A estepe

A estepe Anton Tchekhov




Resenhas - A Estepe


80 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Marcelo Rissi 02/02/2021

A estepe (Anton Tchékov)
Encerrei, há alguns dias, a quarta leitura de 2021: ?A estepe?, do consagrado escritor russo Anton Tchekhov. Após maturar as ideias por curto espaço de tempo ? ao longo de alguns dias ?, lancei-me à tarefa, que ora realizo, de elaborar um texto ? uma resenha, talvez ? sobre essa obra de beleza ímpar. Faço-o, porém, de forma sucinta (tentarei, ao menos), visando a aprimorar a concisão, objetivo recentemente autoproposto.

O russo Anton Tchekhov (1860-1904) ? que atuou como médico, escritor e dramaturgo ? publicou ?A estepe? em 1888, obra que inaugurou a sucessão de narrativas mais longas do autor. Antes, o escritor já havia construído, com sucesso, extensa produção literária, desenvolvida até então, porém, na forma de contos mais curtos e sucintos.

A produção literária do autor coincide, aproximadamente, com o período de publicação de consagrados romances de seus compatriotas russos, a exemplo de ?Os Irmãos Karamazov? (1881), de Dostoiévski, e ?Anna Karênina?, de Tolstói (1877), apenas para citar algumas publicações da época.

A profícua produção literária russa, notadamente do século XIX, é marcantemente caracterizada pelas ações de impacto, pelas tramas e pelos enredos complexos e intrincados que abriam canal, expressa ou implicitamente, a reflexões e aprofundamentos filosóficos, políticos, psicológicos e sociais.

Tchekhov, seguindo direcionamento oposto, desenvolveu estilística própria, não coincidente com essa tendência presente à época. As narrativas do autor, norteadas pela concisão, não se caracterizavam, no geral, pela densidão e pela extrema erudição. Primavam, sobretudo, pela beleza estética ? quase poética ? da narrativa e pela prodigalidade e elegância nas descrições, objetivo que o autor alcançou com incomparável nível de excelência. Não à toa, Tchekhov pertence à categoria dos grandes escritores mundiais, titulando a autoria de indisputáveis obras clássicas.

Em ?A estepe?, o autor desenvolveu uma narrativa alinhada à sua estilística peculiar, moldada às características já mencionadas. A obra em questão é relativamente curta ? a edição que possuo, da editora ?Penguin?, contém aproximadamente 120 (cento e vinte páginas) ? e descreve a história de uma viagem por uma estepe. É esse, em síntese, o tema central da ficção, que, assim, não à toa, recebeu o subtítulo ?História de uma viagem?.

Apenas para consignar uma breve síntese: o garoto Iegóruchka, criança, é o personagem central. Por iniciativa da mãe, Iegóruchka foi agraciado com a oportunidade de estudar num bom colégio, situado, porém, em localidade distante. A fim de viabilizar, então, os estudos, Iegóruchka inicia, ainda criança, uma viagem de alguns dias pela estepe, rumo a uma nova vida, longe da família e de sua cidade de origem. Iegóruchka é acompanhado, na oportunidade, pelo tio Ivan Ivanitch e pelo padre Kristofor, ambos comerciantes (que, na oportunidade, realizavam uma viagem de negócios), e pelo cocheiro Deniska, que conduzia a charrete, meio de transporte utilizado ao longo da viagem pela estepe.

A narrativa desenvolve-se, essencialmente, nesse cenário e nessas condições. Não há, em ?A estepe?, um enredo complexamente intrincado, com grandes aprofundamentos e tramas a partir de longas digressões. Tampouco assim o objetivou o autor, porém. Afinal, conforme adequadamente observado na sinopse do livro (escrita pelo tradutor Rubens Figueiredo), o desafio de Tchekhov, em ?A estepe?, ?era escrever uma narrativa sem enredo, sem heróis, sem outra crise que não um resfriado que o menino Iegóruchka pega na viagem. Uma narrativa sem aventuras e ações de impacto, senão aquelas presentes, de forma indireta, nas histórias meio inventadas que os carroceiros da estepe contaram para Iegóruchka?.

Equivoca-se, porém, quem porventura conclua, apressadamente, a partir desses breves apontamentos, que ?A estepe? encerra obra pedante e enfadonha. Como já afirmado, Tchekhov lançou-se ao peculiar desafio de escrever uma narrativa sem enredo, mas que, ao seu turno, primava pela beleza descritiva, em tons praticamente poéticos. Fazendo-o com incomparáveis maestria e sublimidade, o autor alcançou resultado ímpar, colocando-o, não por acaso, na categoria dos grandes escritores mundiais, fato evidentemente impulsionado por obras como ?A estepe?.

Tchekhov possuía aquele dom ? raro talento ? de, operando com as palavras, inserir o leitor na narrativa. As descrições, em ?A estepe?, foram desenvolvidas com tamanha elegância e minúcia, que o leitor é capaz enxergar os cenários, sentir o olfato dos ambientes e dos aromas retratados, o paladar das refeições, as oscilações das temperaturas, os sobressaltos das intempéries e assim por diante.

A obra em questão, porém, não é apenas rica em descrições objetivas (de lugares, de paisagens, de cenários, de sensações olfativas etc.). ?A estepe? é, igualmente, pródiga no desenvolvimento do íntimo dos personagens, expondo, após perscrutação interior, suas reflexões, seus pensamentos e seus sentimentos (tais como solidão, medos, incertezas, angústias, tristezas e inseguranças), usualmente manifestados nos solilóquios (especialmente de Iegóruchka, criança sobre quem se abatem, usualmente, diversos sentimentos conflituosos internos, claramente provocados por tantas mudanças e incertezas e, especialmente, pela necessidade de tantas e tão bruscas adaptações desde tão tenra idade).

Para citar um momento de íntima reflexão que expõe manifestação de intensa solidão, um dos solilóquios contidos na obra foi assim descrito pelo autor, com a beleza lapidar que dá o tom de ?A estepe?: ?Quando contemplamos o céu profundo por muito tempo sem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido; então, nos vem ao pensamento a solidão que aguarda cada um de nós na sepultura e a essência da vida parece misteriosa, assustadora...?.

?A estepe?, porém, não se junge apenas à abordagem descritiva de uma viagem (seja no aspecto externo do transcurso, seja sob o viés da interioridade dos personagens). Há outras questões de fundo que, conquanto não explícitas, oportunizam algumas reflexões pertinentes, ao menos a partir das entrelinhas.

Cite-se, a propósito, a situação de miserabilidade e de extrema vulnerabilidade social e econômica que se abate sobre algumas famílias russas (fato que, evidentemente, não se limita à realidade daquele período e local). Esse aspecto é evidenciado a partir da condição de alguns dos personagens (inclusive, e especialmente, daqueles que surgiram brevemente ao longo da narrativa nas residências visitadas por Iegóruchka).

A relativização da importância do ensino de qualidade e das atividades intelectuais é outro assunto que, igualmente, oportuniza debates importantes acerca da necessidade de escolarização infantil. Isto porque, em alguns diálogos, Ivan Ivanitch manifestou expressa insatisfação com o fato de que Iegóruchka, guinado aos estudos e à vida acadêmica por influência da mãe, não atuaria no comércio conjuntamente com seus familiares (o que, na visão obnubilada daquele personagem ? Ivan Ivanitch ?, seria prejudicial à família, em termos de retorno financeiro).

O precoce amadurecimento experimentado por Iegóruchka, impulsionado pelas circunstâncias (notadamente pela necessidade de deixar a residência materna, ainda criança, para fins de estudos em cidade que lhe era nova, distante e estranha) é outro ponto que também confere azo a importantes reflexões e a ponderação de valores (por vezes inconciliáveis): de um lado, a necessária escolarização da criança, mediante oferta de ensino de qualidade (o que, no contexto da narrativa, era inviável na cidade de origem de Iegóruchka); e, de outro, o direito da criança ao crescimento e ao desenvolvimento no âmbito da família próxima (o que, no contexto da narrativa, também era inviável, já que, na cidade para onde Iegóruchka foi levado, ele não possuía familiares, parentes próximos ou remotos, amigos ou mesmo conhecidos).

Em suma, ?A estepe? conjuga, com maestria e excelência, a habilidade do autor em desenvolver uma narrativa pródiga em descrições, interiores e exteriores, de personagens (tendo, como ?pano de fundo?, uma viagem por uma estepe) com precisas incursões, ainda que implícitas nas entrelinhas, de questões ? sobretudo sociais ? abertas a importantes reflexões atemporais. Considero-a, portanto, e por todos esses motivos, obra altamente recomendável.
Débora 03/02/2021minha estante
Que análise primorosa, Marcelo! Suas ricas colocações realmente foram empregadas com precisão para descrever características desse consagrado escritor russo e, como pude notar, tão presentes nessa obra. Escritor esse que passei, há tão pouco tempo, a conhecer e amar. "A Estepe" vai para a minha fila. Resenha linda, merecedora de 5 estrelas!


Marcelo Rissi 03/02/2021minha estante
Débora, você é sempre tão gentil. Estou realmente lisonjeado com as suas palavras! De verdade. Muito obrigado pelo feedback!!

Eu também gostei muito desse livro. Depois, por favor, me conte o que você achou.

Garimpando, hoje pela manhã, a biblioteca do meu saudoso pai, eu encontrei, pelo menos, mais duas obras do autor: "As três irmãs" e "O assassinato e outros contos". Já entraram para "a fila" aqui! rs! Já leu algum desses? Se sim, o que você achou?


Débora 03/02/2021minha estante
Imagina, Marcelo!
Nossa, que tesouro vc encontrou! Não os li, Marcelo, aos poucos eu chego lá...rsrsrs




Milena.Berbel 23/10/2022

Me senti totalmente embalada pela história dessa viagem feita por Iegóruchka, testemunhando os tantos detalhes observados atentamente por ele ao longo dessa aparentemente interminável jornada, bem como as reflexões, sensações e reações geradas por tudo aquilo que se apresentava a ele. Tão jovem e tão sensível ao mundo ao seu redor.

E após concluída a leitura, senti que o longo trajeto pela estepe que o jovem percorre, de carroça, pela primeira vez longe da segurança do seu lar e de sua mãe para poder estudar em uma cidade maior, se assemelha ao caminho que trilhamos ao longo da nossa vida, sem saber o que ou quem encontraremos no percurso, e como iremos lidar com o desconhecido. Afinal, chegamos e partimos desse mundo sozinhos, e há experiências ao longo da vida que inevitavelmente teremos que enfrentar sozinhos, por nós mesmos. Quer nos sintamos prontos ou não, a vida nos leva e ainda que o desconhecido às vezes nos assuste, quase sempre será ele que nos fará crescer, amadurecer.

Por fim, com a última frase dessa história, "E que vida seria aquela?", a tal vida nova e desconhecida que agora começava pra Iegóruchka, penso que Tchékhov questionava: entre tantos tipos que cruzaram o caminho desse garoto, que destino caberia a ele? Ou ainda, que destino seria possível a ele?
Alê | @alexandrejjr 25/10/2022minha estante
Belíssimo texto, Milena! Obrigado por compartilhar com outros leitores, gostei muito do paralelo que tu traçasse.


Milena.Berbel 25/10/2022minha estante
Obrigada! Fico feliz que tenha gostado ;-)




Carla 19/02/2017

Monótono entretanto impecável
: Livro monótono embora tenha sido uma leitura fluída. Conta a história da viagem de Iegóruchka, um menino de 9 anos que é enviado pela mãe, junto com o tio Kuzmitchóv para outra cidade a fim de estudar. Tal viagem transcorre pela estepe russa, um lugar por si só monótono e melancólico, entretanto acontecem situações que propiciam o crescimento de Iegóruchka. As personagens trazem muita melancolia e histórias tristes desalentando o leitor, entretanto a escrita de Tchekhov, com descrições impecáveis da estepe russa e suas peculiaridades nos faz gostar da leitura! Recomendo a leitura!
Deghety 19/02/2017minha estante
também destaquei a monotonia rsrs




Gláucia 05/03/2010

Solidão
O garoto faz uma viagem para estudar e é ao mesmo tempo uma despedida de sua meninice. Durante o trajeto vão surgindo tipos que com suas histórias de vida nos faz deparar com sentimentos e lembranças: amor, saudade, revolta, perdas...
comentários(0)comente



Luize 24/02/2016

O Padre Cristofor, o comerciante Ivan e o seu sobrinho Iegóruchka , um rapazinho de 9 anos de idade, partem em direção a outra cidade, percorrendo a estepe russa em uma charrete caindo aos pedaços. Para quem não sabe, estepe é um tipo de vegetação: uma planície árida, com grama e capim, e pouca ou nenhuma árvore.
Cristofor e Ivan vão vender lã. Iegóruchka vai ingressar no ginásio,seu tio Ivan irá bancar seus estudos, um privilégio para uma criança pobre na Rússia do século XIX. No entanto, o garoto viaja a contragosto. Iegóruchka está triste por deixar seu vilarejo e por se afastar de sua mãe e não entende para onde vai e para quê vai. Essa viagem rumo a uma nova vida assume o rito de passagem da sua infância para a sua juventude.
Ao longo da narrativa, percebemos que a descrição da estepe muitas vezes se assemelha ao estado de espírito de Iegóruchka.
Por exemplo, logo no início da viagem, ao ver um falcão planar, o garotinho, entediado e triste, vê a si próprio voar sem entender para quê:

"um falcão plana nas alturas, movendo as asas harmoniosamente. De repente, pára no ar, como se estivesse refletindo sobre o tédio da vida. Em seguida, sacode as asas e parte sobre a estepe como uma flecha, e não dá para entender para quê ele voa e o que quer.."

Segue então uma incrível descrição da estepe, a verdadeira protagonista do livro, tão cheia de vida, tão triste e tão bonita. Sob o olhar de Iegóruchka vamos observando a vasta paisagem, a miséria e a dura vida dos camponeses. O universo infantil vai se dissolvendo pouco a pouco. Nada de extraordinário acontece.O leitor pura e simplesmente acompanha o garoto e suas impressões sobre a vegetação e as pessoas que cruzam seu caminho durante o percurso até a outra cidade.


comentários(0)comente



Deghety 09/02/2017

A Estepe
A Estepe é uma história simples e com uma certa monotonia, porém o poder de descrição geográfica, cultural da região e os aspectos naturais da paisagem de Tchekov é impressionante .
As três personagens principais Iegor, Ivan e Padre Kristofor também têm de serem destacadas pelas diferenças de sensações  dentro de um mesmo ambiente .
Iegor, um jovem ora entendiado com a viagem e a estepe ora deslumbrado com o cenário e o ingresso ao que até então o era desconhecido, Ivan, um mercador, sempre envolto no ofício dos negócios e  indiferente a quase tudo a sua volta e Padre Kristofor, um senhor alegre e espirituoso.
Leitura bastante fluída e proveitosa.
comentários(0)comente



Simone Brito 04/03/2017

Bem morno
Livro: A ESTEPE
Autor: Anton Tchékhov
Literatura Russa

A estepe foi o primeiro livro escrito por Anton Tchékhov aos seus 28 anos.
O livro é narrado em primeira pessoa e nos conta a viagem de um jovem, Iegoruchka, em busca de seu futuro numa cidade longe da família onde todos dizem que ele terá estudo. E a sociedade via os estudos como forma de sucesso.
Ao longo de sua trajetória, Iegoruchka descreve detalhadamente sua viagem rumo ao desconhecido, junto a personagens inusitados através dos quais se pode ver o egoísmo, a solidariedade, o descaso com os outros, a indiferença, a solidão e a pobreza.
Romance bem morno e história sem ápice, a meu ver, triste e enfadonha.
comentários(0)comente



Julio.Argibay 02/02/2018

Os russos
Segundo livro que leio de Anton Tchekhov. O primeiro foi: As três irmãs. Foi bonzinho, mas este eh bem melhor. Eh uma jornada pela estepe russa, tendo como personagem principal uma criança numa jornada rumo a uma nova vida e ao desconhecido. Aos 28 anos Tchekhov se junta aos grandes escritores russos.
comentários(0)comente



Maitê 25/08/2018

Impossível não gostar da leitura, me lembrou muito do conto "A Nevasca" de Tolstoi, que é pura perfeição. Talvez teria gostado mais desse livro se não tivesse lido Tolstoi tão recentemente. Mas isso não tira os méritos de Tchékhov. Sua narrativa simples e poética é uma delicia de ler.
comentários(0)comente



Pedro Igor 11/09/2018

A obra é a forma que o autor explica como o nosso cérebro usa os sonhos para atribuir o Tempo ao Espaço
A estepe, obra icônica de Tchekhov, é um enorme espaço que encerram todas as pessoas e seu tempo: pessoas humildes, pessoas perseguidas que são seres finitos, seu vórtice, como as folhas em suas paisagens.

Heróis-símbolos, o comerciante, o sacerdote, o mujique e, claro, a criança (que é a "semente" para um futuro melhor), todos seguindo as rotas especificadas através da paisagem estrita, em uma sucessão de imagens e situações, realizando o que é exigido por dever e status social.

Corajoso e covarde, Inteligente e tolo, nobres e plebeus, bom e mau, sonho e viver o cancelamento, e a cada passo entre os talos um lembrete: "memento mori"! (lembre-se de que você é mortal). O cemitério da aldeia seguinte, uma sepultura na rua ... e a posterior estepe.

Certamente meu primeiro contato com a obra literária de Tchekhov não será a última.
comentários(0)comente



Israel145 26/01/2019

A ESTEPE é uma novela que foge um pouco da produção conhecida de Tchékhov: seus contos que na maioria são curtos. Apesar da estranheza inicial que possa causar para os conhecedores dos contos do autor, essa novela nem por isso se torna menos impactante dentro do universo conhecido da sua obra que em geral mostram aquela crueza extraída dos abismos da alma humana.
Nas descrições das paisagens, Tchékhov pinta um cenário de vastidão e imensidão do território russo ao descrever um comboio que se desloca pela estepe sempre grandiosa e ampla, onde o personagem principal, o garoto Iégoruchka é levado pelo seu tio para estudar numa cidade muito distante do seu lar.
Esse cenário é muito bem explorado haja vista que a pequenez do garoto contrasta com a vastidão da estepe. O cenário triste e desolado por onde o comboio se arrasta transmite aquela melancolia intrínseca à maioria contos de Tchékhov, moldando assim um cenário que explora um lado perverso da natureza por onde o homem se aventura na sua luta pela vida.
O garoto Iégoruchka se mete em adversidades à medida que interage com a estepe, seja na penúria da viagem, no tédio causado pela imensidão dos lugares, seja com o contato com os mujiques do comboio ou quando este se vê à mercê de forças que fogem do seu controle, como por exemplo, a mudança forçada de sua residência ou a tempestade que surge opressora e desaba sobre o comboio transformando aquela paisagem num pesadelo real.
O sufocamento que o autor passa quando expõe a situação do garoto nos faz refletir quanto somos pequenos diante das forças da natureza e de forças que fogem do nosso controle, expondo uma faceta de desesperança associada à condição dos personagens da novela.
No geral, é um livro um pouco mais denso que as demais obras do autor (que por si só já são densas) e que vem carregado de uma melancolia assustadora. Leitura excelente para os fãs de literatura russa.
comentários(0)comente



Wyndissa 29/03/2024

A estepe
Eu gosto MT de literatura russa, mas esse autor foi a primeira vez que li, esse conto não me prendeu MT, continuei lendo por ser curto, é bom, mas não é nossa que incrível, minha opinião, eu sei que existem pessoas que devem amar esse livro, cada tem um gosto e tudo é válido, eu recomendo a leitura, pq é sempre bom sair da bolha e ler algumas obras que não fariam parte da sua lista de leitura!
comentários(0)comente



Edméia 12/09/2019

Uma história humana, poética e comovente !!!
* Resenha do livro : A Estepe.
Subtítulo : História de uma viagem.
Autor : Anton Tchékhov.
Tradução : Rubens Figueiredo.
Editora : Companhia das Letras .

Anton Tchékhov conta a história de Legóruchka , um menino de 09 anos de idade que vai estudar em outra cidade a pedido de sua mãe , Olga Ivánovna , ao seu irmão , Ivan Ivánitch ou Kuzmitchóv , como também é chamado !
Kuzmitchóv e o padre Khristofor vão negociar umas vendas de lã e quem os levará será Deniska , o cocheiro.
Eles passam por várias aldeias e Legóruchka ouve muitas histórias dos carroceiros !!!
Os tipos da região são bem descritos por Anton Tchékhov e a descrição que ele faz do entardecer , do anoitecer e do amanhecer da estepe me emociona , é poética !!! Colocarei aqui algumas das anotações que eu fiz desta leitura , alguns trechos que eu destaquei :

"Quando contemplamos o céu profundo por muito temposem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido; então, nos vem ao pensamento a solidão que aguarda cada um de nós na sepultura e a essência da vida parece misteriosa, assustadora ... "
(Capítulo VI; página 03 - leitura feita no aplicativo Kobo , leitor de e-books da Livraria Cultura ! ).

* * *

- Eu ainda não sou tão tolo a ponto de me comparar a Varlámov - respondeu Solomon, olhando com ironia para seus interlocutores. - Embora Varlámov seja russo, no espírito, é um judeu desprezível; passou a vida inteira no meio do dinheiro e do lucro, enquanto eu queimei meu dinheiro no fogo da estufa. Não preciso de dinheiro nem de terra nem de ovelhas, não preciso que tenham medo de mim nem que tirem o chapéu quando passo. Portanto sou mais inteligente que seu Varlámov e mais parecido com um homem ! (Capítulo III – página 31 ).

* * *
- Estudar ? Arrá ... Que a Rainha do Céu o ajude. Pois é. Uma inteligência é bom, duas é ainda melhor. Para algumas pessoas, Deus dá uma inteligência; para outros, dá duas; e ainda tem gente com três ... Com três, sim senhor ... Uma inteligência é aquela que a mãe dá à luz , a outra vem do estudo , a terceira vem da vida boa. Então, meu rapaz, é bom quando alguém tem três inteligências. Não só para viver, mas até para morrer é mais fácil. Morrer, sim ... E todos vamos morrer, não tenha dúvida.
(Capítulo IV - página 22 ).

* * *
" Mal o sol vai embora , a neblina envolve a terra e a tristeza do dia é esquecida, tudo é perdoado e a estepe suspira de leve, com seu peito largo. "
(Capítulo IV - página 06 )
* * *

Fazia décadas que eu não lia um livro com tanto prazer e em apenas dois dias !!! Fiquei contente !!! (É verdade que se trata de um livro com apenas 144 páginas ! Mas, eu me vi envolvida pela história e isso me alegrou muito !!! ).
O escritor usa de muitos adjetivos e dá vida, cor, sabor , formas para uma região aparentemente sem vida, sem graça , nada atraente e isso me encantou !!!
Também apreciei muitos os tipos que ele cita , os carroceiros e aqui vai uma observação do personagem protagonista , do Legóruchka :

"Enquanto comiam, todos conversavam. Daquela conversa, Legóruchka entendeu que seus novos conhecidos, apesar das diferenças de idade e personalidade, tinham uma coisa em comum que os tornava parecidos : todos tinham um passado maravilhoso e um presente ruim; sobre o passado , todos, sem exceção, falavam com entusiasmo; já, sobre o presente, se exprimiam quase com desprezo. O russo ama recordar, mas não ama viver; Legóruchka ainda não sabia disso e, antes de toda a papa ser devorada, ele já estava profundamente conhecido de que, em redor da panela, estavam pessoas ultrajadas e maltratadas pelo destino. "
(Capítulo V - página 26 ).

* * *
Uma observação : li este e-book através do aplicativo Kobo no meu notebook e no meu tablet ! O Kobo é um aplicativo de leitor de livros eletrônicos da Livraria Saraiva e este e-book eu o adquiri nesta referida livraria ! O Kobo divide o livro em capítulos e menciona o total de página de cada capítulo ! Cada e-reader (leitor de livro digital ) traz uma configuração específica ! Normal. Já me habituei com eles : Lev , Kobo e Kindle ! (Prefiro o Lev ! Mas, os preços dos livros eletrônicos da Livraria Amazon são realmente os melhores !!! ).
Pessoal de 0 a 5 , dou a nota 5 para este e-book !!! *Ameiiiiiii !!! Recomendo, claro.
*Ah, considerei Legóruchka um menino corajoso , uma pessoa muito boa !!!

*Guaratinguetá, 12 de Setembro de 2019.







site: www.mesadeestudo.blogspot.com
comentários(0)comente



Bruna 13/09/2019

Vamos viajar?
Um conto de leitura ágil e simples, não tendo encontrado palavras 'rebuscadas', seja pela tradução do russo ao português ou pela data da publicação. E, também , não tive nenhuma dificuldade em embarcar junto com os personagens, pelas paisagens exuberantes da estepe russa daquela época (e, acredito que ainda seja assim).
Recomendo como uma leitura sem grandes pretensões, mas com boas surpresas uma página ou outra...e com um final de apertar o coração, mas que invariavelmente, um ou outro já passaram em suas vidas.
comentários(0)comente



80 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR