Pais e Filhos

Pais e Filhos Ivan Turguêniev




Resenhas - Pais e Filhos


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Vivi 16/08/2023

Gostei do livro, a escrita é bem fluida e gostosa de ler. Confesso, no entanto, que tive bastante dificuldade em identificar os personagens. Como os nomes são em russo, não conseguia guardar quem era quem e às vezes confundia... O final, apesar de triste, é bastante delicado. Foi uma surpresa para mim, que estava esperando um final feliz para todos os personagens.
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Tulio.Gama 05/08/2023

O que mais me levou a ler esta obra, dentre vários motivos, é a curiosidade inexplicável que tenho sobre a antiga coleção "Grandes Sucessos" da Abril, do início da década de 1980. Seus exemplares costumam ser mais baratos em sebos, e há títulos muito atraentes para fãs da literatura mundial. Como queria me adentrar na famigerada literatura russa de algum modo, surgiu este.
Tive uma grata surpresa e um simples prazer. Além da importância histórica e literária da obra (do qual não tinha muita ciência antes de começar a leitura), o enredo é muito comovente. A narrativa, basicamente movida por diálogos elegantemente construídos e muitas vezes até com tons de ironia insuspeita, tem a conveniência de ser econômico em passagens descritivas. É uma linguagem prática, bem acessível, estranhamente rápida ainda que carregue uma densidade necessária.
A carga temática está nos conflitos geracionais, principalmente - como o próprio título induz - entre pais (homens; mulheres eram subjugadas nesta era patriarcal) e filhos. Embates sobre visões de mundo e da vida, políticos e filosóficos (de onde se extrai a maior importância histórica da obra, como a noção do "niilismo"), mas o que ficou muito marcado para mim foi o afeto fortíssimo dos pais por seus filhos. Passou-me a ilustração do jogo emocional de, ao menos tempo, dar a liberdade de pensar e agir ao progênie e julgar sutilmente ou até, mais ou menos, controlar suas ações e relações, na expectativa que sejam o melhor ser humano possível. Os momentos finais são de cortar o coração.
Espero ter lido uma razoável versão traduzida, senti um pouco de defasagem linguístico. Nada grave, no geral.
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Kassem.Abdalla 03/08/2023

Os filhos que não seguem os pais
O ser humano enxerga sempre o mundo a partir de sua visão, e talvez essa nossa característica será, futuramente, a razão de nossa extinção.
Quando os EUA estavam trabalhando na bomba atômica, correndo o risco de perder a corrida para os Nazi, ainda sim eles se negaram em dividir informações com a URSS, apenas porque queria sair na frente. Esse fato, visto claramente durante o recém lançado filme do oppenheimer, retrata muito claramente o egoísmo da natureza humana, e como somos constantemente enviesados com a nossa ideologia de tal forma que colocamos isso a perder se a outra opção for ceder ao nosso opositor. Paralelamente, vemos aqui uma cena parecida, em que dois personagens dessa trama entram em um duelo, sendo, o viés ideológico o fator mais importante. E isso se encontra acima da vida deles.
Mas se me permite, gostaria de começar essa resenha de outra forma.
Esse livro busca retratar justamente o contraste de duas gerações, que acontece e acontecerá - julgo - durante toda a existência humana. Quando jovens, criamos raízes, e o mundo muda conforme alguns ousam pensar diferente, ou ousam reclamar, e isso conduz a realidade à um outro estado, o que acaba por produzir pessoas com outras raízes, que, cedo ou tarde, confrontará seu pai, e posteriormente, seu filho. E aqui vemos esse problema humanístico ser tratado com primazia, e uma impessoalidade digna de despertar em todos os grupos um sentimento de ter sido ofendido.
O texto é tão crítico com todos, em diversas passagem, que é muito complicado definir a posição ideológica do Ivan em relação a historia apenas a partir do que aqui está escrito, não à toa ele foi mais ou menos odiado por toda a Rússia, já que cada um se sentiu ofendido de alguma forma.
E o mais curioso é ver o quão atemporal essa obra se prova, uma vez que, do outro lado do mundo, no Brasil, nos dias de hoje, as discursões aparecem tão extremamente familiar ao que aqui é demonstrado na Rússia no século XIX.
Mas sem enrolação, vamos ao que interessa. Dentro da história, o enfoque principal é o personagem Bázarov, um assumidamente niilista. Tal termo, emprestado da filosofia, significa basicamente "negar", o que nos dias de hoje, no vocabulário popular, pode ser definido como "o homem que busca destruir os valores da família"...tudo bem, essa foi uma piada bastante politizada, mas se me desculpem, não tenho a habilidade do Ivan em soar impessoal através das palavras. Pois bem, o niilismo de Bázarov, que em tese muitas vezes se veste com um mantra "ceticista", se prova, em diversos momentos, abraçado com fortes convicções bastante deslocada com a ideologia. Principalmente se tratando de sua visão apresentado sobre as mulheres, já que ele se prova bastante preconceituoso, enxergando todas como caricaturas ou estereótipos do provavelmente pouco acesso que ele teve a tais damas. E tal preconceito só vem a calha, ou mesmo parece calhar, quando ele conhece a Anna, mas falarei ela em breve. Outra convicção, que agora não soa deslocado, mas apenas muito...idealizada ingenuamente, é a sua opinião sobre a arte. Ele basicamente despreza a arte, o que me soou muito como um jovem que apenas que se sair por cima, já que ele apresenta poucas "provas" de sua visão, se resumindo a julgar a arte sobre um olhar pragmático, o que de fato a induz ao fracasso. Mas muito injustamente seria, e talvez assim o Bázarov percebesse sua infantilidade, se julgássemos um médico pela beleza que é seus objetos de trabalhos (machucados, doenças etc). Talvez essa inversao mostrasse a ele o quão fajuto é seu critério para atacar a arte. Sobre sua personalidade no dia a dia, ele é extremamente desinteressado com quase tudo, relacionada é claro, com o dia a dia. Ele não se importa em discutir, ou apenas ouvir, me parece que tudo no mundo, que não seja o que ele quer naquele momento, é extremamente enfadonho, e acho que é assim que o seu pupilo, o Arkadi, se sente. Este que idolatra seu mestre, a ponto de levá-lo a sua casa depois de anos sem ver a familília, consegue transmitir muito bem uma vibe de irmão mais novo que apenas se resume a copiar os traços do irmão mais velho; ele vivi sobre uma aura que suplica por atenção tanto quanto um bebê precisa de leite. E basicamente, tudo que diz é apenas em concordância com o que diz Bázarov, ele nunca parece ter uma opinião de fato, e parece seguir o que pensa apenas pela conveniência do seu mestre ser assim. E Bázarov, de fato, o aceita, mas não sem sempre - e isso não é proposital - reafirmar que não precisa dele, ou mesmo que não se importa. E ele revela isso através de diversos comentários, sempre extremamente sarcásticos e, em certa medida, ácido. Ele possui um instinto gregário afiado, ainda que se perguntado, negasse isso como se fosse o pilar base de sua visão de mundo.
Essa última característica, fica evidente quando, mais adiante, ele conhece a Anna. Durante todo o período pré-esse-momento, sua rotina se resumia a estudar medicina e discutir com os pais de Arkadi. Nessas discursões, sua filosofia é expressa tanto com o que diz, como a forma que age, já que nunca é ele quem puxa a conversa. Normalmente é o Pável, o tio do Arkadi, que nos dias de hoje seria algo parecido com um sargento do exercito, fracassado, desiludido que julga a ditadura como "revolução". Pois voltando a Anna. Ela me soou quase como um retrato feminino do Bázarov, só que o termo direto de sua filosofa. Ele possui uma graciosidade meio indiferente em relação ao mundo, uma certa apatia fingida, e acima de tudo, uma tendencia à filosofia que a deixa ainda mais brilhante aos olhos do Bázarov, uma vez que acaba por soar "superior" aos seus olhos. E por ela, o nosso herói chega até a mudar uma de suas convicções, já que ele abandona a visão hegeliana de mundo, e passa a ter uma crença muito mais existencialista (isso acontece quando ele decide negar que "basta um exemplar humano para julgar todos os demais", e passa a enxergar as pessoas como indivíduos). E claro, ele se apaixona por ela, e como em todo bom romance russo, o amor não é correspondido.
Em suma, se eu tivesse que resumir esse livre em uma frase, seria, "um retrato do contraste de gerações entre os conservadores e os liberais, preocupados com a destrição do outro lado, a fim de..." (parei aqui propositalmente, espero que tenham entendido ;) )
Por fim, gostaria apenas de dizer que o Bázarov é um personagem tão intrigante, que ficamos tentados a ver sua mudança de espaço não por conta do espaço propriamente dito, mas a forma como o novo espaço irá recebê-lo.
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Lucas1613 03/08/2023

O Antigo e Novo Embate de Gerações
Durante a minha 10ª leitura do ano, ao enfrentar os ataques de rinite causados por um livro do Sebo, cheguei ao fim de uma obra que me conduziu, quase sem querer, à riqueza da literatura russa.

A descoberta deste livro se deu através de um episódio de um podcast sobre filosofia que o mencionou como uma das inspirações de Nietzsche em suas obras, principalmente em relação ao niilismo e à existência. Compreender a autoria e a temática por trás dessa obra me fez respeitá-la ainda mais. Ivan Turgenev explora uma temática atemporal, o que justifica, ao menos para mim, seu status de clássico.

A relação entre pais e filhos, o choque de gerações e o embate entre novas e velhas ideias são temas que me tocam profundamente, pois consigo enxergar suas manifestações na minha própria vida e me preparo para revivê-las quando me tornar pai. Mesmo tentando contextualizar as ideias políticas presentes na época e local retratados, percebo que o cerne da narrativa reside nessa relação universal. É surpreendente como um livro escrito em 1860 ainda ecoa tanto em nossos tempos, evidenciando que o confronto geracional é, ao mesmo tempo, tão novo e tão antigo.

O personagem Bazarov, aparentemente racional, inteligente e constantemente visto como superior no livro, surpreende ao revelar uma imaturidade e comportamento adolescente perante seus pais. Essa dualidade desconstrói a imagem intelectual que o livro tenta transmitir dele, deixando uma impressão de um adolescente indolente. A vida tem me ensinado que é importante assumir uma postura complacente e compreensiva com nossos pais, pois o amor transcende ideologias, opiniões e impaciências. O tempo é implacável, e um dia poderemos sentir falta e arrependimento por não ter valorizado o amor que tínhamos a oferecer.

Embora minha imaturidade filosófica tenha dificultado a absorção completa das lições niilistas e sua relação com a filosofia de Nietzsche, a leitura foi enriquecedora e reforçou a ideia de que um clássico não alcança tal status sem motivo.
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Fran 28/07/2023

A vida de um niilista?
Fiquei emocionada com o final. Eu não esperava tal desfecho. Não que eu tenha me decepcionado, é que sempre espero um final idealizado. Mesmo assim, é um dos mais belos finais que já li.

Leitura fluída, diálogos incríveis, tradução direta do russo sempre me dá segurança, e mesmo sendo um romance do século 19, consegui acompanhar sem problemas.

Tornou-se uma referência para pensar sobre o conflito de gerações, assim como a questão do niilismo. É certo que, o que eu pensava sobre esses temas, se transformou.

Mais um escritor russo que me encantou, e tenho certeza que se você ler Turguêniev, vai se encantar também.
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Flavia.Borges 23/07/2023

Livro essencial para se pensar o conflito e aproximação entre as gerações. Traz de maneira única e muito atual o que se renova e o que fica obsoleto, a não existência de uma verdade, ultrapassada pelo novo, etc.
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Max 13/06/2023

Pais e filhos...
O livro trata desse conflito de interesses tão natural entre gerações. Essa diferença é o motor que faz girar a sociedade humana, renovando-a e preparando-a a enfrentar os novos desafios que sempre surgem. Aqui o autor ao tratar do tema o faz com uma delicadeza ímpar. Sem querer dar razão a um lado ou ao outro, apenas discorre de forma honesta e singela, produzindo cenas lindas de bom orgulho, de respeito e principalmente de amor.
Recomendo!
Regis 13/06/2023minha estante
Já vai para a lista. ?




Laura Neves 08/06/2023

Reflexões
Reflete o conflito de gerações entre os pais e os filhos. Na obra podemos presenciar dois personagens centrais, pai e filho, (Nicoláu Pietróvitch e Arcádio) que se enfrentam nas típicas discussões de família entre as refeições, devido às experiências de vida diferentes.

Em Turgueniev os papéis são invertidos, e os mais velhos se mostram mais sábios na medida em que tentam se adaptar, mesmo sem compreender, aos novos tempos.

Turgueniev traz para nosso tempo algumas reflexões pertinentes.
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Duchesse 08/06/2023

Os Mestres Russos
A leitura da biografia de Dostoiévski me levou a ler ?País e Filhos? de Turgueniev. O romance é excelente, mas é melhor compreendido quando entendemos o contexto social e Histórico em que foi escrito, em 1862. O personagem principal, Bazarov, simboliza a divisão entre a intelectualidade liberal da pequena nobreza da década de 1840 e os jovens radicais (os raznotchintsi) dos anos 1860. O termo ?niilista? foi utilizado para descrever Bazarov que nega tudo, inclusive os sentimentos e as emoções, que quer destruir toda a ordem vigente, sem se preocupar com o que será construído sobre as ruínas.

Trechos do livro:
?- Mas, com licença - começou Nikolai Pietrovitch. - O senhor nega tudo, ou, em palavras mais exatas, o senhor destrói tudo. No entanto, também é preciso construir.
- Isso já não é da nossa conta. Em primeiro lugar, é necessário limpar o terreno.?

? - Meu irmão, o senhor é burro, pelo que vejo. Eu, entende, eu preciso dos idiotas. Não cabe aos deuses, aliás, fazer as panelas...
?Entendi!?, pensou consigo Arkadi. E, então, apenas por um momento, todo o abismo sem fundo do orgulho de Bazarov revelou-se a ele.
- Então nos somos deuses? Ou seja, é um Deus, mas eu sou um tolo??

Bazarov representa o jovem enérgico, raivoso, que se acha superior a tudo e todos, cheio de ideias, teorias e ideais, que despreza as convenções, mas que, ao entrar en contato com a realidade, percebe despertar em si sentimentos que não consegue controlar ou entender e vê suas belas ideias e grandiosas teorias soçobrarem. Bazarov, de certa maneira, é um prelúdio de todos os revolucionários idealistas que querem mudar o mundo antes de realmente conhecê-lo, sem se preocuparem com as consequências.
Diego 15/06/2023minha estante
Adorei a resenha!


Duchesse 15/06/2023minha estante
Obrigada!


GIPA_RJ 26/07/2023minha estante
Dos autories russos traduzidos para o português , Turguienev foi o único que ainda não tive o prazer de ler , mas estou de olho!




elainegomes 30/05/2023

Pais e filhos de Ivan Turguêniev ??

Publicado em 1862, como o próprio título já deixa claro, acompanhamos neste romance conflitos de gerações, valores, princípios, religião, família, aborda temas como a juventude, a rebelião contra as tradições e a evolução social na Rússia da época.

Através do olhar observador de Turguêniev, ele vai descrevendo não somente embates emocionais entre pais e filhos, com rica construção psicológica de seus personagens, mas principalmente descreve o momento de transformação social que a sociedade russa está atravessando, e como as mudanças sociais são reflexos da convivência, nada pacífica, entre gerações, entre modos de pensar diversos, entre o conservador e o liberal, entre o antigo e o novo.

E a pimenta narrativa fica a cargo do personagem Bazárov, um jovem médico, desiludido com as instituições e convenções sociais, que desafia os valores da aristocracia e critica a sociedade russa de sua época. Defensor de pensamentos niilistas, questionador, cético, arrogante, nada carismático, mas preciso confessar, adorei Bazárov.

Turguêniev vai nos apresentar os lados, seus pontos de vista, mas sem julgamentos, ele não tenta convencer o leitor que a razão está com um ou com outro, ?de tal modo que o leitor, mesmo agora, passadas muitas gerações, não conseguirá esquivar-se de ser, também ele, filho e pai do problema?.

Prepare-se para uma leitura leve, gostosa, mas que provoca questionamentos. É possível viver sem princípios? Existe uma autoridade? É possível o homem lutar contra os próprios instintos? As convenções são formas de domesticar o homem? Será que existe amor?

Recomendo
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Camila487 21/05/2023

Personagem polêmico, livro polêmico
Retrata a Rússia após a emancipação dos servos, o conflito de gerações e o homem niilista. É uma leitura muito fácil e fluída, cheia de diálogos e algumas partes bem engraçadas!
Você gosta e desgosta do personagem principal (Bazárov), concorda e discorda, sente raiva, sente pena e no fim você acaba torcendo por ele.

O termo "niilista" se popularizou depois de Pais e Filhos. Até então era conhecido apenas na filosofia. Turguêniev foi muito criticado na época e esse romance é tido como "a maior polêmica de que se tem notícia na literatura russa."
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Zaqueu 19/05/2023

O homem que não acredita em nada.
Primeira experiência de leitura desse autor e não me arrependo se quer um segundo.

Nessa história que se passa na Rússia temos o conflito de gerações e valores tendo o Bazaróv como autor principal do livro. Considerado como um niilista que não acreditava em nada, até que conhece o amor em sua vida e podemos perceber a transformação dele e o seu fim trágico.
Ao lado de Tolstói e Fiodor, com certeza vou procurar mais títulos deste autor.
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Pedro Aires 16/05/2023

Um livro provocador sobre as diferenças entre gerações, no caso o autor fez o niilismo em oposição ao estilo de vida aristocrático. O grosseiro e arrogante Bazárov representando uma nova geração disposta a não ser subserviente às autoridades. Pensei que seria uma leitura arrastada, mas fluiu muito bem. Muitas discussões ainda são atuais. O final me deixou triste por algumas personagens e também reflexivo sobre como é rápida a substituição de uma geração para outra, onde nem mesmo os ideais de uma época são permanentes.
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