Maria Clara 12/02/2022
Bartleby: herói ou fracassado?
Li para continuar a leitura do livro ?sociedade do cansaço? e durante a leitura do texto do Byung-Chul Han assim como visualizando algumas resenhas vi, essencialmente, duas visões sobre o comportamento Bartleby.
No livro a sociedade do cansaço pela qual o autor rebate o fundamento do Bartleby como potência (herói), ele aponta esse personagem como alguém fora da sua realidade, que se encontra em uma desenvoltura pós-moderna que, pela sua natureza anterior (um ser da sociedade disciplinar), passou a completa apatia. E pela ausência da ?iniciativa pós moderna? (é o oposto dos demais escrivães) acaba por existir como um mero objeto, termo até mesmo utilizado pelo advogado. Acrescenta-se a essa visão a realização da atividade de copiar, pela qual não há esforço criativo, e o uso constante de ?eu prefiro não??, não sendo um expressão de negação expressa/potência.
Já na visão do Bartleby como herói (aqui o autor cita Agamben) o escrivão ao se recusar a exercer toda e qualquer atividade, inclusive seu trabalho, ?escrivão que se recusa a escrever?, passa a ser uma potência na medida em que se torno esse nada que se auto nega. Talvez, ainda, representando uma tentativa de negar sua própria condição e única existência como trabalhador/máquina de Wall Street.
Por fim, isso apenas ilustra o excelente trabalho do Herman nessa história ao despertar ideias contrapostas ao leitor dentro de uma mesma narrativa, sem excluir outros temas a serem abordados como p.ex. a atitude do advogado (o que você faria no lugar dele?)
Obs: minha interpretação vai para a parte negativa, particularmente sou propensa a acompanhar o lado da decadência humana.