Mila F. @delivroemlivro_ 27/05/2019
A resenha mais difícil de escrever da minha vida
O clássico 1984, de George Orwell, era um livro que eu tinha muita vontade de ler, mas como não tinha o volume, não havia lido, então, nada mais natural do que ler o livro assim que ele "pousou" nas minhas mãos.
O resultado não poderia ter sido mais impressionante e impactante, mas a impressão que tive foi que eu o li no tempo certo, no tempo em que eu seria realmente capaz de apreciar esta leitura e ele me tocar ainda mais profundamente, pois estava quase em "comunhão" com alguns dos meus pensamento.
1984 começa de forma bem impactante, nos introduzindo no universo distópico e nos explicando alguns termos e algumas leis e ações comuns dentro desse universo (como os dois minutos de ódio, etc.). Nesta narrativa vamos acompanhar a história de Winston que se passa justamente no ano que dá nome ao livro: 1984.
O personagem vive em Londres, que no mundo ficcional, pertence à Oceania, que naquela conjuntura era uma superpotência controlada pelo Partido, que nada mais é do que um governo totalitário cujo líder é o Grande Irmão. Somos introduzidos às classes sociais, que também são classes pertencentes ao Partido. Winston pertence ao Partido Externo, que não é uma classe tão privilegiada quanto aos pertencentes ao Núcleo do Partido, mas não é uma camada tão baixa como aos dos Proletas (camada mais desfavorecida, porém com o maior número de gente).
Nesse mundo distópico criado por Orwell há ainda mais outras duas superpotências que vivem em constante guerra que são a Eurásia e a Lestásia, e hora uma está em parceria com a outra, hora estão guerreando fortemente.
Por ser um governo totalitário tudo é absolutamente controlado, vigiado, manipulado e escondido das pessoas, que passam a ser meros fantoches para a execução das "obras" do Partido. O ponto mais memorável de todo o livro é por ele ter uma construção psicológica fenomenal, onde o Partido não só manipula todas as informações e a vida das pessoas, mas seus psicológicos, influenciando suas mentes desde a hora de fazer escolhas como distorcendo verdades e vigiando as pessoas 24 horas por dia para não serem pegas traindo o Partido, ou seja, há toda uma pressão psicológica do Partido com as pessoas e isso as atemoriza e as tornam pessoas ainda mais manipuláveis.
Ao acompanharmos Winston percebemos como ele vive pressionado a aceitar o sistema vigente, mas que no seu íntimo se rebela contra o Partido, no início de forma individual, quase ingênua, mas após conhecer Julia e se apaixonar por ela, eles acabam se rebelando totalmente contra o partido. Além disso, procuram se envolver em uma revolta secreta contra o Partido, tudo isso em busca da liberdade e de poderem ficar juntos e apaixonados. SIM, de maneira surpreendente Orwell introduziu um romance em seu livro e me pegou desprevenida nesse detalhe inesperado - pelo menos para mim.
Não tenho palavras para dizer o quanto 1984 foi uma leitura sensacional, mas nem por isso devo ocultar de vocês que apesar de incrível o livro não é dos mais fáceis de ser lido, em vários momentos a narrativa se torna um pouco arrastada, mas pouco a pouco nos habituamos com o ritmo do livro e acabamos apreciando toda a obra, até porque a intenção do autor não foi criar um livro apenas para entreter seus leitores, está claro que sua intenção é promover reflexões políticas, sociais, filosóficas e psicológicas. Um outro ponto que nos faz ficar ainda mais instigados pela leitura é que mesmo após tantos anos de sua publicação o livro tem um conteúdo extremamente atual e de cunho até premonitório. Isso assusta, envolve, deixa o leitor eletrizado.
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