Oriente, Ocidente

Oriente, Ocidente Salman Rushdie




Resenhas - Oriente, Ocidente


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Otávio - @vendavaldelivros 21/12/2022

“Sabe-se lá o que faz de pessoas amigos. Algo na maneira como se movimentam. A maneira como catam fora de tom”

Não me recordo como cheguei até “Oriente, Ocidente” do autor britânico-indiano Salman Rushdie. Minha lista de desejos costuma ser tão extensa que, algumas vezes, me pego tentando lembrar o que aquele livro despertou em mim para que eu tivesse o desejo de lê-lo. Rushdie me era um total desconhecido e, apesar de já ter ouvido falar de “Versos Satânicos” em algum momento da vida, não havia ligado o autor à obra.

Salman Rushdie sofreu um atentado em agosto desse ano. Apesar da gravidade da agressão e da idade de Rushdie (75 anos), o autor conseguiu sobreviver e segue em recuperação. O ódio desmedido e injustificável contra Rushdie me fez querer conhecer um pouco de sua escrita e “Oriente, Ocidente”, livro de contos publicado em 1994 e que eu não me lembrava o porquê de ter me interessado, foi o escolhido.

O livro tem nove contos, sendo dividido em três partes com três contos cada uma. A primeira, focada no ambiente e na cultura oriental (em especial a indiana), a segunda com foco na cultura ocidental e, por fim, a última com três contos mostrando o enlace entre as duas culturas.

Confesso que esperava mais, achei um livro extremamente irregular e com poucos contos realmente prazerosos de serem lidos. A sensação é de um autor que usou de uma experimentação de estilo exagerada em alguns contos e que só se encontrava quando fincava os pés e a escrita em conceitos mais práticos. De todos, destaco especialmente “O corteiro” que, por si só, valeu a leitura de todo o livro. Uma pena não ter transformado o conto em uma novela ou um romance, já que toda a ambientação e criação de personagens foi extremamente bem feita (não pesquisei a fundo, mas me parecia quase um texto autobiográfico).

Mesmo não tendo uma experiência tão positiva, ainda gostaria de conhecer o “Versos Satânicos” do autor. Dos poucos contos que gostei do livro a leitura foi fluída e bem prazerosa. Deve ser interessante ler, afinal, a grande obra de Rushdie.
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Anica 01/05/2011

Oriente, Ocidente (Salman Rushdie)
A crítica literária sempre debate sobre o real peso da biografia de um autor na compreensão de sua obra, debate esse marcado por dois extremos: os que acham que é perigoso interpretar um texto considerando a vida do autor, e os que acham que é simplesmente fundamental. De minha parte continuo achando que o ideal é o meio termo, antes de tudo saber identificar quando dados biográficos realmente vão de encontro ao texto, podendo ser então utilizados para o estudo da obra.

No caso de Salman Rushdie, escritor nascido em Mumbai na Índia, mas que ainda jovem foi estudar na Inglaterra, acredito que deixar de lado sua biografia chega quase a ser um pecado, ainda mais no caso de Oriente, Ocidente, coletânea de contos publicada originalmente em 1994 e que agora a Companhia das Letras lança em formato de bolso através do selo Companhia de Bolso. O título mostra de bastante óbvia o que veremos nas (poucas!) 168 páginas do livro: mundos aparentemente tão diferentes se mesclam, criando uma literatura sem pátria, sem fronteiras – tal e qual acontece com pessoas como Rushdie, nascidas em um lugar mas que passaram a viver muito tempo de vida em outro.

O livro é dividido em três partes, cada uma com três contos. Abre com Oriente, cujas histórias passam na terra natal de Rushdie. É impressionante o quanto da cultura, da cor local o autor consegue captar e passar para o leitor. As imagens são tão claras que ao ler o livro a pessoa é imediantamente transportada para os becos escuros descritos por Rushdie. Dos três contos da primeira parte o destaque fica para Bom conselho é mais raro que rubis, justamente o que abre a coletânea.

De forma tocante ele mostra a situação de uma mulher prometida em casamento para um homem que vive na Inglaterra, indo buscar a documentação para viver no estrangeiro. É quase como um recorte da realidade, de certa forma de um momento bastante banal para a vida de tantos que vão tentar começar a vida no exterior, mas Rushdie consegue fazer isso de forma leve, de uma poesia ímpar.

Na segunda parte, Ocidente, Rushdie resgata a cultura ocidental através de um realismo fantástico, mágico. O tempo se mistura com ícones da nossa cultura, como Hamlet e Dorothy de O Mágico de Oz. É quase como se ele utilizasse um filtro sobre nossas histórias, recontando-as como um contador de histórias indiano faria, transformando esses ícones em mitos, e os mitos com toques de fantasia. O destaque aqui fica por conta do belíssimo Cristóvão Colombo e a rainha Isabel de Espanha consumam seu relacionamento (Santa Fé, a.d. 1492), embora os outros dois sejam igualmente muito bons.

Quanto a essa parte fica apenas a dúvida sobre a escolha da tradução do termo “slippers” para chinelos em No leilão dos chinelos de rubi, quando já se cristalizou no português o termo “sapatinho” – tanto para os “slippers” de cristal de Cinderela como os “slippers” de rubi da Dorothy no filme O Mágico de Oz. Mas de qualquer forma basta começar a ler o conto e entender o que são os chinelos de rubi, então não afeta em nada a compreensão do texto.

Por fim, chega-se na última parte, Oriente, Ocidente, que claramente marcará o encontro dos dois mundos, embora acredite que esse encontro já perambulasse nas outras partes também, aqui ele se dá de forma mais óbvia. Há aqui a sensação do deslocamento, de não se fazer parte de lugar nenhum justamente por pertencer a tantos lugares. Talvez o que mais obviamente represente esse choque entre as culturas seja A harmonia das esferas, na qual temos um narrador nascido na Índia que foi à Grã-Bretanha para estudar, tal como Rushdie. As personagens que fazem esse jogo da “harmonia das esferas” tem todas relações diferentes com a Índia e tão diferentes entre si.

Todos os contos são ricos, revelando a pluralidade cultural que um homem como Rushdie foi capaz de experimentar e, o que é melhor, compartilhar com seus leitores como um grande contador de histórias. Talvez o único defeito do livro é que seja tão curto, deixando vontade de mais contos. Mas mesmo assim, até pelo tamanho da obra possa valer como um bom aperitivo para quem quer conhecer mais do autor sem já começar por obras mais consagradas como Os Filhos da Meia Noite e Os Versos Satânicos.
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victoria961 08/04/2021

decepçao :(
uns contos legais (o primeiro) mas a maioria nao fluiu comigo. bem triste porque ja li coisas bem maneiras do autor - e sobre ele -. pode ter sido ignorancia minha e nao peguei ali o raciocínio, a metáfora, mas nao foi uma leitura fluída, pulei varios contos porque nao consegue sair da primeira página deles.
enfim, vou voltar a esse livrinho alguma hora, com outra cabeça. juro!
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Marcos Faria 28/04/2011

Ler de que jeito, quando é verão no Rio e o ar condicionado pifou? Nessas condições, qualquer tentativa fracassa depois de duas páginas, quando bate aquela leseira. E aí, só tem um jeito: apelar para Salman Rushdie, que deve ser o meu autor vivo preferido (ou pelo menos um dos três preferidos). “Oriente, ocidente” (Cia. das Letras, 1995) tem a vantagem de ser uma coletânea de contos, que exigem bem menos fôelgo de um pobre leitor estival. Nos contos “ocidentais”, Rushdie parece preocupado demais com a tradição literária da Europa (mas sem ser reverente). Os “orientais” são mais soltos, ou pelo menos é o que parecem a um ocidental. Mas é na terceira parte, “Oriente, ocidente”, que ele mostra a que veio e mistura política, cultura pop, misticismo e autobiografia de um jeito único.

(Publicado originalmente no Almanaque: http://almanaque.wordpress.com/2011/01/02/meninos-eu-li-7/)
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Sharon 30/04/2012

Montanha russa!
São nove contos divididos em três partes de acordo com o tema, o local ou o estilo:

1. Oriente


Histórias na Índia atual mas com jeitão e sabor de lenda mágica... minha parte preferida. O primeiro conto é uma delícia e me deixou com altas expectativas. Uma moça chega no consulado britânico para a entrevista que vai permitir sua ida à Inglaterra, casar com o noivo. Um "especialista em conselho" se encanta pelos olhos da moça e dá seu conselho, geralmente caro, de graça: ela pode conseguir um passaporte britânico original, de forma rápida, se falar com beltrano e etc etc... ela nega e entra no consulado, enfrentando a entrevista com honestidade. Quando ela sai... o desfecho é ótimo! Os outros dois contos são divertidos também. A forma irônica com que o Rushdie descreve o próprio povo causou problemas pra ele, mas só traz prazer pra gente... Rir de si mesmo é uma benção, e nós (eu) temos muito que aprender...

2. Ocidente

Muita gente gostou dos contos dessa parte, como a Anica, mas eu... médio. Não pela ironia ter mudado de alvo (agora são os ocidentais), mas pelo estilo ter mudado. Uma ironia sobre estilo? Será? Acho que sim, mas eu prefiro a narração simples e saborosa dos primeiros contos a essa espécie de taquigrafia rascunhada que povo gostava de fazer nos anos 90... sem muita lapidação, verborrágico. Chato. As histórias são mal contadas, mas as ideias são boas. Hamlet sob o ponto de vista do bobo Yorick. Um leilão de sapatinhos de rubi representando nossa dependência do consumo que me cheirou muito (MUITO) a Asimov, então curti... médio. Uma especulação sobre como Colombo consegue suas caravelas. Nesse último o bom estilo dos contos começa a reaparecer, como uma montanha russa narrativa.

3. Oriente, Ocidente

Agora a Índia e o Ocidente se encontram, se misturam e a ironia some. Pena. O primeiro conto é sobre dois amigos de faculdade, o indiano contando a vida do ex-colega e depois escritor, inglês. O final também surpreende, como no primeiro conto. A segunda história é uma maluquice sobre espiões que eu não compreendi direito. E a última é a volta do estilo cuidadoso (que bom!), agora não mais engraçado, mas triste e bonito. A história do amor de uma ayah indiana, uma espécie de governanta/empregada e de um porteiro de origem soviética. A história é contada sob o ponto de vista das crianças cuidadas pela ayah, e os apelidos que eles usam para o casal são uma delícia. Mary-Certamente para a ayah, porque ela sempre dizia "Oh-sim-certamente ou não-certamente-não". E Miscelânea para o porteiro, pois seu nome verdadeiro, na língua materna, era de pronúncia complicada aos petizes indianos.

O conto não é bem um romance de formação, mas tem uma pitadinha:
"Aos dezesseis anos, a gente pensa que pode fugir do pai. A gente não está ouvindo a voz dele falando pela boca da gente, a gente não percebe como nossos gestos já espelham os dele; a gente não o vê no modo como nos mantemos de pé, no modo como assinamos nosso nome. A gente não ouve o sussurro dele em nosso sangue."
Esse conto fecha o livrinho muito bem e ele volta a ganhar a estrelinha que perdeu no labirinto do estilo. Acredito que o objetivo do Rushdie era esse mesmo: começar muito bem, mostrando uma forma universal de contar história, que fica melhor com o tempero de cada terrinha. Então ele assusta a gente com a nossa própria invenção mal feita e nossas invenções mal ajambradas, para voltar a ser um tradicional (e muito bom) contador no final do livro. É um pequeno encontro em todos os sentidos: enredo, tema e estilo. Vale a pena, mas faça como eu: leia aos poucos, sem pressa, no tempo que sobrar. Até porque, segundo consta, tem Rushdies melhores.

mais resenhas em: www.quitandinha.blogspot.com
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Filipe 25/03/2024

Como minha primeira (e aguardada) leitura de Salman Rushdie, devo dizer que não decepcionou. Apesar de ter me conectado fortemente apenas com os três primeiros contos, que compõem a parte ?Oriente? do livro, percebi um estilo muito interessante dele de escrever que me deixou curioso para ler mais. Talvez fosse isso que me fez gostar mais, o fato de ele estar falando de uma realidade bem mais próxima de si, tendo crescido no ?oriente? que penetrou tão fortemente na mentalidade dos personagens.
DANILÃO1505 01/04/2024minha estante
Resenha de Artista!




Bruna 19/12/2011

Bom, esse livro me surpreendeu: não achei que fosse me entreter tanto. Ele é dividido em três partes, cada qual com três contos, sendo a primeira focada no Oriente, a segunda, no Ocidente, e a terceira, na fusão destes dois "mundos".

É muito interessante o modo como Rushdie coloca as culturas ocidental e oriental no livro (ora separadas, ora entrelaçadas) e como apresenta suas críticas. E todos os contos são bons! Apesar de alguns serem confusos e prolixos, chegando a causar enfado, vê-se que as histórias em si são boas. (Contudo, acredito que a escolha pela prolixidade nesses determinados contos esteja intimamente ligada com a mensagem que o autor quer passar.)

Se tivesse de escolher as histórias que mais me agradaram de cada parte, elas seriam, respectivamente: "O cabelo do profeta", "No leilão dos chinelos de rubi" e "A harmonia das esferas" (esta última, incrível).

Um bom livro pra relaxar.
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Marcos 06/02/2020

O livro é formado por 9 contos em grupos de 3 em 3. O primeiro grupo de contos se passa no oriente, o segundo no ocidente e o terceiro grupo é de histórias de pessoas que transitam entre esses dois ?mundo?. Em suma, é um livro que condensa bem a questão do imigrante.
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Vitu 24/02/2021

Apenas ok!
Coletânea de contos bem cutinhos. Alguns bem interessantes e outros bem parados e chatinhos. No mais, vale por ser uma leitura leve e super rápida ;)
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Elaine Fraga 24/03/2024

Alguns contos são interessantes e engraçados, enquanto outros nem tanto. Talvez eu os releia em algum momento futuro; quem sabe minha perspectiva mude.
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