A Utopia

A Utopia Thomas More




Resenhas - Utopia


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Fábio Vale 10/12/2020

Chato.
Méritos literários e contexto histórico à parte, o livro é chato. É uma extensa descrição de um país fictício que teria uma sociedade "perfeita". Ainda que, de fato, muitas das coisas elencadas para essa sociedade sejam ainda desejáveis por nós (quase 500 anos e ainda estamos longe de chegar lá), muitas outras são demasiadamente datada ou mesmo absurdas (escravidão, intolerância ao ateísmo, patriarcalismo institucional...).

O livro vale por sua importância histórica, ao ser o (um dos?) primeiro a falar sobre o fim da sociedade privada, abrindo caminho para o desenvolvimento das teorias do comunismo/socialismo, e por ter sido responsável pela cunhagem do termo "utopia".

É chato, mas ao menos não é muito extenso. Está lido.
Fábio Vale 11/12/2020minha estante
*fim da propriedade privada




Bruno 17/02/2013

Nostalgia das aulas de ciência política...
O livro parece uma semente de Marx, mesmo escrito séculos antes do manifesto comunista e em um contexto diverso.

Com uma crítica severa à monarquia, à burguesia e ao clero o autor relata a forma de vida em Utopia, uma suposta ilha onde todos vivem felizes e contentes, onde não existe propriedade privada, onde não há corrupção, onde há igualdade, onde os presos trabalham em prol da sociedade, onde não há pobreza e por ai vai...

Em síntese o autor faz um paralelo da situação desta pseudo-ilha com a situação da Inglaterra na época em que viveu, apontando seus excessos, contradições e verdadeiros desatinos praticados pelas classes dominantes.

Bom... Cuba, União Soviética e a abertura do comércio da China (pseudo-capitalista) estão ai para provar o que o comunismo e a economia planificada tem de bom... realmente "uma utopia", que acabou virando uma "distopia" (A PAR DE QUE MORUS ESCREVEU UTOPIA SÉCULOS ANTES E SOB A ÉGIDE DE UMA POLÍTICA DISTINTA).

Comentários a parte o livro não deixa de ser uma obra-prima: conceitos, reflexões e a crítica voraz ao regime então em vigor são destaque e não podem ser descartados. Nostalgia das aulas de ciência política da época da faculdade...
Renata CCS 27/02/2013minha estante
Concordo Bruno. O livro é mais que uma simples ficção: é a reunião de vários princípios que More desejava para a sociedade, e são os mesmos desejos que temos nos dias atuais.




LiviaKuga 10/07/2009

precursor do Socialismo (tanto cientifico quanto utopico)
Apenas uma ilha ficticia de um homem que desprezava as atitudes da sociedade de sua epoca. Com certeza uma pessoa frente ao seu tempo.
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Kel 10/03/2011

Socialismo
Esse livro inspirou os principais ideais socialistas. Conta a história de um lugar que não existe "Utopia", nesse lugar as pessoas não trabalham por dinheiro e são cheios de valores filosóficos. Adorei.
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Paty 18/11/2013

O que realmente pretendia More, ao escrever esta obra?
Ninguém sabe, não sabemos se é uma sátira, ou se é realmente, um desejo de sua parte, em transformar a sociedade daquela época de pré-capitalista para comunista.

Utopia não é apenas uma crítica despretensiosa mas, quando se considera a firmeza do autor na fé, tem-se a impressão contrária, de que ele realmente acreditava em uma reforma social cristã.

More não era apenas um bom escritor como um bom "ideologista" e político.
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Isa S. 06/05/2013

Esse livro é tão fascinante que não tenho palavras. Desde a biografia do autor já fiquei encantada com o mesmo, e devorei o Livro Um em seguida, o Livro Dois mais ainda. Com certeza foi o melhor achado (sim, no acaso de uma praça) que eu pude ter e me fez fixar muito mais ideias e adquirir novas sobre concepções políticas e sociais.
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Maris 25/01/2010

É impressionante como um livro escrito há uns quinhentos anos apresenta idealizações sociais tão atuais. Liberdade religiosa, aceitação do divórcio, relativa não-exploração da mulher, inexistência de dinheiro, desvalorização de pedras e metais preciosos, coletivo acima do individual... São apenas algumas das características presentes na ilha de Utopia. Há também características não tão interessantes ou coerentes, ao menos para os dias de hoje, mas em geral os sonhos de Thomas para a sociedade ideal são bastante sensatos... É uma pena que ainda hoje sejam apenas sonhos... Alguns deles claramente por serem impossíveis de se concretizar sem que haja um colapso total nas nossas atuais civilizações, abrindo caminho para um recomeço, mas outros não se realizaram por mera burrice cultural (como a questão das pedras preciosas, a da valorização da mulher e a da liberdade religiosa), e portanto ainda há fortes esperanças de que se tornem realidade...
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Malu 28/01/2013

Inspirador. Revolucionário. Apesar de esperançoso, cético.
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Gustavo 29/12/2012

Em a Utopia viveu Rafael Hitlodeu.
Temos em A Utopia a expressividade de Sir Thomas Morus, humanista e mártir. No livro somos apresentados à uma sociedade perfeita, apresentada por um respeitado viajante.
O livro se divide em duas partes sobre a comunicação de Rafael Hitlodeu (do latim: contador de disparates). Na primeira, o autor relata sua conversa com um fictício viajante português que acompanhou Américo Vespúcio em suas aventuras, Rafael Hitlodeu. A princípio Thomas julga Hitlodeu com um ar de seriedade e um pouco de suspeita, mas vemos que ambos se identificam cada vez mais em seus pensamentos (Coincidência?). Não há algo que mais me revelou sobre a política da época como a conversa entre os dois homens, ambos discutem vários aspectos da monarquia inglesa, como o sistema penitenciário, clericato, e o monarca em si. Durante toda a discussão Morus se apresenta como um questionador atrás da grande sabedoria do senhor Hitlodeu ( Ou a filosofia de Morus, como me refiro) e Hitlodeu mostra a vastidão dos conhecimentos que adquiriu em sua viagem pelo mundo, inclusive de um lugar bem peculiar em que morou, um lugar que ninguém jamais imaginaria existir : A Ilha de Utopia. Cabe agora ao Sr. Hitlodeu descrevê-la, certo?
Na segunda parte temos a descrição da ilha de Utopia feita por Rafael Hitlodeu, que descreve o lugar como sendo puro e por isso extremamente rigoroso, uma ilha conquistada por um homem chamado Utopus. No capitulo que se refere à escravização temos, por exemplo, uma incrível mostra de como os Utopianos punem seus criminosos e lhes dão uma outra chance. Temos também uma mostra da relação entre os cidadãos, de suas viagens, artes e ofícios. Descobrimos um pouco de seus comportamentos nas guerras travadas contra conquistadores de fora, de suas táticas e como estes lidam com os sobreviventes; e o que eu julgo mais importante: Temos um relato da Religião na Ilha de Utopia.
Fica claro no livro que Morus é um homem extremamente religioso e também respeitável. O pensamento final que tive ao ler o livro é de que exatamente podemos e não podemos viver em uma Utopia: Podemos, pois tudo simplesmente está aí para que ela seja criada e vivida por todos nós, e não podemos simplesmente por sermos humanos. Seria assim tão difícil imaginar a vida diferente de como é hoje? De qualquer maneira cabe a nós simplesmente encararmos a Utopia como exemplo para uma sociedade comunista, pois nada mais se aproxima do que isto, afinal, quem poderia esperar algo de nós, se nem ao menos Morus o fazia?
“Aspiro, mais do que espero.” – Sir Thomas Morus
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Hudson 19/02/2011

Não irei julgar o caráter que contesta religiosamente a obra. visto que
não é o fim, Thomas Morus tinha uma postura diferente do seu Amigo
Erasmo de Rotherdan, em relação ao cristianismo.


More, ou Morus tanto faz dá no mesmo


Utopia é um lugar onde todos queiram viver, sem dúvida pelo ou menos eu
me incluo nessa lista.


Achei muito interessante Morus, fazer um colóquio em que ele está incluído
no meio, acho que foi o primeiro livro onde observei isso.


Acho que isso também é uma caractéristica do pensamento e literatura humanista bem implícita, mas ainda sim "visível" digamos assim.


Utopia é um sistema social totalmente descrito de forma critíca aos padrões
"seisentistas" europeus.


A sociedade perfeita relatada por Rafael Hitlodeu, em suas viagens é algo
que faz sentido até hoje, aliás ainda mais hoje visto que há uma urgência
em ser rico, bem sucedido,talvez até mais do que em 1600 e pouco quando
o livro foi escrito.


Especula-se em várias publicações que a ilha de Utopia, foi suppostamente
na América do sul, alguns já especulam que tenham sido no brasil. outros
mais propriamente dizem que foi em Fernando de Noronha.


A noção de direitos que Morus mostra no texto é absurda, mas é preciso
levar em conta que ele também era Advogado, logo nada mais natural.


Um sistema "político" e social bem completo tendo em vista a época...


um Lugar em que todos se vestiam da mesma maneira, o trabalho era sempre
em périodo iguais e sem distinção "sexista" e qualquer outra mais.


Talvez o único lugar onde o Ouro, Jóias, eram coisas que só eram usados
por crianças ou pelos escravos, o que não faz do sistema de Morus um sistemaperfeito digamos, assim.


Apesar de ser um lugar onde a paz reina,
Utópia também tinha seu exército de mercenários, para "assegurar" a soberania do estado mas todos eram contratados, e nenhum nativo.


Fatos interessantes, que mostram que Morus apesar de critíco ferrenho da
sociedade britânica de sua época, ainda sim conservava muito dos hábitos
relativos a socieade, visto que um exercíto profissonal é um reflexo dessa época que só seria abolido mais tarde com napoleão.


Uma obra relevadora sobre novos prismas sociais, em uma época conturbada
históricamente, criticando o mercantilismo e várias outras politicas sociais

Mas ainda sim com muitos aspectos,de época que foram plenamente conservados
apesar de algumas contradições é um ensaio brilhante.

Acredito que utopia reflita, plenamente o que muito dos povos queriam e ainda querem até hoje acredito eu LIBERDADE.
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Clio0 17/05/2024

Atualmente o termo utópico é bem conhecido, as características para que algo possa ser tachado de tal são bem reduzidas: basta ser considerado como algo tão perfeito que só poderia acontecer em circunstâncias impossíveis ou oníricas.

A obra original é mais densa e se trata de um sistema que abrange a tripartição economia-governo-sociedade. Uma das coisas que mais chamam a atenção na proposta de Morus é a ênfase dada ao trabalho do agricultor em que absolutamente todos teriam que prestar serviço por algum tempo.

Há mais detalhes, obviamente, mas essa me chamou mais a atenção por variações de seu modelo já terem sido empregadas em alguns sistemas de governo. Algumas bem sucedidas, outras totais desastres.

De qualquer forma, é uma leitora enriquecedora e necessária para aqueles que gostariam de entender o termo "distópico" tão amplamente utilizado atualmente.
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William 18/07/2012

Resenha descritiva completa da Obra A Utopia de Thomas More
www.paginadowill.com
Por: William Cirilo Teixeira Rodrigues
O autor.
Thomas Morus é a forma latinizada de se referir ao nome do escritor inglês Thomas More. Nascido em Londres entre os anos 1477 e 1478 (não há data precisa) de pais também londrinos pertencentes à nova classe urbana em ascensão. Recebeu boa educação e formou-se em direito. Casou-se com Jane Colt e teve quatro filhos, após o falecimento desta Morus casou-se novamente, desta vez com Alice Middleton...
Participou de várias missões diplomáticas e comerciais e em 1518 durante sua primeira estada em Flandres escreveu sua mais célebre obra, A Utopia. Ironicamente More a escreveu em Latim, pois alegava que isso limitaria o número de leitores àqueles que pudessem efetivamente compreender a complexidade de suas idéias.
Em 1521 foi feito cavaleiro. Em 1532 começou a cair em desgraça; opondo-se não ao rei Henrique VIII, mas ao seu rompimento com o papa. More recusou-se a assistir a coroação de Ana Bolena e a assinar a Lei de Sucessão. Acusado de traição, foi preso e decapitado em 6 de julho de 1535. Antes de morrer, mostrou-se extremamente religioso e fiel aos dogmas da Igreja. Tanto que foi canonizado como santo da Igreja Católica em 9 de maio de 1935. Sendo o dia 22 de julho o dia de São Thomas More, patrono dos políticos e dos governantes.
A Obra.
Essa é uma obra de Ficção, dividida em duas partes, sendo a segunda dividida em oito capítulos. Na primeira parte More faz uma devastadora crítica à situação política e social da Inglaterra. Na segunda ele nos transporta para a Utopia, onde reina uma sociedade ideal, que aboliu o dinheiro e abomina a Guerra.
Em A Utopia, More utiliza-se de fatos reais e os mistura com a fantasia com tanta maestria que para o leitor é difícil separar onde começa uma e termina a outra.
Simbolicamente, a ilha de Utopia é a antítese da ilha da Inglaterra. Trata-se de uma fábula na qual estão inseridos os princípios da sociedade humana, perfeita. Sociedade fundamentalmente racional que se auto-regula contra os males a as injustiças. Muitos pensadores, cada qual a sua maneira, já se debruçaram e analisaram essa obra-prima mundial entre eles Hegel e Marx.
O inegável é que essa obra atravessou o tempo e graças a este livro, a palavra Utopia entrou em nosso dicionário. Ganhamos assim um dispositivo crítico, o chamado pensamento utópico que consiste em sempre submeter as sociedades concretas ao julgamento promovido por nossos ideais de felicidade.

A Utopia.
Livro Primeiro: Da comunicação de Rafael Hitlodeu. (pág 09-36)
More é um dos personagens do livro e inicia explicando a todos que estava em Flandres, acompanhado por Cuthbert Tunstall, a mando do rei Henrique VIII, para resolver divergências entre ele e o príncipe Carlos de Castela. Como as negociações não andavam e os representantes da Espanha foram a Bruxelas, Morus resolveu ir para a Antuérpia e lá conheceu Pedro Gil um antuerpiense de grandes qualidades.
Um dia após sair da missa, More encontrou-se com Pedro Gil que prontamente lhe apresentou um amigo chamado Rafael Hitlodeu. Muito animado Pedro Gil disse a More que este conhecia diversos povos e países diferentes.
More se surpreende pelo fato de existirem sociedades organizadas fora da Europa e Rafael continua afirmando que existem instituições tão ruins quanto às européias, mas existem instituições e leis tão boas que podem ajudar a regenerar as nações do velho continente.
Após Hitlodeu dizer que nunca trabalharia junto a rei nenhum a conversa partiu para a questão das penas aplicadas aos ladrões da Inglaterra. Todas que eram pegos furtando ou roubando eram condenados a forca, entretanto essa pena é bastante cruel para punir e bastante fraca para impedir que o roubo aconteça, pois mesmo com tão dura pena, a Inglaterra continuava cheia de bandidos. Ao invés de simplesmente matar os que roubam, não seria melhor garantir a subsistência de todos a fim de que ninguém seja obrigado a roubar para se alimentar. A culpa é da nobreza que cria uma enorme massa de vassalos ociosos esperando usá-los em uma guerra.
O outro motivo para o grande numero de ladrões na Inglaterra são os inumeráveis rebanhos de carneiros. A disputa pelas terras entre pequenos camponeses e grandes criadores leva sempre a derrota do primeiro. Os camponeses que trabalham na agricultura e tem imensas famílias (para se tratar da lavoura é necessário muita mão-de-obra) perdem as suas terras que são transformadas em pastagens. As pastagens não absorvem toda essa mão-de-obra, e eles então são obrigados e se mudar para a cidade, onde para não morrer de fome roubam e são enforcados. Sendo injusto matar um homem por ter tirado o dinheiro de outrem, pois a sociedade não é organizada de forma a garantir a cada um uma igual porção de bens. A execução é ainda mais temerosa para a sociedade, pois o bandido percebe que não há menos a temer furtando do que assassinado e aterrorizado com a expectativa da forca torna-se um assassino.
O melhor sistema penitenciário é o dos polileritas[1], nação dependente da Pérsia. Não possuem nem exército nem nobreza, vivem na paz e na abundância. Quando alguém é apanhado furtando é obrigado primeiramente a restituir o furto ao prejudicado e depois a trabalhos públicos. Quando necessário aplicam-se castigos físicos aos preguiçosos. Os que cumprem bem o seu dever não sofrem qualquer meu trato e ao fim do dia são conduzidos a cadeia onde passam a noite. Há lugares onde os condenados são alugados e recebem salário.
Os condenados vestem a mesma roupa e tem metade da orelha decepada para o reconhecimento. Não poderem receber dinheiro, se reunir e muito menos tocar em armas, sendo estes crimes punidos com a morte. A fuga torna-se impraticável e a única maneira de um dia se recobrar a liberdade é pelo bom comportamento.
Ainda resistindo à idéia de trabalhar junto a algum rei, Hitlodeu expõem seus motivos. Segundo ele, mesmo que trabalhasse em algum reino jamais seria ouvido, pois a ganância real e a paixão pela guerra é algo gigantesco e para ilustrar essa idéia ele usa o exemplo dos acorianos[2] nação vizinha a Utopia.
O rei dos acorianos fez guerra a um reino vizinho que logo foi subjugado, mas o rei então percebeu que a conservação seria mais onerosa e difícil do que a própria conquista. Revoltas de todos os tipos eram reprimidas pelo exército que deveria estar sempre em prontidão. As diversas desordens ocorreram porque o príncipe era obrigado a dividir suas atenções entre dois reinos, não conseguindo administrar bem nem um nem outro. O povo de seu reino revoltou-se e o obrigou a escolher. Este por sua vez continuou em seu reino e cedeu o conquistado a um amigo que foi expulso rapidamente.
E Hitlodeu continua sua análise de como um bom governante deve ser. Um bom rei deve honrar seu povo e pensar mais na felicidade deles do que em sua própria. Os homens criaram os chefes para que pudessem viver comodamente ao abrigo da violência e é dever de um príncipe zelar por seu povo. A riqueza do povo não compromete o poder real, pelo contrário é preferível reinar sobre um povo rico a um povo pobre, pois os últimos não têm nada a perder. Sendo a quantia guardada nos cofres públicos suficientes somente para os momentos de crise e não para o desfruto do rei. E finaliza observando que nenhum rei da Europa jamais o ouviria, pois a filosofia não tem acesso na corte dos príncipes.
Onde a propriedade é privada e as coisas são medidas pelo dinheiro não há organização nem justiça. Em Utopia há poucas leis porque toda a riqueza nacional é igualmente repartida. Na Europa existem centenas de leis e mesmo assim não bastam para que um individuo posso adquirir, defender e distinguir sua propriedade da do vizinho. Sendo que, a única forma viável de trazer felicidade e igualdade ao homem é abolindo a propriedade. Todas as outras formas são paliativas.
Utopia é uma civilização muito antiga, tem aproximadamente 1.200 anos e nunca havia entrado em contato com o Velho Mundo, a não ser quando um navio que transportava egípcios e romanos afundou em sua costa e seus sobreviventes lhes ensinaram tudo o que conheciam sobre as ciências e as artes.
Nesse ponto Rafael Hitlodeu decide fazer um relato minucioso de toda a ilha de Utopia.
Livro Segundo: Da comunicação de Rafael Hitlodeu. (pág 37-103)
A ilha tem um formato de semicírculo de quinhentas milhas de arco, apresentando forma crescente, formando duas penínsulas afastadas por onze mil passos. Essa barreira quebra a força dos ventos transformando o mar em uma espécie de lagoa tranqüila, ótimo para a utilização do único porto da ilha. A entrada do golfo é perigosa por seus muitos bancos de areias e rochedos, sendo praticamente intransponível por navios inimigos, para sua transposição é necessário a utilização de um guia utopiano e dos faróis costeiros.
Utopus foi primeiro a se apoderar desse território, que ganhou seu nome. A ilha antes era ligada ao continente e ele então decidiu separá-la, cortando-a com a ajuda dos índios e de seu exército.
A ilha tem 54 cidades. Todos os anos três velhos sábios são escolhidos deputados em cada cidade e vão à capital Amaurota, a fim de tratar dos negócios do país.
Há um mínimo de terra estipulado para a agricultura. E seus habitantes se olham como rendeiros e não como proprietários do solo. A família agrícola é formada por quarenta pessoas, sendo dois escravos. Trinta famílias são dirigidas por um Filarca. E todos os anos vinte cultivadores de cada família regressam a cidade depois de cumprir seus dois anos de serviço agrícola, sendo substituídos por outros vinte.
Os utopianos criam diversos animais de trabalho e de abate, transformam cereais em pão e frutas em bebida e o excedente é comercializado com os países vizinhos. Quando falta algum utensílio é só pedir para algum magistrado na cidade que este é entregue de graça e sem nenhum atraso. Em época de colheita os moradores da cidade ajudam e esta é feita em apenas um dia.
Das cidades da Utopia e Particularmente de Amaurota.
Todas as cidades são praticamente iguais, então aqui será descrita somente a capital. Amaurota fica as margens do rio Anidra e de outro pequeno rio que abastece a cidade através de uma rede de canos de barro e cisternas. A cidade é cercada por muralha e fossos. As ruas e praças são largas e espaçosas, as casas são de posse comum e seus habitantes se mudam a cada dez anos.
Dos Magistrados.
Trinta famílias elegem todo ano um filarca. Dez filarcas obedecem a um protofilarca. Mil e duzentos filarcas escolhem um príncipe entre os quatro propostos pelo povo. O principado é vitalício, mas o príncipe pode ser deposto a qualquer momento que se suspeite de tirania.
A cada três dias os protofilarcas se reúnem com o príncipe para deliberar sobre negócios do país. Assistido de perto por dois filarcas, trocados a cada sessão. Reunir-se fora das assembléias é crime punido com a morte, isto se faz com o intuito de impedir a conspiração.
Quando uma proposta é feita é proibida sua discussão no mesmo dia, transferindo-a para a sessão seguinte. Isso evita decisões precipitadas.
Das artes e dos Ofícios.
Todos os Utopianos aprender a arte da Agricultura desde crianças na escola. E também aprendem um oficio[3] especial. As roupas tem forma única e são confeccionadas pelas próprias famílias. Em geral um filho aprende a profissão do pai, mas caso tenha aptidão por outra pode aprendê-la, sendo permitido, também, a alguém que já possua uma profissão aprender outra.
O filarca é encarregado de não permitir que ninguém se entregue ao ócio. E a jornada de trabalho diária dos utopianos é de apenas seis horas, três antes e três depois do almoço. Todas as manhãs os cursos públicos são abertos e somente os destinados as letras são obrigados a fazê-lo, mas todos têm o direito de assisti-lo. À noite antes de dormir os utopianos se divertem com musica, conversa ou jogos de raciocínio.
Às seis horas de trabalham são extremamente suficientes para as necessidades do consumo público e ainda supera em muito o exigido, produzindo um excedente. Isso acontece porque em Utopia todos trabalham, diferente da Europa. Além de que em Utopia tudo o que se produz segue a idéia da utilidade. Em toda Utopia existem apenas um numero ínfimo de pessoas, com boas condições físicas, que não trabalham: os filarcas e os estudantes. É entre esses estudantes (letrados) que se escolhem os embaixadores, os padres o príncipe, etc.
Outro fato que explica como pouco trabalho rende tanto é a conservação. Casas, roupas, tecidos, etc. duram muito tempo e não é raro a produção ser suspensa por alguns dias para se evitar trabalho inútil.
Das relações Mútuas entre os cidadãos.
A cidade se compõe por famílias. A uma moça em idade apropriada é-lhe um marido e ambos vão morar com a família do homem. A família é comandada pelo mais velho. Cada cidade é formada por seis mil famílias, quando uma família cresce demais, o excedente é realocado em outra família. Quando uma cidade tem muita gente, deslocasse para as menos povoadas. Se a ilha se tornasse super populosa decretar-se-ia a imigração geral. Incorporando ou expulsando os povos que ali viviam. E caso alguma peste diminuísse a população de Utopia, os colonos voltariam a terra mãe.
A autoridade familiar é exercida baseada no sexo e na idade. A cidade é dividida em quatro quarteirões iguais e no centro de cada quarteirão existe um mercado com o necessário. O pai de família vai até o mercado e retira tudo o que precisa sem pagar um centavo. Em Utopia não existe a ganância e ninguém pega mais do que o necessário.
Em cada rua estão dispostos enormes palácios onde moram os filarcas. Suas trinta famílias são vizinhas e é no palácio que fazem as refeições.
Em torno da cidade existem quatro hospitais com ótimo atendimento, isolamento e estoque de remédios.
Os escravos são encarregados dos trabalhos mais penosos, como o abate de animais, e o trabalho sujo da cozinha. As refeições nos palácios dos filarcas são fartas e cheias de regras morais, sociais e de respeito.
Das viagens dos Utopianos.
Quando um cidadão deseja viajar por qualquer motivo, ele deve informar as autoridades e caso não haja nenhum impedimento tudo lhe é provisionado. Muitos dispensam as provisões e andam sem nada, pois onde estiverem poderão se alimentar e dormir com segurança. Se o viajante passar mais que um dia em uma localidade terá que trabalhar em seu ofício. Aquele que sem autorização deixar sua cidade será tratado como criminoso.
Em Utopia não existem tabernas, prostituição, seitas secretas, mendigos e miséria.
Os deputados reunidos em Amaurota, levantam as estatísticas econômicas da ilha, procurando regiões em dificuldade. Localizadas, há uma regulação estabelecendo o equilíbrio econômico entre as cidades.
Toda a produção é guardada de forma a abastecer dois anos. Para o caso de más colheitas. O restante é exportado a baixos preços, possibilitando a ilha ter dinheiro para comprar produtos que não existam nela, como o ferro, o ouro e a prata. Acumulam esses metais para o caso de uma eventual guerra, pagando mercenários para morrer no lugar dos utopianos.
Como não existe dinheiro em Utopia os utopianos acham o ouro e a prata um metal de pouca serventia. Eles sabem o valor que esse metais tem para outros povos, por isso não o descartam, mas fazem com ele vasos, cadeias e correntes para os escravos.
Nas ciências e na filosofia estão no mesmo patamar dos Europeus. Tendo como fio condutor de sua filosofia a busca pela felicidade. A filosofia e a religião dos utopianos pregam a felicidade boa e honesta acima de tudo. Viver como manda a natureza e esta prega que se leve uma vida honesta e agradável.
Os utopianos odeiam maníacos por nobreza, pessoas que se acham melhores que as outras por possuírem mais bens. Eles são classificados junto aos amadores de pedrarias e os avarentos como maníacos. Os utopianos não praticam nem a caça nem os jogos de azar eles preferem os prazeres verdadeiros do corpo e da alma: os prazeres da alma estão no desenvolvimento da inteligência e na contemplação da verdade, os prazeres do corpo se dividem em dois, a busca pela satisfação das necessidades corporais e a busca pela saúde.
Acredita-se que os utopianos são gregos de origem, apesar de seu idioma se aproximar do persa, sua escrita tem traços da língua grega. Rafael Hitlodeu ficou espantado com o interesse dos letrados utopianos pela filosofia grega e levou-lhes inúmeras obras de filosofia, poesia, história, dicionários, medicina etc. Hitlodeu ensinou-lhes a fabricar e imprimir papel e hoje, apesar de só possuírem os livros deixados por ele, já os multiplicaram aos milhares.
Os estrangeiros são bem recebidos em Utopia graças à curiosidade dos utopianos sobre o exterior. O comércio para a ilha é atrai pouca gente porque a única coisa que falta é ferro. Já a exportação é feita pelos próprios habitantes da ilha.
Dos escravos.
Somente se tornar escravos prisioneiros de guerra capturados com armas na mão, criminosos e condenados a morte no estrangeiro. Seus filhos nascem livres e os escravos estrangeiros tornam-se livre em Utopia. Todos os escravos são submetidos a trabalhos contínuos, sendo os indígenas submetidos aos piores trabalhos e tratados com maior rigor.
Existem ainda os escravos voluntários. Trabalhadores pobres das regiões vizinhas que se oferecem voluntariamente para o trabalho. São homens livres e podem ir embora quando quiserem.
Todos os homens têm assistência médica garantida, entretanto, quando a cura é impossível os padres lhe dão a benção e o enfermo decide se comete suicídio ou não. O homem que se mata sem motivo é julgado indigno de uma sepultura sendo então atirado no pântano.
As mulheres só podem se casar depois dos 18 anos e os homens depois dos 22. O sexo antes do casamento é censurado e caso isto aconteça à família fica desonrada. Os utopianos não se casam completamente às cegas. Um pretendente se apresenta ao outro completamente nu, para que ambos se analisem, buscando ver alguma deformidade física.
O casamento em Utopia quase nunca é desfeito, a não ser pela morte de um dos conjugues. Em caso de adultério, o traído tem direito a se casar novamente e o adultero pena o resto da vida na infâmia, na escravidão e no celibato. Quando há uma incompatibilidade muito grande de gênios entre o casal, estes vão ao senado pedir o divórcio e este por sua vez decide se autoriza ou não. A reincidência do adultério é punida com a morte.
A escravidão é a pena ordinária para a maioria dos crimes, pois se acredita que esta seja melhor que a execução. Quando os condenados escravos se revoltam são rapidamente sacrificados. Os escravos de bom comportamento podem a qualquer momento receber a liberdade.
Os utopianos, como já foi dito, vivem em família e os magistrados não são nem orgulhosos nem terríveis, até mesmo o próprio príncipe se distingue da massa apenas por um feixe de trigo que traz à mão.
As leis são em muito pequeno número e bastam para as instituições. Consideram como injustiça suprema enlear os homens com uma infinidade de leis. Não existem advogados em Utopia, os utopianos expõem suas diferenças diretamente ao juiz que usa do bom senso e da boa fé para dar a sentença. Como as leis são poucas todos as conhecem e elas funcionam somente para advertir sobre seus direitos e deveres.
Os povos vizinhos, atraídos pela sabedoria das instituições de Utopia, pedem magistrados para passarem cinco anos em seu país a fim de lhes servirem de consultor.
Os utopianos não assinam nenhum tratado, pois acreditam que o homem está unido ao homem de uma maneira mais intima e mais forte pelo coração e pela caridade do que pelas palavras e protocolos.
Da guerra.
Os utopianos abominam a guerra, mas estão prontamente preparados para ela. Todos os cidadãos se exercitam a espera do momento de combater. Utopia só entra em guerra por motivos muito graves como proteger suas fronteiras, a de seus aliados e para libertar um povo de seu tirano.
Após todas as negociações falharem e a guerra é declarada, utopianos secretamente pregam cartazes no país inimigo oferecendo gorda recompensa a quem matar o príncipe inimigo e seus ministros. Induzindo muitas vezes a traição gerando um sentimento de insegurança dentro da corte. Isso garante que uma guerra acabe sem mesmo ter começado.
Se isto não funcionar os utopianos semeiam a discórdia prometendo a algum poderoso do país inimigo todo o reino. Isto faz as facções internas entrarem em conflito.
Mas caso a guerra seja realmente necessária, a república de Utopia alicia mercenários entre os zapoletas, povo vizinho nascido para a guerra. Além destes, os utopianos utilizam-se dos exércitos dos Estados que defendem e só em ultimo caso utilizam seu próprio exército. Nenhum cidadão é obrigado a se alistar, só em caso de extrema necessidade como em uma invasão em solo utopiano. Neste momento famílias inteiras, homens e mulheres vão para as frentes de batalha. Isto estimula a luta e a proteção mutua. Uma vez vitoriosos, os utopianos transformam os vencidos em escravos.
Os utopianos respeitam muito as tréguas com o inimigo mesmo que este os provoquem. Não destroem as plantações dos inimigos, não matam homens desarmados, nem pilham suas cidades, apenas prendem o líder e o condena a escravidão. Só em medida extrema fazem guerra em sua ilha e não há necessidade no mundo que force os utopianos a deixar entrar na ilha socorro de tropas estrangeiras.
Das religiões da Utopia.
Existem várias religiões em Utopia, algumas idolatram o sol, outros a lua, um antepassado, mas a maior parte dos habitantes acredita em um Deus único a quem o chamam de pai. Apesar de suas diferenças todos os utopianos concordam que existe um ser supremo, criador de tudo e de todos. Estas superstições tendem, dia a dia, a desaparecer e a se converter em uma única religião.
Quando Hitlodeu lhes ensinou sobre Cristo e seus apóstolos os utopianos ficaram muito curiosos e admirados. Alguns prontamente se converteram ao cristianismo, mas com a falta de um padre não puderam ser batizados. Há uma grande tolerância religiosa na ilha, uma das leis mais antigas proíbe prejudicar alguém por sua religião. Sendo severamente penalizado apenas o ateu que pensa que a alma morre com o corpo e o mundo marcha ao léu.
Em oposição ao materialismo ateu, existe um sistema inteiramente diferente e como não é perigoso pode ser professado livremente. Eles acreditam que todos os seres vivos têm alma e elas são imortais como a do homem.
A maioria dos utopianos acredita na vida após a morte. E por isso não temem morrer e chora-se pelos doentes e nunca pelos mortos. Venerando e louvando aquele que sabe morrer com dignidade.
Acreditam em milagres e na proteção e vigilância dos antepassados. Crêem alguns no poder da oração e outros nas boas ações. São divididos em duas classes uns se abstém de todos os prazeres da carne esperando a vida após a morte, outros se apegam a todos os prazeres em vida, os utopianos consideram os últimos mais sábios e os primeiros mais santos.
Esses religiosos são designados pelo nome de butrescos, e existem em pequeno numero. Os padres, assim como os magistrados são eleitos pelo povo da cidade. São os vigilantes da ordem e dos bons costumes. A excomunhão é o maior suplicio de todos e caso o excomungado não se arrependa pode ser preso e penalizado.
A educação inicial das crianças está nas mãos dos religiosos que ensinam a moral e a virtude. Os padres são extremamente venerados, respeitados e protegidos, seu pequeno numero se explica pelo fato de ser mais fácil protegê-los, além da dificuldade de se achar jovens de tão completa perfeição.
Os padres de Utopia são respeitados até mesmo em outros países devido a sua santidade e não é raro que em momentos de dificuldades eles sejam mais eficazes do que o exército.
Apesar das diferentes crenças, todas são praticadas no mesmo templo. Sempre buscando a harmonia entre todas as religiões. Nesse momento Hitlodeu expõe como ocorre um desses cultos.
Para finalizar Hitlodeu afirma que está é a única verdadeira republica do mundo, onde os interesses coletivos estão à frente dos interesses pessoais. Em Utopia tudo pertence a todos e não falta nada a ninguém, a fortuna do Estado é dividida igualmente entre todos e os inválidos de hoje que trabalharam ontem tem todos os seus direitos assegurados pelo Estado.
Não existem repúblicas como Utopia, as de hoje são apenas uma conspiração de ricos que buscam gerir melhor seus negócios sob o título de república. Os ricos diminuem cada dia alguma coisa no salário dos pobres, não só por meio de manobras fraudulentas, mas ainda decretando leis para tal fim. Como isso ocorre se o objetivo principal de república é a de apoiar os mais necessitados.
Hitlodeu deseja do fundo de seu coração que outros países venham a criam uma república como a da Utopia e alegrasse pelo fato de pelo menos ela existir.
Rafael Hitlodeu termina então, exausto, sua longa narrativa, More se põe a pensar e apesar de não concordar com muitas coisas em Utopia, admira como uma civilização se desenvolveu nestas bases e aspira ver muitas coisas estabelecidas nas cidades da Europa, ele mais aspira do que espera.

Sites:
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/philosophy/1619561-utopia/#ixzz1dOlbe69Y

Bibliografia:
MORE; Thomas: “A Utopia”. 1º ed. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010 coleção livros que mudaram o mundo. Vol 07. pág 07-103.
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Wagner 10/07/2011

Realidade a ser perseguida e nunca alcançada.
Através da descrição de um viajante idealizado por Thomas More, entramos em contato com uma sociedade idealizada, onde a divisão do trabalho é justa e os cidadãos vivem em harmonia entre si e a natureza. Obra de grande importância para formação humana.
Essa sociedade não existe e talvez nunca venha a existir mas deve sempre ser perseguida como ideal.
Livro de cabeçeira para políticos,homens públicos, religiosos e principalmente para o homem comum(jovens sem ideais).
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Gabriel Araujo 09/06/2011

Thomas More, ou Morus – ¬¬¬na versão latina –, nasceu em fevereiro de 1478 em Londres, Inglaterra, em uma família com pouca influencia na nobreza, seu pai Sir John More era juiz e fora intitulado cavaleiro por Eduardo VI – primeiro titulo nobre para a família –. Em 1505 casou-se com Jane Colt, com quem teve quatro filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Sua então esposa Jane faleceu em 1511 e mais tarde Thomas More casou-se novamente com Lady Alice Middleton. Assim como ele seus filhos foram educados nas ciências renascentistas – More não fazia distinção entre os sexos: tanto seu filho e suas filhas tinham as mesmas disciplinas e educação –. Eles estudaram: grego, latim, retórica, matemática, medicina, astronomia, lógica e teologia.
Thomas More exerceu a profissão de advogado e depois se dedicou cátedra universitária – especialmente sobre debates das obras gregas de Platão –. A vida política de More começou aos seus 26 anos onde foi eleito presidente da Câmara dos comuns onde ficou famoso pelo conservadorismo e por ser um parlamentar combativo, anos mais tarde em 1511 tornou-se juiz supremo da Commission of Peace (Comissão de Paz). Com o seu sucesso profissional, em 1520 More entra na corte de Henrique VIII como embaixador do rei, no mesmo ano o rei o intitulou cavaleiro real. Em 1521 foi nomeado tesoureiro e depois Chanceler do Ducado de Lancaster e por fim Chanceler da Inglaterra.
More sempre foi um homem bastante religioso e ao longo de sua vida fez criticas ferrenhas em suas obras em relação à postura da igreja católica e da sociedade inglesa da época. Contemporâneo de Matinho Lutero, More foi encorajado pelo “líder” da Revolta Protestante a levar suas idéias à tona, porém More era extremamente católico e não aceitou a “proposta” de Lutero. Este fato mostra o paradoxo que More faz, ao mesmo tempo em que critica a igreja não a abandona. Com o escândalo extraconjugal do Rei Henrique VIII que era casado com Teresa de Aragão e tinha uma amante Ana Bolena, o Rei que queria divorciar-se da Rainha Teresa e casar-se novamente com Bolena, pediu ao Papa Clemente VII que concedesse seu desejo. O Papa negou tal pedido e ameaçou a excomungação do rei. Assim Henrique VIII decidiu a separação da Inglaterra com o Catolicismo e funda a igreja Anglicana onde o rei Inglês é o soberano da instituição. Assim ele se separa e se casa com Bolena. More é totalmente contra a desvinculação do catolicismo na Inglaterra e por isso critica o rei. Mais tarde o rei exigiu que a nobreza da Inglesa jurasse considerar seu filho com Bolena o herdeiro do trono. More foi chamado a realizar seu juramento em 1535, mas, diante de sua recusa, foi aprisionado na Torre de Londres. No mesmo ano, foi acusado de traição, condenado e decapitado.
Das obras mais celebres de More a Utopia sem dúvida é a mais famosa e a que melhor explica sua visão. Na obra o autor apresenta um diálogo entre: ele próprio, o Bispo e um navegador Rafael Hitlodeu – ambos heterônimos –. O livro é dividido em livro primeiro e livro segundo. O livro primeiro: apresenta as personagens e suas histórias de vida, fala sobre a ilha de Utopia e sobre a Inglaterra. No livro segundo: vemos os dados geográficos da ilha, sua cultura e peculiaridades. A descrição é que a ilha de Utopia era um lugar com cidades idênticas, pessoas civilizadas sem a existência de propriedade privada, e dinheiro – na verdade o dinheiro‘estáter’ existia, mas só era usado para o pagamento de mercenários na proteção da ilha acaso fosse necessário –. Amaurota era a capital da ilha e cede do governo. O governo de Utopia era uma federação onde um conselho geral – magistrados ou como chamados lá sifograntes – que se reúne para a escolha do Ademos uma espécie de rei vitalício que pode ser deposto se for contra as leis de Utopia. O conselho geral é formado por três anciões de cada uma das 54 cidades-estado da ilha. Além disso, cada cidade tinha uma assembléia municipal formada por 200 sifograntes. Esta forma de governo tem idéias muito parecidas com o que viria se chamar de socialismo, um aspecto intrigante em More que propões idéias a frente de seu tempo: como o desapego ao ouro e as pedras preciosas em Utopia e a não existência de propriedade privada.
Todos os utopianos eram instruídos no exercício da razão, mas eram também educados em alguma função da agricultura. Os utopianos só trabalhavam 6 horas por dia, já que todos se preocupavam com o bem-estar e a saúde do trabalhador – mais um aspecto intrigante que More defende, já que ele é um homem do fim do séc. XV e inicio do séc. XVI, da renascença onde a preocupação com o trabalho era quase nula –. Em Utopia não havia pena de morte, a pena ideal adotada pela ilha era a escravidão – que posteriormente passa é quase totalmente abandonada quando os luso-brasileiros dominam a costa do Índico e proibiram o tráfico internacional de escravos. Os escravos estrangeiros foram substituídos por servos –. Há três tipos de escravos em Utopia: os perigosos; que eram cidadãos utopianos que cometeram crimes como adultério etc. e que em ultima estância eram condenados como escravos. Os de outras localidades ou prisioneiros de guerra; esses exerciam seu trabalho e se fossem bons eram libertos pelo Ademos e tornavam-se utopianos e os pobres sem direito civis. Ambas as classes de escravos eram identificados com muito ouro e pedras preciosas. – só o ferro era valorizado em utopia, já que ele servia para todos, Vemos que More vai totalmente contra o metalismo um forte ideal mercantilista da época –. Os escravos ficavam encarregados de proteger utopia, já que os utopianos detestavam guerras, nas tarefas da agricultura e nas tarefas imundas como o abatimento de animais.
Os enfermos em utopia são tratados com carinho e com hospitais equipados, no final da vida os doentes em fase terminal podem dar cabo a própria vida através da inanição e da ingestão de narcóticos, porém o suicídio – para os utopianos sadios – era visto como escória e seus corpos eram jogados no pântano e não poderiam ter rituais fúnebres nem sepultura. A Religião de utopia era católica, mas eles tinham tolerância religiosa o cidadão só não poderia ser ateu. Os utopianos preferem a beleza interior e o casamento era sagrado sendo o divorcio algo difícil a ser concedido.
É evidente que a leitura de Platão influenciou More na concepção da sociedade perfeita e como o próprio nome fala utópica – utopia é a junção de dois radicais lingüísticos gregos que juntos significam “lugar nenhum” –. A ilha de Utopia se assemelha muito com a República de Platão e suas peculiaridades também. O mais curioso é que o autor não só cria a ilha em sua imaginação como também nos mostra sua criação através de citações detalhadas e maravilhosas, Quando li o livro inevitavelmente me lembrei das obras J. R. R. Tolkien, C.S. Lewis e J. K. Rowling já que só em livros de fantasia e mitologia achei que uma dimensão imaginaria poderia ser descrita tão perfeitamente, Thomas More não só leva o leitor a uma análise da sociedade do séc. XVI e a atual ele nos faz pensar numa sociedade igualitária, além de ter o deleite de nos fazer imaginar toda a estrutura social, econômica, filosófica e principalmente política da ilha de Utopia. Sem dúvida Thomas More era quase um socialista e não sabia.
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