Bartleby, o escriturário

Bartleby, o escriturário Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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Augusto 05/08/2014

A edição me ganhou.
O livro foi uma recomendação, gosto do autor então aceitei, o texto é confuso de inicio e mais claro no final. Quero focar minha resenha na edição da Cosac Naify, sei que muitas pessoas não acham a edição coisa muito relevante. Mas eu acho! Creio que uma edição possa até influênciar na interpretação da estória, enfim o livro que possuo em mãos é excêntrico em texto e edição, é o primeiro livro que tenho que rasgar as páginas para lê-lo, porém isso não é o mais inusitado a capa do livro vem costurada de modo que você não tenha acesso ao texto. A Cosac ainda me surpreendeu com um selo avulso na embalagem do livro com a seguinte frase "...Acho melhor não..." que é possível entender o por que somente depois da leitura do livro, essa edição interessante só foi possível graças ao texto de Herman Melville que traz uma ideia do surreal, do absurdo uma confusão entre o real e a ficção te fazendo sentir hipotético pela danação absoluta e de submissão ao imaginário o livro é tão interessante que tive uma leve crise de identidade entre o mundo e o indivíduo.
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Egídio Pizarro 28/07/2017

Resenha? Prefiro não fazê-la.
Mentira.

Minha expectativa para essa leitura não era muito boa, porque eu li "Moby Dick" e até hoje foi uma das piores leituras da minha vida. Eu realmente preferia não tê-la feito.

Por isso, "Bartebly, o escrivão" me surpreendeu. Gostei muito. É uma narrativa curta e, não fosse pelo final, seria uma boa história cômica popular, com direito até a bordão. A completa impassividade (tanto de Bartleby quanto do narrador) mexe com o leitor e a gente fica na expectativa de qual vai ser o próximo passo de ambos. Esse próximo passo não demora a aparecer e, mesmo que saibamos o que vai acontecer, nos causa uma surpresa. É uma estranha espécie de círculo vicioso.

Quanto às interpretações... são muitas. Hoje, após ter terminado essa leitura, vou deitar e demorar a dormir porque certamente pensarei nos vários significados possíveis para a relação entre Bartleby, o narrador e o mundo.

Recomendo a leitura.
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Luciana Lís 27/02/2015

O advogado e narrador dessa história anuncia uma vaga de copista para seu escritório, para a qual se apresenta Bartleby, que é rapidamente contratado. Certa manhã, o rapaz que é bastante reservado e eficaz, é convocado por seu chefe para auxiliar na leitura de alguns processos, e responde, sem constrangimento ou mais argumentos: “preferiria não”. Essa é a primeira das recusas de Bartleby, que persiste na mesma resposta ao seu chefe quando esse tenta saber sobre suas razões ou sua vida.
Certa manhã de domingo, o advogado resolve ir ao seu escritório, quando é surpreendido por Bartleby, que prefere não abrir a porta. O advogado, então, descobre que ele vive por lá, se alimentando apenas de biscoitos de gengibre. A vida solitária do rapaz comove profundamente o advogado, que compara a vida do pobre à solidão dos dias em Wall Street.
Com o tempo, Bartleby recusa-se a trabalhar e passa os dias no escritório olhando melancolicamente o muro do prédio vizinho. O narrador nunca vira as recusas de Bartleby como afronta ou provocação, e, por diversas vezes é contagiado pela nostalgia do rapaz, levando-o a ponderações íntimas sobre a vontade e livre-arbítrio; noutras vezes, sentira raiva e ojeriza àquele comportamento, mas sempre fora prudente e caridoso, dispondo-se a ajudá-lo financeiramente, desde que ele saísse do escritório. Mas Bartleby preferia não. A partir dessa recusa, a situação do escrevente começa assumir contornos irreversíveis.
O advogado vê o taciturno Bartleby cair nas armações de uma sociedade burocrática e pouco bondosa, sem que jamais conseguisse compreender e ajudar aquele jovem de natureza solitária. “Bartleby, o escrivão” possui um dos epílogos mais famosos da literatura americana, pois evoca sustentáveis reflexões sobre aquele gênio tão devotado à contemplação. Essa novela foi publicada em 1853, dois anos depois do livro mais famoso de Melville, Moby Dick.
Por: @lucianalis

site: Para mais resenhas: instagram.com/coletivoleituras
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ENAVARRO 17/09/2015

Herman Melville
Ótimo livro do autor de Moby Dick, com a diferença que está é uma leitura rápida, mas não menos interessante. O estilo de Melville é muito marcante e envolvente. É inacreditável que seu reconhecimento como grande autor só veio mais de 20 anos após a sua morte.
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Daniel Batista | @somdodan 24/12/2015

Desconcertante. O tipo de livro que deixa um legado de questionamento suficiente para te pegar desprevenido numas andanças pelas ruas.
"Eu preferiria não fazer" ecoa com facilidade, e seu destino, impensável, rasga as nossas esperanças mundanas e desalenta, desesperadamente, tudo aquilo que propúnhamos de bom. Sei que "Moby Dick" teve muito mais impacto, mas nesta pequena novela, o que se vê tem, também, seu valor.
E ainda mais valor tem o que não se vê.
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jonatas.brito 16/04/2017

Novela de forte invocação psicológica
Um livro provocador, que gerará várias perguntas, nenhuma resposta, inúmeras perspectivas. Mas que recompensará os leitores ao apresentar-nos um personagem tão intrigante e misterioso que dificilmente o esqueceremos. Este é “Bartleby, o escrivão”; novela criada por um dos principais romancistas do século XIX, o norte-americano Heman Melville (1819 – 1891), o mesmo autor do célebre romance universal Moby Dick.

A novela é narrada em primeira pessoa pelo seu patrão – um advogado de Wall Street, Nova York – que o contrata após Bartleby responder a um anúncio de emprego para trabalhar em seu escritório como escrivão. Inicialmente, o jovem escrivão demonstra muita eficiência em suas atividades, porém, certo dia, ao ser solicitado a realizar determinada atividade, Bartleby o surpreende com a resposta “Preferia não fazê-lo”. Descrente do que acabara de ouvir, o narrador repete a ordem e ouve, novamente, em alto e bom som a mesma e seca resposta de seu neófito escriturário: “Preferia não fazê-lo”. Isso já seria razão suficiente para qualquer empregador demiti-lo, porém, o narrador – tomado de surpresa – decide mantê-lo no escritório a fim de estudá-lo com mais profundidade, a contragosto de seus outros – não menos excêntricos – funcionários. A partir daí, Bartleby decide, inexplicavelmente, refutar todas as ordens de seu patrão, chegando ao ponto de não realizar mais nenhuma atividade dentro do escritório.

De uma simples curiosidade, Bartleby torna-se alvo de obsessão do narrador, que decompõe seu relato em contrastes sentimentais: ora pressupondo-se superior ao escrivão, ora atormentando-se pelo peso da culpa, ora acometido de pena por julgá-lo um pobre coitado, ora tomado de raiva diante de sua intransigência e insubordinação. Dessa forma, paulatinamente, Bartleby começa a impactar psicologicamente todos os personagens.

No momento em que o narrador (que permanece anônimo durante toda a história) é questionado por outros colegas de profissão acerca do porquê de manter um funcionário inútil no escritório, o patrão decide tomar atitudes enérgicas, porém ineficazes, para com seu escrivão.

Bartleby, ao adotar a negação como filosofia, impossibilita o rompimento da redoma que o cerca. O narrador, em contrapartida, revela todas as suas angústias, frustrações e temores ao leitor. É nítido seu desapontamento na tentativa de conhecer intimamente seu escrivão para, assim, exercer domínio sobre o mesmo (como fazia com seus outros funcionários). Porém, Bartleby não cede ao seu (nem ao nosso) apelo.

“Bartleby, o escrivão” foi publicado anonimamente numa revista americana em 1853 e, desde então, tem gerado entre seus leitores uma infinidade de interpretações. Considerado pelos críticos como a precursora da literatura do absurdo (seguimento da literatura/filosofia que teve em Kafka e Camus seus principais representantes), esta novela é detentora de uma notável riqueza metafórica. A figura enigmática de Bartleby estende-se para além do romance, capaz de causar-nos, assim como para o narrador, forte incômodo diante de um personagem tão intrigante e insondável. Seu final intenso e impactante torna a obra de Melville um excelente romance psicológico que tirará o leitor de sua zona de conforto. Uma história de rápida leitura, porém, capaz de intrigar o leitor por dias, ou melhor, para sempre!

site: http://garimpoliterario.wordpress.com/2017/04/15/resenha-bartleby-o-escrivao-herman-melville/
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Marty 27/03/2009

A subversão da ordem
Ao subverter a ordem das coisas, do cotidiano organizado e previsível, Bartleby é uma figura inesquecível. Repetindo incessantemente ''prefiro não fazer'' e com sua ação absolutamente inexplicável pela nossa lógica cotidiana e nossas convenções sociais e de trabalho, constitui uma figura excêntrica e singular que nos deixa absolutamente perplexos e nos impõe uma reflexão.
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Luiza.Thereza 22/04/2017

Bartleby, o Escrivão
Herman Melville (1819 - 1891) é considerado um dos grandes autores americanos do século XIX. Morto no esquecimento, Moby Dick e seu autor alcançaram a merecida fama no século XX, fama esta que ainda mantém o livro entre as grandes obras literárias já publicadas.

Mas não estou aqui para falar da grande Baleia Branca (ao menos não ainda). Bartleby, o escrivão, foi publicado em 1856 em um livro de contos chamado The Piazza Tales. O escritor argentino Jorge Luis Borges, que fez o prefácio deste livro, comenta que, neste conto, Melville define um gênero que Franz Kafka aprofundaria a partir de 1919, com suas fantasias que dissecam o comportamento e o sentimento humano.

O narrador deste conto é um advogado aposentado, que nos apresenta um episódio ocorrido com ele na época em que possuía um escritório na Wall Street. Chefe de dois escrivães e um aprendiz, e vendo-se cada vez mais sobrecarregado com suas atribuições, ele decide colocar um anúncio procurando por mais um escrevente.

Quem responde é Bartleby, um rapaz "palidamente delicado, lamentavelmente respeitável e irremediavelmente desamparado". Trabalhador voraz e de personalidade discreta, ele "escrevia em silêncio, apaticamente, mecanicamente", sendo, constantemente, o primeiro a chegar ao escritório e o ultimo a sair dele.

Até que em uma tarde, quando uma série de cópias precisam ser revistas com urgência, o advogado pede que Bartleby se junte aos outros escrivães para a revisão e , após uma longa espera, tem como resposta "prefiro não fazê-lo". Tal frase não foi dita de maneira rude, nem continha nenhum traço de agitação, e sim com uma calma tal que o advogado não consegue reagir.

E assim acontece sucessivamente. A cada nova tarefa pedida a ele, a mesma resposta, "prefiro não fazê-lo", dita de maneira tranquila, porém taxativa, e assim, aos poucos, ele deixa de fazer as coisas, e mesmo as tarefas mais básicas de sua função são abandonadas.

Bartleby desperta sentimentos opostos: ao mesmo tempo em que sua sua previsibilidade, sobriedade e afabilidade de comportamento inspiram "confiança e certo instinto protetor" e fazem dele uma "valiosa aquisição" ao escritório, as mesmas características, somadas à apatia ferrenha diante de tudo "gere súbitos acessos de ira contra ele".

É um tanto agoniante. Como se justifica agir contra alguém que não fez nada contra você? Que escolhe (usando o verbo favorito de Bartleby, que prefere" não fazer nada? Demite? Sim, é uma boa, só que ele "prefere continuar onde está" e não vai sair porque "prefere ali a outro lugar" ou "prefiro não me mover".

Ao perceber que alguns dos maneirismos de Bartleby estão se infiltrando no restante do escritório, o advogado recorre a uma solução mais drástica. Se ele não sai, saí o escritório. E advinha quem o novo dono encontra lá? Sim, ele mesmo, Bartleby, o escrivão.

A história é bem curtinha. Coisa de setenta páginas, mas não dá pra deixar de se sentir dividido tal como o advogado em relação a Bartleby.

A José Olympio está, mais uma vez, de parabéns pelo excelente trabalho feito com esta edição.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2017/04/bartleby-o-escrivao-herman-melville.html
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Our Brave New Blog 15/05/2017

RESENHA BARTLEBY, O ESCRIVÃO - OUR BRAVE NEW BLOG
O problema de falar sobre clássicos super clássicos é que a minha vontade é escrever um monte de besteira tentando criar novas teorias malucas sobre o porquê de cada coisa estar ali, e livros como Bartleby me dão ainda mais chance de fazer isso. Mas no final das contas, o povo mal conhece as obras em si (talvez tenha gente que nem saiba quem é Melville), então o meu trabalho tem que ser o de apresentar bonitinho para vocês saberem que a) este livro é um clássico e b) tentar explicar por que ele é um clássico. Não tem problema, o tio Victor conta para vocês.

Vamos começar pelo autor: Herman Melville, para quem não ligou o nome à obra, é nada mais nada menos que o autor de Moby Dick, provavelmente o maior livro estadunidense de todos os tempos. Melville era um cara bem louco. Jornalista e escritor, passou a vida por aí viajando de navio e aproveitou para escrever tanto sobre os lugares que visitou quanto sobre os marinheiros em si. E, por esse motivo, ele foi considerado um escritor menor (todo mundo que escrevia sobre aventuras no mar era considerado um escritor menor, isso inclui também gente como Joseph Conrad) até o povo dos anos 30/40 se ligar que Moby Dick era um livro muito louco.

Agora a sinopse do conto/novela em questão: um advogado narra a história, querendo falar sobre o mais bizarro dos empregados que ele já teve, um jovem calado que geralmente se recusava a fazer quase tudo que lhe pediam, mas realizava seu trabalho de escrivão com grande competência reescrevendo páginas e mais páginas por dia com aparente perfeição. Um dia, porém, ele para de fazer isso também, e passamos a observar os problemas que um ser humano pode causar dizendo apenas uma simples frase: Preferia não fazê-lo.

A primeira coisa que chama a atenção é como Bartleby se diferencia muito das outras obras de Melville, todas realistas, quando não também jornalísticas. E aí temos essa pequena joia literária que parece antecipar muito dos grandes escritores do século XX, como Robert Walser, Franz Kafka e Beckett, embora os dois primeiros, muito provavelmente, não tenham lido essa novela, justamente porque Melville era descreditado pela academia americana. Talvez esse fato deixe tudo ainda mais curioso, porque se tem uma coisa que encaixa com o gênero fantástico é essa "influência fantasma” que Melville teve em Kafka, o que deve dar um tema muito interessante tanto de tese de pesquisa quanto de ficção (acho que O Livro Negro, do Pamuk, já falou disso na verdade).

Porém uma coisa, talvez o essencial, que a obra carrega em comum com o grande clássico Moby Dick é a obsessão que os personagens observados sofrem. Bartleby faz um esforço tremendo para não fazer nada. E esse comprometimento com a inutilidade faz vários pensadores do século XX terem as mais diferentes visões sobre o que esse Niilismo extremado representa. A princípio parece uma depressão das mais absurdas, depois se interpreta como revolta contra o sistema político e social do ocidente, e a partir daí foi gerando visões cada vez mais interessantes e malucas, como por exemplo a do falecido Ricardo Piglia, que via em Bartleby uma espécie de leitor perfeito (afinal seu trabalho é copiar coisas exigindo extrema atenção na leitura para não errar) que primeiramente é totalmente dedicado a literatura, mas depois rejeita essa arte, e sua recusa à leitura é representada pela recusa de todo o mundo ficcional criado por Melville.

RESENHA COMPLETA NO BLOG: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/resenha-bartleby-o-escrivao-herman-melville


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Poesia na Alma 17/05/2017

literatura absurdista
Escrito originalmente em 1853, Bartleby, o escrivão, de Herman Melville, Editora José Olympio, 96 páginas, é um conto que nos mostra a história de uma figura misteriosa pelo ponto de vista do narrador, seu empregador num escritório de advocacia. Segundo sua concepção, Bartleby foi uma das pessoas mais curiosas e intrigantes que já conheceu. Ele o contrata a fim de ajudar no escritório conferindo cópias de documentos. Possui outros assistentes de personalidades peculiares, mas, nenhum deles se equipara ao jovem rapaz, que com o passar dos dias revela-se como um 'peso' que 'prefere não fazer' o que lhe foi solicitado...

Resenha por Maria Valéria, saiba mais aqui - http://www.poesianaalma.com.br/2017/05/resenha-bartleby-o-escrivao.html
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Isa 23/05/2017

Ah, Bartleby! Ah, humanidade!
Acho que não há retrato mais fiel do mundo capitalista do que os prédios de Wall Street se erguendo por entre pessoas e seus desejos mais ambiciosos. E é lá, em um pequeno escritório, que somos transportados ao universo de Bartleby, o escrivão. Nosso narrador, um advogado de palavras polidas, que até então se preocupava apenas com o andamento das cópias feitas sob sua administração, conhece o desconcerto ao contratar um novo escrivão, homem esse que atende pelo nome de Bartleby, e que desmonta em si todas as noções que permeiam a vontade humana.
Posicionado em uma pequena mesa, ao lado de uma janela, o trabalho de Bartleby não deveria ser diferente do que o dos outros empregados. Tudo que o jovem precisava era fazer cópias com atenção para não errar e, depois, conferir as que já estivessem prontas. E ele cumpre seu dever. Até, claro, o dia em que decide que preferiria não fazer*.
Mas, como assim, você pode se perguntar. E é isso mesmo que leu. Um funcionário, depois de contratado, opta, se é que assim posso dizer, por não realizar as obrigações que lhes foram dadas. A partir daí o narrador-personagem, o qual não sabemos o nome, se empenha em esforços tremendos para, da forma mais paciente possível, lidar com a situação.
A história é simples, assim como a escolha lexical que a constrói. Se nos distraírmos, fica fácil concluir, dado o modo como os acontecimentos vão surgindo e convergindo, que se trata de uma narrativa sem pé nem cabeça, com imagens insatisfatórias e pouco reais. Só que há algo na forma, nos detalhes, nos retratos que são criados, que subvertem a simplicidade e que nos faz chegar a um sentimento que, de tão real e tão humano, nos mobiliza.
Da primeira vez que li esse conto, confesso que abandonei. Era para uma aula de inglês da faculdade e não passei da página quatro. Mas é engraçado como, quando despertada por um outro olhar que enxergou as palavras de Melville de forma singular, e que não vinha sob o fardo da obrigação, me vi diante da vontade de dar outra oportunidade à história, e o resultado foi entrar em choque.
Bartleby é munido de um discurso pacifista e de uma apatia que deixa as personagens envolvidas consternadas com sua condição. Seu comportamento cria a grande problemática do enredo e através dele o narrador-personagem experimenta os mais diversos sentimentos, todos resultados da tentativa, não de compreender, mas de adequar aquele ser humano, segundo ele "meio perturbado", ao comportamento esperado pela sociedade capitalista. O escrivão não se estressa, pouco come; não faz o trabalho para o qual ele próprio se candidatou. Bartleby é a raça humana, as coerções que oprimem nossas vontades e o descontentamento para o qual não há remédio.
Esse meu segundo contato com o livro, em que pude, de fato, concluir a leitura, foi muito importante pra mim e isso me atentou pra necessidade de darmos segundas chances para livros. É, com toda certeza, uma leitura favoritada e, me arrisco a dizer, uma das bibliografias básicas pra se viver no mundo moderno.
O conto é curtinho e a leitura pode ser concluída em uma tarde. Talvez, em seu relógio, nem dê tempo dos ponteiros se movimentarem muito. Mas, como aconteceu comigo, e como meu dever é não deixar que vocês caiam em ciladas, aqui vai um aviso: Bartlebly, o escrivão, é uma história cujo desfecho mexe com o leitor e que transborda das páginas, nos fazendo pensar sobre o mundo infinito onde moram todas as coisas que preferiríamos não fazer.

* Na tradução da edição de 2017 da editora José Olympio, a frase é traduzida de "I would prefer not to" como "Preferia não fazê-lo", no pretérito imperfeito. No entanto, na minha visão, a frase transcrita como nessa resenha, no futuro do pretérito, faz mais sentido e permite uma análise mais plausível do conto.

site: www.avalancheliteraria.com.br
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Kiara D. 14/05/2024

"Eu prefiro não fazer isso"
"Bertebly, o Escrivão" é uma obra que mergulha nas profundezas da alma humana através das experiências de Bertebly, um personagem peculiar e intrigante. O autor apresenta uma narrativa rica em detalhes e nuances, explorando os dilemas morais e existenciais enfrentados pelo protagonista. No entanto, o aspecto psicológico de Bertebly não é tão aprofundado quanto poderia ser.

Bertebly é diligente em sua recusa em cumprir suas tarefas, repetindo incansavelmente "eu preferia não fazer isso", o que confunde e frustra tanto o narrador quanto os colegas de trabalho. Seu comportamento enigmático cria um mistério em torno de seu passado, deixando-me perplexa e repleta de questionamentos, assim como o narrador da história. A falta de respostas e a incapacidade de extrair qualquer coisa significativa do personagem geram uma sensação de impotência.

Além disso, Bertebly é retratado como um personagem melancólico, cujo destino trágico culmina em sua morte em meio à miséria e ao abandono. Esta obra multifacetada levanta questões profundas sobre o significado do trabalho e a apatia em relação ao mundo moderno, destacando a alienação no ambiente de trabalho e os transtornos depressivos dentro do sistema capitalista.

"Existem muitos Bartlebys por aí. Não apenas vagando pelo mundo real, com o olhar morto encarando a parede, mas também no plano das ideias."
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Julia.Martins 17/06/2017

Prefiro não deixar de ler esse livro
Livro pequeno, mas de significado incrível. Não se engane pela simplicidade desse livro. É uma obra que nos leva a reflexão profunda sobre a humanidade.
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