráculo de ação preventiva a ameaça que seria o Cavalo de Troia na cidade natal. Até que então toca o telefone, e alguém liga, com a mesma voz dele quando ligou para Antônio Claro. O livro termina com ele saindo armado até o local.
O duplo é sempre o segundo, quando o primeiro ressurge. Portanto, Tertuliano, poderá se matar, porque ele e o duplo são um só. Ao menos que ele aprenda a lição, tanto que até ele mesmo dizia a Antônio Claro que se um morre, o outro também morreria na sequência.
Saramago deixou este final em aberto, para a própria reflexão de escolha entre matar a si mesmo, ou se construir a partir de seus próprios pontos. Também é uma decisão duplicada.
Augusto Isaac 19/05/2017minha estante
Muito boa resenha, colega.


Djalmo 10/08/2017minha estante
A sua análise sobre o último capítulo ao meu ver é a mais abrangente e plausível, obrigado por compartilhar sua compreensão.


Dara 01/06/2019minha estante
Resenha incrível!


skuser02844 18/05/2023minha estante
Não, o final não é aberto. Existe sim um terceiro duplicado.
Após Tertuliano Máximo Afonso descobrir o nome do ator secundário, começa a telefonar a todos aqueles nas lista telefónica que detêm o mesmo sobrenome. Em uma chamada particular, o interlocutor afirma que alguém já havia perguntado pelo Daniel Santa-Clara, informação que deixa o professor de história incomodado ao ponderar a hipótese de alguém estar também à procura do seu duplicado.
"...e foi ela ter-se recordado o homem das cordas vocais destemperadas de que havia mais ou menos uma semana outra pessoa tinha telefonado a fazer idêntica pergunta, Suponho que não terá sido o senhor, pelo menos a voz não se parece, tenho muito bom ouvido para distinguir vozes, Não, não fui eu, disse Tertuliano Máximo Afonso, subitamente perturbado, e essa pessoa era quem, um homem, ou uma mulher, Era um homem, claro. Sim, um homem, que cabeça a sua, pois não se está mesmo a ver que por muitas diferenças que possam existir entre as vozes de dois homens, muitas mais as haveria entre uma voz feminina e uma voz masculina, Ainda que, acrescentou o interlocutor à informação, agora que penso, houve um momento em que me pareceu que se esforçava por disfarçá-la.
[...]
Da fortíssima perturbação que lhe causara a notícia de que um desconhecido andava também à procura de Daniel Santa-Clara ficara-lhe uma inquieta sensação de desconcerto como se se encontrasse diante de uma equação de segundo grau depois de se ter esquecido de como se resolvem as do primeiro."
Páginas 119 e 120
É importante relembrar que no final, o terceiro duplicado afirma estar à procura de António claro há semanas.
"É o senhor Daniel Santa-Clara, perguntou a voz, Sim, sou eu, Andava à semanas à sua procura, mas finalmente encontrei-o"
Página 317




Rita625 30/01/2022

Por favor, leiam!!!!!
Não tenho palavras para descrever esse livro. Foi o meu primeiro livro de Saramago e eu adorei!
E para os desavisados, é um livro difícil de ler. Tem sim a questão das pontuações, mas a escrita também dificulta. Eu acredito que todos os livros deles sejam assim, é uma característica literária dele. Então é sempre bom avisar.
Sobre a história, tem um ritmo lento. Porque temos muitas páginas de divagações excessivas do narrador. O que acaba cansando a leitura de forma geral. Isso é ruim? Nao! As divagações do autor/narrador dá robustez e corpo para a história.

É um livro filosófico e reflexivo. É sobre a perda da individualidade, é um livro que precisa se apreciado. Degustado. Saramago brinca com as palavras, cria linhas de raciocínio absurdas e cômicas. É um livro que brinca muito com surrealismo, do cotidiano absurdo e da tão querida metalinguagem e a quebra da 4° parede. Onde o narrador simplesmente para de descrever as cenas e começa a dialogar com a gente, o narrador com o sentimento e pensamentos próprios.
Talvez se eu fosse acadêmica de Letras ou algo assim, perceberia as sutilezas com mais propriedade da área. Mas não sou e escrevo a resenha como uma leiga mesmo.

A história só vai pegar um ritmo mesmo nas ultimas 50 páginas e o desenrolar é surreal, novamente falamos do cotidiano absurdo. Talvez seja um exemplo do que eu já ouvir falar por aí do Realismo Fantástico. Eu agradeceria se alguém pudesse me corrigir kkk

Enfim, maravilhoso. Alguns clássicos me decepcionaram porque com o passar do tempo perde o impacto inicial do período que foi escrito. Mas aí é algo pessoal e não da obra em si.No Homem Duplicado não tenho isso. Se tornou um dos meu preferidos, com toda certeza vou ler mais livros dele e também me permitir ler livros mais do gênero.

E novamente repito: Saramago é um autor que precisa ser lido lentamente, você saborear a sopa de letrinhas que ele coloca nas páginas. É denso e profundo. E acredito que talvez o estilo dele (muitas vezes excessivo), seja para provocar o leitor a desacelerar a mente pra sentar e ler.
Michelly 30/01/2022minha estante
Amo demais Saramago e não acho difícil a leitura. Ele é cheio de metáforas, ditos populares, referências a outras obras.


Rita625 30/01/2022minha estante
Como foi a primeira vez, que tive contato com ele, achei difícil kkk mas ele é genial msm


Michelly 30/01/2022minha estante
O meu primeiro contato foi com As intermitências da Morte, lá em 2005, me apaixonei de cara. Hoje estou relendo e o livro é melhor do que me lembro


Rita625 30/01/2022minha estante
Ja tem varios livros dele na minha lista




Rosa Santana 25/05/2011

Gostei demais! Fascina-me a literatura voltada para o tema da "busca da identidade perdida"! Daquele "eu" no espelho, na sombra, no sósia, no retrato, no disfarce, enfim...

Nesse livro, o comum e mero professor de história, Tertuliano Máximo Afonso, vai em busca do sósia ator de cinema*, Daniel Santa Clara, no qual se vê refletido. Ambos são o espelho de si-mesmos, pois cada qeu” se revê no outro “eu”, como sendo este outro “eu” um espelho que lhe devolve a sua imagem.

Enfim, é aquilo que Michel Foulcault disse, referindo-se ao papel de
Diego Velazquez, no quadro Las Meninas (a mim me gusta mucho!)
"Nesse lugar preciso mas indiferente, o que olha e o que é olhado permutam-se incessantemente."**

* Arguto esse Saramago, não? O outro é logo um ator de cinema!
** Transcrito do artigo Las Meninas, do livro As Palavras e as Coisas.

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Para quem gosta do tema, mas não de Saramago: Pirandello tem no livro O Velho Deus um conto brilhante: A Desgraça de Pitágoras. Aliás esse tema é recorrente na literatura. Exemplos: O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde; o conto de Machado de Assis, O Espelho; O Duplo, de Fiódor Dostoiévski; O Retrato, de Gógol; aquele O Médico e o Monstro, de quem mesmo?...

Ou seja, tão antigo como a própria literatura esse tema retrata a necessidade que tem o homem de construir uma imagem na qual se reconheça a si mesmo.

Alebarros 20/03/2010minha estante
Bacana sua resenha, Rosa! A propósito, "O Médico e o Monstro" é do R. L. Stevenson. ;)


Julio 20/09/2015minha estante
Como sempre suas resenhas me instigam à leitura do livro em questão, Rosa! Obrigado!


Ilton Paiva 09/09/2019minha estante
William Wilson, conto de Edgar Allan Poe




Emerson 01/12/2019

Este foi meu segundo contato com a obra de Saramago e me surpreendi muito, não esperava tanto. É um livro sem grandes acontecimentos, mas a narrativa do autor já compensa por si própria, é magistral. O livro é repleto de reflexões filosóficas, Saramago demonstra conhecer a mente humana e o chamado sendo comum que nos norteia.
O final é incríveeeeeeeel! Reviravolta foda. Meta de leitura é ler toda a obra do Saramago.
Valorizem os autores de Língua Portuguesa!

"Diz-se que só odeia o outro quem a si mesmo se odiar, mas o pior de todos os ódios deve ser aquele que leva a não suportar a igualdade do outro, e provavelmente será ainda pior se essa igualdade vier a ser alguma vez absoluta."
Thaís Damasceno 01/12/2019minha estante
Alguém para enlouquecer comigo lendo Saramago


Emerson 01/12/2019minha estante
kkkkkk bem isso, mas lerei aos poucosssss


Ananda 01/12/2019minha estante
Li só Ensaio Sobre a Cegueira e tbm fiquei com vontade de ler toda a obra do Saramago, ele sabe conquistar o leitor!




Lucas1429 24/03/2020

Além de si
O homem duplicado é uma narrativa divertida e íntima de José Saramago. Neste livro o autor se impele das nuances dos diálogos introspectivos, problemas e dificuldades relacionais com personagens cativantes e interessantes. Seus diálogos tão naturais com o senso comum somados as quebras de quarta parede dão um tom de leveza a um livro que vai apresentando os redores um poço, até que, nos capítulos finais, o derruba para dentro dele e afoga o leitor.

Ao fim do livro estava perplexo e apaixonado com a forma com que as coisas se amarraram num cenário do qual eu sequer conseguiria cogitar. É uma obra, em minha visão, subestimada de Saramago e que vale, sem sombra de dúvida, conhecer.
GUGA 06/04/2020minha estante
Olá Lucas ! Aproveitei esse caos do isolamento da pandemia e finalmente li essa obra maravilhosa ! Chegou a mesma conclusão que eu , eles eram da mesma pessoa e o personagem tinha dupla personalidade ? Já assistiu ao filme ? No filme o final é diferente porém nos leva à mesma conclusão! Adorei os dois !


Lucas1429 18/04/2020minha estante
Olá! Infelizmente ainda não pude assistir o filme, mas o farei em breve! Sim, também me deu a sensação de que possivelmente eram a mesma pessoa, dentre outras teorias, é um belo nó para se trabalhar a busca por uma identidade! Vou conferir a indicação.


skuser02844 18/05/2023minha estante
Existe sim um terceiro duplicado.
Após Tertuliano Máximo Afonso descobrir o nome do ator secundário, começa a telefonar a todos aqueles nas lista telefónica que detêm o mesmo sobrenome. Em uma chamada particular, o interlocutor afirma que alguém já havia perguntado pelo Daniel Santa-Clara, informação que deixa o professor de história incomodado ao ponderar a hipótese de alguém estar também à procura do seu duplicado.
"...e foi ela ter-se recordado o homem das cordas vocais destemperadas de que havia mais ou menos uma semana outra pessoa tinha telefonado a fazer idêntica pergunta, Suponho que não terá sido o senhor, pelo menos a voz não se parece, tenho muito bom ouvido para distinguir vozes, Não, não fui eu, disse Tertuliano Máximo Afonso, subitamente perturbado, e essa pessoa era quem, um homem, ou uma mulher, Era um homem, claro. Sim, um homem, que cabeça a sua, pois não se está mesmo a ver que por muitas diferenças que possam existir entre as vozes de dois homens, muitas mais as haveria entre uma voz feminina e uma voz masculina, Ainda que, acrescentou o interlocutor à informação, agora que penso, houve um momento em que me pareceu que se esforçava por disfarçá-la.
[...]
Da fortíssima perturbação que lhe causara a notícia de que um desconhecido andava também à procura de Daniel Santa-Clara ficara-lhe uma inquieta sensação de desconcerto como se se encontrasse diante de uma equação de segundo grau depois de se ter esquecido de como se resolvem as do primeiro."
Páginas 119 e 120
É importante relembrar que no final, o terceiro duplicado afirma estar à procura de António claro há semanas.
"É o senhor Daniel Santa-Clara, perguntou a voz, Sim, sou eu, Andava à semanas à sua procura, mas finalmente encontrei-o"
Página 317




Samuel F. (Sansão) 25/05/2020

Simplesmente espetacular!!
Assim como todas as obras de José Saramago.. esse livro é Incrível. Um leitura que flui, que te agarra e surpreende. O final me pegou totalmente de surpresa.. É um ótimo livro, recomendo..
Jamile.Almeida 25/05/2020minha estante
Louca pra ler!


Samuel F. (Sansão) 25/05/2020minha estante
É muito bom, não vai se arrepender




@fabio_entre.livros 23/02/2016

A essência dissolvida, a identidade duplicada

Encerrando, por ora, o meu itinerário de leituras saramaguianas (iniciado por “O Evangelho segundo Jesus Cristo” e seguido por “Caim”, “Ensaio sobre a cegueira” e “As intermitências da morte”), “O homem duplicado” é um livro que me surpreendeu de muitas maneiras. Como nas demais obras de Saramago, há, neste romance, a presença de elementos característicos do autor que me agradaram desde a primeira leitura: a metalinguagem, a digressão, o humor – por vezes cínico e direto, outras vezes sutil, esperando para ser descoberto nas entrelinhas – e, não menos importante, uma questão complexa e totalmente condizente com o mundo contemporâneo, uma vez que os livros desse autor (pelo menos os que li) possuem um apelo universal e atemporal.
Particularmente, em “O homem duplicado” temos uma intrincada e vertiginosa trama na qual a identidade buscada/perdida é o ponto alto dos questionamentos de Saramago. Assim, a fantástica história do professor Tertuliano Máximo Afonso, que por acaso fica sabendo de um ator que é idêntico a si, isto é, um duplicado, desencadeando uma obsessão no professor por conhecê-lo, é um convite a refletirmos acerca dos nossos próprios limites intelectuais no mundo globalizado em que vivemos hoje; um mundo que, a despeito de suas inovações constantes, vai minando nossa identidade, diluindo-a no vórtice do cotidiano. À medida que Tertuliano busca saber quem é Daniel Santa-Clara (o seu sósia), busca também saber quem é a si mesmo, saber quem é o “original” e quem é o duplicado; em outras palavras, nessa jornada de investigação da identidade do outro, Tertuliano entrelaça a sua própria vida à desse outro, numa sequência de pequenos episódios aparentemente banais e corriqueiros, mas que, na verdade, evidenciam a complexidade e os paradoxos da sua existência, a partir de agora confrontada pela existência do duplicado.
Com o estilo vigoroso que lhe é próprio, mas sem abrir mão da intimidade com o leitor, Saramago construiu em “O homem duplicado” uma obra sinuosa, crítica e dramática, inclusive com um traço que, a meu ver, permite uma comparação com “Ensaio sobre a cegueira”: enquanto em um a falta de visão (em todos os sentidos) acarreta uma degradação contínua no ser humano, sobretudo do ponto de vista da coletividade, no outro é a perda da identidade, da essência, de si mesmo, que conduz o homem (como espécie, não como gênero) a consequências inquietantes e não raro desastrosas.
Daniel 24/02/2016minha estante
Depois de ter degustado o forte sabor Saramaguiano e apreciado o contraste entre a razão e a insanidade, a ordem e o caos, tenho certeza que você nunca mais será o mesmo. Farei planos para vivenciar essa incrível jornada.


@fabio_entre.livros 24/02/2016minha estante
Disso eu já tinha certeza desde que terminei de ler o primeiro livro dele, mas a impressão de nunca mais ser o mesmo apenas se intensificou! E sim, Daniel, procure reunir a coragem, o tempo e a determinação para desbravar o universo de Saramago. Também já estou fazendo planos de fazer uma nova maratona com ele, com outros títulos, mas provavelmente não será mais neste ano.




Danniki 25/11/2018

Um português f****!
Eu já tinha ouvido falar do autor português Jose Saramago, que eu não assistir, Ensaio sobre a cegueira. Mas nunca passou na minha cabeça ler uma obra dele e um dia, na Megastore Saraiva, vi (novas) capas dos livros do autor, que são simples e chamativas nas suas cores únicas, e um deles me chamou atenção: O homem duplicado.
Que titulo interessante, eu pensei. Após ler a sinopse, eu fiquei curiosa e decidi pegar de empréstimo da bvlbiblioteca, só que para minha infelicidade o livro é da edição de bolso e possui 288 páginas, então a fonte da letra é minúscula, o que foi sofrimento para mim e a outra supresa foi estar lendo no idioma oficial do portugal, a pedido do autor em manter a versão original.
Tecnicamente foi tontura ler ao começo até se acostumar, porém confesso que continuei confusa por causa das palavras desconhecidas e de todos tipos de narracao ao mesmo tempo num texto sem freio de paragrafo. Mas... valeu a pena! O final me surpreendeu, me questionei sobre a ciência, ser humano não tem limite de curiosidade, e se trata de loop, mas no final não terei uma resposta, mas me fez refletir o nosso comportamento e isso, o autor conseguiu, pois não se trata de apenas do que você faria se descobrisse uma outra pessoa idêntica a você, mas a forma que você trata as pessoas e a sua visão a sociedade. Um português f***!
Nadia 23/02/2019minha estante
Se gostou deste, leia tbm As Intermitências da Morte. É absurdo e fantástico!


Danniki 24/02/2019minha estante
Oi Nadia! Acabei de colocar na lista ?Quero ler?. Obrigada pela dica!




Sílvia 31/12/2021

Meu autor favorito
Quanto mais leio, mais penso que Saramago é o meu autor favorito, superou o Gabo. Com certeza. Nessa nova delirante narração do meu autor favorito, temos um professor de história, um tanto melancólico, apático com o rumo de sua vida e que, de repente, tem a vida chatinha jogada em um turbilhão ao se ver em um filme, mas não é ele, ele é um professor, não um ator. Será um gêmeo, um doppelganger? Quais as consequências do encontro de ambos, poderão continuar suas vidas como se nada tivesse acontecido? Onde está a originalidade, a individualidade nesse mundo caótico. Excelente texto.
Onassis Nóbrega 30/04/2022minha estante
Não li este livro ainda. Mas tive um período na minha vida que ficava em uma continuo de 3 autores: Gabriel Garcia Marques, Saramago e Ariano Suassuna. Com certeza vou ler este em breve.


Sílvia 30/04/2022minha estante
Saramago e Gabo são meus autores favoritos




Cris 17/04/2022

17.04.2022
Tertuliano Máximo Afonso é um professor de história que vive sua vida bem tranquila, homem pacato e quase sem ânimo. Até que, seu colega, professor de matemática que o vê meio desanimado, indica um filme e para a surpresa de Tertuliano, se vê representando o papel de um recepcionista de hotel. Então, como que por obsessão começa a procurar saber quem é o homem duplicado de sua pessoa.
Uma narrativa Saramago de ser, com o senso comum como sendo um dos personagens, que faz com que o Tertuliano volte à realidade, ora o reprimindo, ora tirando um sarro. Final surpreendente e subjetivo, em que o leitor precisa ler para tirar suas próprias conclusões.
Janaina Edwiges 18/04/2022minha estante
Ótima resenha! Parece ser uma história bem interessante.


Cris 18/04/2022minha estante
Muito! Eu gostei.




*Carina* 16/08/2010

Tu, talvez, eu só tenho estado à tua espera.
"É então quando o homem diz à mulher, ou a mulher ao homem, Que loucos somos, que estúpidos temos sido, e um deles, misericordiosamente, cala a resposta justa que seria, Tu, talvez, eu só tenho estado à tua espera."

Essa frase foi a que me fez perceber que eu precisava ler esse livro. Depois de lê-lo ela poderia ter transformado-se em apenas mais uma, mas não foi o que aconteceu. Ela acompanhou-me durante toda a leitura, e mesmo tendo marcado mais de vinte outras passagens ainda é ela que me assalta os pensamentos a todo momento, principalmente a oração final, a resposta calada que, por ser não-dita, diz tanta coisa.
Saramago mostra durante todo o livro a incompatibilidade e a não-correspondência entre as palavras e os atos, os nomes e os sentimentos. E, quem melhor do que ele, um gênio na arte da escrita, para dizer disso? Ele mostra toda a arbitrariedade presente na escolha das palavras que usamos, todo o mal entendido que existe em cada frase dita e ouvida, a total impossibilidade de traduzir plenamente o que realmente queremos dizer em algo dito.
Ainda assim, continuamos tentando, e não há outra saída. Somos humanos, seres inseridos na linguagem, que é aliás o que nos torna humanos. Sem a linguagem, sem esse objetivo inalcançável de nos entendermos completamente uns aos outros, de compartilharmos o que somos, o que sentimos, enfim, a vida, estaríamos onde estamos hoje? Sem Saramago, seríamos o que somos hoje? Eu sei que eu não seria. Eu não sou quem eu era antes de ler esse livro, de ser tomada, e marcada, e derrubada, e levantada por essas palavras.
Mas também tem o silêncio. Esse silêncio que fala. Silêncio que comunica. Silêncio que transmite uma posição. Silêncio.
Nessa Gagliardi 19/08/2010minha estante
Linda resenha! Já tá na minha listinha!


*Carina* 19/08/2010minha estante
Obrigada, Nessa! E ponha lá em cima da listinha que esse merece. Beijos!




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