O nosso reino

O nosso reino Valter Hugo Mãe




Resenhas - O Nosso Reino


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Leila de Carvalho e Gonçalves 08/08/2019

ironia intertextual
lançado em 2004 e de autoria do português valter hugo mãe, ?nosso reino? é um livro bastante singular, pois ultrapassa a definição de romance, sendo mais adequado considerá-lo uma ?construção estética que reúne gêneros literários e não-literários?.

aliás, ele abre a tetralogia das minúsculas que tem como fulcro os ciclos da vida, isto é, infância, juventude, maturidade e velhice. para quem pretende conhecê-la, os demais livros são respectivamente o remorso de baltazar serapião, o apocalipse dos trabalhadores e a máquina de fazer espanhóis.

quanto ao título da tetralogia, cabe um aparte, mãe excluiu do texto todas as letras maiúsculas e esta opção salta aos olhos do leitor de imediato. todavia, também não há exclamações, interrogações, nem outros sinais de pontuação, a exceção do ponto, vírgula e hífen. portanto, essa é uma leitura que exige concentração, inclusive, algumas vezes tive de reler um trecho para melhor assimilá-lo.

nosso reino tem como narrador e protagonista, benjamim, um menino de apenas oito anos. Ele vive numa pequena ilha pesqueira em Portugal, por ocasião da revolução dos cravos e o fulcro da história é a questão do divino a partir da convivência da personagem com uma família disfuncional e uma população pobre, ignorante e preconceituosa, resignada à ditadura salazarista e aos dogmas da igreja católica.

como afirma o próprio autor, ?benjamim é dotado de uma profunda candura e ausculta a figura de deus numa grande tristeza pelos infortúnios da vida. entre os assuntos que lhe magoam estão as terríveis palavras que dizem sobre a tia e, mais tarde, sobre os tios que chegam da França. essas duas passagens são como punhais no peito puro de uma criança e o leitor choca-se com a tristeza e o desamparo que o acompanha?.

também o título do livro também merece um aparte. trata-se de uma intertextualidade, pois refere-se ao vosso reino, o reino de deus, mencionado no pai nosso, a oração mais conhecida de todo o mundo. por sinal, de acordo com o doutorando em letras filipe reblin*: este título é uma ironia intertextual, pois assume uma postura de acinte, afinal, valter hugo mãe subverte as referências aos textos de cunho religioso/bíblico, numa provocação de retirada do sacro, transformando os eventos em paródia, num processo iconoclasta.?

ele também afirma que nosso reino é uma clara forma de hipertexto a partir da tradição bíblica, já que estabelece a relação de dois reinos: o celestial e glorioso, de deus; e o dos homens?, inclusive, este último surge transfigurado pela imaginação de Benjamim que na busca da transcendência, no caso, a santidade, torna-se objeto de veneração e ódio numa hipotética disputa entre deus e o diabo.

finalmente, não poderia deixar de mencionar uma interessante perspectiva para nosso reino, de autoria do poeta brasileiro ferreira gullar: ?... toda a narrativa de valter hugo, neste livro é subversiva, aparentemente natural mas, de fato, estranha. posso até imaginar que tenha ele pretendido fingir que que quem escreveu aquilo seria um menino de oito anos. a verdade, porém, é que como o livro não foi escrito por um menino mas pelo autor adulto, resulta uma escrita altamente sofisticada como um poema em prosa?.

nota: esta é uma nova edição com prefácio de maria angélica melendi e ilustrações exclusivas de eduardo berliner. escolhi o e-book que, apresentando um valor mais acessível, recomendo.

* Artigo ?Vamos Nós ao Nosso Reino? publicado na Revista Versalete, v. 4, n. 7, jul./dez. 2016.
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Renatav 19/08/2021

Razoável
Razoável pq tem uns trechos bem interessantes e bonitos, afinal é VHM. Mas o livro realmente não me prendeu nem um pouco, achei chatinho e me arrastei pra terminar. Não recomendo?
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Felipe 19/01/2022

O Nosso Reino
Na história conhecemos Benjamim, uma criança de 8 anos, que mora numa aldeia de pescadores em Portugal onde as pessoas são muito religiosas e supersticiosas.
Benjamim narra seus pensamentos, medos e se muitas vezes se questiona sobre o que é bem e o mal, aquilo que é ou não permitido segundo os preceitos da igreja católica. Outro fator histórico que acompanha o narrador é o fato de Portugal estar enfrentando a ditadura de Salazar.

É um livro pequeno, mas que demorei para terminar porque é uma leitura difícil, pesada e que requer muita atenção do leitor. Não é um livro que a gente lê dentro do ônibus (hehe). A escrita do autor é primorosa, muito rica nos detalhes, mas requer paciência e calma. Vale a leitura com toda a certeza, mas com essas ressalvas. Escolham um lugar tranquilo, silencioso e que ajudem a manter a atenção.
edu basílio 19/01/2022minha estante
VHM é dos Grandes, né =)


Felipe 21/01/2022minha estante
Edu, ele é otimo, mas é difícil tá. Hahaha eu fui pego de surpresa, uma supresa boa, mas me assustei no início com a leitura.


edu basílio 21/01/2022minha estante
liipe, "baltazar serapião" é o de leitura mais difícil (tanto pela estética literária quanto pela crueldade na trama), mas já li 5 dos 8 romances dele, e cada um me deixou sem chão, de maneiras diferentes (e boas!) =)


Felipe 21/01/2022minha estante
Você falando assim, já fico com medo da leitura. Hahaha. Mas já sabendo dessa escrita dele, já vou mais preparado e tenho certeza que serei surpreendido positivamente. ?


edu basílio 21/01/2022minha estante
estou certo de que você vai amar cada um dos livros dele ?




Ingrid 02/06/2022

relato da minha experiência com "o nosso reino" e valter hugo mãe
Quando comprei este livro na livraria a atendente me perguntou "sobre o que esse autor escreve?", na hora eu não soube o que responder e no impulso falei "não sei explicar, é aquele tipo de leitura que você entende pouco, mas sente muito".
Saí da livraria repassando aquele curto diálogo na cabeça, nunca fui boa em conversar. Não fiquei satisfeita com a resposta e confesso que até me senti uma impostora, afinal, já havia lido quase todos os livros dele.

Mas ao fim da leitura entendo que não estava tão errada assim. Teve frases que li e não entendi racionalmente, não via muita lógica na estrutura da frase, mas isso não impediu que eu sentisse o que ali estava escrito. Ah, como eu senti na pele as dores desse livro.

"aceite as dores mas busque as curas"
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Gabi Guerra 22/10/2020

O reino mais triste do mundo
Essa leitura não é fácil. Não tem a restauração da fé na humanidade que ?o filho de mil homens tem?, não tem as ironias doces e o apelo cômico de ?a máquina de fazer espanhois?, não é belo como ?a desumanização?, e ?homens imprudentemente poéticos?, nem tão fofo quanto ?as mais belas coisasdo mundo?.

Então o que tem este livro? Culpa, solidão, tristeza, religião, preconceitos, dor e imaginação infantil.
Doeu muito concluir a leitura, mas é um livro extremamente bem escrito e por ser tão incômodo ele exige a reflexão.
Ainda bem que VHM escreveu outros livros depois deste. Trata-se apenas do seu primeiro livro.
Não é ruim, mas muito doído, especialmente por se tratar de uma personagem infantil.
Junto com ?o remorso de Baltazar serapiao? compõe as obras mais difíceis de ler do autor.
Não aconselho começar VHM POR ESTE LIVRO.
Nota: 3/5
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Josana.Baltazar 26/04/2023

A escrita toda em letra minuscula é interessante. Os questionamentos do personagem principal são impressionantes, mas tive dificuldade com a leitura, a divagação, dificuldade de seguir o raciocínio, mesmo assim achei interessante
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nocca 20/04/2021

Um livro triste sobre um triste reino
De todos os livros que li de Valter Hugo Mãe esse foi o que menos gostei; não por ser um livro ruim, mas por ser um livro triste. Puramente triste, daquela tristeza crua, que é desprovida até de um resquício de beleza que alguns tipos de tristeza têm. Além disso, foi um livro de leitura difícil em alguns momentos, pois o autor parece usar as palavras de forma que nos faz compartilhar da loucura que ali se apresenta.
Acredito que em outro momento mereça uma releitura, mas de modo geral é um livro interessante.
@rafadantashistorart 20/04/2021minha estante
Pelo menos acabou com a sua ressaca literária, rs.


Paulinho 20/04/2021minha estante
Pelo menos acabou com a sua ressaca literária.


nocca 23/04/2021minha estante
Hahahaha já era tempo!


Paulinho 24/04/2021minha estante
Espero que vc goste mais dos outros presentes!!!




Lana 01/02/2023

Para quem já gosta do VHM
De todos os livros de Valter Hugo Mãe que já li, esse foi o que menos fluiu... Mas a capacidade de conduzir a imaginação do leitor pela mente de uma criança é admirável! Talvez se eu tivesse lido em outro momento da vida teria gostado ainda mais, mas recomendo sim (não como primeiro contato com o autor, mas recomendo).
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Books da Sue 27/06/2023

Um livro para ler com atenção
Ao iniciar a leitura de O Nosao Reino eu fiquei bem impressionada, fascinada até! Gosto muito da escrita de Valter Hugo Mãe e já tinha lido outras obras dele.

O autor nos conta a história de um menino de 8 anos, Benjamin, que descreve com doçura d certo assombro a forma como vê o mundo e aspectos religiosos e ligados à fé que o cerca. Junto com isso, muito preconceito e hábitos de uma comunidade fechada (ilha de pescadores), que acredita não poder nem passar além da floresta que a cerca - o que nos remete ao mito da Caverna.

Consegui fazer várias relações com esse mito e forma de pensamento: Alguém que só enxerga seu ponto de vista por limitar-se a suas crenças religiosas e/ ou visões de mundo. Nesse sentido eu consegui caminhar grande parte da leitura?

Mais para o final do livro, entretanto, uma série de acontecimentos mais ?fantásticos? me trouxeram uma certa dificuldade de compreensão. Talvez por causa do amadurecimento de Benjamin (porque imagino que, à medida que ele vai crescendo sua visão de mundo muda) ou porque as pessoas ao redor começam a se dar conta da mediocridade de seus próprios preconceitos e caem em si sobre seus verdadeiros problemas. Fato é que o livro fica bem mais denso e de difícil compreensão à medida que o final chega. Mesmo assim, vale a leitura. Com calma e reflexão.
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Fagner 14/04/2021

Terrível
Opinião minha apenas. Mas que dificuldade para terminar esse livro. Narrativa chata e desconexa. O autor joga o texto lá de forma desorganizada. Talvez o problema tenha sido eu, mas achei mto difícil ler esse livro. Por vezes quis desistir. Já li outra obra do autor, o filho de mil homens, e gostei mto. Então para que gostou e quer conhecer mais, ou quem não gostou e quer dar outra chance, fica a dica.
@eusoudanivieira 27/04/2021minha estante
Achei que fosse só eu... primeiro livro que leio dele e nossa... quase que não termino. Quero tentar outros.


Fagner 27/04/2021minha estante
Eu li o filho de mil homens. Gostei, por isso fui nesse. Recomendo.




@eusoudanivieira 09/06/2021

Nosso Reino
Sabe quando você acha que uma coisa é confusa no início e quando você chega no final dela acha que está no início?

Acho que eu não estava preparada para ler VHM.

Ou comecei por uma obra que não devia ou era demais ao meu entendimento.
Confesso, sem vergonha alguma, precisei voltar algumas páginas diversas vezes pois me perdia na narrativa.

Toda a história é contada por Benjamin, um menino de 8 anos, que sonha em viver como um santo, transcendendo a realidade.
Tudo acontece em sua vila, que não sabemos o nome ou onde fica, mas que tem a pesca como fonte de renda e que acaba ditando também a cultura local.

Em muitos momentos fiquei em dúvida se o que eu lia de fato estava acontecendo ou se era fruto da imaginação dele.

Seria isso proposital neste livro?

O título do livro, na minha concepção, faz uma alusão ao Cristianismo: quando penso em Nosso Reino já me lembro da oração do Pai Nosso e da "vida prometida" no Reino dos Céus
É fato que a história tem forte apelo religioso, com claras tendências de sagrado e profano, tudo misturado, inclusive porque tem uma linguagem que beira a comicidade em alguns momentos, como o trecho a seguir:

?a minha avó rezava ao seu cristo que me tirasse as minhocas da cabeça. não sabia que haveria eu de ter, mas via-me nos olhos a timidez e alguma incompletude, avisava a minha mãe, o miúdo é meio sério, á que ver o que tem, parece preocupado, pode ser um ar que lhe entrou?(pag.16)

Benjamin vive em seus pensamentos numa dualidade entre remorso e culpa, incoerência no pensar versus atitudes... se acho isso demais para mim quem dirá para uma criança!!

Tenho a sensação que, tudo o que ele vive, desde a violência do padre na igreja, a quem ele via como um ser divino ou mesmo o desfazimento de sua família, é recriado e recontado diversas vezes em sua imaginação, numa confusão sem pé nem cabeça.
A única pessoa que o compreendia era sua professora e, ainda assim, procurava trazê-lo para a realidade.

Nosso Reino é um livro singular.
Penso em relê-lo com um olhar mais aberto. Sei que é um livro poético, que nos leva para os limites do real e do fictício... mas fato é que me enrolei foi toda.

Quero ler outros livros dele mas não sei se será antes ou depois de reler este novamente.

E você, já leu VHM?
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Clara 14/01/2022

Nunca demorei tanto pra ler um livro tão curto.
Leitura difícil e arrastada, terminei só de teimosa pq não queria abandonar um livro tao pequeno. Apesar de me passar uma estética bonita, a historia é pesadíssima e muito triste.
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maitecoropos 30/03/2023

O nosso reino - valter hugo mãe
Confesso que, quando comprei o livro, a capa e o título pintaram uma ilusão. o verde e o rosa vibrantes da capa e o título me levaram diretamente para o domínio do fantástico, do encantamento... no entanto, foi uma das leituras mais difíceis de um romance do vhm. costumo devorar os livros dele, mas alguns fatores me fizeram levar mais tempo nesse. talvez o meu momento de vida tenha interferido, porque tenho tido menos tempoe energia para ler. é uma escrita que exige atenção, paciência, cuidado e um pouquinho de fé. a história é profundamente triste e pesada, o que também me fazia precisar fazer algumas pausas durante a leitura. fora esses fatores, a narrativa carrega uma beleza própria. e o estilo do autor é sempre muito encantador pra mim - especialmente na tetralogia das minúsculas.
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