Minha Velha Estante 24/05/2018Resenha da Adriana MedeirosO futuro é incerto de uma forma ao mesmo tempo assustadora e maravilhosa...”
“Tudo Pode Mudar” conta a história de Zack, Zachary King, 32 anos e com a vida aparentemente a seu favor, sem grandes emoções e meticulosamente controlada. Não gosta do seu trabalho mas ele lhe garante um salário fixo e certa estabilidade; é noivo de uma mulher fantástica que ele não ama, mas lhe proporciona um relacionamento estável; mora no apartamento de luxo de um amigo rico, o que lhe confere um endereço de status e um carro chique quase sempre à sua disposição. O que lhe falta???
Zack descobre que ‘Tudo Pode Mudar’ quando, numa manhã, ele encontra sangue em sua urina. O seu médico aconselha uma investigação mais profunda do problema. Acreditando ter um câncer, Zack passa a reavaliar toda a sua vida dando-se conta o quanto ele deixou para trás, o quanto ele deixou de viver em nome da estabilidade.
Durante esse crise existencial, Hope, sua noiva, viaja a trabalho, o que faz com que Zack se aproxime muito de Tâmara, a viúva do seu melhor amigo, o que faz vir à tona um amor reprimido a muito tempo. Ah, e como se a vida de Zack já não estivesse tumultuada o suficiente, Norm, seu pai, reaparece 20 anos depois que se separou de sua mãe após se flagrado na cama do casal com outra mulher, tentando recuperar o tempo perdido.
“Se eu pudesse dizer a verdade, diria que estou procurando defeitos. Porque é isso que você faz quando está apaixonado por alguém por quem não quer se apaixonar.”
Ponto para a delicadeza como o autor trata de temas tão delicados como traição, medo, solidão, rejeição, exclusão e inclusão.
Os personagens são bem construídos e cada um deles tem um papel de peso dentro da história, difícil eleger um coadjuvante. Apesar disso não simpatizei muito com o Norm e o seu problema com o Viagra, que o faz estar sempre tendo uma ereção nas horas mais inapropriadas, achei desnecessário e nada engraçado.
Descobri que o livro é considerado um lad lit, versão masculina do chick-lit, livros com narradores homens, na maioria escrito por homens e que trazem pensamentos e comportamento dos homens.
“Eu diria... Que estou tão apaixonado por ela que não posso respirar e que isso se transformou na única cor em meu universo, um vermelho sangue, deixando todo o resto, objetos e pessoas, em preto e branco, e que eu não quero viver em preto e branco...
Falaria para ela que a amo do fundo da minha alma, que ela responde a anseios que eu nem sabia que existiam em mim.”
É um livro que te leva das lágrimas ao riso em poucas páginas. Um livro que fala sobre a coragem de recomeçar, mesmo que não seja fácil, de arriscar trocar todo um sistema de coisas e sentimentos estáveis e arrumadinhos pelo sabor da vida real e cheia de surpresas.
Jonathan Tropper, autor de “Tudo Pode Mudar”, lançado no Brasil pela editora Arqueiro, já escreveu outros cinco romances, entre eles Como falar com um viúvo e Plano B. Eu, que não havia lido nada do autor ainda, fiquei completamente encantada e surpresa com a narrativa de Tropper, que, além de emocionar sutilmente, é também extremamente irreverente e inteligente.
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http://www.minhavelhaestante.com.br/2013/12/resenha-da-drica-tudo-pode-mudar.html