Barbara.Luiza 24/06/2021Luís Alexandre Velasco naufraga no mar do Caribe em 1955, passa dez dias em alto mar disputando com tubarões e gaivotas a pouca comida, chega em terra firme e se consagra herói.
Essa história foi publicada em 14 folhetins no El Espectador, Gabriel Garcia Marquez era ainda um jornalista desconhecido que abriu mão da assinatura dos textos, fazendo deles assim mais críveis: era o próprio náufrago que contava sua história.
O relato ganhou fãs e caiu no esquecimento, os minutos de fama um náufrago foram com certeza muito mais rápidos do que o sofrimento ao mar.
Alguns anos e um Prêmio depois esse texto ganha novo título, nova publicação e nova autoria: a do Nobel Garcia Marquez.
Apesar de, dentre as três obras lidas para o projeto e já resenhadas aqui, ser o livro menos claramente político, tudo acontece por causa de um contrabando ilegal de mercadoria que causa muitas mortes e o governo ditatorial colombiano tenta empurrar para debaixo do tapete. É mais uma disputa de narrativa entre Gabo e a mídia hegemônica.
Com todas as características que ainda viriam a se consagrar como suas o autor costura esse relato com momentos otimismo, religião e a mágica que só acontece abaixo da linha do equador.
É uma leitura fluida, com todas as características de um folhetim: ganchos nos fins de capítulo e foreshadows que nos instigam a seguir lendo até o final. Além de cenas divertidíssimas que nos fazem esquecer, mesmo que só por um instante, o horror que aguarda em terra firme: um governo autoritário que não se importa com a vida do povo.
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