Joachin 02/12/2012
Com textos traduzidos pela filósofa Jeanne Marie-Gagnebin, essa obra apresenta aos leitores brasileiros os escritos do então jovem Walter Benjamin. São ensaios de díficil compreensão, porém apresentam uma nítida coerência com a produção intelectual restante desse autor.
Particularmente, me fascina o texto sobre a violência. Na perspectiva benjaminiana, a violência mítica estabelece fronteiras, enquanto a violência divina as suprime. Isso quer dizer que a violência mítica é sangrenta e violenta, ao passo que a violência divina – na cosmovisão judaica – busca moralizar e cooptar o indivíduo de forma ética e não cruenta.
O direito ocidental, assim sendo, está fundamentado no poder da violência mítica. Essa forma de configuração da ordem social é frágil e suas contradições podem ser percebidas quando a violência conservadora do direito é rejeitada, enfraquecida e questionada por outras violências de amplo aspecto simbólico. Para Benjamin, somente a violência divina, uma forma pura de violência, pode sublimar a violência conservadora do direito.