Vitória 30/04/2021
"Deus tem sido misericordioso comigo e me tem preservado"
É muito comum acharmos que os grandes homens e mulheres do cristianismo foram pessoas extraordinárias, dignas de características que nunca poderíamos ter. Por isso, destaco a grande importância de ler a biografia de um homem como John Bunyan. Ao longo das páginas, vemos como ele na verdade foi um homem comum, que viveu grandes provações, tentações e dúvidas a respeito da caminhada cristã. Apesar disso, pela graça de Deus, alcançou misericórdia e escreveu seu testemunho para alertar e ajudar outros cristãos. Me senti abraçada, confortada e também admoestada por suas palavras. Que grande presente de Deus foi essa obra.
Citações favoritas
Consideradas todas estas circunstâncias, engrandeço o Deus do céu e da terra, porque, por meio delas, Ele me trouxe ao mundo, a fim de participar da graça e da vida que estão em Cristo, mediante o evangelho. (Pág. 19)
Em todo esse tempo, eu estava inconsciente do perigo e da malignidade do pecado. Fui impedido de considerar que, não importando a religião que seguisse, o pecado me amaldiçoaria, se eu não estivesse em Cristo. (Pág. 26)
Nesse momento, senti meu coração começar a agitar-se e ficar desconfiado de meu estado espiritual, quando percebi que, mesmo com todas as minhas ideias sobre religião e salvação, o novo nascimento jamais havia penetrado a minha mente, nem conhia o conforto e a promessa da Palavra, nem o engano e a traição de meu coração corrompido. (Pág. 35)
Li alguns desses livros, mas não era capaz de fazer nenhum julgamento sobre eles. Assim, conforme lia e pensava a respeito deles, tornei-me ciente de minha incapacidade para avaliá-los e me submeteria a uma oração sincera tal como: Senhor, sou tolo e incapaz de distinguir a verdade do erro. Senhor, não me deixes entregue à minha própria ceguei- ra, nem para aprovar nem para condenar esta doutrina. Se ela provém de Ti, não permitas que eu a despreze; se vem do diabo, não me deixes abracá-la. Senhor, no tocante a este assunto entrego minha alma somente aos teus pés; não me deixes ser enganado - eu Te suplico humildemente! (Pág. 36)
Mas Deus, que tinha, como eu esperava, designado-me para coisas melhores, guardou-me no temor de seu nome e não permitiu que eu aceitasse tão abomináveis princípios. Bendito seja Deus que dispôs meu coração a clamar por ele, a fim de ser guardado e direcionado por ele, e a continuar desconfiando de minha própria sabedoria! Desde então tenho visto os efeitos daquela oração em ter o Senhor me preservado, não somente dos erros dos ranters, mas daqueles que surgiram desde então. A Bíblia era preciosa pra mim naqueles dias. (Pág. 37)
Entendi que ninguém poderia entrar na vida, exceto aqueles que o fizessem com sinceridade e deixassem para trás o mundo iníquo, pois na passagem havia lugar apenas para o corpo e a alma, e não para o corpo a alma e o pecado. (Pág. 44)
"Considerai as gerações passadas e vede: quem, confiando no Senhor, foi... abandonado?" (Pág. 45)
De fato, o Senhor permitiu que eu continuasse nesse estado por muitos meses, sem revelar-me se eu já era dele ou se seria chamado no futuro. (Pág. 49)
Senhor, que a culpa seja removida de meu coração somente quando isso puder ser feito da maneira certa, por meio do sangue de Cristo e da aplicação de tua misericórdia à minha alma, por intermédio dele. (Pág. 53)
O tentador me afligiu com desencorajamentos como estes: "Você possui um desejo ardente por misericórdia, mas o esfriarei; esse estado de coração e mente não durará para sempre." (Pág. 63)
Agora eu percebia claramente que havia uma vasta diferença entre as idéias da carne e do sangue e a revelação de Deus no céu; entre a fé simulada de acordo com a sabedoria dos homens e a fé genuína, que surge quando um homem é nascido de Deus. (Pág. 69)
Oh! Caros amigos, clamem a Deus que lhes revele Jesus Cristo! Não há quem ensine como ele. (Pág. 72)
Deus sabe como nos humilhar e remover nosso orgulho. (Pág. 74)
Agora eu via que, assim como a mão de Deus estava em todas as providências e dispensações que vieram sobre o seu povo eleito, assim também a sua mão estava em todas as tentações que lhes aconteciam, seduzindo-os a pecar contra ele. Deus faz isso, não para incitá-los à perversidade, mas, antes, ele escolhe sabiamente tentações e infortúnios para seus eleitos, e os deixa ser afligidos por essas coisas por um tempo, não para que sejam destruídos, e sim humilhados por essas provas ? para que não fiquem além de sua misericórdia, e sim receberem as renovações dessa misericórdia. (Pág. 84)
Qualquer coisa que eu pensasse a respeito disso me desanimava. Se eu meditasse sobre como Deus sustentava o seu povo, isso me abatia; se meditasse sobre como eu havia caído, isso também me desanimava. (Pág. 84)
Ficou claro para mim que o Deus Todo-Poderoso valorizava tanto o amor de suas criaturas pecadoras que, ao contrário de ficar sem o amor delas, ele prefere perdoar suas transgressões! (Pág. 101)
Estou verdadeiramente inclinado a pensar que isso veio de Deus, pois a palavra da lei e da ira deve dar lugar à palavra da vida e da graça; porque, apesar de a palavra da condenação ser gloriosa, a palavra da vida e da salvação excede, sobremaneira, em glória, a palavra da condenação. (Pág. 107)
Além disso, vi que não era meu bom estado de coração que faria minha justiça ser melhor, nem meu estado precário que tornaria pior a minha justiça, uma vez que minha justiça era o próprio Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb 13.8). (Pág. 113)
Agora eu via que Cristo Jesus era contemplado por Deus e que deveria também ser contemplado por nós como aquela pessoa comum ou pública em quem todo o corpo de seus eleitos será sempre contado e con- siderado; isto é, cumprimos a Lei por meio dele, morremos por meio dele, ressuscitamos dentre os mortos por meio dele, somos vitoriosos sobre o pecado, a morte, o diabo e o inferno, por meio dele. Quando ele morreu, nós morremos, e o mesmo se dá com a ressurreição. (Pág. 115)
A respeito das causas, penso que havia principalmente duas, das quais estava profundamente convencido durante todo o tempo em que a aflição permaneceu sobre mim. A primeira era que, quando tive livra- mento da tentação anterior, não continuei a orar a Deus para me guardar das tentações que viriam. (Pág. 119)
Outra causa desta tentação foi que coloquei Deus à prova. (Pág. 120)
Foi isso que ele fez comigo, e mereci, pois deveria ter crido em sua Palavra e não ter colocado um "se" perante os olhos onipresentes de Deus. (Pág. 121)
Agora quero mostrar-lhe algo sobre as vantagens que também ganhei desta tentação. Em primeiro lugar, ela me fez possuir continuamente em minha alma um maravilhoso senso tanto da bênção e da glória de Deus quanto de seu amado Filho. (Pág. 121)
As Escrituras também eram maravilhosas para mim. Vi que sua verdade era a chave do reino dos céus. Aqueles que as Escrituras favorecem herdam a felicidade, mas aqueles aos quais elas se opõem e condenam perecem para sempre. (Pág. 121)
Esta tentação me fez entender a natureza das promessas, de um modo como nunca entendera antes; agora, eu tremo sob a poderosa mão de Deus, continuamente lacerado pelo trovejar de sua justiça. Isso me fez, com coração cauteloso e olhos vigilantes, virar cada página da Escritura com grande temor e considerar, com muita diligência e tremor, cada versículo, bem como a sua importância e amplitude naturais. Através desta tentação também fui preservado de minha antiga e insensata prática de pôr de lado mente. (Pág. 122)
Nunca vi tanta abundância e plenitude de graça, amor e misericórdia, como vi depois desta tentação - graça abundante estendida sobre grandes pecados. Onde a culpa é mais terrível e veemente, ali a misericórdia de Deus em Cristo, quando outorgada à alma, se mostra mais sublime e poderosa. (Pág. 123)
Isso me mostrou que os dons são perigosos - não em si mesmos, e sim por causa dos males que sobrevêm àqueles que os possuem, isto é, orgulho, desejo de vanglória, presunção, etc. - tudo que pode estimular facilmente o aplauso e os elogios de todo cristão imprudente, colocando em risco a vida de um pobre pecador e, talvez, fazendo-o cair na condenação do diabo. (Pág. 141)
A pessoa que possui dons tem razões para andar humildemente com Deus, e ser pequeno aos próprios olhos, e lembrar, também, que seus dons não lhe pertencem, e sim à igreja, que por meio dos dons ele se torna servo da igreja e que, no final, ele prestará contas de sua administração ao Senhor Jesus. (Prestar boas contas será uma grande bênção!) Que todos os homens, portanto, avaliem o temor do Senhor. Os dons são, realmente, desejáveis; mas grande graça e pequenos dons são melhores do que grandes dons sem a graça. Isso não significa que o Senhor concede dons e glória, e sim que o Senhor concede graça e glória; e bem-aventurado é aquele a quem o Senhor concede graça, verdadeira graça, pois esta é a verdadeira precursora da glória. (Pág. 141)
Não tenho sido guardado porque há em mim qualquer bem, mais do que existe em outros; mas Deus tem sido misericordioso comigo e me tem preservado. Oro para que ele continue a preservar-me, não apenas disso, mas de todo mau caminho e procedimento, bem como para que ele me guarde até à vinda de seu reino celestial. Amém. (Pág. 144)
Fui levado de casa à prisão, onde tenho estado por doze anos completos. Durante todo esse tempo, esperei ver o que Deus permitiria que esses homens fariam comigo. (Pág. 147)
Em toda a minha vida, nunca tive tão grande discernimento sobre a Palavra de Deus como agora. Aqueles versículos nos quais eu não enxergava nada antes, começaram a reluzir para mim, no cárcere e na condição de encarcerado. Jesus Cristo também nunca foi tão real e evidente como agora. Aqui, eu o tenho visto e sentido de um modo autêntico! (Pág. 148)
Assim, vejo que o melhor meio de passar por sofrimentos é confiar em Deus por meio de Cristo no que diz respeito ao mundo vindouro. E, em relação a este mundo, a melhor maneira de passar por sofrimentos é considerar a sepultura como a minha casa; é fazer minha cama na escuridão - é dizer à corupção tu és meu pai", e aos vermes "vós sois minha mãe e minha imã"; é tomar essas coisas familiares a mim. (Pág. 149)
5. De todos os temores, os melhores são os causados pelo sangue de Cristo; de todas as alegrias, a mais doce é aquela que está unida com o pranto a respeito de Cristo. Oh! como é bom estar de joelhos, com Cristo em nossos braços, diante de Deus! Espero que eu saiba alguma coisa disso.
6. Até hoje, encontro sete abominações em meu coração: (1) inclinação à descrença; (2) esquecimento súbito do amor e da misericórdia que Cristo manifesta; (3) inclinação às obras da lei; (4) distração e frieza na oração; (5) esquecer de observar aquilo pelo que orei; (6) disposi- ção para murmurar por não ter mais e prontidão a abusar daquilo que tenho; (7) incapacidade de fazer as coisas que Deus me ordena, sem que a natureza pecaminosa me faça sentir a sua presença: "Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço".
7. Vejo e sinto continuamente essas coisas, pelas quais sou afligido e oprimido. Entretanto, a sabedoria de Deus as ordena para o meu bem: (1) elas me fazem detestar e abominar a mim mesmo; (2) impedem-me de confiar em meu coração; (3) convencem-me da insuficiência de toda retidão inerente; (4) mostram-me a necessidade de correr para Jesus; (5) compelem-me a orar a Deus; (6) mostram-me a necessidade de vigiar e ser sóbrio; (7) estimulam-me a orar a Deus, por meio de Cristo, para que me auxilie e conduza neste mundo. (Pág. 156)