Resenhas - Um Defeito de Cor

Lulu 06/02/2024

Inexplicável
Iniciei a minha leitura no dia cinco de janeiro e finalizei o livro hoje. Tenho tentado conter nos olhos as lágrimas teimosas, que, no menor ato de piscar, acabam escorrendo dos meus olhos. É muita informação para tão poucas palavras, mas tentarei assim mesmo transpor o que Ana Maria Gonçalves perpassou para mim através de Um defeito de cor.

Eu gostaria de ter colocado as minhas mãos nesse livro quando tinha apenas treze anos e me odiava por ser tão diferente dos meus colegas de turma, onde a grande maioria eram brancos. O primeiro sentimento que revisito é o de não ser bem-vinda naquele local, em que diversas vezes me fora demonstrado por meio gestos e atitudes passivas-agressivas de alunos e professores. Nessa perspectiva, acredito que me faltou a mesma força e vontade da Kehinde de não se deixar abater pelas problemáticas que a vida a trazia e principalmente, por buscar ser uma versão melhor de si mesma o tempo inteiro, não dando ouvidos a Esméria quando dizia que ser letrada não faria diferença na vida dela, o que mais tarde, provou-se o contrário. Eu queria ter tido a ânsia de buscar, de conhecer melhor quem eu era e o que poderia fazer perante aquela situação que constantemente me diminuía. Me emocionou muito esse trecho dela: (...) ter nascido preta não me impediu de conseguir muitas coisas com as quais alguns brancos nem ousavam sonhar. Eu fui melhor do que muitos deles, embora não gostassem de reconhecer isso.

Obviamente, hoje em dia, meu relacionamento comigo mesma e com a minha negritude são totalmente diferentes de quando era adolescente, porém, gostaria de ter percebido isso antes de me machucar tanto e de ter permitido que outras pessoas me machucassem sob o pretexto de conselhos. Um defeito de cor é sobre nós, nossos antepassados e o tanto de sofrimento que lhes foram flagelados, sendo contados sobre o olhar de uma mulher que vivenciou minuciosamente todo esse tormento que era ser um escravo no Brasil. Recomendo para os que têm estômago forte, pois muitas cenas me causaram um mal-estar enorme.

Tatiana406 02/02/2024

Livro pra entender o Brasil pra além da ótica do colonizador
Esse livro é de uma preciosidade tamanha que nem acredito que eu tenha capacidade de escrever sobre. Narra a história da vida de uma criança africana escravizada , a figura histórica Luiza Mahin, sequestrada ao Brasil , especificamente à Bahia, e todo o contexto histórico que permeia esses anos. Aulas e aulas sobre religiosidade africana e brasileira, sobre a resistência negra ao inferno que foi a escravidão no Brasil, a influência das pessoas pretas na construção da nossa identidade como brasileiros. Além de acompanharmos a vida da protagonista enquanto mulher, amante, mãe extraordinária, revolucionária e dona de si. Um dos melhores livros que já li na vida.

FAtima311 01/02/2024

Kehinde
A história de Kehinde, a menina negra de 8 anos que é capturada na África e escravizada Brasil, atravessa 8 décadas e quase 1000 páginas. Há que se ter fôlego, lenço e olhar atento para não se peder em uma narrativa tão cheia de detalhes quanto de "serendipidade".

Gilmar 31/01/2024

Chorei do começo ao fim
Um livro avassalador, mas que ensina bastante sobre a história brasileira e sobre a importância de preservarmos memórias. Apesar de grande, o livro é bem divido em pequenos trechos, o que torna fácil devorá-lo. O enredo é muito dinâmico e os personagens são extremamente interessantes, prendendo o leitor desde o início.

Dani 30/01/2024

Primeira Leitura do ano: grandiosa
Leitura em conjunto com o grupo do @leiamulheresjundiai
Foram 2 meses de viagem através dos continentes Sul-americano e africano e através da voz de Kehinde.
Apesar das quase 1000 páginas a leitura é muito fluida, mas ao mesmo tempo difícil de ler em algumas partes pela violência que é presente em todo relato desse período de escravização dos povos africanos.
O ponto alto pra mim é esse ponto de vista diferente de tudo o que eu já li sobre o período: uma visão negra e feminina!
Eu nem sempre estive ao lado de Kehinde em algumas das decisões por ela tomada, mas é isso né!? Eu não estava ao lado dela, eu não era ela! Nunca saberei como é ser ela! Mas os livros fazem com que a gente chegue perto disso! Maravilhoso!

Juliana2892 30/01/2024

Esse livro deveria ser leitura obrigatória pra todo brasileiro, pois aborda a maior chaga do Brasil: a escravidão, e aqui, do ponto de vista dos escravizados.
Nessa leitura chorei e aprendi muito, não dá pra continuar sendo a mesma pessoa depois dessa leitura, algumas partes desse livro vão ficar pra sempre na minha memória, e muitos ensinamentos também. Simplesmente incrível!

Mada 29/01/2024

Esse livro é uma aula de história sobre o Brasil e a África!!
Com uma escrita rica em detalhes, a história é bastante densa, brutal em alguns momentos, mas sem dúvida, emocionante e muito enriquecedora!
É impressionante como sabemos tão pouco da nossa história...
Pretendo reler!!
E recomendo a leitura a todos!!

Ingrid752 29/01/2024

Instagram: @ameninaquelelivross
UM DEFEITO DE COR





Aqui precisamos ter a compreensão de que estamos diante de uma obra de arte única, preciosa e sem precedentes.



Esse livro conta uma história tão rica, importante e necessária que é impossível não amar.



Ele é muito intenso e denso, e pra mim precisou ser digerido aos poucos, precisei de pausas durante a leitura para tentar assimilar e processar alguns acontecimentos.



Mas ele é simplesmente incrível, eu amo a forma como a estória é retratada e que nos faz ser captados para dentro dela. é surreal.



A narrativa me impactou desde os primeiros capítulos, por diversos motivos. Pelo caráter histórico, pelos sentimentos que me provocaram, pela cultura que nos é apresentada, e principalmente pela forma que os negros são retratados, com suas mazelas, suas riquezas, suas forças, suas cicatrizes.



É uma história contada de dentro, vem direto das vísceras, por outro ponto de vista.



Uma vez eu li em algum lugar, não me lembro onde, que quem conta as histórias são sempre os lados vencedores, que só quem vence tem o direito de se “expressar”. É meio assim que senti essa leitura, foram os vencedores que a contaram, não os sobreviventes, os oprimidos, ou as vítimas, mas quem apesar de todos os pesares, que foram muitos ao longo da história, sabia exatamente qual era o lugar que devia ocupar, e que não precisava provar isso para ninguém além de si mesmo. Não sei se faz muito sentido, mas é assim que eu me senti.



Com certeza absorvi muita coisa com essa experiência e espero que esses conhecimentos, reflexões e sentimentos me acompanhem pelo resto da minha vida.



Indico muito para todos. E quem já leu, o que achou?







📖 “Acho que para você, ser branco não era ter a pele clara, mas ter a alma má.”



📖 “Ele disse, e disso eu nunca me esqueci, quem tem amigos tem todo o resto que merece ter, o que pude comprovar em muitas ocasiões.”



📖 “... apesar de não ter culpa por ser africana e preta, eu seria constantemente punida por isso...”

Carlos.Tadeu 28/01/2024

Impactante e necessário!
O romance "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, vai te envolver do início ao fim, proporcionando uma compreensão profunda da construção da sociedade brasileira, marcada pelas consequências tristes de quase 300 anos de escravidão.

Entender a complexidade do contexto histórico abordado no livro, que trata de forma impactante e brilhante a luta contra a escravidão no século XIX, levará você a refletir intensamente sobre desigualdade social, racismo estrutural e intolerância religiosa.

A leitura é extensa, mas essencial para quem busca compreender a fundo sobre o tema.

Irina.Alfonso 26/01/2024

Um Defeito de Cor
Essa com certeza foi e será a melhor leitura feita em todo o ano! Eu não tenho palavras para descrever o maravilhamento que foi acompanhar essa história fascinante! O livro é um romance que narra a lenda que foi Luísa Mahin ou Kehinde, mãe do grande poeta e advogado abolicionista Luiz Gama. A história é uma grande carta de Luísa, que conta como foi sua vida inteira, com todas as suas dificuldades e vitórias. Um fato interessante é que ela participou da Revolta dos Malês, ocorrida no dia 25 de Janeiro de 1835. Curiosamente, ontem a revolta fez 189 anos. Esse livro é uma pérola, uma preciosidade da literatura brasileira, uma forma de ver a nossa história pela perspectiva que mais deveria ser disseminada e ensinada: a perspectiva do povo preto.
Eu estou completamente apaixonada por esse livro e acho que todo mundo devia viver essa experiência! Estou com saudades de todos os personagens já, de estar dentro dessa narrativa e sei que me pegarei pensando em tudo o que aconteceu em vários momentos da minha vida.
Um defeito de cor, eu amo você.

Vania.Pereira 24/01/2024

Preciso escrever...
Que livro... que história!
Terminei é fiquei assim... estupefata.
Ainda estou sem conseguir colocar os pensamentos em ordem.
Quanto mais penso, mais entorpecida fico.
Este é um daqueles livros que quando você termina você sabe que ele te marcou pra sempre.
Só posso dizer: leiam.

Nati 22/01/2024

Um defeito de cor é um daqueles livros que me deixam sem palavras para expressar o quão impactante a leitura foi. Parece algo bem clichê e até melodramático a se dizer, mas essa leitura foi como me encontrar com minhas próprias origens. Na história de Kehinde foi vendo a história das minhas próprias ancestrais, que um dia fizeram essa mesma jornada da personagem principal e que foram tão apagadas e esquecidas que, até seus descendentes delas nada sabem.

A autora disse que Kehinde foi um recorte de pelo menos umas 400 mulheres para formar essa personagem, eu digo que Kehinde emprestou, ao longo dessa narrativa, ao menos um pedacinho da sua história para cada mulher negra escravizada, que teve sua memória totalmente apagada, contar um pouco de quem elas foram para esse mundo que não se lembra mais delas.

Voltando o início, Um Defeito de Cor narrará a jornada de Kehinde, uma então menina, capturada com sua irmã gêmea em solo africano, sendo trazida para o Brasil, deixando para trás seu único lar e toda vida que um dia conheceu.

Aqui no Brasil ela é comprada por um dono de engenho na Bahia para ser companhia para sua filha pequena, um brinquedo humano. Esse é o início da história dessa personagem, que viverá coisas horrendas, mas também coisas extraordinárias, encantará e será encantada, vai amar, sofrer, odiar, errar, se arrepender e aprender muito, viverá intensamente e não aceitará pouco da vida. E a vida lhe dará tudo.

Já falei até demais sobre esse livro, que quanto menos saber do enrendo, melhor a experiência de leitura, com seus capítulos cheios de surpresas e a tensão sempre mantendo o leitor preso a leitura.

Uma das minhas melhores leituras do ano de 2023, quiçá da vida, que agradeço à Isa do Ler Antes de Morrer por trazer essa leitura coletiva. Espero que Ana Maria Gonçalves traga mais histórias tão encantadoras como essa em breve.

outtwoods 19/01/2024

Historia imperdível que peca em momentos chaves
O livro é impressionante em todos os sentidos. A quantidade de páginas assustas no início, mas, a historia te prende e faz pensar que o tempo passa rápido demais durante a leitura.
Completamente descritivo, narra a historia de Kehinde/Luisa Mahin desde a sua infância ate a velhice.
O pano de fundo da vida de Kehinde compõe todo o livro e um cenário histórico que vale a leitura, trazendo os impactos da escravidão e do racismo na sociedade, bem como a importância dos rituais das religiões de matriz africana.
É também nesse sentido que o livro peca em algum momentos: a excessiva descrição de alguns rituais.
Em muitos momentos essa descrição minuciosa se faz presente sem algum adição na história contada pelo livro.
Isso se da também com alguns personagens que ganham cena e paginas sem nenhum adição ou fato importante.
A falta de foco na história principal que envolve a Kehinde em vários momentos prejudica o andamento do livro: pontos chaves de sua historia, como uma carta de alforria, apenas ?passam?. Momentos muito importantes da vida de Luisa não ganham o devido foco e holofote, sendo apenas contados sem descrições e detalhes dados em outros momentos.
No mais, uma ótima leitura, bastante dolorosa nos primeiros capitulos, e que entrega um gigantesco conhecimento sobre o Brasil.

LiWeber 18/01/2024

Não há palavras para descrever esse livro.
Ele conseguiu se tornar um dos meus favoritos de todos os tempos.
A autora tem uma escrita maravilhosa, o livro é fluido e nos faz ter milhares de sentimentos.

?Sobre São Benedito eu já sabia, mas fiquei muito espantada com o que ouvi logo depois, que em uma época não muito distante da nossa, os religiosos europeus se perguntavam se os selvagens da África e os indígenas do Brasil podiam ser considerados gente. Ou seja, eles tinham dúvidas se nós éramos humanos e se podíamos ser admitidos como católicos, se conseguiríamos pensar o suficiente para entender o que significava tal privilégio. Eu achava que era só no Brasil que os pretos tinham que pedir dispensa do defeito de cor para serem padres, mas vi que não, em África também era assim. Aliás, em África, defeituosos deviam ser os brancos, já que aquela era a nossa terra e éramos em maior número. O que pensei naquela hora, mas não disse, foi que me sentia muito mais gente, muito mais perfeita e vencedora que o padre. Não tenho defeito algum e, talvez para mim, ser preta foi e é uma grande qualidade, pois se fosse branca não teria me esforçado tanto para provar que sou capaz, a vida não teria exigido tanto esforço e recompensado com tanto êxito. Eu me sinto muito mais orgulhosa de ter nascido Kehinde do que sentiria se tivesse nascido padre Clement, um bom homem, com certeza, mas que se submetia à necessidade de agradar aos brasileiros ricos de Lagos, Porto Novo e Uidá para se estabelecer com segurança e conforto nessas cidades.?