spoiler visualizarBela 08/08/2015
Amar, verbo intransitivo?
A obra principia com o diálogo entre Felisberto Sousa Costa, o chefe da família, e Elza, uma alemã de 35 anos, que a partir daquele instante, iria tornar-se governanta da família. A verdadeira e única intenção dos dois seria educar Carlos, seu primogênito, no âmbito amoroso. A partir de então, Elza é chamada por Fräulein e iniciam-se seus ensinamentos também às meninas, irmãs de Carlos. Este, a princípio, resiste aos encantos e provocações de sua mestra, porém ao perceber a inexplicável beleza de Fräulein, sente-se fascinado e perigosamente atraído dela. Logo, o jogo do amor é travado. Quando Dona Laura, a esposa de Sousa Costa, percebe a aproximação de sua governanta e seu filho, tenta encontrar explicações de tal fato e seu marido, por fim, lhe conta a verdade. Fräulein decide sair da casa. Mas, entre tantas discussões, os cônjuges acordam que a permanência da alemã na casa é o melhor a fazer.
Já possuindo o consentimento de Dona Laura, Fräulein provoca ainda mais seu aprendiz e ele consegue dela um beijo. Com isso, o romance dos dois torna-se tórrido, Carlos vai ao encontro da alemã durante várias noites em seu quarto e, enfim, eles têm sua noite de amor juntos. Sousa Costa, Dona Laura e Fräulein decidem pôr um fim no caso, e a alternativa encontrada é surpreender o casal em uma de suas noites amorosas. Assim é feito. Seu pai conta a verdade sobre as reais intenções da governanta, e esta com seu dever já findado, parte.
Com o término do idílio, uma fase mais madura do livro e de Carlos é iniciada. Carlos torna-se homem e supera os acontecimentos passados. Depois de anos, Fräulein e Carlos se reveem, e com um simples aceno fica evidente que tudo o que houve foi uma breve passagem na vida dos dois.
O livro foi escrito na primeira fase do Modernismo brasileiro, contando a distinta história de romance, e expondo pensamentos e sentimentos diversos. Na época em que foi publicada, a obra recebeu muitas críticas pela irreverencia do autor. Pode alguém ensinar a amar? O título sugere uma reflexão. Sabendo que amar é um verbo intransitivo, ou seja, não precisa de complemento, o sentido suposto seria mostrar que não existe maneira de exercer uma “formação” para a arte de amar. E para os românticos, essa expressão seria interpretada de maneira que, o amor por si só já é o complemento da vida. O Idílio além de ser o subtítulo e a dita primeira parte do livro, também é ironizado, pois sabemos que nele não encontramos um enredo de amor terno, tão pouco recíproco.