@tigloko 23/09/2022
O barril de pólvora do julgamento da década
Tonya, uma menina negra de 10 anos é estrupada por dois homens brancos e espancada violentamente. Os dois homens são presos mas Carl Lee, o pai de Tonya, não consegue aceitar eles serem soltos ou irem presos sem pagarem pelo que fizeram. Assim, ele elabora um plano e mata os dois com tiros de fuzil. A partir daí começa um julgamento que vai parar a pequena cidade de Ford Country. A cidade fica dividida entre os que defende a atitude de Carl Lee( a justiça com as próprias mãos) e outros que torcem para a pena de morte. Jake é o advogado de defesa contratado que vai tentar livrar o seu cliente do corredor da morte, em meio as ameaças da Ku Klux Klan.
Foi uma leitura de altos e baixos. De pontos positivos as partes no tribunal, são um campo de batalha sem armas. Os depoimentos controversos das testemunhas, as ameaças da Klan, só aumentaram o nível de tensão quando chegava nas partes do tribunal. Quando começou o julgamento a leitura ficou bem fluída, emocionante. Sem dúvida é o ponto alto do livro.
Apesar de poucas, também gostei das questões raciais na história. O modo como essa cidade de maioria branca trata os negros na sociedade. E o julgamento só mostrou o racismo e preconceito que estava enraizado naquelas pessoas. Foi isso que me fez dar uma nota tão alta para o livro, são partes bem escritas. Gostei da maioria dos personagens também. Diferente do Dossiê Pelicano senti que aqui eles importavam para o andamento do livro e não descartáveis.
Agora como partes negativas, é um livro arrastado, já começa por aí. Eu gosto dos pormenores do Direito que o autor foca, sei que são necessários para dar o contexto. Mas acho que ele pesou a mão e ficou um livro bem travado, mais informações do que o necessário. Senti que lia mas não avançava. Menos mal que a escrita fluia nas partes do tribunal. E outro ponto negativo é a falta do ponto de vista de Carl Lee, que tivesse mais. Para mim era crucial que tivesse mais sobre os pensamentos dele.
Enfim, pelos pontos positivos foi uma ótima leitura.
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A parte do julgamento foi muito boa( apesar de não mostrar o depoimento do Carl Lee, o mais importante) valeu a pena aguentar a história arrastada. E bota arrastado nisso. Ai você espera um final mais encorpado, melhor interação entre os personagens( que teve de quilo durante o livro) e é um atropelo só, pouca coisa do Carl Lee e sua família( um parágrafo é sacanagem kkk), Carla( esposa do Jake) esquecida no churrasco e Ellen( a assistente e pau para toda obra como ela se refere a si mesma) no hospital, nem mostrar a visão dela do resultado foi decepcionante. Sem ela Jake não conseguiria vencer o julgamento.