Os Três Estigmas de Palmer Eldritch

Os Três Estigmas de Palmer Eldritch Philip K. Dick




Resenhas - Os Três Estigmas de Palmer Eldritch


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Paulo 14/07/2017

Esta é uma obra que faz duras críticas sociais. O autor é conhecido por fornecer elementos fantásticos e de alta tecnologia para mascarar perguntas simples como: o que é realidade?, o que significa fé?

Barney está tentando encontrar seu lugar no mundo após perder a esposa por sua própria culpa. Leo busca acabar com uma possível concorrência apresentada na forma do misterioso retorno de Palmer Eldritch, um homem que foi explorar os confins da galáxia e entrou em contato com outras civilizações.

Primeiramente é bom salientar a proximidade que esta obra tem de Minority Report (filme baseado em outro conto de Philip K. Dick). O tempo todo o leitor acredita que está lidando com o real até o momento em que o autor dá uma rasteira e lhe mostra as alucinações e sonhos vividos pelos personagens. A droga Chew-Z apresenta uma realidade fluida na qual o leitor se sente inseguro sobre o que está sendo apresentado pelo autor. Frequentemente nos perguntamos durante o desenrolar da história: “Isso está acontecendo mesmo?”. Esta é a mágica de Philip K. Dick que veremos em outros livros de sua extensa produção. Aqui não é o narrador que não é confiável; é a própria ambientação apresentando a falta de confiabilidade.

Questões de fé também são discutidas ao longo da história. Em um primeiro momento os personagens tentam descobrir se Palmer Eldritch retornou como um deus. Isso dado o controle sobre a vida e a morte e a manipulação da realidade exercida por Palmer. Seriam essas qualidades divinas? Palmer Eldritch, através do Chew-Z, consegue perpetuar sua persona a todos os lugares. Barney menciona até o Gênesis, primeiro livro que compõe a Bíblia católica, ao dizer que nos tornaríamos filhos de Eldritch já que possuiríamos fragmentos de sua consciência. Seríamos moldados à imagem e semelhança de Eldritch se os seus planos tivessem êxito.

A fé também é questionada. Barney, sendo um homem prático, vê todos os seus dogmas sendo destruídos progressivamente pela influência do Chew-Z. O personagem não sabe aonde alicerçar sua noção do que é ou não real. Sua noção de ciência também é destruída pelo que Palmer manipula como real. No fim da história Barney conhece Anne que é capaz de realizar uma questão teológica usando os escritos de Paulo de Tarso, um dos apóstolos do Novo Testamento bíblico. Anne faz Barney repensar o seu lugar no mundo. Sendo interpretativo, Anne apresenta uma noção flexível do que pode ser considerado o “divino”. O “divino” é aquilo que fornece força e objetivo para nossas vidas. Não importa de que maneira nós pintemos ou mascaremos essa representação. Só precisa servir como uma influência positiva para nossas vidas.

Os personagens foram muito bem criados e são usados satisfatoriamente na história. Mesmo os colonos de Marte ou a amante de Barney cumprem um objetivo na história. Não são apenas jogados como refugo. O autor cumpre bem o objetivo proposto no início da história: fazer uma crítica social.


site: www.ficcoeshumanas.com
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Barreto 13/03/2022

O que são estigmas, estigmas, estigmas, estigmas...
Sabe um livro que lhe deixa perdido em um looping científico, daqueles refletidos em espelhos que se olham até o infinito?
E você? Já parou para se olhar no espelho hoje? Conversou com sua imagem, e ela lhe indagou sobre a vida?
Saia da monotonia e de suas caixinhas exatas! Venha para esse novo mundo ficcional, enquanto ele não se torna real!
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Maikel.Rosa 11/03/2022

O escritor é um tirano queJunte a experiência religiosa de compartilhar de uma mesma ilusão (Androides sonham com ovelhas elétricas?), a presença de indivíduos capazes de prever o futuro (O relatório minoritário), o determinismo imposto por uma droga à consciência humana (O homem duplo) e o assombro de uma onipresença incompreensível (Ubik), e voilá: temos um romance com o sumo da problemática explorada por PKD!

Em boa parte da leitura fiquei me perguntando por que, com tanta riqueza de camadas, essa história não foi tão unânime quanto as que citei acima, mas acabei entendendo. Além de ter sido escrita antes de quase todas elas e de não ganhar uma versão cinematográfica, é uma obra que traz ideias pras quais Philip ainda precisava de resolução. Ele estava construindo seu próprio universo.

Aliás, essa é uma boa analogia a respeito do personagem cujo nome compõe o título. Palmer Eldritch — a “entidade” Palmer Eldritch — não é um muito diferente do que representa um escritor de ficção. A urgência em se multiplicar como um meme (na concepção original de Richard Dawkins), a capacidade de se fazer presente mesmo depois da morte, a permissão pra controlar destinos e invadir os sonhos das pessoas… são todos desejos latentes de quem constrói seu mundo particular através da literatura.

O escritor é um tirano que nunca se eximirá de sua intenção.

Como Eldritch, tudo o que queremos é perpetuar nossa consciência através do outro, garantir que nossas marcas — os nossos estigmas — garantam que as pessoas se lembrem de que existimos um dia.

Dessa droga acho que, também eu, nunca poderei me abster. nunca se eximirá de sua intenção.
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Claudia 09/02/2022

A condição humana é o ponto que une toda a obra de P.K.Dick. Acabei de ler e ainda estou digerindo o seu significado, tentando entender se gostei ou se apenas estou confusa. Gosto de livros assim pq eles nós acompanham por um bom tempo, me leva a reflexão.
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Camila0831 04/09/2021

Profunda e rica narrativa... ainda que terrivelmente sombria.
Termino a leitura e é natural que mídias como A Origem e A Maldição da Mansão Bly me venham a mente. Mas, ao mesmo tempo, percebo o quão mais profunda e ricamente a narrativa de K. Dick é apresentada. E terrivelmente mais sombria...
Sempre acho uma lástima como um autor tão incrível trabalha personagens femininas de modo tão raso e negativo, esse é provavelmente o único senão que encontro nessa obra. De resto, o livro que inicia com conspirações comerciais e luta de vaidades nos escritórios, ganha dimensões épicas e teológicas terminando por nos fazer questionar a realidade, nós mesmo, o uno e o múltiplo e como uma possível divindade pode vir e interferir em tudo isso. Nada que se diga sobre a obra a esgotaria e, certamente, ela será uma experiência pessoa muito rica dependendo que quem e em que momento de sua vida for lida. Apenas...
Continuo em choque que a maça e a Chew-Z humana continue repercutindo eternamente.
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Men 10/06/2024

Realidade ou Ilusão?
Até agora o livro mais "viajada" que já li do autor. A história lhe transporta para uma confusão entre realidade e ilusão, na qual o leitor pode se perder sobre o que realmente está acontecendo. Mais se engana quem possa achar que isso faz com que o livro seja ruim, muito pelo contrário, a história também aborda temas existênciais e sociais, em futuro bem caótico na terra ocasionando pelo aquecimento global. Enfim, a leitura vale a pena.
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icarosmm 03/05/2013

Drogas!
Drogas! Com toda certeza essa palavra define Os Três Estigmas de Palmer Eldritch. O vício e a vontade de ter uma droga legalizada em qualquer país do mundo é muito bem relatado em forma de agonia, abstinência e desgosto. A má contade em ter um emprego fixo e sustentar seus luxos são bem visíveis aos olhos dos leitores. Pela vontade explicita de personagens querendo assassinar outros personagens, fez-se um deles uma pessoa desiludida com a vida louca e vida medíocre de dizer o que é bom ou não é para o seu trabalho. O governo limpa a barra de uns e destrói a barra de vários. O autor, como sempre, colocando muita coisa do mundo real em seus romances ilícitos deixando pedaços do cotidiano incomodados com a semelhança.

A Terra excessivamente quente lembra um aquecimento global forçando os humanos a colonizarem Marte, mas com condições miseráveis. Por uma droga chamada Can-D, em sua única finalidade, tenta traduzir aqueles que a consomem para uma outra realidade, boa ou não. A concorrência não demora a chegar. Chamada de Chew-Z, a substância é comercializada com o slogan de "Deus promete a vida eterna, nós cumprimos a promessa" e entra na questão de que eternidade seria essa. O controle proporcionado pela droga é quase potente quando a onipresença de Deus para os cristãos, dando a possibilidade de até onipotência e onisciência. De fato, quem a usa torna-se "imortal" para os olhos que quem não a usa. Mas enquanto está no efeito, o usuário sofre com a submissão imposta por um Deus maior no efeito.

Como sempre, Philip K. Dick consegue escrever certo e simples em linhas tortas e diretas. Em momentos diversos, o autor fez parecer sua obra em uma novela, mas obviamente que nem tudo é o que parece, ainda mais referindo-se do K. Dick.
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Almabane 07/08/2013

Braço, mandíbula e olhos.
Philip K. Dick deixa aqui muitos elementos que seriam posteriormente usados em outros livros, como os precogs, as viagens espaciais com exploração de planetas/satélites (principalmente Marte), realidade versus virtualidade, dentre outros.
Gostei muito do livro simplesmente por ele ser sucinto na descrição de cenários e explorar os diálogos (com indagações filosóficas). Gostoso de ler e muito imaginativo.
O lance dos três estigmas é legal, fincando com estilo impressões a serem sempre lembradas ou citadas em obras diversas.
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Paula1735 27/04/2021

"Deus promete a vida eterna. Nós cumprimos a promessa."
Fiquei perdida no começo, mas não demorei a me ambientar na realidade criada pelo autor: um futuro onde o sol é tão quente que torra os seres humanos e algumas pessoas são enviadas para colonizar planetas frios, inóspitos e solitários, como Marte.
Nesses planetas, há somente uma porta de escape da depressão: a droga de tradução Can-D, traficada por um monopólio e encoberta pela própria ONU. As coisas mudam quando Palmer Eldritch retorna de uma longa viagem e trás, com ele, a ameaça de uma nova droga, infinitamente mais potente que a primeira: a Chew-Z.
Esse livro é espetacular, mas exige atenção do leitor. Dick não se preocupa em mostrar todos os passos dados pelos personagens, e isso é ótimo porque não deixa a história enfadonha.
Com certeza é um dos melhores enredos que já li, com personagens consistentes e humanos. Poucos livros me trazem essa sensação de "preciso ler isso de novo algum dia" e esse é um deles. É uma pena que o autor não tenha sido reconhecido em vida, pois deveria e muito.
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Mateus 08/03/2021

A sensação que eu tive enquanto lia, é que o PKD escreveu isso como uma forma de treinamento, pois a sua principal característica, que é a paranóia em relação à realidade, está bem presente, mas é algo cru e que necessita de um desenvolvimento.

O Homem Duplo/Um Reflexo na Escuridão possui um conceito semelhante, porém a sua execução é bem melhor (obs: saiu 12 anos depois).
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Durães 10/10/2020

Difícil definir
Eu adoro os livros do Philip K. Dick, ficção científica de primeira. A leitura é muito rápida e fluida. Como sempre, o tema é muito atual (parte da humanidade precisou emigrar para outros planetas por causa do aumento da temperatura da Terra) e propõe um questionamento interessante. Mas o debate filosófico neste livro me deixou confuso na maior parte do tempo. Não sei se foi intencional a confusão, mas me senti perdido.
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Luiz Miranda 15/04/2018

Bad Trip
Um mestre em momento inspirado. Os 3 Estigmas de Palmer Eldritch é ambicioso e bizarro. Não espere uma história convencional: trata das consequências da chegada de uma nova droga ao sistema solar. A medida que a droga é experimentada pelos personagens, a percepção do que é real entra em parafuso.

"Deus promete a vida eterna; nós cumprimos a promessa". É o slogan da tal nova droga, Chew-Z.

PKD derruba as paredes da realidade e não dá trégua ao leitor, que se desdobra pra separar o que é real da ilusão. Não é um livro polido, perfeito: soluções simplórias e diálogos apressados também dão as caras aqui, só não conseguem tirar o brilho deste intrigante e admirável voo de imaginação. Merece sua atenção.
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