Luíza | ig: @odisseiadelivros 03/05/2020(re)Leitura de quarentena #5A maneira com que eu encarava a Literatura mudou após eu ler este livro.
Comprei-o despretensiosamente, pelo preço e pelo o que ouvi falar de Virginia Woolf – brilhante, difícil, uma grande escritora. Eu não imaginava o impacto que ela teria na minha vida naquele momento.
Naquela época, eu havia me afastado da Literatura. Havia entrado na faculdade há um ano e minha relação com os livros havia mudado. Antes de cursar Letras, a Literatura não é nada mais do que prazer. Após dois semestres e duas disciplinas, afastei-me um pouco dos livros, percebendo que uma leitura feita apenas com prazer era insuficiente para lidar com o objeto literário. Eu deveria ler com mais atenção, ser mais crítica.
Foi Mrs Dalloway que me fez atar as duas pontas: dulce et utile.
A jornada não é fácil. Acompanhamos a vida de personagens aparentemente discrepantes entre si. Dois são principais: Clarissa Dalloway, uma mulher da classe média, e Septimus Warren Smith, veterano inglês sobrevivente da 1ª Guerra Mundial. Na minha primeira leitura, desfamiliarizada com o fluxo de consciência, tive muita dificuldade para trespassar as primeiras páginas. Com o tempo, fui pegando o “jeitinho”.
Em 2019, foi o meu primeiro livro da autora. Em 2020, eu já havia passado por outras narrativas suas e, gradativamente, aconchegando-a no meu coração. Foi interessante perceber a discrepância da edição em que realizei a primeira leitura e a que eu realizei a releitura. Na segunda, eu enchi diversos post-it com anotações, detalhes interessantes que eu analisei sob outra ótica.
Devo lembrar que Mrs Dalloway, em 2019, já era um dos meus livros favoritos. Agora, eu o amo ainda mais. Por falar com uma aparente simplicidade de temas como a morte, a vida, a frágil condição psicológica, a sociedade inglesa, o amor e a mente humana, Virginia Woolf é uma verdadeira artista. Nada se compara a mergulhar em suas palavras, até mesmo seus ensaios e artigos são acolhedores.
Por me sentir tão bem e tão acolhida na prosa virginiana, além de enxergar o objeto literário em suas nuances, foi com ela que aprendi a balancear o prazer e a crítica. E, como leitora e pessoa que gosta (talvez, muito) de ler, sou muito grata a isso.