As irmãs Makioka

As irmãs Makioka Junichiro Tanizaki




Resenhas - As Irmãs Makioka


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William LGZ 07/09/2022

Maçante porém tem seus momentos e um grande valor literário
Confesso que em pelo menos 50% da história eu estava lendo no modo automático, de forma rápida e sem prestar tanta atenção, porque achei bastante entediante tudo que acontecia da introdução ao desenvolvimento e eram poucas as situações que retinham meu foco pleno; entretanto, foi mais uma das minhas leituras onde o desfecho fez valer a pena a experiência.

Também pode ser encaixado como mais um caso de expectativas altas demais pois, depois de ler "O Diário de um Velho Louco" do mesmo autor, que foi escrito numa pegada totalmente diferente com seu erotismo e uma divertida narrativa em primeira pessoa, aguardei algo minimamente parecido e fui quase que completamente enganado.

Mas foi possível sentir certas características do escritor através de acontecimentos inesperados na trama que foram logo os que acabavam momentaneamente com a monotonia e traziam o pouco de entretenimento ou tensão que senti enquanto acompanhava o enredo. Principalmente na sua reta final que me instigou e deixou verdadeiramente preocupado com o que aconteceria com seus personagens ao fim.

Além disso, a obra não foi de todo modo descartável para mim pela visão que dá a respeito das relações familiares e dos costumes no Japão pré-Segunda Guerra Mundial. E por esse motivo a avalio como acima da média e também a sugiro contanto que se tenha uma real inclinação para o tema para que não acha grande parte tão chata quanto foi comigo.
Diego Lops 22/10/2022minha estante
Experimente "Voragem", outro livro muito bom dele.




Ogaiht 23/03/2021

O Fim de uma Era
O livro é uma excelente introdução à literatura japonesa. A estória é contada de maneira bem detalhada, tudo flui a seu tempo, sem pressa, bem japonês mesmo. A narrativa é bem humana e honesta e mostra os dramas de 4 irmãs (a mais velha não tem tanto destaque assim), que na verdade, representam as mudanças da sociedade japonesa vivenciadas na época. Nessa família as duas primeira irmãs já estão casadas, mas a família tem grande dificuldade em conseguir um marido adequado para terceira. Já a irmã mais nova decide trabalhar, o que a família aprova no início, sem saber o que há por trás disso. Ao descrever todos os problemas e dilemas dessa família, o autor acaba criando um retrato desse período da história do Japão com a tradição e os velhos costumes entrando em conflito com a modernidade e os novos tempos. É um belíssimo livro e um fiel retrato de seu tempo e dos dilemas humanos.
mpettrus 23/01/2023minha estante
Estou atualmente lendo esse romance e confesso que fiquei hipnotizado pela narrativa do Tanizaki.

A história é muito interessante!
Adorei a sua resenha! ???




Polly 25/05/2020

As Irmãs Makioka: uma encantadora decadência (#113)
Já falei aqui, em mais de uma oportunidade, que participo de um grupo de leitura ~muito incrível~ no WhatsApp. Ele, sem dúvida, foi o responsável pela maioria das minhas melhores leituras do ano passado. Em 2019, escolhemos ler apenas autoras e, olhe, foi uma experiência espetacular. Foram escolhidos nome de peso da literatura e os debates sobre os enredos através de diferentes perspectivas de vida só deixaram as leituras ainda mais ricas.

Em 2020, decidimos repetir a dose. Em time que está ganhando, a gente não mexe, não é? A proposta desse ano é viajar o mundo através dos livros (até por que a gente nem está podendo sair de casa, né?), de preferência, livros de nacionalidade pouco comum no mercado. E foi assim que “As Irmãs Makioka” chegou a minhas mãos. Este foi o meu primeiro contato com literatura japonesa e acredito que foi uma ótima maneira de começar.

O livro nos conta a história de quatro irmãs de uma família tradicional japonesa, outrora muito rica e influente, da região de Kyoto-Osaka. Tsuruko, Sachiko, Yukiko e Taeko vivem da glória do passado, no entanto, a realidade bate à porta mesmo sem elas desejarem e ela não é agradável. A decadência da família Makioka é, sobretudo, mostrada nas amargas propostas de casamento recebidas por Yukiko, a terceira das irmãs, que vê os anos passarem sem que nenhuma delas se concretize.

“As Irmãs Makioka” é sobre relacionamentos, sobre odiar pessoas que amamos (ou os erros que elas cometem), é sobre a rotina da vida, é sobre como o passado deve ser deixado para trás para que se efetivamente viva. Com passagens poéticas tão lindas a ponto de fazer umas lágrimas sorrateiras escaparem pelo canto dos nossos olhos, a definição mais precisa que eu consigo dar ao livro é que ele é vagaroso como a vida. Nele, como na vida, os anos passam e os dias são apenas a sucessão do mesmo dia e, vez ou outra, as coisas mudam repentinamente para marcar e determinar nossos futuros. A beleza e o amor, além do próprio viver, estão escondidos nos detalhes da rotina, basta a gente saber apreciar. E acho que esse é o valor mais precioso que o livro passa.

O perdão também é bastante exercitado nesta família. As aparências são até determinantes nas escolhas e ações dessas irmãs, mas o amor que elas sentem umas pelas outras sempre vence qualquer situação. Taeko, a caçula, por sentir culpa de um “erro imperdoável” do passado, por ser a que menos viveu as glórias da família e por ser de uma geração bem diferente da das irmãs, comete erros sucessivos (cada vez maiores), tão perdoáveis e vis para a nossa visão ocidental do século XXI, mas que aparentemente prejudicam o futuro de Yukiko e causam desconforto entre elas. Taeko é a ovelha desgarrada da família, mas nem por uma página, ou linha da narrativa, suas irmãs deixam de amá-la.

Ainda sobre Taeko, ela é, de longe, um dos meus personagens preferidos da história, ainda que haja decepções pelo caminho. Considero-a uma personagem muito bem construída, cheia de nuances, daquele jeitinho que a gente gosta. Talvez por Taeko parecer muito mais com o “ser mulher no século XXI”, a narrativa, quando se prende a sua história, torna-se irresistível e lemos 50, 100 páginas sem nem perceber.

E por falar nos meus personagens preferidos do livro, tenho que reservar um parágrafo especial para Teinosuke, marido de Sachiko, a segunda irmã. Teinosuke é sensível e prestativo, sendo a única pessoa que chega perto de entender os dilemas de Taeko. Ele entende sua alma artística (talvez por ter um pouco dela), uma alma que é sedenta de liberdade. Taeko vive em um mundo diferente do deles e Teinosuke é hábil o suficiente para compreender isso. Além de ele ser um gentleman, que sacrifica sua imagem diante da casa central apenas por amor à esposa.

As Irmãs Makioka é dividido em três livros. Confesso que o primeiro não me prendeu muito, mas vale a pena passar por ele, porque o segundo e o terceiro livros são incríveis. Conquistam nossa alma, de verdade. A leitura é um pouco melancólica e dá impressão que a gente não está saindo muito do lugar, mas a história é cheia de beleza, cheia de detalhes, cheia de aprendizados. E, sabe aquele vazio que a gente sente no peito ao chegar à última página? Ele acontece com As Irmãs Makioka e é justamente o que nos fornece a certeza de se estar diante de um livro maravilhoso. Recomendo a leitura!
Nanda 15/06/2020minha estante
Adoro esse livro. E ele me lembrou
bastante os romances de Jane Austen. XD


Cesar.Perito 22/07/2020minha estante
Aí moça, que clube é esse? Eu estou querendo muito conversar com as pessoas sobre os livros que leio aaaaaa


oraflocs 05/08/2020minha estante
Incrível análise! (Obs.: tbm gostaria de saber sobre este grupo! hehe)


Saint.t 26/08/2022minha estante
Adorei sua resenha! E moça, que clube é esse??




Alicia 11/05/2023

Um livro bem escrito e muito bem contextualizado.
Temos a cultura japonesa em evidencia no contexto anterior e inicial da Segunda Guerra Mundial. É narrado pelas irmãs Makioka, principalmente por Sachiko, a segunda mais velha das quatro irmãs.
São quatro irmãs, sendo a mais velha Tsuruko e Sachiko já casadas. A terceira das irmãs, Yukiko, está a procura de marido e a mais nova Taeko já tem um namorado, porém só pode se casar após a irmã ainda solteira ter se casado, devido as tradições. Os pais das irmãs são falecidos e por isso o esposo da irmã mais velha assumiu os negócios da família e o sobrenome Makioka.
O cenário é esse. A irmã que mais aparecem é Sachiko que narra grande parte do livro, principalmente sobre o contexto das duas mais novas. Yukiko recebe muitas propostas de casamento, porém algo inusitado sempre acontece, seja devido a uma mancha escuta que aparece todo mês em seu rosto, ou pela família do pretendente ter algo que inviabilize o casamento, ou ainda, por Yukiko encontrar algo que a desinteresse. A irmã mais nova, Taeko, é bastante rebelde, busca por independência e cria muitos problemas, enquanto Yukiko é comportada, recatada, até de mais em algumas ocasiões, tímida, polida e em diversos momentos mostra-se apática ao que acontece ao seu redor.
De modo geral é isso que temos.
Gostei muito dos detalhes da cultura japonesa e de saber sobre suas tradições.
É uma leitura fluída e gostosa. Aquele tipo de livro que eu auto denomino novelão, que me agrada muito.
Não traz nada excepcional e nenhuma reviravolta, é a rotina de uma família, suas tradições, jeito de viver e se estabelecer em tempos mais simples e conservadores.
Acaba de forma esperada, mas isso não desmerece em nada toda a narrativa.
Recomendo e acho que vale muito a leitura.
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djoni moraes 03/08/2020

As Irmãs Makioka
Este livro é uma grande obra pra literatura mundial, que evidencia de forma bastante sutil a ocidentalização japonesa. Ambientado no período da segunda guerra mundial (que serve como um pano de fundo histórico, influenciando diversos aspectos da cultura e economia do país no momento, mas que não é colocada em evidência ao ponto de se tornar um tópico relevante na obra), a história conta a busca pelo pretendente ideal para uma das irmãs, a Yukiko. A família Makioka, que foi um grande e influente clã anos atrás, agora passa a decair, perdendo sua força e influência e ficando apenas com o nome e os costumes japoneses bem arraigados. Assim, a família vai rejeitando vários pretendentes por não encontrarem um à altura do grande clã, ao ponto de não receber mais propostas. Dessa forma, a Taeko, a irmã mais nova, por não ter a irmã mais velha casada, não pode seguir sua vida amorosa que já estaria encaminhada, sendo fadada a esperar.

O ideograma que intitula este livro no japonês original, lendo-se "Sasameyuki", contém vários significados intraduzíveis. Primeiro, quando lido por inteiro, significa "neve muito rala e efêmera". Simboliza também o som do sussurro, tão presente na trama da história.

Este é um livro pra se degustar leeeentamente, pois as coisas não acontecem da noite pro dia. Aliás, a história toda transcorre em vários anos. Enquanto isso, somos apresentados a vários elementos do Japão tradicional (as entrevistas de casamento [miai], as viagens para contemplação das cerejeiras a florecer, diversos elementos do teatro kabuki japonês, as cerimônias do chá, arte e escultura, etc) de forma tão bonita e sensível. Parece que a preocupação de Tanizaki não é só que demos uma última olhada a esta cultura antes de que ela se funda por completo com a nossa, mas que também acompanhemos parte dessa fusão.
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Márcia Regina 30/08/2009

"As irmãs Makioka", de Juni'Chiro Tanizaki.

Li este livro a partir de uma menção à obra feita por Muriel Barbery, em "A elegância do ouriço". Sempre sinto curiosidade por um livro depois de ele ter sido citado. É como uma corrente, um vai puxando outro, que puxa outro, que puxa outro.... e assim minha pilha só cresce

Recomendo, recomendo e recomendo. Mas não para todos os gostos. O livro é imenso (mais de 700 páginas, páginas maiores que a média e letra meio pequena. E lento. Vai se infiltrando devagar, passo a passo. Em alguns momentos literalmente passo a passo.

Mas, por incrível que pareça, é aí que ele nos conquista. Parece que estou acompanhando as irmãs, principalmente Yukiko, tímida e forte.
Gostei também da forma como são apresentados os homens. Me apaixonaria por Teinosuke, o cunhado, e Hashidera, um dos pretendentes.

A realidade se mostra em sua rudeza, sim, mas também com seus encantos. Existe a convenção e as limitações dela decorrentes, mas também a busca de compreensão, a percepção de sentimentos e consideração com esses sentimentos.
Claire Scorzi 06/09/2009minha estante
Eis um livro que penso em ler... Vi o filme faz muitos anos. Lembro pouco - e o que lembro me instiga.


jota 23/04/2011minha estante
Ok, exceto por um detalhe: Barbery refere-se ao filme Munekata kyoudai, ou As Irmãs Munakata, baseado num conto de Jiro Osaragi (1897?1973), dirigido por Yasujiro Ozu em 1950. Já As Irmãs Makioka, livro de Junichiro Tanizaki virou filme em 1983, dirigido por Kon Ichikawa. Este não é mencionado nem no livro de Barbery, nem no filme Le hérisson (2009), ou O Porco-Espinho, baseado no livro dela. É apenas uma correção, não uma crítica.


Márcia Regina 23/04/2011minha estante
Oh, oh, isso significa que tenho mais um livro para minha pilha de leitura.
Vou procurar o conto de Jiro Osaragi.


Márcio M. 04/10/2011minha estante
No filme aparece sim um livro do Junichiro Tanizaki, mas é o "Elogio da Sombra".


Márcia Regina 04/10/2011minha estante
A elegância do Ouriço, As Irmãs Makioka, As Irmãs Munakata, Elogio da Sombra... entendem como os livros acabam chamando e quanto mais lemos mais nossa pilha de leituras cresce?






Ladyce 27/01/2017minha estante
Acabo de ler e como você gostei muito. Mas realmente não é para qualquer leitor.




Isis 08/08/2022

As irmãs Makioka
Passei o último mês com essa leitura e agora que acabou já sinto saudade de acompanhar o cotidiano das irmãs Makioka!
Pra mim foi uma narrativa super envolvente, mesmo não tendo grandes acontecimentos (existem momentos mais lentos, como a maioria dos calhamaços, mas nada que me desanimou a continuar lendo), é daqueles livros que você quer ler um pouco todo dias e os personagens são tão bem construídos que às vezes esquecemos que não são pessoas reais.
Recomendo para quem gosta de histórias sobre famílias e para quem procura saber mais sobre os costumes e cultura japonesa.
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Kleber 06/11/2013

O ATESTADO DE ÓBITO DE UM PAÍS
Acho que As Irmãs Makioka é, para ser bem dramático, uma espécie de atestado de óbito de um país que morreu. O Japão como concebido no livro deixou de existir com a II Guerra. Registro de uma inocência e de uma ingenuidade que não existiriam mais. É como uma virgem que foi estuprada, e nunca mais voltará a ser a mesma, assim foi com o Japão, com a II Guerra.

Difícil saber o quanto Tanizaki sabia que estava escrevendo esse testamento cultural, já que começou a escrever o livro em 1943 e o terminou em 1948, vendo o antes, o durante e o depois dessa transformação de um país que se "ocidentalizou" por livre vontade, para o país que teve de se "ocidentalizar" por pressão. O retrato de um país que sofreria a apoteose inversa: não eram os japoneses, nascidos na pátria dos deuses, e por isso invencíveis perante todos os outros povos?! E o impacto da derrota para eles?

Com isso, ficamos pensando: o que aconteceu depois, quando a guerra realmente eclodiu? O filho mais velho de Tsuruko serviu como soldado? Uma das casas foi atingida durante os bombardeios que arrasaram as principais cidades do Japão?

Quanto aos personagens, adorei a Sachiko, que é a segunda irmã, e de longe a com quem mais criei empatia, pois há algo que me identifico com ela. Sachiko é um ponto de equilíbrio na família, aquela pessoa que sempre fica sabendo de tudo e precisa dosar o que fazer ou deixar de fazer, se omitir ou reagir, contar aos outros ou não contar, mediar situações, etc. Em toda família tem alguém que, por ordem do destino, é incumbido desse papel. Na minha família, sou eu, talvez por isso tenha gostado tanto dela.

Aliás, interessante como a Sachiko é, de certa forma, a protagonista. Na narração, nos é permitido saber tudo sobre seus pensamentos e sobre seus anseios; mas quanto aos outros personagens, só podemos supor através de sugestões e das impressões de Sachiko. Li em algum lugar que o título original do livro, Sasame-Yuki poderia ser uma sugestão que a Yukiko é o personagem central, e apesar de ser realmente o mote do enredo, discordo. Sachiko é a alma do livro.

A resistência de uma cultura, de uma tradição, que logo se tornariam obsoletas, ou, na melhor das expectativas, ultrapassada e enfraquecida. Uma obra-prima da literatura e entre os melhores livros que li na vida.
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Ladyce 27/01/2017

Pastoral
O ritmo, a saga de "As Irmãs Makioka" me lembraram Eça de Queiroz. Talvez seja por isso que desde o início me senti inclinada a gostar da obra de Jun’sihiro Tanizaki, sem levar em conta as mais de 700 páginas da edição brasileira. O ritmo é lento. O texto se move como as estações do ano, vagarosamente, cada passagem de tempo uma atividade, novo enfoque, nova oportunidade. Esperança. O universo é retratado nos detalhes, nas minúcias do cotidiano. E são os pormenores da vida que nos dão a medida certa da sociedade que as produziu.

Considerado uma obra clássica da literatura japonesa, esse livro retrata o período em que o Japão esteve em guerra com a China até sua aproximação à Alemanha de Hitler. No entanto, a julgar pelo descrito neste livro, no interior montanhoso do país, as guerras quase não tiveram impacto. Os ecos das batalhas são longínquos e não arrepiam as penas dos pássaros nos jardins. "As irmãs Makioka" retrata quatro anos (1936-1941) na vida de quatro irmãs vindas de uma família tradicional, de abastados comerciantes, que perdeu a influência financeira e social. Elas tentam manter, cada qual à sua maneira, as tradições familiares de classe e dinheiro, no entanto, os resultados são modestos e diferem para cada uma delas. O Japão está no seu momento mais intenso de ocidentalização antes da segunda metade do século XX. E essa mudança de hábitos, de roupas, de maneiras de pensar está presente no dia a dia das irmãs.

No antigo Japão – e francamente não sei como é agora – irmãs haveriam de casar na ordem em que nasceram. Essa regra, mantida pelas Makiokas, é o fio da trama. Na abertura, a primeira filha é casada com seis filhos, a segunda, casada com uma filha, a mais jovem, rebelde, desafiadora do status quo já está comprometida para casar, mas a terceira , não consegue um marido à altura, está ficando velha demais para um bom casamento e empaca a vida da mais nova. A solução desse problema segura a narrativa de início ao fim. Cada uma das irmãs é detalhadamente descrita, não há como confundirmos seus nomes. Como é um romance movido pelo personagens, com muito pouca ação, o conhecimento profundo de cada elemento é essencial.

A vida não para porque Yukiko não consegue casar. Vez por outra aparece um pretendente. Nesse meio tempo há eventos do cotidiano: crianças crescendo, doenças, passeios em família, mudança de endereço e assim por diante.Aos poucos temos uma visão precisa de como era a vida antes da Segunda Guerra Mundial. Li esse livro nas férias, em três semanas. Aproveitei o tempo letárgico do verão quente para parar a cada capítulo (eles são pequenos) e procurar na internet imagens do Festival das Cerejeiras, do Dia das Meninas, a distância entre Osaka e Tóquio para entender o trauma de uma mudança de lá para cá. Procurei fotos de glicínias e outras flores mencionadas. Fui atrás de explicações para as partes de um kimono, assim como os rituais mencionados. Tive por causa disso outros meios de apreciar a leitura. Enfim, tive o luxo de poder dar tempo à narrativa, deixá-la criar raízes.

Esse é um belíssimo livro, retrato de uma época. Foi escrito durante os anos da guerra entre o Japão e a China e publicado em 1948. Tem sido desde então considerado uma obra-prima da literatura japonesa do século XX. É fácil entender a razão: é a saga de uma família para sobreviver num mundo que muda rapidamente. Durante a narrativa o Japão comemora 2.600 anos de existência. Muitos dos rituais da corte e da sociedade japonesa ainda preserva antigos hábitos em descompasso com a ocidentalização, que já vinha se estabelecendo na terra do sol nascente desde o século XVIII através do comércio com a Holanda. O que se testemunha na leitura é um adeus às velhas maneiras. Algo que não acontece de repente, não até perder a Segunda Guerra Mundial e ser ocupado pelas forças aliadas de reconstrução de 1945 a 1952.

Definitivamente essa leitura é um requisito para o leitor interessado da grande literatura e naquela produzida pelo Japão.
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gab 29/08/2022

maravilhoso !!!
antes que começar a ler, apesar de ter ouvido falarem muito bem do livro, imaginei que ele seria, de certa forma, monótono e entediante, principalmente por ter mais de 700 páginas. mas assim que comecei a ler já deu pra perceber que, na verdade, o tanizaki tem uma escrita muito dinâmica e que facilmente prende o leitor.
o cotidiano das três irmãs apresentado na história é envolvente e é com o desenrolar da história que você se aprofunda nas personagens e passa a conhecer profundamente elas. achei isso realmente incrível. a construção das personagens é muito sensível e bem feita, e a distinção entre as quatro irmãs é como um perfeito equilíbrio, de certa maneira. mesmo que tsuruko não tenha sido muito marcante nem presente, acredito que isso é nada mais nada menos do que parte da sua personagem como pessoa.
eu honestamente não consigo encontrar palavras pra descrever como esse livro me tocou em diversos momentos. ver os anos se passarem em poucos capítulos e novas propostas de casamento surgirem para yukiko me causou certa aflição, porque, afinal, quando ela se casará, eu ficava pensando. enquanto isso, também acompanhar a vida da taeko, que se desenrolava de uma maneira tão livre e fora dos costumes e padrões que eram esperados, ela buscando sua independência de uma maneira ou de outra. o desespero constante da família para manter seu nome e sua tradição enquanto o mundo parecia estar contra.
é um livro repleto de acontecimentos, muitos personagens e muitas histórias, mas também muitos sentimentos calorosos e familiares que me aqueceram o coração. como filha única, é muito interessante ver uma relação tão amorosa de irmãos, quando não tive exemplo disso em nenhum momento da minha vida. as irmãs makioka é um livro de 744 páginas que merece cada segundo gasto.
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Yasmim24 24/04/2023

As Imãs Makioka
Tradição e modernidade se enfrentam e ambas perdem!

Escrita muito agradável, sensível e simples mas de maneira nenhuma superficial, diálogos por vezes cômicos com uma pitada de desespero. Lentamente escrito e com descrições muito bonitas de paisagens japonesas. O Japão é um personagem importante para a história.

O final de Taeko e Yukiko... o que foi aquilo?

MUITAS coisas podiam ser acrescentadas a esse breve texto, não digo que é um livro para todos, pois acredito que não seja. Mas não fica devendo em nada para qualquer outro livro que se proponha a narrar relaçõoes familiares um tanto complexas em um contexto de declínio social com o plus da imersão em uma cultura totalmente diferente. Uma das melhores leituras desse ano com toda a certeza. Valeu muito a pena!
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Luciane.Gunji 26/08/2022

Nadei, nadei e morri
Encontrei na família Makioka a memória afetiva que só a literatura japonesa poderia me proporcionar.

Nem é preciso ser asiático para se simpatizar com a história das irmãs. Cada uma com suas particularidades, fazendo com que no final tudo pareça "A Grande Família", ou qualquer novela mexicana que já conhecemos.

Mas faltou. Faltou aquele final feliz, aquela reviravolta. E nem por isso eu gosto menos da história. O que fica é o gostinho de quero mais.
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Clarispectiana 31/12/2022

Fôlego
Tive que ter muito fôlego para seguir com a leitura.

A escrita é boa, o autor sabe conduzir a narrativa e te fazer ter interesse. Porém, os acontecimentos são demorados, ele pontua cada detalhe e eu gosto disso, faz com q vc conheça mais a cultura japonesa. Mas eu me cansei um pouco haha

Então persista, siga em frente pq é um livro bom. Confesso que senti falta de algumas coisas, mas o fato de ter passado meses com essa leitura faz com que eu me apegue aos personagens e a história. .
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lu_nasc05 29/07/2022

Uma leitura bem calma
Aquele tipo de leitura lenta mas que acaba divertindo principalmente quando acontece algum escândalo ou uma novidade na narrativa.
A evolução é bem lenta e com várias descrições bem lentas, mas que a mim não atrapalhou o desenvolvimento do livro.

É cheio de altos e baixos, é uma caracterização bem humana dos personagens pq nenhum deles toma ações completamente agradáveis ao leitor sempre, então de certa forma vc se vê odiando algo que eles fizeram depois volta a gosta, mas tem uns que odiei até o final e outros que só depois da metade me decepcionei.

Cheio de mudanças gostei muito.
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