Leonardo.Heffer 12/07/2020Algo de errado não está certoSou fã de John Grisham. Em meus tempos de faculdade, há quase 15/20 anos atrás tive os primeiros contatos com os livros do autor. O sócio, a confraria, dossiê pelicano, o cliente, foram alguns dos que li e me apaixonei pela escrita e pela tensão nós suspenses. Por isso estranhei meus sentimentos totalmente contraditórios ao enquanto lia Tempo de Matar.
Este é o primeiro livro do autor, quando ele ainda nem se via como autor. E se vc parar pra analisar, os primeiros livros a gente quase sempre releva, correto?
Mas o grande problema que vi em tempo de matar era que eu já conhecia a história. Em 1995 Joel Schumacher lançou a adaptação nos cinemas com Sandra Bullock. E cara, eu era louco por essa atriz. Mas o filme mostrava um jovem advogado idealista lutando contra o sistema para salvar a vida de um homem acusado de ter assassinado os estupradores de sua filha. E para a situação complicar, o pai é negro em um estado do Sul dos Estados Unidos. Bomba relógio preparada.
Daí, foi com essa lembrança afetiva que comecei a encarar a história e Grisham se revelou completamente estranho para mim. Jake Brigance não era mais aquele advogado idealista, mas sim um escroto com pensamento machista, sexista, homofóbico, que assediava moralmente sua secretária de 64 anos. Motivo? Nenhum, ele apenas era assim! E a luta contra o sistema? Nenhum motivo a não ser querer mídia, aparecer em cima de um caso que geraria para ele grande publicidade. Wha the hell, ele até manteve um de seus clientes preso (qnd ele poderia solta-lo) só para que servisse de garoto de recados (claro que sem o mesmo saber que estava sendo usado).
O mesmo falar do pai, que mata os criminosos responsáveis por destruir totalmente a sua filha, no entanto falha em conseguir criar um personagem empático na causa. Afinal, ele tb era um criminoso e tinha apenas na cabeça que ele tinha o direito de matar os estupradores e pronto, a vida seguiria normalmente, como se nada tivesse acontecido. E qnd vai a julgamento não entende porque as pessoas não o libertam, pq seria obrigação dela fazer isso!
Fora que Grisham divaga e cria cenas e falas que não ajudam a estabelecer o passado dos personagens, conversas totalmente desnecessárias que fazem deste livro um quase calhamaço de 591 páginas sem a real necessidade disso.
Enfim, indico a leitura de John Grisham, mas com ctz indico que passem longe deste livro.