beckyreads 15/02/2024
Prometeu tudo e entregou mais ainda
Lançado no ano de 1866, tendo sua primeira parte publicada em Janeiro e a segunda em Dezembro do mesmo ano, achei conceitual. Ele meio que divou, e uma parte de mim gostaria de estar viva apenas para acompanhar esse desenrolar. As condições em que Dostoiévski se encontrava ao escrever esse livro são absurdas, o que deixou a leitura ainda mais curiosa e me prendeu até a última página, justamente por ter isso em mente (vale à pena a pesquisa antes de adquirir sua cópia ou iniciar a leitura).
Minha cópia é na tradução do português de Portugal, e isso me atrasou um pouco, mas não diminuiu a grandeza dessa obra espetacular. Creio que melhorou a experiência, justamente por ser muito condizente com o vocabulário dos anos 1800.
Confesso que ter começado minha jornada pelo mundo da literatura russa logo de cara com esse livro tão pesado e arrastado, tão forte e reflexivo (que é uma boa descrição da realidade até os dias de hoje), foi molecagem minha e eu deveria ter começado com alguma obra mais leve. Então, já fica o aviso aqui.
As angústias, reflexões, medos, ansiedades, pensamentos, planos, etc., que o protagonista apresenta ao desenrolar da história são condizentes com sua idade jovem e até algo que me deixou frustrada. Não é spoiler saber que ele tem 23 anos, mas pensava por 600 páginas que ele tinha +25! Me sentia surtando por me identificar com muitos de seus dilemas, e quando soube que ele tinha exatamente a minha idade, foi como se uma pedra tivesse atingido meu estômago.
Tudo é minuciosamente detalhado, recomendo paciência nesse aspecto. Fora isso, é, para mim, uma leitura indispensável para todos e uma experiência única, necessária, marcante e com muito valor.
Vou admitir: estou fascinada. Esta é a palavra, este é o sentimento.
Crime e Castigo me enlaçou de tal maneira que não consigo ler nada, não consigo desviar o pensamento, prestar atenção em nada que faço e penso no livro 24/7 desde que comecei e terminei a leitura.