Todos os belos cavalos

Todos os belos cavalos Cormac McCarthy




Resenhas - Todos os belos cavalos


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Fabio 13/07/2010

Às vezes sou meio atrasado. Quando conheci Cormac McCarthy pensei estar descobrindo a roda, mas uma rápida pesquisa na internet me mostra que ele já não é nenhuma novidade. Me faltava até a informação de que ele era o autor do livro que gerou o Oscar de "Onde os fracos não tem vez". Mas falemos de "Todos os belos cavalos".

Ao terminar este livro me alegrou o fato de não ter gostado apenas por ser um romance ao estilo faroeste, impressão que tive quando o peguei. Sim, estão lá todos os elementos do western: a violência crua, o senso de justiça individual (um pouco diferente da justiça coletiva), tão afeita aos "cowboys" do velho-oeste.
Comecemos pelos contras para chegar aos prós: John Grady Cole é um protagonista clássico. Daqueles que logo de cara nos identificamos e defendemos. A história também possui uma narrativa clássica, numa terceira pessoa que tudo sabe e tudo vê. O panorama que se desenha para um livro "normal", no entanto, é quebrado por dois fatores que relativizam isso: a história em si e a narrativa. A riqueza de detalhes geográficos, a naturalidade de construir ambientes inóspitos e fascinantes torna o livro, do ponto de vista panorâmico, ótimo. Quanto ao estilo da escrita, o autor mostra uma segurança invejável. Não há absolutamente nada que falte e quase nada que sobre (para não ser só elogios, o começo é meio arrastado e a parte da vingança é longa demais). O clima é seco, o personagem é seco, a escrita é seca. Violenta, visceral.

"Todos os belos cavalos" é sim um livro para se ler mastigando cada diálogo, cada paisagem, ou decisão tomada. Aliás, talvez em alguns pontos seja difícil conceber a idade do protagonista. Acredito que o autor colocou-o com dezesseis anos para justificar certo tipo de rebeldia, mas em certos momentos tais atitudes não condizem senão com um adulto. Acho que a intenção é justamente essa, o amadurecimento precoce no lombo de um cavalo. A descoberta da responsabilidade, da amizade, da vocação, da responsabilidade, do amor, da vingança, do sangue, das armas. Talvez seja justamente essa a característica do livro que mais me chamou a atenção: um homem duro, amargo pela vida, mas que acima de tudo age sempre em nome da amizade, sincera e crua, e de uma paixão, igualmente honesta. Todos os atos de vingança, violência, ou truculência de sua parte são, como na física, uma reação apenas. Uma forma de resistência e sobrevivência.
Esse livro me fez querer ler todas as outras obras do autor. Como de costume, colo aqui um trecho. Um diálogo entre John Grady e seu melhor amigo, Rawlins. Ele não usa travessões:

"Rawlins balançou a cabeça., Eu podia fugir de onde me botaram. Era só uma enfermaria de hospital.
Por que não fugiu?
Por que você não?
Não sei. Você me acha burro por não ter fugido?
Não sei. É. Talvez.
Que teria feito você?
Não ia deixar você.
Isso não quer dizer que não seja burrice.
Rawlins quase sorriu, depois desviou o olhar.
Tinha outro cara lá, disse Rawlins. Todo retalhado. Na certa não era um cara mau. Saiu sábado à noite com uns dólares no bolso. Pesos. Patético pra caralho.
Que aconteceu com ele?
Morreu. Quando levaram ele de lá eu pensei como teria parecido estranho a ele se pudesse ver. A mim me pareceu e nem era eu. Morrer não está nos planos das pessoas, está?
Não.
Ele balançou a cabeça. Botaram sangue mexicano em mim, disse.
Ergueu o olhar. John Grady acendia um cigarro. Sacudiu o fósforo e o pôs no cinzeiro e olhou para Rawlins.
E daí?
Daí que quer dizer isso? Perguntou Rawlins.
Dizer o quê?
Bem, quer dizer que sou mexicano?
John Grady tragou o cigarro e recostou-se e soprou a fumaça no ar. Meio mexicano? perguntou.
É.
Quanto eles botaram?
Disseram que mais de um litro.
Quanto mais?
Não sei.
Bem, um litro já torna você quase um mestiço.
Rawlins o olhou. Não torna, torna? Perguntou. Não. Diabos, não quer dizer nada. Sangue é sangue. Não sabe de onde veio.
O garçom trouxe os bifes. Eles comeram. Ele observava Rawlins. Rawlins ergueu o olhar.
Quê? Perguntou.
Nada.
Você devia estar mais feliz por se ver fora daquele lugar.
Eu estava pensando a mesma coisa sobre você.
Rawlins balançou a cabeça. É, disse.
Que vai fazer?
Ir pra casa.
Tudo bem.
Comeram.
Você vai voltar lá, não vai? Perguntou Rawlins.
Vou. Acho que vou.
Por causa da moça?
É.
E os cavalos?
A moça e os cavalos."

p. 191-193.
Giliade 13/07/2010minha estante
Não é nenhuma novidade o fato de você ter gostado tanto da obra, afinal, a nota por si só já justificava isso. No entanto, eu percebo que no decorrer da narrativa você foi se envolvendo a tal ponto, que cada descrição passou a significar a sua própria vida. Melhor que essa, só as outras que virão. Parabéns pela resenha!
Em todo caso, antes tarde do que nunca!*

*Em relação à descoberta tardia do senhor oestino Cormac Mccarthy.




Fabio 13/07/2010minha estante
Valeu cara. Por sinal devo a você, que me emprestou o livro, a descoberta dele, hehe.


jota 12/04/2011minha estante
Pois é, Fábio. Comecei com Todos os Belos Cavalos, depois Meridiano Sangrento, em seguida A Travessia (fabuloso) e agora espero ler A Estrada (vi o filme, muito bom, e sei que vou gostar do livro). Até.


Ricardo Rocha 13/03/2016minha estante
a gente tá inventando a roda, essa é a verdade =)


Bueno 07/02/2017minha estante
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Aguinaldo 02/02/2011

Todos os belos cavalos
Descobri noutro dia que don Ronái e eu lemos quase simulteneamente "A estrada", de Cormac McCarthy, que já resenhei aqui. Os livros sabem sim proporcionar bons encontros e conversas. Dividimos um café animados e discutimos sobre o quão opressivo e verossímel é o livro. Depois falei com entusiasmo do outro único livro que havia lido de McCarthy, ainda em meados dos anos 1990. Como "Todos os belos cavalos" é o primeiro volume de uma trilogia (da qual não li os dois volumes restantes) resolvi relê-lo agora. Difícil não se apaixonar pelo estilo de McCarthy. Ele usa uma pontuação muito particular para construir os diálogos e isto dá uma vivacidade especial ao texto. O tom é contido, seco, mas com isto acompanhamos a história como se ouvíssemos mesmo os personagens. O enredo da história se concentra no nordeste mexicano, perto da fronteira com o Texas, uma região muito dura, onde os elementos e os animais selvagens apenas toleram a presença do homem. Achei um mapa e acompanhei a história com ele. Isto foi muito útil. Descobri também que esta região tem um passado geológico muito rico e uma diversidade de espécies, em lagos e rios, particularmente distinta. Bom, vamos a história. John Cole, um rapaz de seus dezessete anos vive o que acredita ser uma idílica vida no campo. Mas trata-se de um mundo condenado à transformação (o texto se passa em 1950, a vida de vaqueiro já é um anacronismo). Com a morte do avô (último membro de uma família com várias gerações de criadores de cavalos) e a separação dos pais a grande fazenda é vendida, impedindo que ele continue fazendo a única coisa que ama: domar e criar cavalos. Cole e um amigo/primo, Rawlins, decidem fugir juntos. Assim, dois garotos montados em seus cavalos entram no México, encontram um terceiro jovem, Blevins, sem dinheiro ou comida que se junta a eles. Este novo garoto é provavelmente um ladrão de cavalos, mas os dois amigos decidem acolhê-lo mesmo assim. Ao passarem por uma cidade este terceiro garoto se mete em uma confusão dos diabos e perde seu cavalo, separando-se dos dois amigos, que continuam sua jornada. Em função de suas habilidades em domar cavalos são admitidos em uma grande fazenda mexicana, por um "hacendado". Este tem uma jovem filha, Alejandra, que vez por outra vem da cidade do México visitá-lo e o romance entre o jovem rapaz e esta menina é inevitável. Como em toda narrativa que tenha a pretensão de épica após a ascenção segue-se a queda. O pai da garota os denuncia à polícia mexicana, que os prende, sem perspectiva de julgamento ou denúncia formal. No meio do caminho eles reencontram Blevins, o garoto que os acompanhou, igualmente preso, mas com o agravante que ele matou duas pessoas para recuperar seu cavalo perdido. O capitão mata Blevins e abandona os dois amigos, Cole e Rawlins, em uma prisão. Lá eles têm de brigar muito para sobreviver e eventualmente Cole mata um homem, ficando bastante ferido. Como em um passe de mágica após se recuperar ele é solto da cadeia, junto com Rawlins. Ficamos sabendo que a avó da garota, matriarca sofisticada da família do hacendado, pagou por sua liberdade. Cole tem uma longa conversa com esta avó, e aí ficamos sabendo um tanto da desgraçada história do México, sua sucessão particular de déspotas e sanguinários governantes. Rawlins volta aos Estados Unidos e Cole decide reencontrar Alejandra. Ela prometera a avó jamais revê-lo e após um final de semana juntos ela volta à cidade do México, abandonando-o definitivamente. Cole decide recuperar seus cavalos (roubados dele e de Rawlins quando foram presos). Para isto primeiro ataca o capitão que o prendeu e através dele localiza os sujeitos que estão com seus cavalos. Após um embate realmente vibrante, mesmo bastante ferido, consegue recuperar seus cavalos. Um grupo de mexicanos o ajuda e leva o capitão preso, como um prêmio, para um destino incerto. Cole volta para os Estados Unidos. É preso como ladrão de cavalos, mas em juízo convence um velho juíz da veracidade de sua mirabolante história, mostrando todos seus ferimentos e cicatrizes. Libertado, mesmo procurando muito não consegue descobrir de quem é o cavalo roubado pelo garoto Blevins. Volta com os cavalos para sua cidade natal e descobre que seu pai já é morto. Sua avó de criação, uma mexicana de origem indígena, também morre. Devolve o cavalo de Rawlins. A história termina com as intensas reflexões sobre o destino, o deserto, a força dos cavalos e a vida. Este é mesmo um livro poderoso, um romance de formação típico, onde um sujeito aprende algo de si mesmo, amadurece, que se transforma duramente em um curto mas intenso período de tempo. O mundo encantador dos filmes de Hollywood não existe neste belo livro. A geografia, os hábitos das pessoas e dos animais, a natureza, tudo é descrito de uma forma incrível neste livro. É mesmo tempo de continuar por esta curiosa triologia. [início 23/03/2010 - fim 28/03/2010]
"Todos os belos cavalos", Cormac McCarthy, tradução de Marcos Santarrita, editora Companhia das Letras, 1a. edição (1993), brochura 14x21 cm, 272 págs. ISBN: 85-7164-341-5
Alanis 30/01/2024minha estante
Que spoiler!!!!
Comecei a ler o livro e acredite, já desanimei em continuar a lê-lo - o bom de quando se lê um livro é não saber nada, ou muito pouco daquilo que irá encontrar pelo percurso de leitura...
Já perdi o tesão e para se ler Cormac McCarthy, uma boa dose de tesão se faz necessária, pois é um escritor atípico que não agrada a todos os paladares...rsrs
Li dele O Passageiro que tem uma outra abordagem e é um soco no estômago.
Sou fã das suas resenhas, mas essa me decepcionou e me irritou ...rsrs




Eduardo 08/12/2010

primeiro volume de uma trilogia. o segundo é "a travessia"
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Rodrigo 18/12/2012

Não é a toa que dizem que Cormac é o herdeiro da prosa de William Faulkner.
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Ricardo Rocha 11/04/2017


Cormac deixou sua marca na literatura. Conseguiu a difícil proeza de ser Cult e comercial e acho que isso em muito se deve a seu estilo minimalista que transgride todas as normas porém com a virtude de não fazê-lo por alguma espécie de capricho porém com um fim bem claro antes o estilo servindo a uma força narrativa que se evidencia com a retirada de travessões e vírgulas. Pode parecer pouco mas faz um efeito Essa é sua maior virtude e também seu problema maior porque muitas vezes ele parece refém desse estilo; não coloca uma vírgula ou travessão onde poderia perfeitamente haver, para clareza e sem prejuízo da narrativa. Mas termina por não prejudicar o todo. Outra questão que eu poderia colocar são as histórias. Violência detalhada e amor apenas sugerido, por exemplo. Nove fora porém Todos os belos cavalos é um livro muito acima da média


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Lopes 17/11/2017

Os belos cavalos que somem
“Todos os belos cavalos”, eis um belo e potente nome para um livro tão íntimo e peculiar, que provoca sensações perturbadoras, mas acalanta nosso ser ávido por uma arte mirabolantemente simples. Cuidar e domar cavalos, um animal dócil, que experimenta nas personagens um vislumbre, seja no sentido de poder, ou na rápida sensação de olhar as paisagens intactas que os afogam em secas miríades. É a fronteira espiritual, material e de espaço que o autor encrava o enredo da obra, faz surgir uma trajetória cunhada na esperança de se encontrar, dentre diversas aventuras violentas – as únicas possíveis, ali – e do condicionamento das relações que atormentam de forma exponencial. A melancolia brota na palavra que compartilha o título da obra - belos -, é através deste adjetivo que se encontra a fronteira mais branda e completa. O belo é a solidão do que se perde em todos os instantes pelo que sente e não existe materialmente, e mesmo assim buscamos e achamos em nossos silêncios. É o pessoal, construído com a unicidade de todas as turbulências que essa beleza melancólica pode ser sentida. Essa intimidade mútua revela um exterior paisagístico incrível – mais trabalhada em “Meridiano de sangue” -, que nos deixa perplexos ao nos distrairmos pelo que o espaço relativiza, é como se essas paisagens se soltassem do enredo, criando uma nova dimensão, que excede a linguagem e leitor, extraindo um sabor arenoso e cuidadosamente macio e ainda sim cruel.
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Paulo Sousa 14/05/2018

Todos os belos cavalos, de Cormac McCarthy
Livro lido 4°/Mai//26°/2018
Título: Todos os belos cavalos
Título original: All the pretty horses
Autor: Cormac McCarthy (EUA)
Tradução: Marcos Santarrita
Editora: @editoraalfaguara
Ano de lançamento: 1992
Ano desta edição: 2017
Páginas: 270
Classificação: ????????
_______________________________________________
"Dentro do arco das costelas entre suas pernas o negro coração pulsava segundo a vontade de quem e o sangue latejava e as entranhas se mexiam em suas maciças circunvoluções azuis segundo a vontade de quem e os fortes ossos das coxas e joelhos e canelas e os tendões parecendo amarraa de linho que puxavam e dobravam e puxavam e dobravam suas articulações segundo a vontade de quem envolta e abafada na carne e nos cascos que abriam rombos na neblina rasteira da manhã e na cabeça virando de um lado para outro e no grande teclado escravizante dos dentes e nos globos quentes dos olhos onde o mundo ardia" (Posição no Kindle 2348/42%).
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Todos os belos cavalos, do escritor americano Cormac McCarthy, pode ser considerado uma obra prima. Ambietado na fronteira entre o Texas e o México, narra a história de John Grady Cole, que parte a cavalo com seu amigo e companheiro Lacey Rawlins para o território mexicano na metade do século, em busca de algo que o compense de duas grandes perdas: a desagregação familiar e a derrocada de seu ideal de tornar-se rancheiro como seus antepassados. Exímio cavaleiro, ele se vê domando potros selvagens numa hacienda mexicana, perdidamente apaixonado por Alejandra, filha do proprietário e lançado numa aventura sangrenta em que só os mais fortes sobrevivem.
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A vigorosa prosa de McCarthy eu já tinha experimentado em outro romance seu, "Onde os velhos não têm vez", igualmente excelente, mas bem mais sangrento e que trouxe de volta o gosto pelos romances western. Mas, diferente do anterior, "Todos os belos cavalos" vai ainda mais além, tanto na beleza em si, na construção de personagens fortes, cuja sabedoria adquirida com o trato com a terra e os animais não deixa de trazer profundas reflexões sobre a vida. O leitor como que fica encantado com a ligação entre homem e cavalo, numa harmoniosa co-existência.
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Todos Os Belos Cavalos é o primeiro volume da Trilogia da Fronteira, formada ainda pelos "A travessia" e "Cidades das planícies". Nesse primeiro volume são tratados temas como o desencanto com o sonho americano, a busca pela sobrevivência, a descoberta do amor e o amadurecimento de um homem, tudo isso tendo como pano de fundo a natureza selvagem na sua mais pura rusticidade.
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É um livro perfeito. Aquela agilidade nas frases que quem já leu algum livro do McCarthy saberá a que me refiro. Repleto de passagens que merecem ser destacadas, tamanha a sua beleza marcada pela dor, pelo desespero, pela resignação e pelo apreço àqueles que vão promovendo tanto encanto como são os cavalos.
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"Cavalgou com o sol acobreando-lhe o rosto e o vento rubro soprando do oeste a terra noturna e os passarinhos do deserto voavam chilreando entre as samambaias secas e cavalo e cavaleiro e cavalo seguiam em frente e suas longas sombras passavam engatadas como a sombra de um único ser. Passavam e empalideciam na terra a escurecer, no mundo a vir" (Posição no Kindle 5465/98%).
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Biblioteca Álvaro Guerra 25/09/2018

Todos os Belos Cavalos é o primeiro volume de uma trilogia chamada “The Border Trilogy”, ou a Trilogia da Fronteira. São romances ambientados na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Seguem a esse o A Travessia (também esgotadão na editora, nem adianta chorar) e Cidades da Planície (talvez esse ainda tenha alguma coisa), os quais certamente estão entre as minhas próximas leituras, todos devidamente providenciados. Por hora, posso falar do primeiro. O livro conta a história de um sujeito chamado John Grady Cole, que veio de uma família de fazendeiros do Texas e cujo sonho maior é… tchanam! Ser fazendeiro. Mas justo quando chega a vez dele de assumir, o avô morre e o resto da família acha por bem vender a droga da fazenda que nunca deu dinheiro mesmo. Ele luta com isso o quanto pode, mas quando vê que não tá dando pé pra ele, resolve pegar um cavalo junto com o primo, de sobrenome Rawlins, e partir pro México, sem nenhum plano muito mais elaborado na cabeça. E aí ele chega numa fazenda mexicana, resolve domar os potros selvagens, se apaixona pela filha do hacendado e se mete em altas confusões, ao estilo faroeste cabôco do McCarthy. Seus personagens são todos sábios taciturnos, ninguém fica desfiando muitas teorias e ninguém vacila com os sentimentos na frente de ninguém. Onde os fracos não tem vez.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788556520463
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Ernani.Maciel 06/03/2019

Um livro indefinido.
Nada senti; apenas li. Gosto - enquanto leio - que o livro, de alguma maneira, me enleve, incomode ou provoque.
Maravilho-me quando vejo-me em um determinado personagem, parcial ou totalmente, ou mesmo quando sinto repulsa por outro, nojo, raiva etc. Em suma, quando o livro desperta meus sentimentos - às vezes adormecidos.

A história tampouco é empolgante, narra as desventuras de dois amigos - que se esbarram em pessoas que serão determinantes no futuro para ambos -, que saíram de casa por motivos que não são explicitados claramente, fazem uma longa e extenuante viagem e um deles tem uma curta e acelerada história de amor.

A linguagem também decepcionou, McCarthy ignorou a vírgula em momentos em que ela deveria, imprescindivelmente, ser utilizada.

Não pretendo ler a continuação, tendo em vista que trata-se de uma trilogia.
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Adriano 06/02/2020

Que livro! Que prosa!
Vontade de ler "Onde os velhos não tem vez" e "Meridiano de sangue" .
Não é tão que ele é considerado um dos principais escritores norte americanos do romance pós moderno.
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Lucas Lira 14/02/2020

Amadurecimento, pureza, crueldade e beleza. Segundo livro que leio do autor e que fico extasiado com a sua escrita. Parece difícil no meio dos livros um escritor conseguir casar dois estilos tão distintos, que são a crueza da narrativa e a beleza do texto (principalmente em forma de diálogos), mas com certeza não é difícil para o Cormac McCarthy. Com personagens principais que normalmente preservam o ar de “bom cowboy”, aquele homem ligado à natureza, honrado, e com uma inteligência profunda de como as coisas estão ligadas fora do mundo urbano. As descrições iniciais são detalhadas e secas, assim como o próprio ambiente descrito, as conversas entre os personagens se destacam como uma ferramenta importante e essencial no desenvolvimento dos mesmos (e que diálogos!). Esse livro conta a história de um jovem chamado John Grady Cole que sai da sua terra natal no Texas, onde já não pode nem mesmo chamar de lar, em busca de encontrar o seu lugar no mundo atravessando a fronteira para o México. O livro se desenvolve rapidamente e logo fiquei preso à trama e apegado aos personagens que são interessantíssimos, com camadas tão bem exploradas nos diálogos, que ao contrário da narrativa seca e crua, são poéticos e cheios de uma simplicidade tocante. Em minha opinião Cormac McCarthy é um dos melhores escritores que já tive a oportunidade de ler, dono de uma literatura tão bela que aos meus olhos parece um mar de rosas vivas e brilhantes em meio ao deserto seco e árido.
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Juliano.Ramos 30/03/2020

O melhor livro que li em 2020, uma história simples mas densa, tudo é medido para não cair em extremos, personagens complexos e diálogos inteligente. Nota 10.
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Emanuel.Silva 07/07/2020

Yeah, I'm gonna take my horse to the old town road
Dizem, que o homem que não conhece o lugar de onde veio, está eternamento fadado a não saber para aonde ir.

Neste belíssimo romance de McCarthy, temos John Grandy, jovem rancheiro, partindo de sua cidade natal do Texas, rumo ao México. O motivo é que a fazenda onde passou toda a sua infância e adolescência será vendida, pois, com a morte do avô (proprietário), sua mãe (filha que ficou com o direito ao terreno) pretende vender tudo.

Esta decisão vai contra todas as vontades de John, que sempre sonhou em manter-se na sua terra, vivendo a vida que seu avô contou ter tido, se deparando com esta impossibilidade, parte à cavalo acompanhado de seu amigo Rowlins. Os dois iniciam a aventura e vão para o México, trabalham em uma fazenda de um ricaço, correm perigo, domam cavalos, bebem, conhecem outras pessoas e mundos completamente diferentes, não vou me alongar.

Todos os belos cavalos é um livro sobre a transformação, sobre a passagem para a vida adulta, vemos John Grandy saindo como um jovem até que rebelde, impossibilitado de viver o sonho que tanto quer, acompanhamos seu primeiro amor, seus primeiros conflitos, suas falhas e suas angustias. Tudo em busca da vida que ele sempre pensou que deveria ter, como um rancheiro, tomando conta de uma fazenda e por ai vai.

Acontece que a vida é cheia de muralhas, são tantas as pedras no caminho e John Grandy vai lidando com todas essas impossibilidades, para regressar ao Texas, não melhor, nem pior, mas diferente, mudado, em movimento.

Nosso impossível herói pensava conhecer o lugar de onde veio, e consequentemente para aonde queria ir, entretanto o mundo a vir é sempre diferente e o mundo do agora é sempre, impossibilitado, inconstante, e por isso nos restam os cavalos, "que tinham coração ardente e sempre seria assim e nunca de outro jeito."pg. 8
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Cristiano.Vituri 17/10/2020

O sacrifício, a honra e o não pertencimento...
John Grady Cole (16 anos) + Lacey Rawlings ( 17 anos) adoram cavalos, década de 50 em San Angelo, Texas, vão realizar uma epopeia pra de lado maluca/triste/fatídica.

Objetivo: Atravessar a fronteira em direção ao México, cavalgar pelo deserto e trabalhar em algum lugar.

Encontram outro norte-americano: Jimmy Blevins (14 anos) durante a cavalgada, destinos que se cruzam, em território hostil, México de pistoleiros, de cavalos arredios e tempo ruim. Durante todo o livro, os personagens SEMPRE vão contra as dificuldades - ELES NUNCA RECUAM - seus destinos parecem escritos há milênios, e entendendo isso, SEGUEM.

Há mortes! Há amores.
Alejandra encontra John. Cormac McCarthy descreve geograficamente o México ( fui no google earth, e estão lá todos os locais!) e descreve também uma parte da história mexicana! Revoluções, traições, famílias arrasadas.

"Os laços mais estreitos que algum dia conheceremos são laços de sofrimento". A mais profunda comunidade é a da dor" Pág. 224.

Presos, John e Rawlings conhecerão e aceitarão suas penas da forma mais dura. Briga de faca, sequestro, tiroteio e uma fuga espetacular...Mas e os CAVALOS?? A exemplo dos personagens de William Faulkner, aqui também tem tanto cabeça dura que sim!

Ele volta pelos cavalos! pela honra? pelo destino?





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