Rickardo 01/05/2013
A OUTRA METADE DE MIM.
A questão principal do livro é sequestro da subjetividade sob vários aspectos do relacionamento humano embutido na questão que diz respeito a liberdade do outro, ao significado que damos as relações afetivas e sociais. Pelo que depreendi do livro, padre Fábio de Melo fixa a ideia do sequestro na consignação de uma pessoa que perde o lócus pessoal desde a perspectiva de uma relação contaminada, estabelecendo uma rede afetiva/espiritual de dependências e desestruturações, cujo exemplo mais apropriado é o do ato criminoso do rapto propriamente dito. Em outras palavras o compromisso da crítica do autor, não só evidencia as relações sócias afetivas, mas, também as Interespirituais, cabendo ao leito investigar, a partir do texto, relações entre o sequestro da subjetividade e as suas relações interpessoais com Deus e com os homens. Só tomando o texto como análise reflexiva é que a importância e o lugar da nossa subjetividade podem ser medidos com toda precisão. Uma das características mais marcantes do texto é o fato de todos nós podermos denotar simplesmente nossas histórias, aos exemplos sugeridos pelo autor. Conforme ele explica quando diz que as pessoas pensam o amor como propriedade. Na verdade o amor pode ter um sentido carregado de negatividade quando se percebe que os personagens – no caso nós, depositamos no outro todas as nossas capacidades de energia vital, capaz de ser igualmente desperdiçadas, nas possibilidades destes se evadirem. A realidade suja e alucinatória em que se deslocam o amor dentro das famílias como uma mãe que foi agredida sua vida inteira dentro do quarto ou o que acontece com aquela pessoa que acaba se apaixonando e deixa sua vida para viver a vida do outro. Expostos pelos intercâmbios do egoísmo, esses personagens são como que impelidos a pensar que a felicidade está somente na coexistência com o influente dos nossos afetos desregrados e se acontecer a apartamento dessa relação doentia a pessoa se perde e perde com isso o gosto pela vida. A correspondência que aqui aflora se estabelece com exemplos.práticos de seqüestro da alma, pois quantas pessoas vivem presas ao seus agressores por medo de viver sozinhas. Essa trágica alegoria, cujo principal objetivo parece ser o de refrear o ímpeto sexual e afetivo corresponde, em “Quem me roubou de mim?”, as longas sentenças nas quais frases de efeito e termos se enlaçam em uma complexa relação de subordinação e coordenação afetiva, nas quais o recurso da espiritualidade não apenas amplia o mistifório contemplativo, mas ainda aproxima elementos desiguais, que, de outra forma, poderiam continuar separados. Mas, como já mostramos, ao método atrela-se uma finalidade, e os personagens destas ficções também associam um sentido á sua busca, conforme explica o autor. Quando desconsideramos a possibilidade de ser feliz sem uma determinada pessoa, na verdade, essa dependência pode ser entendida que se está buscando o que é inerente a todo ser humano: o amor. Todos nós buscamos esse outro ser que possa nos completar, ao modo das duas metades da laranja.