Mareufq 22/03/2024
Nenhum homem é hipócrita em seus prazeres.
"Uma só frase lhe bastará para definir o homem moderno: fornicava e lia jornais."
"À noite, nunca passo numa ponte. É uma consequência de uma promessa. Suponha, enfim, que alguém se atire à água. De duas uma, ou o senhor o segue, para retirá-lo e tempo de frio arrisca-se ao pior, ou o abandona, e os mergulhos retidos deixam, às vezes, estranhas cãibras."
"Tratava-se, repare bem, de algo bem diferente da certeza em que eu vivia de ser mais inteligente do que todo mundo. Tal certeza, aliás, é consequência, pelo fato de ser compartilhada por tantos imbecis."
"É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!"
"Quando deixava um cego sobre a calçada onde eu o tinha ajudado a aterrisar, saudava-o. Evidentemente, esse cumprimento não lhe era destinado, ele não o podia ver. A quem, pois, se dirigia? Ao público."
?[...] quando não amamos a nossa vida, quando sabemos que é preciso mudá-la, não podemos escolher, não é?
Que fazer para ser outra pessoa? Impossível, seria preciso já não sermos ninguém [...] Eu sou como aquele velho mendigo que não queria largar minha mão, um dia, no terraço de um café: 'Ah, meu caro senhor?, dizia ele, ?não é que se seja mau, mas perde-se a luz.' Sim, perdemos a luz, as manhãs, a santa inocência daquele que se perdoa a si mesmo.?
"Achavam que eu tinha um certo charme, imagine! Sabe o que é isto: uma maneira de ouvir sim como resposta, sem ter feito uma pergunta clara."
"não podemos afirmar a inocência de ninguém, ao passo que podemos afirmar com segurança a culpabilidade de todos. Cada homem é testemunha do crime de todos os outros"
"A verdade, como a luz, cega. A mentira, ao contrário, é um belo crepúsculo"
"Não é verdade, afinal, que eu nunca tenha amado. Tive na minha vida pelo menos um grande amor, de que fui sempre eu o objeto."
"Para deixar de ser duvidoso é preciso, pura e simplesmente, deixar de ser."
- Camus discute sua longuíssima lista de questões sobre a existência humana: a culpa; a religião; a moral; os enganos e os acertos; a incompetência do homem e suas decepções.
- ?Penso no romance em questão como um tratado sobre decadência existencial a partir de uma autocrítica do homem espantado com a fragilidade e a indiferença da própria existência humana.?
[?] será sempre tarde demais, felizmente.