@somegood.books 20/08/2022Conhecer o passado para construir o melhor futuro.Enquanto tudo acelera e pede pressa, eu me senti parafraseando Lenine e lendo esse livro imenso, em volume de páginas e em valor, em lições, nas tantas sensações que consegue despertar. É realmente uma montanha mágica. Ao longo de suas quase 900 páginas, temos a impressão de que o tempo, que protagoniza esse romance ao lado do elegante, irônico, divertido e extremamente erudito Hans Castorp, corre de forma diferente algumas vezes. Foram meses nessa leitura, muitas vezes divertidíssima, outras tantas um pouco entediante, mas sempre riquíssima.
Nesses muitos meses, ela me reforçou: tudo tem seu tempo. É preciso respeitar isso. É preciso parar, respirar, dar tempo ao próprio tempo.
Hans Castorp, em sua estadia em uma luxuosa casa de repouso nos Alpes suíços para restabelecer a saúde, nos leva em uma viagem interior e filosófica, principalmente quando nos apresenta dois representantes dos pensamentos antagônicos que tinham destaque na época. Settembrini, um italiano, humanista, quase um iluminista, e Naphta, um jesuíta extremamente fascinado pela Idade Média, pelo obscurantismo, representando o pensamento conservador que crescia na Europa desde antes da primeira guerra e que levaria ao nazismo alemão.
Enquanto a elite seguia fechando os olhos para os problemas e pensamentos que se contrapunham aos tempos, a primeira guerra se aproximava com uma força que mudaria tudo, até mesmo esses privilégios tão arraigados.
Enquanto o tempo passa devagar e a leitura se arrasta, temos a sensação de que, assim como na história de Hans Castorp, há algo à nossa espreita. Há uma transformação brusca chegando. Há uma nova guerra se desenhando. Olhando o nosso contexto, eu penso que, sim, mas, de verdade, espero que nunca mais.