K.

K. Bernardo Kucinski
Bernardo Kucinski




Resenhas - K.


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Monique | @moniqueeoslivros 26/06/2022

K.
{Leitura 33/2022 - ?? Brasil}
K. - B. Kucinski

K. é uma história sobre culpa. A narrativa conta a história de um homem, K., que procura a filha desaparecida em São Paulo, no período da ditadura militar. E ele nem sabe muito bem o porquê da filha ter desaparecido.

Mas então, uma narrativa sobre culpa? Sim. Enquanto busca pela sua filha, ele vai tendo contato com informações sobre ela que ele não sabia, e isso faz com que ele se sinta muito culpado por não ter dado mais atenção a ela. Até mesmo no próprio desaparecimento: ele nota a ausência da filha só no décimo dia.

E daí em diante o sofrimento de quem perdeu alguém é transpassado pelo sentimento de culpa por ter neglicenciado, por não ter dado atenção. Aquele "e se" que nunca sai da cabeça leva K. a buscar em todos os lugares, ir atrás de todas as pistas, mas todos nós (inclusive ele próprio) sabemos infelizmente o desfecho dessa história.

Bernardo Kucinski teve a irmã desaparecida durante a ditadura, e é como se ele entrasse na pele do pai para contar essa história. Uma narrativa, inclusive, que é recheada de outras vozes, porque várias pessoas vêm contar de suas buscas e seus traumas de tortura. Como se todos nós estivéssemos ali numa das reuniões de familiares de desaparecidos políticos que K. frequentava.

Importante falar também da referência a Kafka, que fica evidente com o título - o K. de Bernardo Kucinski, compartilhado com seu pai, e o K de Kafka e também de Josef K., de O processo. E além disso, nos dois romances, há uma lei (?) sendo seguida até as últimas consequências.

K. é uma história disposta em vários formatos, fragmentada e com vozes intercaladas. É como se fosse um quebra-cabeças sendo montado, sem termos todas as peças (que "foram desaparecidas"). Exatamente como esse período da História Brasileira.
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@eleeoslivros 04/09/2021

MEU DEUS que livro difícil de ler, quanta dor.
eu não imagino o que deve ser passar o que o autor do livro passou e precisando falar sobre ditadura.
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Janaina 16/08/2022

?Caro leitor:
Tudo neste livro é invenção,
Mas quase tudo aconteceu.?

Uma história interrompida pela ditadura militar, que abriu feridas no coração de um pai sobrevivente do holocausto. A corajosa busca que foi longe, mas tarde demais. As decepções coletadas no caminho, seladas por uma culpa avassaladora. A tentativa de resgate que não encontrou força para dar voz à história que se revelou dolorosa demais para ser eternizada no papel. A documentação de um filho, em nome de seu pai, da história de sua irmã, que compõe a história de sua família, e que se confunde com (parte d)a História do nosso Brasil.

Poderia ser mais do mesmo: ditadura, autoritarismo, violência, tortura, desaparecidos... tudo aquilo que a gente ? infelizmente ? está cansado de saber. Mas se há um mérito inegável deste período sombrio da nossa história, foi o de produzir atrocidades para alimentar nossa literatura para a vida de todas as nossas próximas gerações. (contém ironia) E, sendo assim, mesmo já tendo ouvido tanto sobre o assunto, ainda é impossível sair ileso a uma obra que o aborde.

E esta não é diferente.

Para além de tudo que se sabe ter ocorrido nos porões da ditadura, o livro me pegou pela dor do pai que, ao sentir a ausência da filha e dar início a sua busca, vai-se dando conta de que pouco sabia do que vinha acontecendo em sua vida, o que o faz mergulhar na culpa profunda que invade aqueles a quem resta apenas o ?e se??.

Aqui acompanhamos toda sua árdua peregrinação, que expôs contradições do sistema, que revelou como facilmente vítimas podem converter-se em algozes sem o menor pudor (como na hipótese de judeus perseguidos pelo holocausto que naturalizavam a tortura da ditadura sob o argumento de que apenas se dirigia a comunistas) e como o vazio provocado pelo desaparecimento pode ser muito mais devastador que a própria morte.

É daqueles livros que demandam um longo período para ?digestão?.
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Rodolfo 11/07/2022

Quando K. percebe a ausência de sua filha ele decide ir procurar nos locais mais prováveis, como a casa dela e no trabalho, mas a falta de notícias e informações faz com que ele inicie uma caminhada na qual jamais imaginou passar.
O livro nos apresenta a história da busca por notícias de K. pela sua filha que desaparece sem deixar rastros em plena ditadura militar que assola o país.
Sem jamais imaginar que a filha pudesse estar envolvida em movimentos políticos, ele vai descobrindo quem sua filha era, enquanto o leitor vai acompanhando a angústia de um pai que só quer saber o que aconteceu com a sua filha, não importando o que seja, ele apenas precisa saber.
Baseado na história real de seu pai e sua irmã, o autor vai jogando luz em uma época sombria e de desespero para muitas famílias e que até hoje continua sem solução.
Com uma escrita impactante e um final emocionante somos apresentados a uma época que jamais deverá ser esquecida, para que os erros do passado não voltem a serem cometidos.
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Maria.Neves 22/11/2022

Eu era bem criança naquela época, mas me lembro bem do clima, dos olhares e das conversas lá em casa. As crianças eram postas para fora quando algumas visitas chegavam e os adultos sérios conversavam.
Agente ia pra escola e brincava na rua. Coisa que as crianças de hoje nem sabem o que é.
Agente não entendia, me as sabíamos que a coisa não estava boa.
Tínhamos um cabeçalho no caderno todos os dias. Data e o nome do presidente
Minha infância e adolescência foi assim.
O livro me trouxe várias lembranças!
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Nina 31/03/2023

Para não esquecer
Um livro intenso, forte e bonito sobre a busca de um pai pela filha desaparecida na época da ditatura militar. Um relato diferente de tudo que já li sobre o assunto. Um livro importante e necessário.

"o corpo devastado de um ancião, sustentado por dois olhos ? duas chamas ? que eram a encarnação do desespero?.
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Gabi 05/04/2014

"Caro leitor: Tudo neste livro é invenção, mas quase tudo aconteceu."

Esta é a pequena nota de abertura deste pequeno grande romance, onde realidade e ficção se misturam numa história triste e arrebatadora - pois você sabe o que aconteceu, mas não sabe de mais nada... Nem como, nem porquê. K., primeira ficção do jornalista Bernardo Kucinski, é um livro que dói. Dói saber e sentir o quanto o protagonista sofreu, assim como muitas famílias também sofreram, no período da ditadura militar. A história narra a vida do senhor K., um imigrante judeu que fugiu para o Brasil no período da II Guerra Mundial e vê-se perdido e destroçado quando sua filha "é desaparecida" (esse é o código para "foi preso, torturado e morto pela polícia").
Quando eu digo que ficção e realidade se misturam, devo mencionar que K. é o pai do autor, e a filha desaparecida é Ana Rosa, sua irmã, uma professora de Química da Universidade de São Paulo e limitante clandestina da Aliança Libertadora Nacional (ALN), casada com um também militante e também desaparecido, Wilson Silva. Com olhos delicados (e provavelmente marejados) de um narrador machucado, Kucinski conta-nos a história de seu pai: a descoberta do desaparecimento, do casamento secreto para ele, do envolvimento da filha no movimento anti-ditadura. E é dura, meus caros, essa história que deixa o leitor também com olhos tristes e molhados, vivendo 40 anos depois (o desaparecimento é em 1974) a angústia latente e a ânsia em ao menos descobrir - tudo o que estas famílias vivem até hoje e o tempo vai apagando da mente de outros.
Apesar de ser o relato de um pai especificamente procurando uma filha, é sim uma lembrança e homenagem a todos que desapareceram nesse período amargo da história brasileira. Os sobreviventes são isso mesmo: ganham uma sobrevida, mas seria viver? Viver morrendo cada dia um pouco, correndo atrás de um corpo que não mais existe para chorar.
K., mesmo sabendo que todas as falsas pistas são apenas jogadas para confundi-lo e machuca-lo, corre atrás de todas elas: um pacote vindo de Portugal, onde claramente a letra não é de sua filha; um telefonema dizendo que "o corpo está em lugar x", uma turista brasileira nos Estados Unidos que diz ter encontrado sua filha e que ela mandou um recado. Nossa esperança, mesmo sabendo que não deve existir, perpassa cada um destes obstáculos junto com o protagonista, e a sua dor é a nossa dor, por todos os que foram e que sofrem hoje com uma cicatriz que não existe.
Na semana em que são datados 50 anos da Ditadura Militar brasileira, encontramo-nos com diversas opiniões sobre, mas vale a mim ressaltar apenas uma: de que ela não existiu. Existem, pois, os corpos dos militantes desaparecidos? Não, realmente eles não existem. Existe, porém, uma dor em todos os diretamente envolvidos no processo: torturados, familiares, amigos, que nunca vão esquecer uma lembrança apagada na mente de outros tantos milhões de brasileiros.
Dor é o que este livro traz. Sentimentos de injustiça, tristeza, compaixão vêm junto. E o coração fica um pouco mais pesado.




site: www.elasleram.blogspot.com
Arsenio Meira 11/05/2014minha estante
Linda resenha, Gabi, para um romance tão triste e tão imenso. A gente não sai dessa experiência (a leitura) ileso. É um pequeno grande exemplar de prosa. Que rasga, e não deixa nada por dizer, e sem ser piegas, é marcante. Abraços


NILTON 06/12/2014minha estante
Gabi,

Parabéns por sua resenha. Sem dúvida: "o coração fica (aliás,sempre ficou) um pouco mais pesado".

Um grande abraço,

Nilton Maia


Paulo Sousa 26/11/2015minha estante
Iniciei hoje a leitura de K, relato de uma busca. Espero me maravilhar com o livro, como vc...




Pedro Sucupira 05/01/2023

2023 LIVRO 2 – K., por Bernardo Kucinski.
Uma história sobre um pai que procura a filha desaparecida durante a ditadura militar no Brasil.

Pesado, intenso e triste. Como o próprio autor nos alerta logo nas primeiras páginas “tudo neste livro é invenção, mas quase tudo aconteceu.”

Já começamos a leitura sabendo do desfecho de morte e tristeza; e será que é possível esperar por um final feliz quando se fala de ditadura militar?

O relato de Jesuína, a empregada de um dos centros de tortura, é de tirar o sono – “Então desci lá embaixo, fui ver. A garagem não tinha janela, e a porta estava trancada com chave e cadeado. Uma porta de madeira. Mas eu olhei por um buraco que eles tinham feito para passar a mangueira de água. Vi uns ganchos de pendurar carne igual nos açougues, vi uma mesa grande e facas igual de açougueiro, serrotes, martelo. É com isso que tenho pesadelos, vejo esse buraco, pedaços de gente. Braços, pernas cortadas. Sangue, muito sangue.”

K. é uma ficção poderosíssima capaz de nos fazer sentir, mesmo que infimamente, os terrores da ditadura militar no Brasil. Nos empatizamos pelos desaparecidos políticos. Nos empatizamos pelos pais e mães de filhos desaparecidos. Nos empatizamos pelos manipulados, enganados e tratados como peões em um jogo de loucura e poder.

Uma narrativa carregada de medo, tristeza, morte, tortura, suspense e terror. Uma leitura obrigatória para jamais nos esquecermos da vergonha histórica que é uma ditadura militar.

#literaturabrasileira #leitura #leituracontemporânea #K. #bkucinski #taglivros #companhiadasletras
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soutatyrs 17/06/2022

Perturbador
Que livro!!! Um livro necessário para que sempre lembremos dos horrores da ditadura!!
Acompanhamos K. , um pai judeu que viveu os horrores da guerra, em busca de sua filha, presa política!
Que possamos sempre lembrar, ler e nunca esquecer dessas vidas q foram ?desaparecidas? !
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alberto 12/01/2012

Um retrato da ditadura
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Esse trecho retirado da bela canção "Pedaço de Mim" de chico Buarque resumo o que é essa obra que trata sobre o sofrimento de um pai em busca de sua filha, vítima da truculência da ditadura militar. Ao ler esse livro, ficamos convencidos da necessidade de acertar as contas com o nosso passado para que os mortos possam descansar em paz sabendo que justiça foi feita para aqueles que pegaram em armas para lutar contra um governo ilegítimo.
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lulu191 19/11/2022

"tudo neste livro é invenção, mas quase tudo aconteceu"
esse livro é impactante. dolorido. os relatos de um pai a procura da filha, desaparecida na ditadura militar. mesmo assim, é extremamente necessário. é um daqueles que muda a visão que voce tem de mundo.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 16/07/2018

?Tudo É Ficção, Mas Tudo Aconteceu.?
Bernardo Kucinski estreou na ficção aos 70 anos. Seu primeiro romance foi lançado por uma pequena editora e em quatro anos, ganhou admiradores e alçou asas: está em sua terceira edição no Brasil e já foi traduzido para vários idiomas. A boa nova é que "K" está entre os dez finalistas do Impac Dublin Award de 2015, considerado um dos mais importantes prêmios literários.

O livro reúne ficção e realidade. O escritor levou exatamente quatro décadas para conseguir por no papel o desaparecimento de sua irmã durante a ditadura militar. Essa foi a maneira que ele encontrou para registrar a angústia de seu pai em busca de respostas sobre o que realmente aconteceu e, sobretudo, sua contribuição para não deixar cair na banalidade ou esquecimento um dos períodos mais truculentos de nossa história.

K, seu protagonista, é um pequeno comerciante que divide sua rotina com o estudo do iídiche, seu idioma natal, e é difícil não associar essa letra com Kafka, o pai do absurdismo na literatura. Ele jamais desconfiou do envolvimento da filha com a militância política clandestina, afinal, Ana Rosa era doutorada em Química e professora da USP cuja rotina não levantava suspeitas.

O livro discute culpa e impunidade e também remete ao Holocausto, a medida que a atmosfera de vigilância no Brasil é semelhante a situação da Alemanha durante o nazismo. Também traça uma crítica ao silêncio da vida acadêmica da época, ao tentar descobrir os motivos que levaram algumas pessoas a colaborar com a ditadura.

Na versão digital há o bônus de dois contos do autor. Abordando interessantes reações após o lançamento de "K", eles merecem toda atenção.
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Bê. 11/12/2022

Retrato de uma das maiores vergonhas da história brasileira
Essa foi uma experiência literária muito difícil de concluir. É muito comum ouvir sobre os horrores que foram institucionalizados durante a ditadura militar, aprendemos sobre isso na escola, vemos algumas discussões sobre a lei de anistia, sobre comissão da verdade, e isso nos desperta certa indignação, mas ao mesmo, para maioria da população parece algo tão distante da realidade.
Essa é uma obra dura, mas cercada de sensibilidade. Dura, porque nos convida a mergulhar nas angústias das vítimas da ditaduras e de seus familiares. Sensível, porque vai além do esperado, não é só uma busca por desaparecidos, são relações interpessoais complexas, com marcas de vivências únicas mas também idênticas a tantas que vivemos ou observamos acontecendo no nosso universo.
Quando o mal em sua forma mais crua é institucionalizado, tornado ?legal? para fins políticos, desce-se a outro nível de desumanização, porque deixa de ser algo individual. Desumanização coletiva, patenteada pelo estado, que apaga seus cidadãos, sem ao menos deixarem corpos para se enterrar. Nada. Não há registro de prisão, indicação do crime cometido, pena aplicada, ou como se deu a morte ou o desaparecimento, só há o nada.
Em dias como os de hoje, quando vemos o clamor de parte de uma população para a volta desses tempos absurdos, esse livro é um tapa na cara necessário. Não apenas pra conscientização sobre o quanto é doentio o que essa parcela de gente esta buscando, mas também para nós despertar para a necessidade de finalmente retiramos as vendas que escondem todos os crimes cometidos pelo estado pela época, para honrar as vítimas e seus familiares com o mínimo do mínimo: a verdade.
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Vini 28/05/2022

Li esse livro em poucas horas e só posso citar Elis para explicar: "Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais".
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Gláucia 27/06/2022

K. - Bernardo Kucinski
Livro do mês de junho/2022 da Tag, indicado pela escritora e médica psiquiatra Natalia Timerman, anteriormente publicado pela finada Cosac.
Gostei muito da forma narrativa, onda cada capítulo tem uma forma: primeira pessoa, epístola, documento, diálogo.
O autor rememora os acontecimentos trágicos do golpe militar centrados no desaparecimento de sua irmã que ele não chegou a conhecer direito, Ana Rosa Kucinski, professora de Biologia da USP, envolvida na luta contra a ditadura militar como membra da ALN. Os acontecimentos são narrados sob o enfoque de seu pai, K. e sua busca incessante e inútil pela filha.
Rápido, didático, sucinto, cruel e doloroso, pra quem ainda não entendeu o que significaram aqueles anos de perda dos direitos básicos.
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