@moniquebonomini 19/05/2017ConflitanteAs memórias do autor de O Tambor causaram certo incômodo no meio literário ao revelarem sua participação como soldado de um grupo de elite do exército nazista. No livro o autor expõe sua trajetória desde a infância até o dia em que foi publicado pela primeira vez. Eu li muitas opiniões conflitantes sobre o livro, muita gente criticou o autor pela revelação tardia de sua participação na guerra, outros acharam por bem separar o autor de sua obra. O livro não romanceia a guerra ou a vida do autor. Ele nos conta das suas motivações no auge da adolescência (quem é responsável ou maduro o suficiente aos 15 anos?), que o levaram a se voluntariar para a guerra. Ele não se lamenta, mas também não se orgulha por seu passado, os fatos da sua vida são apresentados como aconteceram, afinal como ele poderia mudar o que tinha acontecido? Por isso não achei que soaram auto-indulgente ou falsos seus relatos. Ele fez parte de um momento histórico, estava no olho do furacão, aos 15 anos! Após a guerra ele reagiu como tantos alemães reagiram, e a medida que foi se tornando adulto realizou do que participara, tanto que suas obras são críticas à "grandeza" pós-guerra da Alemanha e ele não teve medo (ainda que pudesse sofrer represálias) de se posicionar contra Israel e suas armas nucleares (como alguém que viveu a guerra é de considerar que ele saiba o que não se deve repetir). O início do livro é um pouco pesado, pois traz muitos nomes alemães, o que acaba cansando a leitura, mas a medida que os fatos vão se desenrolando o enredo envolve e parece natural. Não é um livro imperdível, mas tem aquele lance de ponto de vista sabe? O que foi a 2ª guerra mundial para um alemão? Eu recomendo a leitura.