GilbertoOrtegaJr 22/08/2015Há quem prefira urtigas- Junichiro TanizakiPara cada cultura existem formas de se relacionar que são aceitáveis ou não, algumas mudam com o passar dos anos ou desenvolvimento de tal sociedade, ao receber e ser influenciado por outros tipos de cultura. Em Há quem prefira urtigas de Junichiro Tanizaki, o autor se debruça sobre a vida de um casal em pleno processo de separação, algo não muito comum no Japão dos anos 1920, período em que se passa a história.
Nesta livros somos apresentados ao jovem casal Misako e seu marido Kanane, que absorveram uma grande dose da cultura ocidental, e um dos elementos que fazem parte desta modernidade do casal é a decisão de ambos de se divorciarem, pois aparentemente um não sente mais amor, e tampouco atração sexual pelo outro, ou seja em algum momento o amor acabou mas ambos ainda assim continuaram vivendo juntos, sem decidir se separaram de uma vez.
Ao decidirem finalmente pensar na situação de forma clara e planejar como será feito o divórcio ambos concordam que o melhor é dar um tempo para esperarem e ver se é isso mesmo que eles querem, e como seguirão dali para frente. As intenções de Misako são de se casar novamente com seu amante Aso, já seu marido não apresenta grandes planos porém mesmo assim se encontra constantemente com a prostituta Louise, uma mulher ocidental que decidiu ir morar no Japão.
Na orelha do livro diz que estas três mulheres são representações do choque de geração no Japão, e suas mudanças na forma de se relacionar mas, não é isso que acredito, parece não haver uma grande intencionalidade do autor, ao menos não para mim. O que me parece é que existe um leque de variáveis para que o livro não ficasse raso ou monotemático.
Outro ponto que me incomodou muito no livro é o tanto que o autor faz referências ao tetro Kabuki, os mais cultos que eu dizem que é uma metáfora mas, mesmo assim o autor explana em vários momentos sobre este teatro e suas características muitas vezes se tornando maçante, o interessante é que o autor diz em algum momento do texto que os jovens japoneses não estão mais interessados neste tipo de arte. E o que o faz pensar que se eles não estão o leitor estará? ainda mais após a forma como ele nos é apresentado, sem uma ordem cronológica, ou de forma completa de uma vez de forma fragmentada, sem que isso cumpra grandes propósitos ao longo do livro.
Apesar do tema interessante e o livro ser curto, são apenas 191 páginas, a impressão que fica é que falta um proposito e firmeza no livro, o tema proposto não é atacado em seu núcleo, pelo contrário o autor anda na margem. Os personagens indecisos e inseguros são cansativos e quase sempre não mostram traços individuais, sendo todos eles em sua grande maioria inseguros e submissos a vontade alheia, só se movimentando quando são pressionados neste sentido. Por tudo isso achei a leitura cansativa e muito frustrante.
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