Bartleby, o escriturário

Bartleby, o escriturário Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Na Literatura Selvagem 26/10/2017

Bartleby e a crítica sobre o Fordismo
Escrito originalmente em 1853, Bartleby, o escrivão é um conto que nos mostra a história de uma figura misteriosa pelo ponto de vista do narrador, seu empregador num escritório de advocacia. Segundo sua concepção, Bartleby foi uma das pessoas mais curiosas e intrigantes que já conheceu. Ele o contrata a fim de ajudar no escritório conferindo cópias de documentos. Possui outros assistentes de personalidades peculiares mas nenhum deles se equipara ao jovem rapaz, que com o passar dos dias revela-se como um 'peso' que 'prefere não fazer' o que lhe foi solicitado...

Ignorando o passado do estranho rapaz, o narrador fica cada vez mais irritado pela recusa de Bartleby em realizar mesmo pequenas ações no escritório. Ele esperava que sua calma aparente servisse como exemplo para Nippers e Turkey, mas percebe que além de não obter sucesso na investida, acabou adotando um problema ainda maior para si e seu ambiente de trabalho...

leia mais em

site: https://torporniilista.blogspot.com.br/2017/06/bartleby-o-escrivao-herman-melville.html
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Xandy Xandy 09/10/2017

Quem era aquele sujeito que se negava a trabalhar? De onde ele veio?
Quem narra esta verdadeira fábula do absurdo é um advogado com idade já bem avançada, que na época dos fatos ocorridos ocupava um importante cargo de conselheiro do tribunal da Chancelaria de Nova York, num importante escritório em Wall Street. O narrador faz questão de frisar que, nos seus últimos 30 anos, dado às suas atividades, encontrou diversas pessoas interessantes e bem singulares, mas Bartleby foi, sem sombra de dúvidas, o sujeito mais estranho e esquisito que ele já vira ou teve notícias.

Nesta época, ele possuía três empregados para auxiliá-lo em seu escritório: dois escriturários e um promissor rapaz como mensageiro. Eram eles Turkey (peru), Nippers (torquês) e Ginger Nut (noz de gengibre). Turkey era um inglês de meia-idade, que trabalhava bem durante toda a manhã e se embebedava durante a tarde; Nipper era um jovem de vinte e cinco anos, parecido com um pirata, que sofria de um problema estomacal crônico, o que o deixava sempre mal-humorado durante a manhã. Entretanto, durante o período vespertino ele sempre estava calmo, compensando a bebedeira de Turkey.

Ginger Nut era um garoto de 12 anos, cujo pai era carroceiro e que desejava que o filho tivesse melhor sorte. O garoto trabalhava como aprendiz, mensageiro e encarregado da limpeza no escritório de advocacia e as gavetas de sua mesa eram repletas de cascas de nozes. Ginger Nut trazia da rua deliciosos bolinhos de gengibre e maçãs que os dois escriturários encomendavam-lhe com frequência.

Tudo funcionava então como um verdadeiro relógio no escritório do conselheiro tributário, entretanto, com o aumento do serviço, resolveu ele colocar um anúncio no jornal, para contratar outro escriturário. Em resposta ao anúncio, um jovem de aspecto respeitável e muito pálido apresentou-se para a vaga de escriturário. Era Bartleby.

O resto, só visitando o Lendo Muito!


site: https://lendomuito.wordpress.com/2017/10/09/bartleby-o-escriturario-herman-melville/
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Augusto 05/08/2014

A edição me ganhou.
O livro foi uma recomendação, gosto do autor então aceitei, o texto é confuso de inicio e mais claro no final. Quero focar minha resenha na edição da Cosac Naify, sei que muitas pessoas não acham a edição coisa muito relevante. Mas eu acho! Creio que uma edição possa até influênciar na interpretação da estória, enfim o livro que possuo em mãos é excêntrico em texto e edição, é o primeiro livro que tenho que rasgar as páginas para lê-lo, porém isso não é o mais inusitado a capa do livro vem costurada de modo que você não tenha acesso ao texto. A Cosac ainda me surpreendeu com um selo avulso na embalagem do livro com a seguinte frase "...Acho melhor não..." que é possível entender o por que somente depois da leitura do livro, essa edição interessante só foi possível graças ao texto de Herman Melville que traz uma ideia do surreal, do absurdo uma confusão entre o real e a ficção te fazendo sentir hipotético pela danação absoluta e de submissão ao imaginário o livro é tão interessante que tive uma leve crise de identidade entre o mundo e o indivíduo.
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Michael Jordan 12/08/2017

Bartleby, o Escrivão, de Herman Melville é um dos personagens mais estranhos, cômicos e indiferentes que jamais vimos ou de que ouvimos falar. Um dia, resolve não seguir mais ordens: "Prefiro não fazer!". O próprio narrador não o conhece, não o acessa, nao o entende e, talvez por isso, busca falar sobre esse homem "palidamente limpo, tristemente respeitável, incuravelmente pobre." Um obstáculo, uma parede em um beco sem saída na qual o narrador advogado e chefe bate constantemente, e a cada tentativa fracassada, transita entre a culpa e a revolta. Porque qualquer contato, qualquer vontade de arrancar alguma fagulha de raiva, alguma palavra de desespero, alguma explicação trivial "era o mesmo que tentar fazer fogo esfregando os nós dos dedos numa barra de sabão". Bartleby é uma ausência extremamente presente, que movimenta todos a sua volta, menos a si mesmo. Muitos dizem sobre o seu suicídio silencioso, já que o ?prefiro não? é quase um lavar de mãos, que nos comunica um desinvestimento das coisas, da vida, de ser. Apesar disso, prefiro entendê-lo, se isso é possível, como alguém que retira-se da labuta, das competições do mercado, dá massante rotina, adotando um certo modo de vida solitário e crítico, o qual ainda não produziu nenhum fruto maduro que justificasse seu isolamento. Conforme Deleuze (2011), o escrivão instaura uma tentativa de resistência, traça uma fórmula que enlouquece o mundo, esgota e torce a linguagem, cava uma zona de indeterminação, produz vazio na língua, não recusa mas também não aceita, avança e retrocede nesse avanço: "Ser enquanto ser. Se ele dissesse não, se ele dissesse sim, seria rapidamente vencido, considerado inútil, não sobreviveria." A sociedade, é certo, não gosta muito disso; aquele que resolve caminhar sozinho acusa o mundo inteiro; declara que ninguém serve para sua companhia. Talvez ele seja louco, o demente, o depressivo, o psicótico, mas como saber sem levar também em conta as esquisitices do advogado? Deleuze já dizia, Bartleby não é o doente, mas o médico de uma América doente.
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Adriano.Santos 06/08/2017

Perguntas que ficam
1853, três quartos de século separam Bartleby de Gregor Samsa. 2017 e ainda as perguntas se acumulam diante da resignação que não se faz de vítima como se julga de cara.
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Egídio Pizarro 28/07/2017

Resenha? Prefiro não fazê-la.
Mentira.

Minha expectativa para essa leitura não era muito boa, porque eu li "Moby Dick" e até hoje foi uma das piores leituras da minha vida. Eu realmente preferia não tê-la feito.

Por isso, "Bartebly, o escrivão" me surpreendeu. Gostei muito. É uma narrativa curta e, não fosse pelo final, seria uma boa história cômica popular, com direito até a bordão. A completa impassividade (tanto de Bartleby quanto do narrador) mexe com o leitor e a gente fica na expectativa de qual vai ser o próximo passo de ambos. Esse próximo passo não demora a aparecer e, mesmo que saibamos o que vai acontecer, nos causa uma surpresa. É uma estranha espécie de círculo vicioso.

Quanto às interpretações... são muitas. Hoje, após ter terminado essa leitura, vou deitar e demorar a dormir porque certamente pensarei nos vários significados possíveis para a relação entre Bartleby, o narrador e o mundo.

Recomendo a leitura.
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Kiara D. 14/05/2024

"Eu prefiro não fazer isso"
"Bertebly, o Escrivão" é uma obra que mergulha nas profundezas da alma humana através das experiências de Bertebly, um personagem peculiar e intrigante. O autor apresenta uma narrativa rica em detalhes e nuances, explorando os dilemas morais e existenciais enfrentados pelo protagonista. No entanto, o aspecto psicológico de Bertebly não é tão aprofundado quanto poderia ser.

Bertebly é diligente em sua recusa em cumprir suas tarefas, repetindo incansavelmente "eu preferia não fazer isso", o que confunde e frustra tanto o narrador quanto os colegas de trabalho. Seu comportamento enigmático cria um mistério em torno de seu passado, deixando-me perplexa e repleta de questionamentos, assim como o narrador da história. A falta de respostas e a incapacidade de extrair qualquer coisa significativa do personagem geram uma sensação de impotência.

Além disso, Bertebly é retratado como um personagem melancólico, cujo destino trágico culmina em sua morte em meio à miséria e ao abandono. Esta obra multifacetada levanta questões profundas sobre o significado do trabalho e a apatia em relação ao mundo moderno, destacando a alienação no ambiente de trabalho e os transtornos depressivos dentro do sistema capitalista.

"Existem muitos Bartlebys por aí. Não apenas vagando pelo mundo real, com o olhar morto encarando a parede, mas também no plano das ideias."
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Paulla Pereira 28/06/2017

Bartleby, e a resposta que eu sempre quis dar no trabalho :P
Já abro dizendo que prefiro a tradução como "escrivão", não como "escrevente" (e ainda tem traduções como "escrituário"!). Pronto, falei!

Eu conhecia a frase "I would prefer not to" de memes do Instagram e de fotos de passeatas e manifestações nos states; mas nunca tinha ido atrás para saber de onde raios ela havia sido retirada. Quando descobri sua equivalência em português, eu fiquei louca: adoraria responder isso para um monte de gente - coisa que meu marido já faz, diga-se de passagem. Em português, dependendo da tradução, pode ser "Eu prefiro não", "Eu prefiro não fazê-lo", "Eu preferiria não fazê-lo", ou simplesmente "Prefiro não".

Diferentemente do que pensei, quem conta a história não é o personagem-título, mas sim seu chefe. Dono de um escritório de advocacia que já conta com três funcionários, ele contrata Bartleby como ponto de equilíbrio - seus funcionários são meio malucos, for you information, e cheios de manias.

Qual não é sua surpresa quando seu novo funcionário o responde, pela primeira vez, que "prefere não fazer" uma tarefa diretamente solicitada! "I would prefer not to" é o bordão do livro, e a frase que desencadeia as questões da história.

O patrão fica tão assustado/encucado que não consegue responder a isso de imediato. O que faz? Demite o sujeito? Por ele ter se recusado ou por ter afrontado a ordem? E se não o demitir, é porque?

"O que vi naquela manhã convenceu-me de que o escrituário era vítima de uma doença mental inata e incurável. Eu poderia oferecer compaixão a seu corpo, mas não era seu corpo que lhe doía; era sua alma que sofria, e a sua alma eu não conseguia alcançar."

A história continua num crescendo. Chega um momento em que eu quero muito DAR NA CARA do Bartleby, fico irritada com a história, inclusive. E ainda mais louca é a situação que se segue, é a negativa ser estendida a todas as solicitações; e mesmo quando mandado embora do escritório, a problemática não é resolvida - pelo contrário, torna-se ainda mais problemática!

Para o chefe, uma pessoa com passado "sem confirmações" (como só naqueles dias era possível, quase inimaginável com a atual rede informatizada); para nós leitores, um personagem do qual só se conhecem as reações - em nenhum momento lemos a narrativa por seu ponto de vista. A história foi um incômodo, quase uma coceira - você quer que ela acabe pra ver se a coceira passa (dica: não passa).

O livro é curto, a narrativa é ótima, e eu já estou com ele na lista de releituras - acho que dá para tirar mais coisa agora que não quero terminar correndo para saber logo como é o final :P

site: www.muquifolit.wordpress.com
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Gabriel Leite 16/10/2014

Desde já adotando o comportamento de Bartleby para todas as coisas que eu preferiria não fazer.
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Claudia Furtado 30/12/2009

Inesquecível!
A edição deste livro é tão primorosa e tão inusitada (nos leva a uma leitura visceral do texto) que provoca uma viagem pelas várias nuances de compreensão. Ficou! Na mente e no coração.
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Luciana Lís 27/02/2015

O advogado e narrador dessa história anuncia uma vaga de copista para seu escritório, para a qual se apresenta Bartleby, que é rapidamente contratado. Certa manhã, o rapaz que é bastante reservado e eficaz, é convocado por seu chefe para auxiliar na leitura de alguns processos, e responde, sem constrangimento ou mais argumentos: “preferiria não”. Essa é a primeira das recusas de Bartleby, que persiste na mesma resposta ao seu chefe quando esse tenta saber sobre suas razões ou sua vida.
Certa manhã de domingo, o advogado resolve ir ao seu escritório, quando é surpreendido por Bartleby, que prefere não abrir a porta. O advogado, então, descobre que ele vive por lá, se alimentando apenas de biscoitos de gengibre. A vida solitária do rapaz comove profundamente o advogado, que compara a vida do pobre à solidão dos dias em Wall Street.
Com o tempo, Bartleby recusa-se a trabalhar e passa os dias no escritório olhando melancolicamente o muro do prédio vizinho. O narrador nunca vira as recusas de Bartleby como afronta ou provocação, e, por diversas vezes é contagiado pela nostalgia do rapaz, levando-o a ponderações íntimas sobre a vontade e livre-arbítrio; noutras vezes, sentira raiva e ojeriza àquele comportamento, mas sempre fora prudente e caridoso, dispondo-se a ajudá-lo financeiramente, desde que ele saísse do escritório. Mas Bartleby preferia não. A partir dessa recusa, a situação do escrevente começa assumir contornos irreversíveis.
O advogado vê o taciturno Bartleby cair nas armações de uma sociedade burocrática e pouco bondosa, sem que jamais conseguisse compreender e ajudar aquele jovem de natureza solitária. “Bartleby, o escrivão” possui um dos epílogos mais famosos da literatura americana, pois evoca sustentáveis reflexões sobre aquele gênio tão devotado à contemplação. Essa novela foi publicada em 1853, dois anos depois do livro mais famoso de Melville, Moby Dick.
Por: @lucianalis

site: Para mais resenhas: instagram.com/coletivoleituras
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ENAVARRO 17/09/2015

Herman Melville
Ótimo livro do autor de Moby Dick, com a diferença que está é uma leitura rápida, mas não menos interessante. O estilo de Melville é muito marcante e envolvente. É inacreditável que seu reconhecimento como grande autor só veio mais de 20 anos após a sua morte.
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Daniel Batista | @somdodan 24/12/2015

Desconcertante. O tipo de livro que deixa um legado de questionamento suficiente para te pegar desprevenido numas andanças pelas ruas.
"Eu preferiria não fazer" ecoa com facilidade, e seu destino, impensável, rasga as nossas esperanças mundanas e desalenta, desesperadamente, tudo aquilo que propúnhamos de bom. Sei que "Moby Dick" teve muito mais impacto, mas nesta pequena novela, o que se vê tem, também, seu valor.
E ainda mais valor tem o que não se vê.
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Telma Eugênio 27/03/2013

Meu primeiro Melville!
Meu primeiro Melville! Foi devorado em uma única tarde: é pequenininho, 89 páginas, mas os créditos da leitura rápida vão para o narrador que, com seu humor irônico, cativa e torna a estória de Bartleby envolvente –- me peguei comparando a narrativa com os textos hilários dos filósofos alemães.

“Meu pensamento então se perdeu, imaginando os prováveis efeitos que se alimentar apenas de bolinhos de gengibre provocavam na constituição humana.”

Não que Bartleby precisasse de ajuda para se tornar interessante: sua excentricidade por si só já aguça a curiosidade do leitor. Ele, um escriturário, um dia é solicitado pelo seu chefe para fazer uma tarefa, a qual ele responde com um singelo

- Prefiro não fazer.

A partir desse ponto, começa a discussão do livro sobre livre-arbítrio. É inserida a possibilidade de quebra daquelas coisas que às vezes somos quase predestinados a fazer e viver. Bartleby entra em nossas vidas para cutucar e dizer: ei, você pode preferir não fazer. I would prefer not to – desse jeito estranho, quando I would rather not seria mais usual.

Essa quebra de expectativa é o que chama maior atenção no texto de Melville. Bartleby é herói na literatura por, aparentemente, ter se dado conta de que a vida é curta demais para fazer aquilo que preferimos não. Mas acredito que a discussão vai muito mais além do que esse simples fato.

-- Aqui devo adicionar que talvez eu esteja escrevendo a resenha em meio a uma ressaca de leitura. Ainda não consegui sair daquele escritório na Wall Street. Não parei ainda de ver significado para os pequenos detalhes –-

O que me instiga mais é a posição do narrador-personagem, o chefe. Diante da resistência e não encontrando racionalidade na atitude do empregado, ele se coloca primeiramente curioso, o que se transforma, ao desenrolar dos fatos, em piedade pelo pobre rapaz. A compaixão por Bartleby, por sua vez, faz com que o advogado se submeta às preferências do escriturário, levando à perda de controle da situação.

“foi principalmente sua incrível delicadeza que não apenas me desarmou como, aparentemente, castrou-me”

O advogado é, portanto, passivo à resistência passiva de Bartleby. Afinal, o direito de preferir-não-fazer pertence ao escriturário, porém, nenhuma consequência lhe é imposta de imediato, o que aos poucos o leva a declinar outras tarefas até chegar ao cenário de não fazer mais nada além de estar presente.

Nesse ponto entra a discussão sobre compaixão. Melville a satiriza: um advogado, líder de um escritório, perde sua autoridade sobre um jovem empregado através do sentimento de piedade que é construído –- pra mim, uma ilustração perfeita para aquela máxima de que os bonzinhos só se ferram -- De alguma forma, o narrador-personagem acredita que Bartleby tem um motivo por trás de toda aquela negação e, compreensivo, adia sua tomada de decisão. Talvez tivesse a esperança de que um dia aquele grande mistério viria à tona para satisfazer sua curiosidade, caso mantivesse ele ali por perto.

Existem inúmeras situações do nosso cotidiano que podemos encaixar nessa fábula de Melville para entender porque não existe mudança em alguns aspectos da sociedade ou, também, entender a impunidade ou, ainda, ao final do livro, sejamos capazes de dissertar sobre as estratégias de inversão de poder utilizadas nas nossas relações.

Bartleby, o escriturário certamente faz pensar e, por isso, é daqueles livrinhos que mudam a nossa vida.
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Rick-a-book 18/09/2010

I would prefer not to: negando a própria vida.

Herman Melville, famoso pelo imenso, muito comentado e nunca lido Moby Dick (sim, nunca lido, ou você vai querer me dizer que já passou por todas as mais de quinhentas páginas do livro que conta a história do homem em busca de uma baleia?), foi o autor de Bartleby, the Scrivener (Bartleby, o escriturário) em 1856.

Esta novela teria sido uma resposta de Melville, um desabafo, ao fato de sua obra prima – a baleia – não ter vendido como ele havia esperado. Com metade do tamanho que tem hoje, Moby Dick teria sido um sucesso de vendas, mas não foi o caso. Há males que vem pra bem: Melville se chateou e compôs a história de um jovem homem, trabalhando no escritório de um próspero advogado na Wall Street. Reflexo da auto-imagem do autor ou não, este conta a história de um Bartleby que começa suas funções de copista com toda a energia necessária, se não mais. Pouco tempo depois – muito pouco tempo depois, na verdade – de ter sido empregado, começa a se negar a executar as funções de leitura para a comparação das cópias e originais. Sua frase de escape, “I would prefer not to” (Eu preferiria não fazer) logo se torna um bordão. Homem de poucas palavras, Bartleby se digna a soltar seus “I would prefer not” sem qualquer temor, mesmo correndo o iminente risco de perder o emprego. A situação se torna um enigma a ser desvendado, criando no leitor uma ânsia incessante que se estende até as últimas páginas do relato. Na verdade, a impressão é tão pujante que permanece mesmo após o término da leitura.

Bartleby passa pelo inevitável de algumas cenas constrangedoras e outras situações provenientes da falta de ação. Inverossímil? Não, nem um pouco. Uma leitura mais cuidadosa “talvez” – esse maravilhoso “talvez”, que transforma emaranhados de palavras no papel em imortais obras literárias - aponte para causas psicológicas. Filósofo inato, pensador incurável, sonhador distante, melancólico perdido, ou só um rapaz de cabeça oca: qual desses casos seria o de Bartleby?

O livro conta ainda com o bom humor de Melville nas descrições dos outros personagens, os colegas de Bartleby no escritório: um homem que sofre de terríveis indigestões pela manhã, um beberrão que sempre está embriagado às tardes e um garoto de recados.

Altamente indicado.
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