Bruna Fernández 21/05/2013Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.brNuvem da morte, o primeiro livro da série, foi apenas o começo de muitas aventuras que envolveriam o jovem Sherlock. O Parasita Vermelho começa alguns meses depois do final do primeiro livro, com um Sherlock alegre ao descobrir que seu irmão mais velho, Mycroft, veio visitá-lo na casa dos dias. Porém, ele logo percebe que a visita tem outro intuito também: Mycroft veio conversar com o mentor de Sherlock, Amyus Crowe, para informar que a Inteligência Britânica suspeita que um assassino americano famoso – John Wilkes Booth – está na Inglaterra sob o nome de John St. Helen. Depois de ser dispensado pelo irmão mais velho que pediu para Sherlock ficar longe da história, é óbvio que o instinto investigativo do garoto fala mais alto. Ele então se junta ao seu amigo Matty para investigar uma casa suspeita em uma região próxima.
Além de ser um livro de aventura em sua essência, o livro também tem um pano de fundo histórico e científico. Histórico pois a narrativa está atrelada à Guerra Civil Americana – ou Guerra de Secessão – que ocorreu nos Estados Unidos entre 1861 e 1865, época em que se passa a história de Lane. Essa guerra consistiu na luta entre Estados Confederados do Sul (defensor da escravidão), contra os Estados do Norte (onde a escravidão tinha um peso econômico bem menor). De uma forma simples e didática, o autor insere uma grande parcela de informações, e vai levemente educando o autor juntamente com seus personagens de uma forma divertida e interessante. Temos o pano de fundo científico também, durante a viagem de navio que Holmes faz para a América. A forma como o cérebro do protagonista funciona ao ver a enorme embarcação, e como começa a analisar seu funcionamento, é praticamente igual ao raciocínio do Holmes adulto de Conan Doyle.
Nesse volume Sherlock está um pouco mais maduro e quem conhece o personagem adulto pode começar a perceber os traços de sua personalidade aparecendo: Sherlock passa a tomar decisões rapidamente e sozinho, mostrando o lado egoísta do personagem. Também, a forma de pensar com seu raciocínio lógico, como ele procura por respostas em sua mente e acaba pensando em como seria bom poder guardar apenas informações úteis para acessá-las depois, sem guardar informações que não possuem valor.
“O problema da memória, pensou, era que só conseguia reter uma determinada quantidade de informações. Se houvesse um jeito de apagar todas as lembranças desnecessárias e substituí-las pelas importantes.”- pág. 226
Quem é fã do Sherlock de Doyle sabe que o personagem é um exímio violinista e nesse livro vemos como o personagem foi introduzido ao instrumento. Na sua viagem de navio para a América, sem ter muito como passar o seu tempo, Sherlock conhece um violinista irlandês chamado Rufus Stone – que foi . Ambos conversam um pouco e Rufus conta que deseja dar aulas de violino e acaba influenciando Sherlock a se tornar seu primeiro aluno. Crowe parece desaprovar a amizade de Sherlock e a sua vontade de aprender a tocar um instrumento, mas acaba cedendo.
- Você tem a estrutura de um bom violinista. Sabe tocar?
Sherlock balançou a cabeça.
- Não toco nenhum instrumento.
- Deveria tentar. As garotas adoram um músico. - pág 142
Vi muita gente reclamar das atitudes ‘adultas’ de Sherlock no livro, principalmente nos confrontos, que, às vezes, levam à morte de algum personagem, pois o Sherlock é muito jovem ainda. Não achei essas passagens tão inverossímeis assim, afinal, essa série é de aventura, assim como os livros de Conan Doyle. Precisamos entrar no universo do livro e do personagem. Não podemos ler uma ficção comparando com o que poderia ser se aquilo fosse real em nosso mundo.
Uma coisa que eu gosto muito nos livros dessa série é que a Intrínseca já coloca um trecho do próximo lançamento da série nas últimas páginas. Então mal acabei de ler Parasita Vermelho e me deparo com o primeiro capítulo de Gelo Negro, que ainda não tem data de lançamento prevista – infelizmente!
Em tempo, uma curiosidade: “The Red Leech” (título desse livro em inglês) é mencionado em uma aventura de Doyle – O Pincenê Dourado – quando Watson está folheando seus diários com aventuras de Sherlock e diz: “Ao virar as páginas eu vejo minhas anotações sobre a repulsiva história do Parasita Vermelho”. Incrível como o autor das aventuras do Jovem Sherlock Holmes procura ligar o menor dos detalhes à vida adulta da consagrada personagem. Nota 10!