Ferferferfer 31/08/2021
A decadência da lógica cristã
"A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos... E o que vou a dizer não é para lisonjear a vossas senhorias: mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como vossas senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!"
Eça de Queiroz consegue botar em um livro um grande amontoado de personagens de moralidade baixíssima, fazendo-os alegoria de todas as incongruências da sociedade portuguesa, fortemente católica e fortemente hipócrita. A regra, para Eça, é somente uma: expor e incomodar. Com certeza ele conseguiu, porque o livro inteiro não há um personagem que te provoque simpatia, nem mesmo Amélia. É tanto [*****] por metro quadrado que é impossível parar um capítulo sem ficar com ódio, na realidade.
A figura do padre Amaro é assim, nojenta. É um dos piores personagens que eu já conheci: é manipulador, megalomaníaco e agressor de mulheres, fora outros detalhes que não darei aqui, mas garanto que há muitos motivos para se indignar com ele. Além disso, tem a Amélia, totalmente trajada por uma perspectiva romântica, aí... aí, meus amigos, é pra ficar pensando: Amiga... para... agora... enquanto há tempo... tô te pedindo!
Enfim, é bom ler para passar raiva e conhecer a escrita do Eça. Então, se quiser os dois, só vai :-)