Leonardo1245 05/01/2024
Dostoiévski... uma tentativa
Tenho, na prateleira, algumas das obras mais famosas de Dostoiévski: "Crime e Castigo", "O Idiota" e "Os Irmãos Karamázov", mas, por sempre me sentir intimidado por elas, resolvi ter meu primeiro contato com o autor por meio dessa novela. Após a leitura, não sei se foi uma boa escolha.
Lendo a introdução escrita por Rubens Figueiredo, antes de chegar à história, fiquei sabendo que "O Jogador" foi escrito em menos de um mês, pra que o autor pudesse pagar algumas dívidas, e, aos meus olhos, essa pressa se refletiu na narrativa. Os eventos são apresentados - pra não dizer "jogados" - muito depressa, sem grandes contextualizações ou explicações, deixando a cargo do leitor entender quem são aquelas personagens, como elas se relacionam e que problemas enfrentam.
O que verdadeiramente me impediu de abandonar a leitura (pois estava pronto pra fazê-lo) foi a introdução da vovó. Durante todas as passagens dela, gritando pelo hotel, xingando todo mundo e jogando nos cassinos, eu fiquei sem saber se estava lendo um clássico russo ou o roteiro de uma novelinha das 18h da Globo.
O ponto mais alto do livro aos meus olhos - e que me mantém a fim de ler mais obras do autor - foi a exposição crítica e objetiva do vício em jogos de azar. É impressionante como, em menos de 230 páginas, Dostoiévski apresenta o poder dos jogos de viciarem, construírem e esfarelarem a vida de alguém em instantes. Isso e o final da obra, juntos, revelam que, mais do que uma obra de ficção, lemos quase o relato de alguém que já esteve na mesma situação que Aleksei Ivanovitch.
Recomendo a leitura? Talvez pra alguém mais familiarizado com o trabalho do autor. Mas não deixo de dizer que o livro vale muito a pena; se não pela queda moral de alguém que perdeu tudo pra uma roleta, pelo menos dá pra dar umas risadas com a vovó!