Um defeito de cor

Um defeito de cor Ana Maria Gonçalves




Resenhas - Um Defeito de Cor


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Elide 16/04/2024

Uma obra de arte
Um livro para se levar para a vida. Com dados históricos resultantes de um extensivo trabalho de pesquisa que perpassa diversas cidades brasileiras e africanas, além de uma ficção rica e envolvente. Ana Maria Gonçalves conseguiu despertar diversos sentimentos nesta obra que, apesar de conter quase mil páginas, é de leitura fluida. Trechos que não querem parar de ser lidos por um só minuto, personagens que nos fazem sentir como se fossem da vida real e relatos que nos ensinam sobre a vida e costumes Afro-Brasileiros. Uma verdadeira obra de arte que merece ser reverenciada na nossa literatura.
Marcos 16/04/2024minha estante
Assim que terminar minha leitura atual quero ler esse livro. A Portela fez um belíssimo desfile esse ano tendo como inspiração essa obra.




Rodolfo Vilar 13/04/2024

? "de acordo com um ditado iorubá, somente as coisas vivas podem produzir barulho 'e o fazem a sua maneira'" ?

Há livros que transcendem as páginas e se tornam parte essencial de quem somos, como uma pequena peça decimal de nossa identidade. "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, é um desses tesouros literários que não apenas nos acompanha, mas nos transforma em nossa jornada como leitores.

Ao mergulhar nas páginas deste livro, somos levados a uma experiência que vai além da mera literatura. É uma jornada de autodescoberta, uma transformação que nos molda como seres humanos. É difícil expressar em palavras a profundidade dessa experiência, pois vai muito além dos eventos do enredo. É uma imersão na identidade afro-brasileira, uma homenagem às centenas de mulheres pretas que moldaram nossa história, representadas pela protagonista Kehinde.

Kehinde, uma figura fictícia, tem raízes sólidas na história real, especialmente na figura do abolicionista Luís Gama. Ana Maria Gonçalves tece habilmente essa conexão, criando uma personagem multidimensional inspirada na mãe de Luís Gama, uma mulher escravizada que enfrentou inúmeras adversidades, mas que também foi uma protagonista da história.

A jornada de Kehinde nos leva por terras desconhecidas, desde os horrores dos navios negreiros até sua luta pela liberdade e identidade em diferentes regiões do Brasil. É uma narrativa que aborda cultura, religião, política e, acima de tudo, identidade. Através dela, somos convidados a refletir sobre nossa própria herança cultural e racial.

Publicado após cinco anos de intensa pesquisa, "Um Defeito de Cor" é mais do que um livro; é um legado, uma obra que deveria ser leitura obrigatória para todos os brasileiros. É uma poderosa ferramenta de compreensão do país em que vivemos e da riqueza de sua diversidade.

Após cada página virada, não podemos sair os mesmos. Somos transformados pela jornada de Kehinde, uma jornada que ecoa em nossa própria busca por identidade e significado. Este livro já se consolida como um clássico contemporâneo, uma obra indispensável para todos que buscam entender o Brasil e a si mesmos.
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Pablo Paz 13/04/2024

Touché!
"Defeito de Cor" faz alusão a uma lei da sociedade brasileira escravista que dispensava cidadãos de cor, de seu defeito (a cor escura que remetia a trabalho braçal e escravizado), para poderem exercer determinados cargos no exército, na igreja e na administração pública. O cidadão "de cor" podia escrever ao Imperador pedindo dispensa da cor, "embranquecendo-se" para estar à altura do cargo que visava ocupar. Alfim, era uma dessas jabuticabas da elite brasileira que não podia se dar ao luxo de dispensar gente talentosa já que massacre de povos, parafraseando o padre Antonio Vieira, não passava de desperdício de recursos humanos porque sempre há talentos que se perdem.

É difícil resenhar um livro com 17.000 leitores e média 4,7 só aqui no Skoob como este "Um defeito de cor" lançado em 2006 pela mineira Ana Maria Gonçalves. É um romançaço, em todos os sentidos, com suas quase 1.000 páginas, bem à lá século XIX (Balzac, Victor-Hugo e Tolstói): a história de uma personagem desde a infância até à morte, passando por todas as fases da vida de um indivíduo, entrelaçadas com as pessoas que fazem parte de sua vida (nível microssocial) e todas essas pessoas inseridas na história de um país e de uma sociedade (nível macrossocial).

Muita gente, incluso parte da crítica especializada, tem nesse romance um marco para compreender o Brasil do século XIX, o que é verdade. Porém, só é parcialmente verdade. A história de Kehinde (que significa a última a chegar no mundo), uma menina de oito anos que é raptada por homens duma tribo africana no Daomé (hoje Benim) em 1810 e vendida para mercadores europeus que a revendem no Brasil, embora tenha a história - a Grande História - como pano de fundo é um típico romance de formação, um bildungsgroman como se diz na crítica literária. Tenho para mim que o ponto forte da obra é a MATERNIDADE (assunto que raramente me interessa e que já fez me abandonar vários obras com o mesmo tema, exceto esta).

O livro, na minha experiência leitora, pode ser dividido em duas partes: a chegada de Kehinde (batizada Luisa) ao Brasil com oito anos de idade até o momento em que seu filho, Luís, com a mesma idade na qual ela fora raptada, é vendido pelo próprio pai (um português) para pagar dívidas de jogo. A partir daí, o tema central de sua vida é a busca pelo filho perdido. A originalidade e a contribuição aqui é que o tema da maternidade é tratado sob a ótica da mulher pobre e trabalhadora e não sob a ótica da mulher de classe média, comum à literatura brasileira (Clarice, por exemplo). A maternidade para as mulheres da classe trabalhadora não envolve apenas autossacrifício, como abandonar uma carreira, seguir a religião oficial e virar uma boa esposa, envolve mais coisas, em especial a violência sob tudo quanto é ângulo porquanto o pai é sempre ausente na criação desses filhos: o fracasso escolar do menino e a gravidez precoce da menina são exemplos do peso dessa ausência. Criar filhos (especialmente do sexo masculino), numa sociedade patriarcal sem a presença do pai é exigir demais de quem está com pé na ponte e outro no abismo.

Descrever o enredo assim é fácil, desinteressante até, mas o modo como a autora escreve e descreve suas personagens, narrando na primeira pessoa do singular, num português tão ritmado e com uma pontuação muito própria, é uma das coisas mais bonitas já escritas na língua portuguesa. Está à altura e nada deve aos grandes de nossa língua como Padre Vieira, Saramago, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Clarice Lispector etc. É uma obra que te leva para dentro e para fora tanto das personagens quanto da História acontecendo, e com tal equilíbrio que lembra muito a proposta de Flaubert para o que seria o romance moderno. Não há na escrita desta autora, nem narcisismo masculino nem vitimismo feminino, nem sadismo nem masoquismo em excessos, talvez por isso, por causa desse equilíbrio e recorte na construção das personagens e no estilo da escrita, a obra agrade e faz qualquer leitor(a) chegar à fruição estética, como se montando um quebra-cabeças até chegar ao prazer de encaixar a última peça e gritar: - Touché! - para si mesmo(a).

Até o momento, é a maior obra da literatura brasileira do século XXI.
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Paloma 13/04/2024minha estante
Excelente resenha! Me deu ainda mais vontade de ler. Lerei com certeza!


Pablo Paz 13/04/2024minha estante
Paloma, tu vais gostar.


Lílian 16/04/2024minha estante
Que resenha! Eu queria ter tido talento e cabeça pra escrever uma assim, à época que li. Mas fiquei muito tomada por todos os sentimentos misturados e não consegui desenvolver. Se puder assinar embaixo, é nois!




Juliara.Hoffmann 13/04/2024

Conhecendo muito sobre quem fomos e quem somos!
Gente, que livro é esse!! ???

Uma história de ficção misturada com fatos históricos que conta a vida de Kehinde no período de 8 décadas. Batizada como Luísa, a protagonista narra seus dias como se fossem cartas, desde sua captura na África, sua escravização na Bahia, Brasil, sua luta pela liberdade até a construção identitária como dona da própria vida e escolhas.

A narrativa é linda, cheia de detalhes do cotidiano, da sabedoria espiritual e religiosa - mesclando a diversidade da cultura africana e brasileira, e dos conflitos e decisões de uma mulher determinada a cuidar de si e da sua felicidade - em contexto em que ser mulher, negra e ex-escrava exige muito mais do que esforço ou desejo.

Além do mergulho na vida incrível de Kehinde, seus dias são vivências de eventos históricos e personagens reais tornando esta obra tbm um estudo profundo de história e geopolítica.

O que mais amei lendo "Um defeito de cor" foi encarar o quão pouco sabia sobre a construção de nossa própria história brasileira: o que, de fato, foi a escravidão e como o povo negro era organizado e lutou por poder determinar seu próprio destino; as origens africanas de inúmeros elementos culturais, a fé, os ritos e saberes que nos constróem até hoje e a dimensão do significado de ser colonizado (e de seguir reproduzindo hierarquizações).

Impossível não se emocionar, vibrar e se transformar com Kehinde, uma história que precisa ser contada ?
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Juliete.Siqueira 13/04/2024

Necessário
Livro incrível. Li considerável rápido para a qtdade de páginas. O livro retrata nosso passado, mas parece q estamos lendo uma distopia. Impossível aceitar que isso aconteceu com nossos antepassados. Esse livro me fez chorar tanto. Me indignou ver tantos absurdos. Mas no fim é uma história linda. Ver a kehinde lutar tanto e dar a volta por cima tantas vezes. Ela foi uma mulher e tanto. Uma guerreira q teve q ser ainda mais forte de tantas maneiras, por conta de cor da pele dela. E ela conseguiu, apesar de todas as circunstâncias.
Esse livro é pura cultura.
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Alisson 12/04/2024

Leitura concluída depois de 2,5 meses. Sem dúvidas o livro mais desafiador que já li.

O livro físico ficou todo desgastado de tanto ser levado pra cima e pra baixo.
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spoiler visualizar
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StellaNpe 07/04/2024

Bem, eu não sou de fazer resenhas, só posso dizer que esse livro é extremamente necessário, com certeza nunca vou esquecer dessa história..
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Letteles 06/04/2024

OBRA PRIMA
Nos últimos dois meses Kehinde foi minha companhia e eu fui sua confidente, me apeguei muito à ela, maravilhada com tanta inteligência, resiliência, resistência e ensinamento.

É um livro da nossa história, como brasileiros, que infelizmente tivemos pouco/nenhum contato na escola, por só saber as versões e histórias dos portugueses e brasileiros donos de escravos e brancos.

Vale muito a pena a leitura!!!
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Lucas1429 03/04/2024

Livro, muito mais que necessário.
Que livro minha gente, que história. Demorei bastante para finalizar este livro e foi uma das melhores decisões que eu tive. A possibilidade de poder assimilar o livro sem pressa e acompanhar a história de Kehinde é surpreendente. Uma história triste, dolorosa, com muitos revés. De amor, Esperança, Força e Superações.
Não espere aqui que eu vá dar detalhes da história, pois acredito que ler esse livro sem saber do que se trata pode ser uma excelente experiência. Recomendo este livro e se tornou o meu livro favorito da vida.
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@livrosdalita 03/04/2024

Nesse livro vc vai entender perfeitamente o que significa reparação histórica.
A escravidão marcou e marca até hoje e com a protagonista Kehinde vc vai experimentar as dores e as superações de todo um povo.
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Ana Caturelli 02/04/2024

Simplesmente a melhor leitura dos últimos tempos
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão.
Um livro que nos remete a época da escravidão com riqueza de detalhes, a personagem principal nos introduz ao cenário de muita tortura, desigualdade, morte e tristeza.
O mais impactante é a inteligência dessa mulher, como sempre conseguiu dar a volta por cima, apesar de toda a dor e sofrimento.
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Amanda 02/04/2024

A pesquisa da Ana Maria para esse livro foi sensacional e fica muito claro a enxurrada de informações que ela tinha.

É uma leitura fácil, no sentido da escrita, mas difícil de enfrentar na primeira parte. Fica bem descrito as atrocidades que faziam com os escravizados.
Vejo como um livro para pessoas que buscam um romance muito mais do que informações sobre a escravidão, e por isso pode ser um pouco simplório para quem já tem um certo conhecimento ou interesse no tema. Mas, buscando um romance, as pessoas acabam aprendendo um bocado de história do nosso país e da África também, que ainda é tão pouco falada.
Para mim, isso é uma das coisas mais importantes de um livro.

Porém, da metade para o final, achei cansativo e contraditório, considerando as construções das personagens ao longo do tempo.
Com certeza o livro poderia ser bem menor sem perder nada da história.

Confesso que a primeira parte me deixou com uma expectativa muito alta para o restante, mas foi difícil de terminar porque já estava irritada com as personagens e com a autora hehe
Ainda assim, acho um livro necessário e obrigatório.
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Carolina.Gomes 01/04/2024

A personagem perdida
Comecei essa leitura gostando muito da linguagem da autora e da história da personagem. Parecia que ali se tratava de uma sobrevivente, ousada e destemida. O carisma de Kehinde me envolveu.

Torci fervorosamente para vê-la virar o jogo e se tornar a dona da P* toda mas do meio para o fim, a coisa desandou.

A despeito do riquíssimo trabalho de pesquisa da autora, senti que a personagem perdeu força e coerência. Em meio a tanta informação e personagens satélites, a principal história ficou solta e eu confesso que perdi o ritmo de leitura e o livro me cansou.

Na última parte já não me interessava mais o destino da personagem porque senti que ela própria se perdeu.

Talvez a culpa seja da expectativa criada no inicio, talvez eu não tenha gostado muito e fim.

Gostei de ter lido, mas me decepcionei um tanto.
Eliza.Beth 01/04/2024minha estante
É isso? e vida que segue.
Adorei a resenha


Natália Carolina 02/04/2024minha estante
Pra mim esse livro é um dos melhores da vida ??


Carolina.Gomes 03/04/2024minha estante
Algumas, no clube, tb acharam, Nath! Eu fui minoria.


Natália Carolina 03/04/2024minha estante
E essa é a maravilha dos livros, cada um tem uma conversa particular com cada leitor.




Rafa.Barros 31/03/2024

Potente
A potência e a grandeza deste livro são anunciadas logo nas primeiras páginas, com o relato tão doloroso da captura de duas crianças na cidade de Uidá, no atual Benin. A descrição do trajeto do navio tumbeiro do continente Africano até o Brasil foi uma das passagens mais difíceis de ler, tamanha a crueldade com que os capturados eram tratados.

A partir daí, mergulhamos de cabeça num dos períodos mais horríveis da história do Brasil, narrados pela anti-heroina Kehinde, escravizada ainda criança e comprada por um senhor para servir de "companhia" para a sua filha. Os desdobramentos de sua história ao longo de quase 100 anos nos fazem debruçar na essência da condição humana, das barbaridades e atrocidades da escravidão mas, principalmente, no grande poder de resistência de um povo que perdeu toda a sua humanidade. 

O brilhante apanhado histórico feito por Ana Maria merece destaque, e é através dele que conseguimos entender detalhes imprescindíveis para a formação da nossa sociedade. 

Kehinde é Luisa Mahin, mulher escravizada conhecida por ser revolucionária e abolicionista, mãe do Advogado e poeta Luiz Gama. Há controvérsias sobre a sua existência, já que seus registros são poucos ou inexistentes, e com isso Ana Maria foi preenchendo lacunas ficcionais e inserindo histórias de outras mulheres para criar sua personagem.

O único defeito, na minha opinião, é a exaustão de alguns detalhes, que deixam o livro um pouco cansativo, especialmente no final, mas não a ponto de diminuir sua importância.
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