arlete.augusto.1 20/05/2021Desafiante!Sempre tive muita curiosidade a respeito deste livro e um certo receio de encarar a leitura de um clássico com mais de 800 páginas. A leitura não foi nada fácil e muitas vezes fiquei perdida em debates (muitos!) entre duas personagens importantes (Settembrini e Naphta), que visam influenciar nosso herói, Hans Castorp. São muitas páginas descritivas do lugar, do clima, algumas divagações, que achei cansativas; a história em si é simples, dá pra resumir fácil, pois quase nada acontece nessa montanha, onde Hans está abrigado num mundo mágico, que quase nada exige dele, que não o coloca à prova frente aos desafios da vida. A postura de Hans Castorp não chega a ser totalmente passiva, pois está aberto às opiniões de personagens que admira, busca novos conhecimentos, e até se apaixona, tendo um ímpeto de coragem ao superar suas crenças de cavalheiro, seus arraigados costumes sociais, ao forçar um contato com seu objeto de desejo, e muito se deve à essa paixão a permanência de nosso herói na montanha, nesse pensamento mágico, esperando o retorno de sua amada, que não tem data para voltar, pois ao contrário de Castorp, é um espírito livre que preza antes de tudo essa liberdade. Talvez seja isso o que Castorp ama em Clawdia, todas as diferenças que existem entre eles. De certa forma, Castorp ama a liberdade que sente nesse lugar onde está livre para ?reinar? sobre a montanha. Acabamos nos afeiçoando à Castorp, que é uma personagem de boa índole, apaziguador, curioso, amigo e extremamente educado (o que nem sempre é uma qualidade, já que limitante).
Acredito que mais que tudo o medo da vida, a falta de um objetivo seu, o sentir-se sozinho no mundo, a passividade de seu caráter e uma certa inércia, fazem nosso herói permanecer nessa montanha mágica, até que a avassaladora realidade o atinge de forma inexorável levando-o em uma direção nunca antes imaginada.