Moonlight Books 10/02/2013
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Angellore, A Divina Conspiração é o primeiro livro da escritora mineira Gabrielle Venâncio Ruas, publicado pela Editora Modo.
A primeira sensação que tive ao iniciar a leitura deste livro, foi a de estar assistindo um seriado policial, pois tudo começa com a aparição do corpo de uma jovem, que aparentemente foi assassinada. Porém não há nenhum vestígio que comprove este fato, além da maneira como ela foi morta, algo que seria impossível que fizesse a si mesma, descaracterizando assim um suicídio. Olívia Giacomelli, a policial encarregada do caso, não aparenta nenhuma surpresa ao ver a cena do crime, desde que ela ingressou no departamento de polícia de Belo Horizonte, tomou parte na investigação de outros assassinatos iguais aquele. Nenhum parece ter ligação com o outro, a única semelhança é a presença de uma pena negra na cena do crime, e por falta de provas, todos foram encerrados sem solução.
Paralelo a investigação do crime, vamos conhecendo também a história da estudante universitária Sophie, uma garota que perdeu os pais e o irmão em um estranho acidente de carro e hoje vive com sua tia. A jovem desde o acidente passou a ver sombras, que no começo eram inofensivas, mas agora parecem determinadas a lhe fazer mal.
Qual será a ligação de Sophie com os estranhos assassinatos?
Logo fica claro que não é apenas um romance policial, o fator sobrenatural irá dominar toda a trama. Pensamos ao ler a sinopse e até mesmo pelo começo do livro, que a personagem principal é Olívia, mas logo fica claro que tudo gira em torno de Sophie.
" E eis que os portões do universo foram abertos, e o início do fim foi selado.
O mau corre livre e cobre o mundo em desespero e escuridão.
Fujamos para os confins da morte, lá encontraremos um lugar seguro."
O livro possui uma narrativa em primeira pessoa, alternada entre Sophie, Olívia e um narrador misterioso, sendo cada capítulo de um deles. Foi algo de bom tom, pois vamos vendo o desenrolar da história por vários ângulos e ficando bem ansiosos pela união dos acontecimentos narrados por cada personagem.
A cidade escolhida como palco da trama é Belo Horizonte, em Minas Gerais. A autora por ser oriunda deste estado conseguiu nos brindar com uma ótima descrição da cidade, proporcionando uma viagem pelo local. O ambiente universitário que foi utilizado também foi bem agradável, criou um clima jovem para o livro, mas sem ser teen.
Os personagens de Angellore são bem construídos e verossímeis, vemos aqui jovens como nós, que trabalham, estudam, gostam de ler, ir ao cinema com os amigos, a única diferença é que não temos sombras nos atormentando. No entanto só conhecemos melhor Sophie, a autora mesmo dividindo a narrativa, acabou desenvolvendo mais esta personagem, Olívia acabou ficando em segundo plano, e senti falta de maior participação dela.
De Sophie, eu gostei bastante, não é aquela garota perfeita e invencível, ela é normal, e como qualquer pessoa que fica frente ao desconhecido, tenta descobrir a verdade, mas nem por isso deixa de temer o que poderá descobrir.
Para aguçar a curiosidade do leitor e de Sophie, temos um rapaz misterioso e belo, Nicolae. Ele é por vezes o salvador, outras a ameaça. Suas aparições nos levam a entender que uma grande conspiração está em curso, algo que vem sendo arquitetado a vários anos. Existe a insinuação de um romance entre ele e Sophie, mas por causa de seu humor tão volátil e por ela não demonstrar muito interesse em relacionamentos no momento, temos que chegar ao final para saber como fica a situação de ambos.
O livro é muito bem escrito, o clima de mistério e suspense é intenso, por vezes senti medo do que estava por vir, dava até aquele friozinho na espinha. Muito tenso, sem sombra de dúvidas e os crimes que ocorrem tornam o perigo palpável.
Prende o leitor, mas por vezes não foi original, algumas cenas me lembraram outras séries sobrenaturais. As sombras que perseguem Sophie, lembram Luce em Fallen, a maneira arredia como Nicolae trata Sophie lembra Patch e Nora no livro Sussurro, outras cenas de Nicolae relembram Crepúsculo e por fim as cenas de lutas, onde os participantes conjuram armas para lutar me fizeram lembrar as lâminas serafim de Os Instrumentos Mortais. No entanto a autora não ficou presa aqui, ela conseguiu desenvolver bem a história e nos levar à um desfecho eletrizante e com um ótimo gancho para a continuação, o ser sobrenatural escolhido para este livro, o ceifador da morte, foi trabalhado de uma nova maneira, tirando aquela visão de que eles representam somente uma ameaça, tal como outras criaturas, neste livro eles estão divididos entre bons e ruins.
A edição do livro é um luxo e esta capa linda nos remete diretamente aos perigos que fazem parte de Angellore. Um ótimo YA, estou ansiosa pela continuação.
"Elas eram escuras como a mais densa noite, abrangentes como o céu, complexas como um buraco negro, e devastadoras como o fim... Como o nada de um abismo, como o infinito..."