A Náusea

A Náusea Jean-Paul Sartre




Resenhas - A Náusea


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Eduarda Sampaio 08/03/2014

Ótimo
Antoine Roquentin está escrevendo um livro sobre o Marquês de Rollebon, um personagem histórico. Para tanto, ele está residindo de forma temporária na cidade de Bouville, na França, e passa seus dias na biblioteca, na pensão em que está hospedado ou perambulando pelas ruas. Ele começa a escrever um diário quando percebe que algo estranho está acontecendo com ele: uma espécie de náusea que o invade e domina seus sentidos.

A Náusea é em parte um romance e em parte um tratado filosófico sobre o Existencialismo. A história de Roquentin nada mais é do que um pano de fundo para que Sartre explore as ideias que mais tarde ele aprofundaria em "O Ser e o Nada", seu livro mais famoso, o que torna A Náusea uma introdução perfeita para quem, como eu, nunca estudou a filosofia existencialista. A Náusea não apresenta as dificuldades terminológicas dos textos acadêmicos, mas pelo fato de boa parte da narrativa ser composta pelos fluxos de pensamento de Roquentin, a leitura é bastante desafiadora para um leitor que nunca teve contato com as ideias de Sartre.

Roquentin simboliza o ser humano que, por não saber o porquê de sua existência, sente-se isolado, angustiado e melancólico. A náusea que o personagem sente é uma incapacidade de sentir-se parte do mundo. Os objetos ao seu redor causam-lhe estranheza, a invisível passagem do tempo causa-lhe angústia e o contato com as pessoas soa-lhe artificial. Roquentin busca desesperadamente fazer parte do mundo em que se enconta inserido, encontrar um propósito para sua vida, mas se depara com um sentimento de profundo isolamento, chegando ao ponto de estranhar sua própria imagem refletida em um espelho, à semelhança do que acontece quando repetimos muitas vezes, em voz alta, uma mesma palavra, olhamos por muito tempo uma parte de nosso corpo ou pensamos conscientemente sobre nossa respiração.

Não é difícil para o leitor identificar-se com Roquentin, já que Sartre fala sobre sentimentos e sensações que todos nós, seres humanos, já vivenciamos. É fácil sentir-se parte do mundo quando estamos trabalhamos em algo que gostamos, quando estamos cercados de amigos e familiares ou quando estamos entretidos, mas com a mesma facilidade com que nos sentimos integrados nos bons momentos, nos sentimos isolados nos momentos de dificuldade ou tédio. Quando assumimos o papel do observador, o mundo parece não fazer sentido e questionamos o porquê de estarmos vivos e o que nos leva a continuar querendo viver. É comum esse sentimento nos momentos de luto e não causa nenhuma estranheza o fato de a filosofia de Sartre ter florescido justamente no pós-guerra, quando uma geração inteira questionava o propósito de tantas lutas, mortes, crueldade e injustiça.

A princípio, a filosofia de Sartre soa extremamente pessimista, já que para ele nossa existência não pode ser explicada. As vidas humanas não têm propósito algum. As ideias de Destino ou Deus são descartadas, já que "todo ente nasce sem razão, se prolonga por fraqueza e morre por acaso" (p.178). O cerne da filosofia existencialista é o fato de nossa existência ser anterior a nossa essência, ou seja, primeiro existimos e só depois damos uma razão para nossa existência. Essa ideia que à primeira vista parece aterrorizante tem a grande vantagem de libertar o indivíduo. Somos donos de nós mesmos e nossos valores e nossas vidas dependem apenas e tão somente de nós. O Existencialismo coloca o ser humano no centro, dando-lhe o poder de escolher seu próprio destino, mas dando-lhe também a responsabilidade de arcar com as consequências de suas escolhas. Com isso, a tão sonhada liberdade pode parecer um fardo, mas não deixa de nós permitir ser o que queremos ser.

Sartre também faz reflexões sobre o tempo. Roquentin percebe que a ideia de tempo é uma ilusão, que passado, presente e futuro sucedem-se sem intervalo e que nossas memórias não são confiáveis. Roquentin, por não possuir amigos ou familiares com quem compartilhar suas lembranças, sente ainda mais essa impossibilidade de apreender o passado:

O passado é um luxo de proprietários. (...). Não se pode colocar o passado no bolso; preciso ter uma casa, arrumá-lo nela. Só possuo meu corpo; um homem inteiramente sozinho, só com seu corpo, não pode reter as lembranças; elas passam através dele. Não deveria me queixar: tudo o que quis foi ser livre (p. 92).

Mais do que um livro para ser lido, A Náusea é um livro para discutido, o que torna essa leitura compartilhada ainda mais instigante.

site: http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2014/03/a-nausea-jean-paul-sartre.html
Vitor Hugo 23/03/2016minha estante
Separei hoje o livro para ler. Sua resenha me deixou com mais expectativa. Parabéns.




Marcelo 27/01/2014

Só os indispostos verão A Náusea
A Náusea de Sartre é o enjoo diante do sentido, do vidro que se fez carne, da carne que se fez sangue, do sangue que mostrou seus "pés de barro".

Mas quando o cadáver está prestes a entregar seus ossos, acaba por descobrir que o seu destino pode vir parar em suas mãos, desde que aceite que está "condenado a ser livre". Aí, o corpo se recompõe, a vida respira, um novo ar se descortina: eis que o brilho do sol encontra uma página em branco para refletir o amor do existir.
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Digo SJC 09/10/2013

Muito bom!
Para quem lê o livro esperando uma aventura emocionante certamente se decepcionará, agora para quem se vê em vários momentos pensando no sentido da vida e no mistério da existência, o livro é muito bom e gostoso de ler;este é o meu caso.

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Ricardo 13/10/2012

Excelente!Antoine Roquentin e Meursault, de O Estrangeiro,os heróis existencialistas fraceses!Não foi uma leitura fácil, já que tive que ficar parando toda hora pra refletir as frases que tinha acabado de ler.Mas no fim,tudo vale a pena. Ou melhor,seguindo o pensamento de Antoine, nada vale a pena.Dos 3 que li do Sartre,esse foi o melhor.
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Marcone 21/08/2012

A Náusea, Jean-Paul Sartre

Um bom livro, nada além disso. Nenhuma grande contribuição para a literatura, mas uma narrativa regular e uma boa estória, cujo maior valor seja, talvez, a exposição das ideias que o autor viria explorar em sua filosofia existencialista. Narra as desventuras e as observações do protagonista, que termina por encontrar na arte a sua tábua de salvação.
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nanda 17/01/2012

sartre apenas é...
a náusea, de sartre, é, sem dúvidas, um dos melhores livros que li.

sua personagem principal, roquentin, homem em estado puro, revela ao mundo suas impressões através das palavras escritas em seu diário.
há uma rutura que alcança roquentin e o leva a sentir-se metamórfico a medida que entra em seus dias.

é tão importante esta relação que sartre nos mostra com seu personagem entre seu cotidiano e a chamada 'náusea', que passamos também a nos identificar com roquentin.%0
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Jéssica 06/04/2011


Há livros que não me proporcionam leituras, mas encontros.
Quando isso acontece deve se manter o silêncio, para que a mágica não se quebre.
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Namelass 06/06/2010

Não vou fazer resenha, só comentar.
Terminei de ler ontem à noite. Ainda estou meio depressivo. De vez em quando vou ao banheiro, olho no espelho para ver se não sou uma árvore ou se minha língua não é uma sentopéia.
Está pensando em ler? Se joga!
É do tipo de livro que faz você mudar a forma de encarar a vida.
Luna 27/06/2020minha estante
Nota pós-livro: fugir de espelhos


Antonio.Carlos 06/06/2021minha estante
Acabei de reler! Realmente é incrivel!


Marcos.Azeredo 03/11/2021minha estante
O filósofo que mais gosto, e um dos meus escritores preferidos.


THALES76 24/09/2022minha estante
To pensando em ler. Já li "A idade da razão", e me fascinei pelo existencialismo.




Cris Paiva 10/03/2010

Tédio, teu nome é Sartre!
Oh livrinho tedioso!
O personagem principal do livro é um saco! Mas tudo bem eu entendo, afinal ele viveu numa época onde não existia o Prozac e outras maravilhas modernas. O fulano vive numa depressão lascada, sem amigos, e sem nada o que fazer.

A alegria da vida dele é observar o banco da praça e como se formam as poças de agua embaixo do copo de cerveja... Alguem dá uma navalha pra ele cometer suicídio, por favor!!!!
Cristine 10/03/2010minha estante
vc queria o que de um livro chamado A Náusea?!!!

kkkkkkk


Ana Lidia 11/03/2010minha estante
Não, esse nome é o fim...


Cris Paiva 09/01/2014minha estante
Acho, sinceramente que o mal desse povo é a falta de uma pia cheia de louça suja...


Juliano 05/02/2017minha estante
Lamentável sua resenha...


Aline 10/04/2017minha estante
Se chama filosofia, moça. Questionar-se sobre a essência da vida é o que difere os homens dos animais, por mais deprimente que pareça. Também não me identifico muito com a vertente de Sartre, mas sua resenha pegou mal. Faltou sensibilidade e empatia.




Mari 09/01/2010

A Náusea - Sartre
Romance de 1938, narrado em 1ª pessoa e em forma de diário, trata-se de um prelúdio do Existencialismo, que teria em Sartre (com sua obra-marco O Ser e o Nada, publicada em 1943) seu maior expoente.

A história passa-se na França e tem como narrador-personagem Antoine Roquentin, um historiador letrado e viajado, que se instala na cidade de Bouville para escrever a biografia do Sr. de Rollebon, figura pitoresca que vivera na cidade durante o século XVIII. Roquentin se decepciona não só com a biografia em que está trabalhando, mas com a sociedade e as condições humanas, sendo acometido por uma estranha sensação de aversão a existência - eis a Náusea. Essa terrível Náusea da própria existência torna a vida cada vez mais insuportável para Roquentin.

"As coisas não vão bem! Absolutamente não vão bem: estou com ela, com a sujeira, com a Náusea. E dessa vez é diferente: ela veio num café. Até agora os cafés eram meu único refúgio, porque estão sempre cheios de gente e são bem iluminados: já não haverá nem isso; quando me sentir encurralado, em meu quarto, já não saberei onde ir."

As personagens mais interessantes que passam pela trama são o "Autodidata" e Andy. As cenas com essas personagens, repletas de discussões de grande profundidade intelectual, juntamente aos devaneios constantemente narrados por Roquentin, formam o valor do romance.

"Autodidata" é um funcionário da biblioteca municipal, que se propôs a instruir-se sozinho, pretendendo ler toda a biblioteca. É um personagem humanista e socialista, contraponto claro a Roquentin, niilista e profundamente desacreditado. Roquentin acredita que o "Autodidata" não está preparado para lidar com suas idéias e com o problema da existência.

Anny é um antigo amor de Roquentin, por quem ele ainda nutria certos sentimentos e que reencontra no decorrer da história; porém, vendo-a tão diferente e desesperançada, não encontra o conforto que esperava, e eles, claramente, se perdem para todo o sempre. Ele fica muito abalado ao perceber que já não havia sentimento algum entre eles, exceto repugnância - repugnância de existir, repugnância de que outros existam, a repugnância que existe em tudo que não tem sentido. Anny é uma personagem particularmente interessante pela sua idéia da vida como interpretação: ela acredita que ocorram situações privilegiadas, que podem, através dos artifícios corretos, transformar-se em momentos perfeitos. Roquentin nunca foi capaz de fazer isso com ela, eis sua desilusão com seu próprio ideal de existência.

Após o episódio do encontro com Anny, Roquentin deixa definitivamente Bouville e muda-se para Paris. Aos 30 anos, vê-se um homem sem perspectivas, perseguido pela Náusea da existência, sem tampouco desejar morrer - "já há coisas demais sem isso."

Romance pesado e truncado, mas essencial para entrar no pensamento desenvolvido pelo Existencialismo, tão presente na nossa sociedade contemporânea.

Recomendo, além da leitura integral da obra, um passeio por http://www.mundodosfilosofos.com.br/analise-obra-a-nausea-jean-paul-sartre.htm, que contém uma análise mais aprofundada e filosófica da obra.
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