Bartleby, o escriturário

Bartleby, o escriturário Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Pandora 11/03/2023

Joia! Uma pequena joia.

A história se passa no final do século XIX e é narrada por um advogado perto dos 60 anos que tem um escritório em Wall Street (Rua do Muro), até hoje o famoso centro financeiro da cidade de Nova York.
Descrito por si mesmo como um homem pouco ambicioso, que acredita que a forma de vida mais fácil é a melhor, não participa de julgamentos ou media conflitos; a natureza de seu trabalho é tranquila e envolve muita documentação (ações, hipotecas e propriedades de homens ricos), por isso ele emprega escrivães/copistas.

Estes escrivães são Turkey (Peru) e Nippers (Alicate) e há também um jovem contínuo, Ginger Nut (Pão de Mel). Cada um dos copistas tem uma particularidade dificultosa que faz com que Turkey trabalhe melhor de manhã e Nippers à tarde e o advogado parece entender e aceitar muito bem esse arranjo, mas ao longo da leitura vemos que este narrador não muito confiável - afinal só temos sua versão da história - parece sempre muito razoável e cordato, paciente, amistoso e boa gente. Aqui e ali pescamos sua linha de pensamento, que obviamente retrata a visão de um patrão. Com Bartleby, apesar de todo o absurdo da situação e do que o advogado faz para minimizar o problema, não é muito diferente.

Bartleby é contratado porque o advogado assume o cargo de Oficial do Registro Público e o trabalho aumenta consideravelmente. A princípio, apesar do ar taciturno do novo funcionário, o patrão fica feliz na esperança de que aquele rapaz tão sossegado possa equilibrar o ambiente um tanto tenso por causa das indisposições dos outros empregados. Ele instala Bartleby perto de sua mesa - para que possa chamá-lo a qualquer momento -, porém atrás de um biombo e ao lado de uma janelinha que dá para um muro. “A luz vinha de cima passando por dois prédios altos, como se fosse uma pequena abertura numa c u p u l a” - pág. 8.

À princípio, Bartleby parece o funcionário-padrão: trabalha noite e dia, à luz natural e à luz de velas, não para pra almoçar (vive à pão-de-mel), não fala, não reclama, exerce sua função mecanicamente. Até o dia em que o advogado lhe pede que confira com ele algumas cópias feitas recentemente, ao que ele docilmente responde: acho melhor não. E a partir daí, esta parece ser a frase que ele tem para todas as solicitações do chefe, nas mais variadas situações.

Já faz alguns dias que terminei a leitura, mas não sabia como escrever sobre ela. Ainda não sei bem. É uma história tão pequena, mas tem tantos desdobramentos… você acha que é sobre o Bartleby, mas é sobre o Bartleby e o advogado, sobre relação patrão-empregado, sobre classes, sobre adoecimento, sobre hipocrisia e sociedade, sobre resistência e liberdade.

Livia Piccolo, num vídeo sobre a edição da Antofágica, nos lembra que o livro é um clássico aberto a várias interpretações e cita duas:
Uma crítica ao capitalismo, por mostrar esses trabalhos desumanizantes, que não acrescentam nada à vida.
Questão de saúde mental. Bartleby teria depressão? E aquele trabalho maçante estaria agravando essa condição? Já eu me pergunto se não é o fato de ser diferente, de não se encaixar, de tentarem mudar quem ele é, que o adoece.

Em “Reflexões sobre o animal laborans e o homo faber em Hannah Arendt: uma abordagem jurídica”, Elizabeth Alice Barbosa de Araujo e Eulália Emília Pinho Camurça escrevem o seguinte: O homem necessita constantemente lutar pela sobrevivência e pelo consumo, e como só visa produzir o consumível, não possui nem o tempo e nem a liberdade suficientes para desenvolver sua personalidade na esfera pública, tornando-se uma grande engrenagem no sistema e podendo ser facilmente descartado. Também é este mesmo homem o mais susceptível a compor a chamada “massa” que pode servir de base para regimes totalitários. Este homem é chamado de animal laborans e é clara a sua vitória frente ao homo faber e ao cidadão”.

Há uns anos vi um filme europeu que, infelizmente, não me recordo o nome. Era sobre um rapaz que vai estudar na Espanha, não me lembro se ele era inglês ou francês, e quando ele volta tem um cargo público lhe esperando. No primeiro dia uns colegas o recebem com alegria e mostram as instalações, a sala, os arquivos, contam o que fazem e falam efusivamente sobre a melhor hora do dia, que é a hora do café. E o levam pra lá. O cara foge! (eu ri muito) e eu entendi tanto aquela fuga, o tanto de vida que ele tinha vivido até então naquela viagem, as experiências, os estudos, as dificuldades também, mas era vida!, não café de persianas fechadas.

Bartleby, o escrivão, pode sim, ter várias interpretações. É um conto fantástico, para ser lido e relido. É triste, mas tem seus momentos engraçados. Acho que só se passa incólume por Bartleby se não se prestar atenção a nada. Para mim vem ao encontro de tantas coisas sobre as quais reflito há anos e sei que continuarei refletindo.
Jeffez 11/03/2023minha estante
????????


Carolina 12/03/2023minha estante
Também adorei essa história angustiante!


Pandora 12/03/2023minha estante
Jeffez, obrigada.


Pandora 12/03/2023minha estante
Carolina, mesmo com minha amnésia literária, este será difícil esquecer.


Carolina 12/03/2023minha estante
Também sofro dessa amnésia. Não tem como lembrar de tudo, mas quanto mais universal o tema, mais cala na alma :-)




Arsenio Meira 20/09/2013

O Heroi Silencioso


Numa época onde os altos índices de violência, a intolerância, os discursos políticos (insanos) e a desigualdade social beiram o absurdo, a arte parece investir cada vez mais nos extremos para atrair os olhares.

São exposições de tripas humanas plastificadas, fotos reunindo dezenas de pessoas nuas, filmes de catástrofes, serial killers e invasões alienígenas, livros sobre conspirações históricas, códigos e escadas rolantes, e choques culturais entre o ocidente e oriente.

O que os adeptos do denuncismo a base do tratamento de choque não sabem, porém, é que a duração de um tapa na cara não passa de alguns minutos, enquanto um simples gesto pode ser mais perturbador. O livro Bartleby, o escriturário, escrito por Herman Melville, é um exemplo disso.

O mítico autor de "Moby Dick" conta a história do escrivão Bartleby, através de um advogado de Wall Street, que o emprega como copista.

Apesar do escritório ter outros dois copistas não menos excêntricos, que se alternam diariamente nos períodos de mau humor, o narrador concentra o foco em Bartleby. Ele inicialmente parece ser um profissional capaz e reservado. Nada se sabe sobre ele, onde trabalhou, de onde veio, onde mora, se é casado, se tem amante, melhor amigo, hobby, se tem família ou mesmo qual sua idade.

Até certo momento, isso desperta curiosidade, mas não importa, porque quieto no seu canto, ele faz o seu trabalho de maneira eficiente e faz do seu silêncio uma arma para não incomodar os colegas.

O pacato Bartleby passa a ser considerado um problema depois que resiste a idéia de checar uma cópia que ele mesmo fez. Sem qualquer constrangimento, simplesmente diz: prefiro não fazer. E só. Não explica o porquê, nem inventa desculpas. Apenas refuta a tarefa, sem delongas

A situação se complica ainda mais quando Bartleby anuncia, de súbito, que prefere não mais trabalhar. Ainda assim, ele continua no escritório, em pé, olhando para a parede de tijolo do prédio vizinho.

Sem ver nas negações um indício de protesto, nem de desafio a sua autoridade, o advogado sente-se desarmado para lidar com a melancolia do silêncio de Bartleby. Por ser ele quem conta a história, a reação dos leitores acompanha os passos do narrador.

Primeiro vem a curiosidade, depois a solidariedade e por fim a impotência seguida de rejeição. O escriturário endoidou, pensamos todos.

Aos poucos, Melville vai pingando gotas de mistério em torno de Bartleby. O narrador não o vê comendo nada além de balas de gengibre, depois descobre que ele nunca sai do escritório e dorme por lá mesmo. A essa altura, não me causaria espanto se Melville fizesse surgir um oceano, e na paisagem o isolamento de uma embarcação naufragando contra si própria.

A excentricidade do copista, porém, torna-se ainda mais intrigante quando ela se mistura com a admiração do advogado pelo funcionário. Ele tenta ajudar, compreender as razões de Bartleby, mas não consegue romper a solidão do funcionário.

Ao perceber que a presença dele começa a incomodar seus clientes e colegas, o narrador começa a tomar providências. Manda o copista embora, oferece ajuda financeira, implora, se exaspera, mas nada adianta.

Até que ele próprio, enfim, resolve mudar o endereço do escritório. Bartleby permanece em sua cruzada solitária, mas sem qualquer indício de maldade.

Com sutileza, o gênio de Herman Melville constrói Bartleby como a antítese de uma época onde os valores materiais e o trabalho adquiriram status de indispensabilidade e a ganância o maior dos atributos.

Seu personagem, sem nem precisar falar, consegue inverter essa lógica e coloca os leitores diante de um dilema paradigma quem tem a vida mais absurda?

Em meio aos monstros, pastores horrendos, pedófilos, escroques de gravata, terroristas e assassinos, a renúncia silenciosa do inofensivo Bartleby é a que causa mais destruição.
Carla Porto 07/12/2015minha estante
Arsenio!!!!!


Juliana 30/08/2017minha estante
Como essas belíssimas resenhas fazem falta!


Ulisses 29/11/2018minha estante
saudades arsenio!


Alhos 14/09/2023minha estante
Resenha magnífica




spoiler visualizar
Henrique Fendrich 25/09/2019minha estante
Prefiro achar que o que ele tinha não era depressão, mas fobia social. Isso explica grande parte dos comportamentos dele.


Pandora 01/02/2023minha estante
Uau! Que resenha maravilhosa! Concordo bastante com seu ponto de vista e acredito que a questão sobre a vida pregressa colocada no final realmente desencadeou algo em Bartleby. Mas com teorias ou não o conto é sensacional. Adorei a sutileza do narrador em ?não sei se devo contar um boato que me chegou aos ouvidos??, leiam, interpretem; qual sua opinião?


Bruno.Dellatorre 01/02/2023minha estante
Sim! É maravilhoso mesmo!!




Coruja 17/06/2021

Quando se fala em Melville, a primeira coisa que vem a cabeça é Ahab e sua obsessão pela grande baleia branca que dá o título de Moby Dick. A lembrança dessa aventura marítima pode até nos fazer estranhar o cenário de Bartleby, o Escrivão. Mas é interessante como Melville consegue imprimir uma carga dramática - e uma miríade de possíveis interpretações - para um conto que parece tão simples e tão distante da grandiosidade de sua obra-prima.

Narrada em primeira pessoa por um advogado bem sucedido, trata da história de Bartleby, um escrivão que o narrador contratou para seu escritório, sem ter ideia de quantas excentricidades seu novo funcionário guardava. O que é irônico, a se considerar que seus outros contratados também são cheios de peculiaridades. No começo, a história parece bem burlesca, mas, aos poucos, uma nota de angústia e melancolia se instalam.

O "eu prefiro não fazer" de Bartleby esconde algo doloroso em sua essência, solitário e amargo, perdido. É certamente um conto que se presta a muitas discussões sobre os motivos do infeliz escrivão. Excelente para ficar divagando ao final da leitura.

site: https://owlsroof.blogspot.com/2021/06/o-resumo-da-opera-leituras-e-releituras.html
Julia 17/06/2021minha estante
Meu professor de Sociologia no primeiro período da faculdade mencionou esse livro. Não lembro muito bem o contexto, foi meio que uma piada, falando que esse indivíduo dizendo "prefiro não" ao chefe subverteu toda a ordem social - imagina seu chefe te mandar alguma coisa e você simplesmente responde "prefiro não", simples assim? Desde então fiquei com vontade de ler o livro e o li no segundo ano, com 21 anos. Não gostei, achei monótono demais, e acho que fiquei com uma expectativa mais política do que existencial, pelo comentário do professor. Mas tem alguns livros que eu leio, não gosto, mas de alguma forma eles não me deixam quieta, fico pensando neles até reler e amar. Foi assim com alguns dos meus livros favoritos, como "Cem Anos de Solidão" e "Amanhã, na Batalha, Pensa em Mim". Um dia comentei desse livro com um amigo meu que também gosta de literatura cabeçuda e ele disse que amava esse livro, que era um dos livros mais geniais que eu já li. Comentei numa conversa em que eu estava reclamando da minha vida de morar lá na puta que pariu, passar quatro horas diárias num ônibus, estudar à noite, trabalhar de manhã cedo num escritório em que eu era extremamente mal paga, trabalhava para gente de moral duvidosa (revisando processos jurídicos que ferravam o trabalhador, documentos da Monsanto e por aí vai) cercada de gente bolsonarista - minhas colegas eram bolsonaristas por serem evangélicas, minhas chefes por quererem "flexibilizar" as leis trabalhistas. Eu era extremamente mal paga e estava num período amargo da minha vida. Além de trabalhar no escritório e estudar à noite estava firmando uma carreira freelancer para mandar o escritório para a tonga da mironga. Eu disse que assim que tivesse mais segurança ia chegar no escritório e dizer "prefiro não revisar esse processo escroto" até ser mandada embora pagando de louca e feliz da vida. Isso já faz dois anos (dois anos de liberdade frila e bem paga), mas ainda não reli. Quem sabe esse ano, se eu preferir.


Coruja 18/06/2021minha estante
Ju, adorei sua história com essa história! Eu entendo seu ponto; li livros mais nova com os quais não consegui me conectar e ao reler mais velha, acabei descobrindo favoritos (o contrário também acontece...). Acho que essa é uma das coisas mais legais de fazer releituras: a forma como percebemos como nós mesmos mudamos, como nosso ponto de vista e perspectiva se alteraram e assim deram novos significados a leitura.


Julia 18/06/2021minha estante
Sim! Esse é o bonito dos grandes livros (e até dos ruinzinhos que por alguma razão nos marcam).




Osmar 13/05/2022

Bartleby desperta questionamentos em nós mesmos
A história é breve e relata o cotidiano de Bartleby, um escrivão contratado por um advogado de Wall Street. Reservado e aparentemente indiferente, apesar de pontual e assíduo no escritório, o escrivão surpreende a todos quando começa a recusar-se educadamente a realizar determinadas tarefas, como conferir documentos e levar correspondências para a estação postal (correios). Que funcionário se recusa a cumprir a ordem de um chefe? E que chefe aceita com passividade tal recusa, buscando compreender a psique e histórico do funcionário com empatia? Boa parte de suas respostas são curtas e limitadas a um simples "preferia não fazê-lo", ditas em formalidade e com conotação hora debochada ou simples educada, vai da interpretação do leitor. Melville pouco se importa em esclarecer a história do escrivão, apenas entrega a personagem tal como é e cabe a nós, assim como seu chefe, a idealizar as motivações de Bartleby para tais comportamentos tão enigmáticos. O fato é que o livro nos faz questionar sobre aspectos do cotidiano, tais como o porquê a recusa de uma tarefa no trabalho deve ser vista quase como uma fatalidade, o porquê achamos precisar saber tanto sobre a pessoalidade dos outros, o porquê não podemos simplesmente aceitar a realidade tal como é. Bartleby se torna irritante, mas é o que ele é. O fato que não precisamos entender tudo o tempo todo e essa frustação, advindo da nossa necessidade de atribuir sentido a tudo, caracteriza o tom da leitura, visto que não há qualquer compromisso em explicar nada. Recomendo!
Caíque 13/05/2022minha estante
Bartleby recomenda Tolkien


Osmar 13/05/2022minha estante
Parafraseando Bartleby "preferia não fazê-lo" haha mas vou ler, em breve. Cenas dos próximos capítulos rs


Caíque 14/05/2022minha estante
Tenho fé que até o final dessa década essa leitura sai




Anica 04/06/2010

Ao mostrar minha edição de Bartleby, O Escrivão para minha mãe, falei toda orgulhosa que era um Cosac Naify e então expliquei que era o equivalente para uma pessoa que gosta muito de moda comprar um produto de grife. Ok, a compração é meio leviana, mas a verdade é que os preços da Cosac são diretamente proporcionais ao capricho das edições, e toda vez que consigo colocar um na minha estante, fico toda serelepe. Mesmo que seja fininho como esse Bartleby

Mas aí tem toda a história do "dizáin" do produto, né? Eu não sou exigente, normalmente uma edição caprichada para mim tem lá o meu amado papel pólen e capa dura. Mas no caso de Bartleby, você leva para casa o 3º colocado do 7º Prêmio Max Feffer de Design Gráfico. Hum. Confesso que quando chegou aqui em casa pensei que meu livro estava zoado, e depois pensei Ahá, nova noção de literatura hermética! (sacou, sacou?). O livro vem com a capa costurada, e as páginas precisam ser rasgadas para serem lidas. Explicação da editora:

"Para ler a nova edição deste clássico de 1853, o leitor começa pelo desafio de descosturar a capa (puxando para baixo a linha vermelha que a lacra) e cortar as páginas não refiladas do livro (com a espátula plástica que acompanha o livro). Só assim, aos poucos, poderá desemparedar este personagem enigmático da ficção moderna que, no dizer do filósofo francês Gilles Deleuze, desafia toda a psicologia e a lógica da razão."

Grifo meu para a palavra desafio, porque realmente foi um desafio para minha paciência. Em resumo, projeto gráfico super inovador e tchananam, mas eu não tenho muita paciência nem coordenação motora para esse tipo de coisa, então gostaria que meu Bartleby estivesse encarando paredes só no texto mesmo. Ah, sim, não se apoquente, vou falar do texto agora.

Verdade é que já tinha lido a obra em inglês depois que uma professora de Literatura da faculdade tinha citado em uma disciplina sobre Sátira. E o I would prefer not to falou tão alto que eu fui atrás dessa novela e na época gostei e tudo o mais, mas acho que foi uma leitura meio desatenta. Porque dessa vez tanta coisa que não tinha chamado minha atenção antes começou a ficar mais evidente, ao ponto de eu terminar o livro pensando no que de fato a parede significa, porque Bartleby é a única personagem que não é chamada por um apelido como no caso de Turkey, ou Ginger Nuts, o papel do meio dia na história (que não só marca as transformações dos colegas de trabalho de Bartleby, mas também alguns momentos-chave da história) enfim, fiquei lá pirandinho.

Mais ainda porque como já tinha lido a história antes, comecei a ler pelo posfácio de Modesto Carone, que chama a atenção para o narrador de uma forma que não tinha pensado anteriormente. Aquele narrador-não-confiável, e aí você começa a perceber que o ritmo da narrativa muda, partindo do sujeito que se apresenta como calmo (nunca deixei que os problemas perturbassem a minha paz) e que se explica em mil detalhes, para então diante das recusas de Bartleby começar a comentar os fatos e seus pensamentos de forma até um tanto afobada (para não dizer caótica), dando a entender que ele simplesmente não sabia como agir naquela situação.

E aquela coisa, como toda obra literária, ela dá espaço a n interpretações. Depende sempre do leitor, livro como máquina preguiçosa, etc. etc. etc. Mas eu gosto especialmente da ideia de que Bartleby era como Melville, alguém cujo trabalho consistia em escrever, e que bem, preferia não escrever o que lhe era solicitado. Não acho que isso tenha relação só com o ato de escrever, é claro, mas enfim, é minha leitura preferida da obra (embora essa deixe de lado um fator importante que é o narrador-personagem).

Penso muito na apatia de Bartleby também, em como o não-fazer dele era tão mais forte que as ações das outras personagens. Nippers e Turkey tinham comportamentos que também tirariam qualquer patrão do sério, mas o narrador não parece se perturbar de fato. E a verdade é que ele não se perturba com Bartleby, pelo menos não de forma tão forte, até que comecem a comentar sobre a relação dele com o subordinado fora do escritório. É quando é julgado pela não-reação (o não-fazer parece realmente marcar a história) que ele de fato começa a tomar medidas mais fortes para tentar resolver a situação.

E é aí, para cada brechinha, cada personagem, cada detalhe que você fica pensando e pensando sobre o texto. No mais, eu sei que o absurdo da recusa de Bartleby pode soar engraçada para alguns, e realmente a reação do patrão inicialmente pode tirar algum riso. Mas é um livro melancólico, na minha opinião. Não pelo desfecho, mas porque Bartleby é a melancolia personificada. As palavras utilizadas pelo narrador nas descrições que ele faz da personagem sempre levam à isso, em alguns momentos mesmo referindo-se a ele como um fantasma.

Eu sei que é um texto curto, e que provavelmente muita gente deixa de lado porque se sente mais desafiado pelo catatau Moby Dick, mas Bartleby é um daqueles exemplos de que você não precisa de muitas palavras para dizer muito. Qualquer obra que te faça pensar além do jogo de adivinhação típico imposto ao leitor enquanto no exercício de leitura, já merece atenção. Então nem que não seja com capa costurada e páginas a serem rasgadas (há!), procure por Bartleby.
Lucas 04/12/2013minha estante
Dizem que a tradução da Cosaic Nayfi não é muito boa, por que traduzem a frase "Eu prefiro não fazer", por "Eu acho q não". E é uma frase muito importante na história!! Isso procede??


Anica 05/12/2013minha estante
Oi, Lucas! A tradução ficou "Acho melhor não", que acaba tendo o mesmo sentido de "Prefiro não fazer" - não acredito que tenha estragado a tradução porque preservou o sentido, embora eu também goste mais da tradução mais direta (o "prefiro não fazer"), até por estar mais acostumada.

Não lembro se há alguma explicação da tradutora para essa opção (além de diferenciá-la das já conhecidas), mas eu tenho um palpite sobre manter a sonoridade do texto em inglês. "I rather not to" tem cinco sílabas, assim como "Acho melhor não", enquanto a frase "Prefiro não fazer" fica uma sílaba mais longa. Mas é só um palpite, é claro. =]


Lucas 08/02/2014minha estante
Eu estava em dúvida sobre qual edição comprar, e acabei por optar pela a da LPM mesmo. Pois é, não sei se tem diferença entre as frases, mas preferi a mais clássica mesmo. rsrs Valeu =)




Rafa 30/05/2018

Desta vez não!
Primeiro livro que leio e realmente não sei o que dizer, ou acho que sei, mas sinceramente, acho melhor... não fazê-lo?!

Li o livro, e saio com mais perguntas do que respostas. Livro de leitura leve, rápida(45 páginas), prazerosa e intrigante.

Poderia dizer que Bartleby incomoda por não fazer nada, que é um esquisitão, que somos máquinas e só nos movimentamos conforme a sociedade, que não sabemos dizer "não", que vivemos recebendo ordens e nos condicionamos a isso... poderia dizer um monte de suposições e mesmo assim estaria certo, porque é um livro que te leva à reflexão, e acho que é isso que o faz tão sublime. Mas uma pergunta me paira no ar, "Por que nos incomoda os diferentes? Por que nos incomoda alguém que não nos da trabalho? A priori, não sei o que pensar, estou me sentindo como o advogado que contratou Bartleby, feliz, triste, bravo, pensativo, e até com dor de cabeça, tamanho o meu raciocínio frente à problemática.

Acho que é um livro sem explicação, mas que não é nem um pouco abstrato. Então, acho melhor ler o livro, ou melhor não?
Aline Teodosio @leituras.da.aline 30/05/2018minha estante
Fiquei com esse mesmo sentimento ao ler esse livro. Uma sensação de incômodo, mas ao mesmo tempo de empatia pelo personagem.. Foi uma leitura estranha que me fez refletir durante um bom tempo.


Rafa 30/05/2018minha estante
Exatamente Aline, leitura estranha, mas com sentimentos únicos.


Keylla 31/05/2018minha estante
Sua resenha me fez querer ler esse livro :)




Leiliane R. Falcão 05/07/2021

Genial
Depois de ler o capítulo de Sociedade do Cansaço que trata sobre Bartleby, não pensei duas vezes e procurei o conto para ler também.
Apesar de já conhecer o roteiro e o desfecho da história, a experiência de leitura foi surpreendente, impactante e até incômoda, de certa forma.
Como pessoa ativa e impulsiva que sou, a apatia e alheiamento do Bartleby chega a ser quase enlouquecedora. Mas por alguma razão, tive uma certa simpatia pelo personagem e em vão torci por um desfecho diferente para a história.
O livro é uma baita reflexão sobre essa grande laranja mecânica que vivemos. Realmente genial.
Joao 05/07/2021minha estante
Que massa!!! Sociedade do cansaço é um dos livros que julgo mais importante da atualidade e essa referência também despertou minha curiosidade para ler essa história de Melville. Em breve pegarei pra ler mas tenho que adiantar a leitura de Os Miseráveis antes rsrs.


Leiliane R. Falcão 12/08/2021minha estante
É um livro incômodo, pra dizer o mínimo. Herman Melville foi genial criando o personagem e a ambientação dessa história. Vale a leitura!


Joao 13/08/2021minha estante
Vou procurar. Não sabia dessa veia literária do Melville.




MariBrandão 15/06/2021

Quem é Bartleby?!

Um funcionário que preferia não fazer suas funções.

Quem era Bartleby? Ele existia? Era parte da imaginação de seu chefe?

Gostei da leitura, rápida e envolvente, porém estou claramente confusa com o final!
Luiz.Fernando 16/06/2021minha estante
Acredito que o Bartleby era bem real.
Pelo que eu entendi ele trabalhou no setor de extravio de cartas do correio. (Cartas onde o destinatário não era encontrado ou não podiam ser devolvidas).

Aí no final o narrador traça um paralelo desse trabalho com a personalidade do Bartleby. Um trabalho melancólico, com uma personalidade melancólica, sozinha...


MariBrandão 16/06/2021minha estante
Sim! Tem esse ponto do final! Mas também é uma grande suposição né...acho que nunca saberemos rses




Caroline Gurgel 06/02/2017

Um pequeno grande conto...
Uma amiga me emprestou Bartleby, o escrevente, de Herman Melville, autor de Moby Dick, e me disse: é curtinho, em um instante você lerá. De fato, é curto, mas ele se agiganta dentro do leitor e não acaba quando viramos a última página. Ficamos horas a fio pensando nos quês e nos porquês.

Bartleby é contratado pelo narrador dessa história, um advogado, para trabalhar como copista em seu escritório. A princípio, ele exerce sua função corretamente, depois se recusa a fazer certas atividades, até que para completamente de trabalhar - e não reage a nada.

Ele me lembrou Meursault, personagem de O Estrangeiro, livro lançado cerca de meio século depois, dentro da chamada teoria do absurdo, do francês Albert Camus. Os dois tem aquele "dar de ombros" sem fim, aquela apatia que deixa o leitor com vontade de sacudir o personagem, de mandar agir ou esboçar reação.

O conto traz problemas bem comuns no nosso dia-a-dia. O quão atual não é uma pessoa que, diante de uma situação difícil de resolver, passa a adiar a tentativa de solucionar o caso? Essa mesma pessoa, que sentia apenas um pequeno incômodo, passar a ver tudo como um enorme fardo a partir do momento em que terceiros começam a julgá-lo, a apontar o dedo em sua direção, a questioná-lo. Será que é sempre assim, nos incomodamos mais pela reação que os outros tem do que pelo real incômodo?

E quanto aos colegas de trabalho, suas alternâncias de humor, seus dedos apontados... São personagens que parecem tão simples, mas carregam inúmeras faces.

O que dizer também dos janelões... imensos, grandiosos! Eles não estão na história por acaso. Enormes vidraças que deveriam servir para contemplação e entrada de luz natural, servem apenas para ver a parede de tijolos do prédio vizinho. Luz? Entra pouquíssimo... Então vem a solidão, a loucura, entramos no tal "absurdo"...

Que pequeno grande livro! Diz muito mais do que conta, merece ser descamado, merece ser lido... e - dada as inúmeras interpretações possíveis - merece ser relido.


4/5 corações
5/5 estrelas

@historiasdepapel_

site: www.historiasdepapel.com.br
Ana Luí­za 07/02/2017minha estante
Otima resenha, parabéns!


Caroline Gurgel 07/02/2017minha estante
Obrigada!! :))




Aline Teodosio @leituras.da.aline 18/04/2018

A história que Melville nos conta é de um certo escriturário chamado Bartleby, que bate na porta do escritório de um advogado, para assumir uma vaga de emprego que estava sendo ofertada.

De início ele executava suas tarefas com rapidez, até que decide não mais fazer nada
"Prefiro não fazer"
"Prefiro não responder"
"Prefiro não ir"
Eram essas as frases que ele tinha na ponta da língua ao ser requisitado pelo patrão.

O texto é curtinho e rápido, mas pode nos suscitar grandes reflexões. O que teria levado o escriturário a agir daquela forma? Estaria ele louco ou revoltado agindo contra o sistema?

Bartleby nos faz pensar nos trabalhos pelos quais já tivemos que passar, alguns com uma rotina estressante e enfadonha, com ambiente insalubre, com pressão...

E qual o sentido? Pagar as contas e sobreviver? Não fosse trágico seria bem cômico.
Marcos 20/04/2018minha estante
Maravilha de resenha, parabéns!


Aline Teodosio @leituras.da.aline 20/04/2018minha estante
Obrigada! =)




@garotadeleituras 19/07/2016

Prefiro não fazer!
Fernando Sabino ao comentar sobre Herman Melville, afirma que todas as suas obras tem um significado moral e critica da vida, sendo possível, que ao escrever seus textos, o autor não tivesse consciência da simbologia aí presente. Sua criação vai muito além das palavras, abrange também o território silencioso onde pulsa o profundo mistério da vida.
Isso pode ser atestado ao ler essa breve novela, que ocorre no cotidiano de um escritório, conhecemos Bartleby, uma patética figura de escriturário, com a sua abulia e crescente alienação; uma premonição do homem robotizado do nosso tempo, o pobre diabo esmagado pelas condições desumanas da vida em sociedade, cujo destino final é mesmo o hospício. Na verdade, as figuras que trabalham por aqui são dotadas de certa dose de excentricidade (dois das três figuras alternam de humor durante o dia, e um terceiro, que vive comprando bolinhos sob encomenda). Em resposta ao anúncio de um jornal, aparece certo dia, um jovem na soleira da porta; era Bartleby com seu perfil lívido, tristemente respeitável, incuravelmente perdido e singularmente calmo. Em principio, o novo escriturário abraçou uma quantidade extraordinária de trabalho, sem pausas; porém o que incomodava era a apatia com que ele realizava suas tarefas, em silêncio, num jeito apagado e mecânico. Na primeira vez, quando convocado para conferir um pequeno documento, Bartleby respondeu numa voz calma e firme – Prefiro não fazer, e assim simplesmente nega-se a fazer a tarefa que lhe é solicitada, como se nada ao redor lhe importasse. Chocado com a resposta do empregado, seu empregador tenta encontrar motivos para compreender as excentricidades do escriturário, mesmo quando o estado passivo lhe irritava ou quando as tentativas em quebrar a letargia eram ineficientes.
Certo dia, ao visitar seu escritório em um horário diferente do habitual, seu empregador acabou descobrindo que aquela sala, tão vazia nas noites solitárias e aos domingos no Wall Street tornou-se o lar de Bartleby.

“E era ali que Bartleby tinha o seu lar; espectador único de uma solidão que conhecera povoada – uma espécie de inocente e novo Mário matutando por entre as ruínas de Cartago! (p.50)

O conhecimento de tal fato foi suficiente para consternar a alma daquele empregador e despertar ainda mais a curiosidade sobre quem era aquela figura; durante a narrativa inteira, a única coisa evidente sobre essa figura é apenas seu nome, e mesmo ao virarmos a última página, nada saberemos de concreto. A transformação dos sentimentos do advogado em melancolia, e receio, compaixão e finalmente repulsa são palpáveis ao longo da narrativa.. Uma filosofia bem interessante abordada aqui é o conceito de piedade: Ao nos sensibilizarmos com a tragédia do próximo tentamos ajudar, e quando não conseguimos, nossa alma encontra uma forma de expulsar tal sentimento para que não sejamos acometidos de tal sofrimento; talvez esse seja o segredo para a insensibilidade humana tão presente no cotidiano.
O caso de Bartleby é agravado com a sua recusa em trabalhar terminantemente e não apenas em cumprir tarefas. Vai sucumbindo aos poucos enquanto contempla aquela parede de tijolos pela janela. Não existe negação, postura de desafio, altivez ou protesto, o que dificulta uma ação efetiva do advogado para resolver o problema. A curiosidade do leitor é aguçada conforme a estória é contada, imaginando a mente de Bartleby e a causa da sua passividade. A forma como Melville expõe o caso é intrigante, como por exemplo a admiração do advogado pelo funcionário e sua luta para entender as razões do mesmo. A problemática do caso chega ao extremo quando a figura melancólica incomoda seus clientes. Determinado a livrar-se do “problema”, tenta negociar oferecendo ajuda financeira, conversa, pede, irrita-se, e por fim, ele mesmo decide deixar o prédio. Tempos depois, ele descobre que Bartleby permanece no prédio ainda, imóvel.
Herman Melville dá vida a estereótipo controverso, numa época onde trabalho, ritmo e produção eram indispensáveis para viver; num mundo frenético onde ver e ser visto é igualmente importante. Bartleby renuncia de forma silenciosa e enfática a vontade alheia e isola-se passivamente da correria absurda da cotdiano. Enquanto muitos gritam pelas ruas, o escriturário, silenciosamente destruía e todo e qualquer barulho ao seu redor.

Ah, a felicidade corteja a luz, por isso achamos que o mundo é feliz, mas a pobreza se esconde e daí pensamos que ela não existe. (p.51)
Camila 20/07/2016minha estante
Esse parece ser o tipo de história que eu admiro, mas que, ao mesmo tempo, é um soco no estômago pelas reflexões que nos causa. Parabéns pela resenha maravilhosa, Kell! *---*


@garotadeleituras 20/07/2016minha estante
Obg miga :*




Henrique Fendrich 25/09/2019

Não li ainda nenhuma análise sobre a história, mas eu vejo da seguinte maneira. Toda vez que Bartleby diz "prefiro não fazer" é porque algum dia ele JÁ FEZ o que estavam lhe sugerindo e o resultado não foi positivo. De início, ele devia se esforçar para fazer o que lhe pediam, mas, por mais banal que fosse a atividade, isso lhe custava tamanho esforço pessoal que chegou um momento que ele desistiu. Agora ele não faz. Quando decide parar de fazer as cópias, é porque estava prejudicando a sua vista. Depois de um tempo os olhos melhoraram, mas se ele fizesse aquilo de novo a sua vista iria ficar ruim novamente. Então ele "prefere não fazer", porque é o medo que dita o seu comportamento.

Não é que ele defenda a sua "individualidade", o seu "direito de não fazer", o que Bartleby defende é a sua própria vida, em toda a sua integridade - por mais absurdo que nos pareça, é um drama dessas proporções que se passa na cabeça de um fóbico quando lhe pedem para fazer uma coisa banal como ir ao correio. Ele não quer dar explicação, não quer falar de si, porque já deve ter feito isso - e não foi nada bom.

Bartleby é o paroxismo do fóbico, é o medo levado às últimas consequências. Ele quer ficar no seu cubículo no local de trabalho porque ali tem segurança. Por que sair de lá e ir para um lugar onde será julgado por todos? Bartleby está paralisado e assim ficará, se preciso for, até a morte.

Tipos assim existem em nossos dias e em nossa realidade. São consequência do nosso processo de desumanização, da vida burocrática, impessoal e competitiva que nós adotamos.
Ricardo 25/09/2019minha estante
Essa é uma forma de ver o personagem e a história mas eles tb poderiam ser vistos como uma alegoria de resistência pacífica contra toda forma de dominação. A versão em negativo de Tempos Modernos de Chaplin, o gesto político de Rosa Parks ao se sentar em local proibido no ônibus, o movimento hippie de paz e amor, entre outros... Bartleby me comove por sua imensa fortaleza em meio à enorme fragilidade. ? alguém que ousa dizer 'não' enquanto outros mansamente se resignam à infelicidade.


Henrique Fendrich 25/09/2019minha estante
Sim, estou por dentro também (e inclusive endosso) essa forma de resistência, que a mim foi apresentada por Tolstoi, mas achei o personagem "perdido" demais para que pudesse ser aplicada essa interpretação. ? claro que as grandes obras literárias são justamente essas, as que não deixam uma única interpretação, variando de sentido conforme o leitor.




Douglas.Bonin 02/07/2021

Prefiro não
Se quer uma leitura rápida, daquelas para se fazer numa tarde, este livro é para você!

O livro é daqueles de pegada única, leitura de cabo a rabo. E é suficiente, dispensa capítulos.
A trama, que é narrada na figura deste advogado(?) em conflito passivo com seu escrevente, se desenvolve super bem. Tendo alguns pontos de humor e outros bem reflexivos.

Os personagens, apesar de não aparentarem profundidade - decorrente do fato de ser um conto - acabam sendo o ponto principal do livro.

O ápice da obra, é o sentimento de que a cada releitura irei me deparar com uma percepção distinta. Acho que isso se deve para as camadas que o livro constrói. No final você para e pensa "o autor tá tentando me falar algo a mais aqui!".

Colocaria este livro em uma lista de "pequenos calhamaços"; ou seja, livros que apesar do tamanho, tem muito conteudo. Assim como A Morte de Ivan Ilitch, Metamorfose, Candido ou o Otimismo...

Recomendo para todo aquele que não se contenta com historinhas de realeza e Duques que curtem uma Put@ria na surdina ou cortes de espinhos-e-qualquer-outra-coisa-ruim.
Day 04/07/2021minha estante
Estou curiosa para ler. Já está na minha "pequena lista" para leitura.


Douglas.Bonin 08/07/2021minha estante
Vale muito a pena, espero que você goste!!




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