DIRCE 18/11/2011
Uma indicação feita pelo Ricardo, há meses, me despertou o interesse pelo livro Manuelzão e Miguilim. Tive a sorte de encontrá-lo em um sebo - aqui em minha cidade - ( por um preço módico mesmo estando o livro em ótimo estado de conservação).
Eu acreditava que Manuelzão e Miguilim fizessem parte de uma mesma história, mas não. Miguilim é o protagonista da primeira história: Campo Geral e Manuelzão da segunda: Uma História de Amor.
Vou começar falando da segunda:
Outro dia comentei com a Gininha que eu tenho uma espécie de feitiche pelos títulos, e, claro, que este: Uma história de Amor não poderia deixar de chamar minha atenção. Mas terminei a leitura, apesar da narrativa de G. Rosa ( que é como quiabo: depois que a gente toma gosto, a gente passa a saborear e sempre fica aquele gostinho de quero mais), meio que frustrada porque não consegui visualizar a tal História de Amor – só se for uma história de amor não vivida por Manuelzão( o protagonista: um vaqueiro sexagenário) com sua nora, ou ainda, uma história de amor não vivida com seu próprio filho Adelço.
Quanto a primeira história: Campo Geral, que tem como protagonista o menino Miguilim é ,simplesmente, A-PAI-XO-NAN-TE.
A narrativa se inicia como se fosse um Conto de Fadas: Um certo Miguilim morava com sua mãe...E, é esse Miguilim, que me comoveu, que me enterneceu com sua ingenuidade, com seus receios infantil, com suas dores físicas: freqüentemente lhe era imposto castigos e também vivia apanhando ( mesmo quando sua atitude fosse tão somente defender sua mãe), com suas dores da alma: a perda da sua cachorra Pingo d´ água, a perda do seu irmão Dito que era muito mais que seu irmão – era seu ídolo, com o seu medo de cair em pecado se atendesse ao pedido do tio ( ou seria do seu pai?) enfim, Campo Geral é a narrativa de várias histórias de amor, incluindo, o amor que a gente passa a nutrir por Miguilim.
Campo Geral chega a ser um Conto de Fadas? Não, ele é muito mais profundo e mais belo que um Conto de Fadas. Tão belo que provoca dor a ponto de eu me perguntar: beleza dói?
Para não me estender mais, termino afirmando que Campo Geral e Uma História de Amor são histórias distintas, e elas têm em comum somente as reflexões.
Em Uma História de Amor as reflexões são feitas por Manuelzão sobre o sentido da vida, e, diante da sua necessidade ( a uma altura da sua vida, depois de tantas andanças ) de "fincar os pés no chão" , também fui levada a indagação: a letra da música diz tudo? “...Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...” ( Belchior)
Em Campo Geral também fui levada a indagações: a miopia de Miguilim, a clareza com que ele passou a ver as coisas quando lhe colocaram os óculos significaria a perda da inocência? Sua partida de Mutum significaria que ele estava se tornando um adulto?
Manuelzão e Miguilim é um livro que, embora a segunda história não tenha me seduzido, merece 5 estrelas, pois conta com a escrita típica e singular de G. Rosas ( G de GRANDE , G de GENIAL, G de Guimarães), e qualquer avaliação minha que viesse apequenar esta obra, me deixaria com a sensação de estar passando um atestado de insanidade, haja vista que sou uma “tímida” iniciante na escrita rosiana.
E tem mais: tenho que me dar por satisfeita porque se eu esperava encontrar uma história de amor, encontrei várias.