Ju 14/02/2013@morEmmi Rothner quer desesperadamente cancelar sua assinatura da revista Like. Mas, devido a um erro ortográfico, encaminha sua solicitação a Leo Leike, que não tem nenhuma ligação com a publicação. Ele, muito espirituosamente, responde ao seu e-mail e, assim, começa uma conversa sem fim, que se estende por todo o livro.
"Pra mim, você é como uma segunda voz dentro de mim, que me acompanha durante o dia a dia. Você fez do meu monólogo interior um diálogo. Você enriquece minha vida interior. Você questiona, insiste, satiriza, você entra em conflito comigo. Eu lhe agradeço tanto por seu humor, seu charme, por sua vivacidade e, sim, até mesmo por suas "vilezas"."
O livro é uma constante troca de e-mails entre duas pessoas que se conheceram por causa de um engano. Nunca tinha lido um livro assim, em que podemos tomar conhecimento apenas do que as personagens escrevem. É uma sensação bem estranha não saber o que ninguém está pensando. O leitor não tem a posição privilegiada que geralmente ocupa - ele não tem como saber mais que as personagens.
Apesar de eu ter demorado a me acostumar, amei a saída encontrada pelo autor. Adoro conhecer narrativas diferentes, e a dele com certeza me surpreendeu.
Eu não fui com a cara da Emmi desde o início. Por que alguém que se diz tão bem casada daria tanta corda para um desconhecido em seus e-mails? O pobre do Leo só descobriu esse fato bastante tempo depois de terem começado a escrever um para o outro.
"Escrever é como beijar, só que sem os lábios. Escrever é beijar com a cabeça. (...) Eu gostaria tanto de beijar você. Tanto faz como você é. Eu me apaixonei por suas palavras.'
Eu adorei @mor até a página 122. Leo, Leo... você realmente me decepcionou nessa página. Não imaginava que você fosse tão mesquinho. Por sua culpa senti pena da Emmi, e não sei se posso lhe perdoar por isso. Porque não acho que ela mereça minha pena, ou minha solidariedade. Eu sei, não é bonito julgar as pessoas. Mas minha antipatia à primeira frase é mais forte que eu nesse momento.
Ri bastante com o livro. Os dois, Leo e Emmi, se provocam o tempo todo, e são donos de frases fantásticas. E-mails normalmente nos deixam mais corajosos, não? Pelo menos comigo é assim. Provavelmente não teria coragem de falar pessoalmente algumas coisas que não tenho nenhum problema em dizer por e-mail. Agora, imaginem enviar e-mails para alguém que você nunca viu e não sabe se algum dia verá? Você pode dizer qualquer coisa.
E eu vou ter que contar o final do livro. Mas não é spoiler gente, acreditem em mim. A última frase do livro é simplesmente essa:
"CONTINUA..."
Eu já sabia, e estou contando apenas porque o fato de saber com antecedência foi a única coisa que me impediu de querer jogar o livro longe... rs... Ainda bem que a continuação não demora pra chegar, porque o jeito que o autor terminou o livro foi um tanto quanto desesperador pra mim.
"A proximidade não é o fim da distância, mas sua superação. A ansiedade não é a falta da completude, mas sim a constante procura por ela e a repetida insistência em obtê-la."
Eu me apaixonei por @mor, e espero que vocês leiam e gostem tanto quanto eu! =)
"Isso é ruim? Isso é traição? O que é traição? Um e-mail? Ou uma voz? Ou um cheiro? Ou um beijo?"
Publicada originalmente em: http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2013/02/resenha-mor.html