edineideo 01/04/2021
As Paredes têm ouvidos
Livro: O Adversário Secreto
Título Original: The Secret Adversary
Autora: Agatha Christie
1ª Edição, Editora Globo, 2014, 380 páginas.
Literatura: Inglesa, Gênero: Ficção Policial
Publicado em 1922, esse é o 2º romance de Agatha Christie, por ordem cronológica.
Diferente do experiente detetive belga, Hercule Poirot, apresentado no livro “O Misterioso Caso de Styles” (pub. em 1920), nesta obra somos apresentados à duplinha de investigadores Tommy (Thomas Beresford) e Tuppence (Prudence Cowley ).
“Ele é lento para resolver problemas, e quando enfia algo na cabeça, não arreda o pé e nunca muda de opinião. A moça é bem diferente. Mais intuição e menos bom senso. Juntos, formam um belo par trabalhando juntos. Cadência e vigor.” P. 303
“...só se arrisca a emitir uma opinião quando está muito seguro.” P. 303
Amigos de infância, Jovens, inexperientes, sem dinheiro, corajosos, inteligentes, ambiciosos... e um mistério para desvendar. Onde foi parar Jane Finn e o pequeno pacote de oleado?
Os “Jovens Aventureiros LTDA.” são contratados por Mr. Carter e “as aventuras começaram.” P. 48
“Precisa-se de qualquer informação a respeito de Jane Finn. Encaminhar correspondência à J. A.” P. 66
Tudo começou em 07 de maio de 1915, quando O Lusitania foi atingido por dois torpedos. Por causa do “mulheres e crianças primeiro”, documentos sigilosos e muito importantes foram parar nas mãos de Jane Finn.
“Sou senhor do meu próprio tempo.” P. 45
Contendo a minuta/tratado de um acordo secreto, redigido nos Estados Unidos, despachado para a Inglaterra através do jovem emissário especial Danvers, deveria ser entregue ao embaixador norte-americano. A missão foi dada, mas será que foi cumprida?
“O amanhã estava pleno de possibilidade.” P. 49
“Essa é a parte curiosa de dizer a verdade. Ninguém acredita.” P. 60
Narrativa bastante fluida, um misto de aventura, mistério e drama, ambientada em Londres, com protagonistas carismáticos e personagens bem construídos. Foi divertido ir descobrindo as pistas, recebendo alguns spoilers e também ir quebrando a cara junto com Tommy e Tuppence.
“Acredito na sorte, sabem, sempre acreditei...” P. 72
“Toda revolução tem seus homens honestos. Depois eles são logo descartados.” P. 119
Sim, Agatha conseguiu me enganar mesmo tendo apenas 2 suspeitos de ser mr. Brown: Julius P. Hersheimmer (primo de Jane Finn) e James Peel Edgerton (famoso advogado, conselheiro do rei para assuntos de Justiça, passatempo criminologia). É incrível a capacidade de fazer o leitor de gato e sapato.
“Um de nós é mr. Brown, mas quem?” P. 104
“É capaz de descobrir um criminoso pelo cheiro.” P. 142
Achei interessante que, na página 89, Agatha faz referência ao cartão de visita do Inspetor Japp do Departamento de Investigações Criminais – DIC (Scotland Yard), que apareceu no livro “O Misterioso Caso de Styles”, porém foi apenas essa parte e no final do livro, com a entrega da surrada caderneta de capa marrom.
“A má fama do tipo certo é o melhor meio de desarmar as suspeitas.” P. 141
“Às vezes uma mudança não faz mal a ninguém.” P. 146
Em uma sequência de pistas falsas, armadilhas, cativeiro e sequestros, vamos sendo levados de um lado para o outro.
“Já reparei que quando as coincidências começam a acontecer elas continuam acontecendo da maneira mais extraordinária.” P. 93
“Mansão dos Mortos... esta frase é boa, possui um sabor evidentemente literário.” P. 98
Porém, tenho uma pergunta que não quer calar... quando Tommy recuperou os sapatos que ele deixou atrás da cortina? Ele saiu do banho turco e foi comer ovos, bacon e café, em uma loja A.B.C., descalço? Qual a importância disso? Nenhuma, apenas curiosidade mesmo. Hahahahaha
“O rapaz se agachou e tirou os sapatos; deixando-os atrás da cortina, caminhou de meias...” P. 115
Na hora que Tommy é descoberto, eu quase tive um enfarto, mesmo já sabendo, através do spoiler na página 108, que ele iria sobreviver para contar a história.
“Os mortos não contam histórias.” P. 220
Outro personagem que eu amei foi o Albert, garoto que trabalhava como ascensorista do Edifício que Rita Vandemeyer (Marguerite) morava. Muito espertinho, fiel, aliado valioso de Tommy e Tuppence.
“A juventude é um defeito do qual é bastante fácil se livrar.” P. 166
O livro é bastante cômico e me fez rir algumas vezes, principalmente quando Julis P. Hersheimmer caiu da árvore. Parecia que eu tinha me transportado para aquela cena, os detalhes me deram um frio na barriga, medo e depois gargalhadas.
“Lembre-se de que as férias nem sempre são apenas divertimento. Às vezes servem também para trabalhar um pouco.” P. 210
Outra personagem que me surpreendeu foi Jane Finn. Afinal, ela conseguiu enganar o supercriminoso Mr. Brown (advogado James Peel Edgerton), fingindo perda de memória por anos. Nem ele acreditou que fosse uma farsa.
“Falar demais é um grave erro. Lembre-se disso. Nunca diga tudo o que sabe.” P. 210
“É horrível quando a gente sente que foi desleal com nossos próprios princípios.” P. 215
Quadros tortos representando cenas do Fausto. Margarida com o estojo de joias, a cena da igreja, Siebel e suas flores, e Fausto e Metistófeles. Tommy retirou o quadro do Diabo e Fausto da parede para usar como arma.
“Os bons morrem cedo.” P. 250
“Coincidências são coisas curiosas.” P. 272
“O tempo é misericordioso.” P. 296
Contudo, eu só desconfiei que os papeis estavam escondidos no quadro, quando a garota Annette (Jane Finn) soltou um grito ao vê-lo encostado na parede próximo à porta. E mesmo com essa pista, eu errei de quadro, pois os papeis estavam no quadro da Margarida e o Estojo de Joias.
“Nunca subestime seu adversário.” P. 284
E também outras pistas na página 234... “Inexplicavelmente, o olhar aterrorizado deu lugar a uma expressão de alívio”. E na 242, quando Annette (Jane Finn) grita: “Quero voltar para Marguerite. Para Marguerite. Para Marguerite.”
“O dia 29... próximo demais...” P. 373
Para fechar com chave de ouro, a surrada caderneta de capa marrom de James Peel Edgerton...ou deveria dizer Mr. Browm, contando detalhes de sua vida dupla. Uma mente genial, mas perversamente doente... na minha opinião o ponto alto da história.
“Muitos homens notáveis são loucos, e ninguém sabe.” P. 373
“Gênio ou loucura, quem é capaz de dizer?” P. 374
Nota máxima para mais uma obra de Agatha Christie, com gostinho de quero mais, muito mais.
“O casamento é... um divertimento danado de bom.” P. 380