spoiler visualizarRafa569 30/11/2023
#33: A morte a morte de Quincas Berro Dágua - Jorge Amado
Joaquim Soares da Cunha, o protagonista morto, que em sua descrição me fez lembrar o Lineu, de A Grande Família: correto, pai de família, funcionário de repartição pública...até que se aposenta aos 50 anos e sai de casa, abandonando a esposa, dona Otacília, e a filha, Vanda.
Temos aí a primeira morte, a social. Nasce então Quincas Berro Dágua (apelido dado quando ele solta um berro no bar ao beber água de um copo, pensando ser cachaça), boêmio, cercado de malandros e bêbados nas ladeiras, bares e locais de má-fama de Salvador, trazendo vergonha para a família, até o dia em que é encontrado morto.
O abismo social e as diferenças de classe são explicitadas no clima de Guerra Fria do velório: de um lado a família (filha, genro e irmãos), e do outro os 4 amigos mais íntimos de Quincas: Curió, Negro Pastinha, cabo Martim e Pé-de-Vento, que acabam ficando sozinhos e responsáveis pelo cadáver na vigília noturna.
Se inicia a confusão: os quatro dão de beber ao morto, se apoderam de suas roupas novas providenciadas para o funeral e saem ao encontro de Quitéria do Olho-arregalado, companheira de Quincas em seus últimos anos, além de outras moças, para uma festa em um barco no meio da noite. Cai uma tempestade, que joga o cadáver no mar, e temos aí a terceira morte, e o enterro definitivo e controverso.
É um livro muito bem humorado, e que a mim falou sobre o verdadeiro sentido da amizade e do afeto, da aceitação do outro, além de explicitar as diferenças sociais. Vale lembrar que este livro foi escrito em 1961, e em apenas 1 semana.